João até tentou fazer com que ela voltasse, mas ela não deu ouvidos a ele e apenas se foi. Ali não era o melhor lugar para ela e se continuasse ali pecaria ainda mais por seu ódio contra um sacerdote. Victória caminhou e sua cabeça fervia com tantos pensamentos e pensou em voltar até a casa de Maria, mas não era o melhor momento para voltarem a se ver e ela caminhou em busca de um táxi, mas não o encontrou.

A rua estava deserta e quando viu os faróis de um carro ela foi um pouco mais para o meio da rua achando que pudesse ser um táxi, mas para sua desgraça era somente um motorista bêbado que não a viu, pois virava sua garrafa de cerveja e o pé foi ainda mais fundo no acelerador e em um piscar de olhos ela voou sobre o capo daquele carro caindo ao chão desacordada e o homem achando ser apenas um animal que ele havia pegado se foi sem prestar socorro ou se quer ver o que tinha atingido...

(...)

As portas do hospital foram abertas com urgência e três enfermeiros empurravam a maca com pressa e ele veio de encontro a eles e um dos enfermeiros começou a passar o diagnósticos...

— Mulher, por volta dos 40 anos, deve ter sido atingida por um carro que não prestou socorro e ela perde muito sangue... - caminhavam apressado. - Costelas fraturadas e teve uma parada cardíaca enquanto a trazíamos, suspeito que seus pulmões estejam se enchendo de sangue! - estava mesmo preocupada com o estado dela.

— Levem-na direto para a sala de cirurgia, não será hoje que vamos perder um paciente se quer!!!! - falou com a voz grossa e foi se preparar para a cirurgia e eles a levaram com mais pressa ainda.

Ela foi preparada assim como toda a equipe e logo o grande Heriberto Rios Bernal entrou na sala, tinha uma concentração e tanto e não perderia nenhum paciente naquela noite chuvosa. Lá fora o mundo se acabava mais ali dentro daquele hospital ele trazia todos de volta a vida e aquela mulher não seria diferente, fez uma pequena oração e iniciou o procedimento que duraria horas, mas no final ela estaria viva porque ele não perdia ninguém, tinha as mãos tão santas que todos o chamavam de "Doutor milagre".

Foram horas ali e por fim ela foi levada para o CTI para ficar em observação, era grave mais se recuperaria com sucesso, os danos causados pela batida não foram dos piores e ele tinha mais uma vez conseguido salvar uma vida, pediu que depois de três horas fosse feito exames da cabeça dela para se certificar que ela estava mesmo bem e ele se foi para a sala dos médicos tomar um belo banho e descansar um pouco.

Quando se deitou, ele pegou o telefone e ligou para casa, mas ninguém atendeu e ele estranho, seu amor não deixava de atendê-lo e ele se preocupou ligando para todos os números possíveis, mas de nenhum obteve resposta e com o coração aflito ele ficou ali olhando para o teto e pensando tantas coisas ruins, ele se levantou sentando na cama e olhou para o telefone, mandou varias mensagens de texto, mas também não obteve resposta.

Era tão difícil não obter respostas que ele se levantou pegando as chaves do carro para ir até em casa, precisava saber que estava tudo bem e que seu amor dormia tranquilamente em casa, mas ao chegar a recepção foi impedido de sair e ele bufou. A estrada estava fechada e metade da cidade estava sem energia e naquele momento ele se agarrou a esperança de que era por esse motivo que ninguém o atendia, voltou ao quarto e voltou a deitar com a cabeça fervendo, mas o cansaço da cirurgia o pegou e ele adormeceu inquieto, mas adormeceu...

(...)

MANHÃ SEGUINTE...

Heriberto despertou assustado e com o coração acelerado, tinha tido um mal sonho... sonho não, pesadelo que o fez pegar o telefone e ligar de imediato para o seu amor, mas não obteve resultado algum, levantou e foi direto ao banheiro, fez sua higiene e meia hora depois estava fora do quarto. Caminhou olhando o telefone e nem se deu conta que todos o olhavam e ele seguiu seu caminho até a cafeteria e sentou para tomar seu café.

Respirou cansado ainda daquele plantão que parecia não ter fim, olhou a televisão e se pôs a olhar as notícias e os estragos da noite passada, sorveu de seu café e olhou para a mesa ao lado cumprimentando já que eles olhavam para ele sem parar, sentia algo estranho que somente passaria quando falasse com seu amor.

— Bom dia doutor! - uma das residentes que trabalhava com ele se aproximou com angústia.

— Bom dia, Miranda! - olhou as mãos dela que continham papéis.

— Aqui está os exames da paciente de ontem e o senhor precisa vê-la de imediato! - falou com o coração aflito entregando os papéis para ele.

Heriberto deu um longo suspiro e abriu a pasta olhando tudo que ali tinha e ficou de pé de imediato olhando para ela e se retirou para ver a paciente depois de agradecer. Foram apenas alguns minutos para que ele vestisse a roupa apropriada e adentrasse o quarto.

Heriberto ainda olhava os exames quando fechou a porta, virou-se e se aproximou da cama e quando de fato olhou para seu rosto, seu coração disparou de tal forma que ele quase perdeu seus sentidos e o que estava em suas mãos caíram ao chão com ele tocando o rosto dela atordoado.

— Victória, meu amor... - falou com desespero olhando para ela...