– Então, como vamos fazer isso? Preciso avisar Po logo e se eu for com você até as montanhas, não chegarei antes que ele saia de lá. Não podemos esperar que ele venha atras de você, ele pode te matar injustamente - dizia Song encostada a uma parede da sala na qual estava com Hui. Encarou o tigre que estava sentado com ambas as mãos tampando sua boca e olhando para frente.

– Bom - começou ele relaxando a postura e pousando as mãos na mesa -, você vai partir com mantimentos e um bom dinheiro para o Vale da Paz e eu vou com as tropas para as montanhas. Aqueles pandas vão pagar.

– O que exatamente os pandas fizeram?

– Eles atentaram contra a segurança da minha família, a família que eu tinha - deu um soco na mesa para extravasar sua raiva - e ainda um deles tentou me matar.

Ele não estava totalmente errado quanto ao que dizia, só que não contava do jeito que era. Haviam muito mais coisas além dessa que Song jamais sonhou em saber, nem Dishi. Apenas os mais velhos dos tigres sabiam o que realmente aconteceu.

Song se aproximou do seu novo amigo e tocou-lhe o ombro.

– Eu sinto muito... mas agora você tem uma nova família. Eu.

Ambos sorriram um para o outro.

"Será que ela realmente é tão cega? É uma linda gata mas, é apenas uma peça a mais nos meus planos", Hui Nuan ria por dentro da ingenuidade da felina.

Conversaram mais um pouco, com o tigre a instruindo para que conseguir convencer ao panda afim de protegê-lo. Tinha o plano perfeito, e Song apenas quis saber de proteger seu amigo, então Hui contou-lhe apenas o que lhe cabia no momento.


Aportaram para abastecer a dispensa e foi quando Song correu dali. Esperava alertar seu amigo, estava muito preocupada com ele. Não estavam tão longe do Vale da Paz e ela sozinha poderia ir a uma grande velocidade, encontraria Po antes que o mesmo cometesse erros dos quais se arrependeria. Já que suas amigas a abandonaram, estava em dúvida se ficaria perto dele no vale ou no centro da China. De qualquer forma, teria por perto um de seus fiéis amigos e poderia contar com eles para reconstruir sua vida, mas antes, deveria ajudar ambos e acabar com tudo isso.



Se animou com seus pensamentos e correu mais, feliz apenas por pensar em ver novamente o panda tão amigo, que o salvaria e poderia ficar a seu lado.


Ao mesmo tempo da partida da leopardo, nossos guerreiros já estavam pelo caminho e todos foram informados do motivo de sua viagem, já que não haviam tido tempo de saber de nada antes. Eles corriam em velocidade razoável por conta do panda e sua grande mochila.

Quatro dos Cinco Furiosos e Dishi, que estavam treinando quando Po e Tigresa receberam a informação, estavam ouvindo atentamente a explicação de Shifu e do lince, que se chamava Shun. O imperador tigre sempre tentava convencer Akame a não entregar o pergaminho de Dishi, não contar para o filho sobre a tradição de seu povo porque tinha medo de que o jovem fosse o guerreiro a derrubá-lo. Concordou em ajudá-la porque ela sempre foi como uma amiga para ele, desde que seus pais morreram no massacre, antes da fuga de Hui, e Shun foi levado também.

– Que massacre foi esse? Eu já ouvi falar quando encontrei um mensageiro, provavelmente um panda, mas ainda não sei do que se trata - perguntou Shifu, um pouco irritado e curioso quanto a isso.

– Nem eu sei. Quem poderia explicar, seria o líder dos pandas, Jing-Quo. Pelo que me contou, é líder desde que fugiu de Gongmen há trinta anos, guiou o povo a outro lugar nas montanhas.

Enquanto crescia, Shun foi testemunha dos efeitos causados pelas palavras de Hui Nuan sobre os felinos, ele mesmo acreditou, até que Akame, mostrou-lhe seus planos, os pergaminhos com registros de tudo que queria. Recentemente o levou para espionar uma reunião e assim descobriu a verdade. Planejavam retomar a China, Hui havia prometido uma parte de terra para cada clã e para isso deveriam descobrir e matar o Guerreiro Prometido e o Dragão Guerreiro por garantia de que ele não tentaria derrotá-lo.

– Ainda quero saber porque Hui quer atacar os pandas - disse Po ofegante pela corrida.

– Quando chegarmos, você pode perguntar ao imperador. Vocês precisam ter uma longa conversa.

– Por que uma longa conversa? - Perguntou o panda intrigado.

– Não deve perguntar pra mim, não sei de nada.

– Claro que sabe, senão não falaria isso.

– Não sei, ele só me disse que quer conversar com você - o lince riu por estar deixando o panda curioso. Claro que ele sabia, mas Po não deveria saber disso por ele.

Enquanto ouvia, o príncipe esforçou-se para conter algumas lágrimas e Tigresa notou, aproximou-se do tigre para que ele a olhasse e sorriu para reconfortá-lo. Ele devolveu o sorriso, sentindo o coração bater mais forte e o sangue subir ao rosto.

A felina voltava a se afastar para seguir à frente com o panda, seguidos pela serpente. "Tenho que falar com ela... mas tem Po, se ele gosta dela, vai ficar chateado caso ela me aceitar. E por que não aceitaria? Somos da mesma espécie, praticamente mesma idade, ela confia em mim e em pouco tempo, estamos próximos. Não gosto da aproximação dos dois, mas... o que ela iria querer com ele?"

Eles estavam em uma área que tinha muitas árvores e rochas quando anoiteceu. Avançaram por mais algum tempo, só que não poderiam prosseguir, atravessariam montanhas com neve para chegar ao deserto e ao rio, para atravessar o grande lado.

– Deveríamos ter esperado até de manhã pra sair - disse Garça - teríamos mais tempo e vai ser difícil voar guiando vocês de noite e com neve caindo.

– Não poderíamos esperar, saímos na hora certa. Vamos acampar aqui esta noite - disse Shifu em tom sério diminuindo a velocidade e parando em um espaço entre as muitas árvores suficientemente grande para que todos ficassem próximos, os outros também pararam - bom, vamos nos acomodar e nos alimentar para descansar. Quando o sol nascer, voltaremos a viajar.

Todos então olharam ao redor para escolher um cantinho. A atenção de todos foi chamada pelo ruído do panda caindo de bruços no chão, ofegante de tanto correr. Se esforçou, queria ver os outros pandas, mas ainda não tinha caído a ficha. Foi ajudado a se sentar por Víbora e Macaco. Deixou sua mochila a seu lado e a abriu para retirar o que precisaria para o macarrão.

– Garça, Dishi e Tigresa, vasculhem a área para ver se há ladrões ou quaisquer bandidos por aqui. Víbora e Louva-a-Deus, fiquem aqui com Po e Shun cuidando do acampamento. Vou meditar antes do jantar, me avisem quando estiver pronto.

– Sim, mestre - disseram todos em uníssono, até mesmo o lince.

Shifu seguiu alguns metros de onde o inseto e um dos felinos acendiam uma fogueira para o cozimento do macarrão. Subiu em uma árvore e sentou-se em um dos galhos, de onde tinha uma bela vista da floresta e montanhas ao longe. Já não podia ver o Vale da Paz de onde estava. Concentrou-se respirando profundamente e prestando atenção nos sons de seu corpo.

Queria tentar encontrar seu mestre de novo, não conseguia conversar com sua filha. Ela estava cada vez mais distante dele e mais próxima do panda. Talvez ele precisasse da ajuda de Po pra conversar com ela... foi o que pensou, mas queria falar com Oogway.

Fez como da última vez e conseguiu atingir sua paz interior. Algum tempo depois, sem pressa, ele conseguiu ver um belo lugar, uma cachoeira de águas cristalinas cercada por grandes árvores de folhagem de um verde vivo. Admirou a paisagem e voltando a olhar para a cachoeira só que sua visão foi impedida pela velha tartaruga que se encontrava à sua frente.

– Você anda muito preocupado, velho amigo disse o ancião sorrindo.

– Mestre Shifu levantou-se para saudar Oogway ainda tenho dúvidas quanto ai que me disse. Estou preocupado, Tigresa saiu um dia sem avisar e... eu, não consigo falar com ela. Não vai acreditar em mim se eu não tiver o pergaminho do Guerreiro Prometido...

– E ele está com Dishi - a tartaruga sinalizou para que seu aluno o seguisse em uma caminhada - ele deve entregar o pergaminho, você não pode tomá-lo e fazer isso em seu lugar e o momento oportuno para contar a ela, será quando ele ler seu próprio. E sei o quanto está preocupado e o que você pensa em pedir ajuda ao Dragão Guerreiro, está finalmente se deixando guiar pelo universo, Shifu - Oogway tocou o ombro de seu aluno demonstrando aprovação.

– Então, logo poderei contar a ela?

– Sim, mas preste atenção... tome cuidado em quem confia. O jovem tigre deve ler o pergaminho logo, ou a inveja e o ódio vão desviá-lo de seu caminho e isso o destruirá, e também abalará a harmonia entre os dois guerreiros que devem se unir... Po e...

– Tigresa. Será que não há nada que eu possa fazer? E se ele ficar na vila dos pandas? Como vamos fazer para que ele lute ao lado dela? - Perguntava Shifu apreensivo já parecendo desesperado. O mestre riu.

– Ah, Shifu, se acalme. Deixe, que o universo vai garantir que eles percorram seu caminho porque eles entendem que devem seguir em frente. Independente do que aconteça de agora em diante, Po jamais abandonaria você ou qualquer um, muito menos ela.

– Espero que esteja certo, mestre.

– As ligações que o destino faz são muito mais fortes do que se imagina e quando há uma ligação, se ela é forte, pura e verdadeira, nem a distancia ou o tempo impedem. Pare de duvidar delas, elas existem e não vão deixar que isso termine assim.

– E que ligação seria essa? É ligação entre guerreiros escolhidos.

– Sim. Mas vai além do que se imagina. Não é possível explicar agora, você não vai entender nem mesmo quando ver por si mesmo e já imagino como vai reagir, mas espere e confie.

Shifu andou por mais algum tempo ao lado de Oogway em silêncio para aproveitar a oportunidade de estar com ele novamente. Depois de agradecer, voltou ao mundo material.

Desde onde estava poderia olhar toda a floresta.Tinha uma sensação estranha dentro de si e não sabia ao certo o que seria, e não era o único a sentir.

No Vale da Paz, Song chegou ao restaurante. Sr. Ping estava fechando a porta quando ela segurou.

– Olá...

– Oh! Olá, Song. Como está?

– Bem e... ah, eu preciso falar com Po, é urgente... sabe se ele ainda está aqui?

– Ele foi viajar, voltou para Gongmen. Estou tão preocupado com meu filho... não me disse nada. Espero que ele volte bem.

– Ele é o Dragão Guerreiro, Sr. Ping.

– É, mas da última vez... hã, levou uma bala de canhão no estômago - respondeu ele com as asas cruzadas sobre o peito.

– Bom, preciso ir e encontrá-lo. Obrigada - correu para fora do vale mas não sem antes escutar um "traga meu filho de volta" do ganso preocupado.

Enquanto isso, no acampamento, Louva-a-Deus e Shun andavam ao redor do local para recolher mais gravetos e mantera fogueira acesa. Víbora posicionava os pratos e chopsticks com sua calda para adiantar as coisas para Po que cozinhava, aproveitando-se da chance de conversar com seu amigo enquanto os outros estavam distantes. Ele estava tão quieto...

– Oi, Po - sorriu-lhe ela depois de terminar de arrumar a mesa improvisada - terminei.

– Ah, valeu Víbora - respondeu seu ao menos olhá-la e provou um fio de macarrão para ver se já estava pronto, fez uma careta.

– O que aconteceu?

– Argh, está faltando tempero - se virou para pegar um frasco em sua bolsa.

– Não, não, Po... você está quieto. O que foi? Pode me dizer.

Ele hesitou por um momento sem tirar os olhos da panela de macarrão. O que ele poderia lhe dizer? Que tinha medo? Provavelmente ela já sabia, mas agora seu medo era maior e com relação à esses pandas. Sentia que alguma coisa diferente aconteceria.

– Eu... ah - suspirou derrotado e abaixou a cabeça - sei lá, não sei o que vai acontecer quando eu chegar lá na vila dos pandas, sinto algo esquisito. E também... não consigo falar com Tigresa, queria conversar antes de sairmos, mas o Macaco colou em mim. Ela está andando demais com Dishi, acho que... não estou gostando muito disso - cobriu seu rosto com as patas - e se, ela conhecer outra pessoa lá?

– Po, olhe pra mim - pediu a serpente e ele a olhou por entre os dedos - se acalme. Tentar falar com ela, não sabe o que vai acontecer... não sei se é ela quem está passando tempo demais com ele. Quanto aos pandas, deixe isso de lado pra você ter coragem de fazer o que deve no presente - ela sorriu a ele.

Louva-a-Deus e Shun voltaram trazendo mais gravetos para alimentar a fogueira. O estômago de Shun fazia barulhos estranhos, o deixando envergonhado, realmente estava com fome.

– Po, cozinha logo isso aí... tem mais lenha aqui - disse o inseto.

– Já fiz o que dava, agora é esperar. A comida não vai te ouvir e ficar pronta mais rápido - respondeu Po tirando risadas de todos ali presentes.

Quando tudo estava pronto, ele se levantou e olhou para sua amiga. A réptil se ofereceu para procurar Macaco e Garça e chamar mestre Shifu. Ela pôde lhe sussurrar um quase inaudível boa sorte, já que o panda decidiu conversar.

Assim que Po começou a se afastar, alguns metros, ainda vendo a fogueira, ouviu uma voz familiar. Era a voz de Tigresa junto a um rosnado.

– Para de besteira. Se afaste - parecia estar irritada.

Correu até se aproximar da voz da felina e à medida que ia se aproximando se irritava com as coisas que ouvia do tigre que estava com ela.

– Tigresa... - o panda se deteve em seco, arqueando-se para voltar a respirar normalmente.

Alguns momentos antes.

Tigresa havia se separado de Dishi para que cobrissem uma área maior. "Não há bandidos aqui... ninguém ali, pensava ela e subiu em uma árvore estamos longe de qualquer casa ou mesmo vila. Bom, devemos estar seguros já que nenhum ladrão se esconderia em uma floresta dessas se não tivesse à quem roubar". Desceu e foi esperar po Dishi numa árvore, cujo tronco havia sido demarcado por ela, como um ponto de encontro.

Esperou por algum tempo. Como ele poderia ser tão lerdo? Bem, era menos do que Po subindo escadas. Riu por dentro com o pensamento, mas acabou lembrando de onde estavam indo. Começou a se sentir um pouco mal com isso.

"E se, ele conhecer... uma panda? E se... não quiser mais voltar ao Palácio de Jade?", não era porque era fisicamente durona que não sentia nada e dentro dela, estava um tumulto. Ele era importante para os Cinco, para Shifu, para... ela. Era inevitável não pensar no assunto.

– Mas que coisa, Dragão Guerreiro! - sussurrava para si mesma e levou as patas ao rosto para esfregar os olhos - por que e como isso aconteceu? Segundo Víbora eu... não posso estar... argh! Que besteira - foi interrompida por uma pata em seu pulso e a agarrou.

– Calma! Sou eu - disse Dishi, antes que levasse um golpe.

– Tudo bem... vamos.

Eles começaram a andar de volta para o acampamento para o jantar, ambos estavam com fome. Mas agora, o tigre aproveitaria sua chance.

– Tigresa, posso te perguntar uma coisa? - Perguntou o príncipe que seguia atrás dela.

– Claro... - disse ela sem vê-lo.

– Você estava dizendo por que e como isso aconteceu?, queria saber o que aconteceu e o que Víbora te disse. O que você não pode?

Ela hesitou nervosa. Não sabia se poderia contar a ele, não isso. Mas parou suas trilhas e ele ficou à sua frente com carinha de filhote, implorando que contasse.

– Por favor, confie em mim - uniu as palmas das patas.

– Ah, está bem - suspirou cansada e sem olhar nos olhos de Dishi -Víbora acha que eu estou apaixonada.

– E o que há de errado com isso? - Perguntou aproximando-se dela.

– É que... nunca aconteceu comigo, nunca... não sei o que fazer, se ele me corresponde e o mais importante, talvez ele vá embora depois que tudo isso acabar...

– E porque iria? - Achava realmente que era com ele e que ficaria feliz em ouvir as próximas palavras da felina.

– Porque vai conhecer os seus e... talvez se sinta melhor com eles. Eu o maltratei muito quando ele chegou e por minha culpa ele vai embora, não vai ficar com a gente e vai gostar mais de ficar com os pandas - disse em meio a um rosnado olhando ao chão.

Dishi parou onde estava e olhou para ela incrédulo. Acaso havia ouvido mal? Ela estava apaixonada pelo panda? Sério?

– Você está apaixonada pelo panda? Sério?!

– Segundo Víbora, sim... e não diga nada a ele, só vocês dois sabem e eu confio em vocês.

– Por que eu contaria?! - Ele realmente não iria contar, embora quisesse ela feliz, ele queria estar no lugar de Po. Mas ela interpretou sua reação como uma afirmação de que seu segredo estava seguro.

– Porque você é tonto - respondeu em tom de brincadeira voltando a caminhar passando por ele.

– Sou tonto é?

– Claro, me deixou esperando aqui...

– Sentiu minha falta? - Cortou Dishi, e a agarrou pelo pulso fazendo-a girar. Antes que pudesse apanhar, ele a segurou pela cintura - vou te provar que você não está apaixonada pelo panda.

"Mas o que você quer dizer com... ? Ah não, lá vamos nós de novo, terceira vez Dishi".

– Para de besteira. Se afaste - parecia estar irritada. Soltou-se do abraço mas ele ainda a segurava pela cintura com uma pata e colocou a outra em seu cordão. Se ela tentasse sair dali, o colar se partiria solta meu colar.

– Ah, você sabe que só estou brincando, Ti disse ele deixando as garras de fora o mínimo para que ela não percebesse.

– "Ti"?! perguntou surpresa pelo apelido e quando tentou tirar o colar dos dedos dele, acidentalmente o cordão se rompeu fazendo o pingente cair. Ela ficou sem reação e queria consertar antes que Po visse, mas...

– Tigresa... o panda se deteve em seco, arqueando-se para voltar a respirar normalmente - ah... desculpem, não queria atrapalhar... mas o jantar tá pronto.

– Po - ela correu para ele e o ajudou a ficar em postura normal - você está bem?

– Sim, Ti... gresa - respondeu e virou-se para ir antes que levasse um soco por tentar apelidá-la, mas foi detido por ela.

– Não atrapalhou nada, estávamos voltando e ele fez uma brincadeira idiota. Você pode me chamar assim, Po - disse com ênfase na palavra "você" e olhou para o tigre com seu olhar assassino ."O que está dando em nele?", pensou e ele abriu a boca para falar - vá jantar.

– Está bem - rosnou ele e se foi à quatro patas.

Po virou-se para onde ela estava e a viu voltando ao local onde caiu seu pingente. Tigresa ajoelhou-se para apanhá-lo e quando o colocou em sua pata, uma pata de pelagem negra se fechou com a dela, cobrindo o pingente.

Ela levantou o olhar e assim, encontrou quem a tocava também ajoelhado, vendo-se espelhada naqueles belos olhos verde jade.

No acampamento, Shifu esperava pacientemente com os outros que sua filha, o novato e o Dragão guerreiro aparecessem. Por entre as folhagens aparece Dishi e sozinho.

– Onde está minha filha? - Perguntou ele, surpreendendo à todos.

– Está conversando com Po - respondeu e apontou a direção na qual estavam - se quiser, posso ir busca-los...

– Não, eu vou! - Gritou Víbora atraindo os olhares, inclusive o desconfiado de Shifu. Mas ele se lembrava do que Oogway tinha dito e mesmo assim, não gostava que nenhum dos dois se aproximasse tanto assim de Tigresa.

– Eu e Dishi vamos, porque ele sabe onde estão. Obrigada Víbora. Bem, sirvam-se, não sei se estão longe então, comam para não ficarem com mais fome.

Dito isso, todos quase pularam dentro da panela e Louva-a-Deus se posicionou na borda dela com um par de chopsticks apontando para os outros para afastá-los.

– Sai, sai! Eu quero comer, me deixem pegar primeiro!

– Nada disso! - disseram Macaco e Garça em uníssono.

– Deixa a gente pegar comida, Louva-a-Deus!! - terminou Garça

– São sempre assim? - Perguntou Shun para Víbora entre risadas.

– Geralmente... sim, ou são piores - respondeu olhando aquela cena - ai, deuses... esses meninos não se comportam, nem em uma missão tampou seus olhos com sua calda.

Po estava tão perto de Tigresa, olhando-a em seus olhos âmbar. O silêncio de que se fez presente era confortável.

O pingente descansava entre suas patas e Po entrelaçou seus dedos aos dela sem nem perceber o que fez, já a felina soube, sem desviar o olhar e corou agradecendo por sua pelagem permitir isso sem ser notada.

– Tigresa... eu tenho que te falar uma coisa, contar...

– Pode dizer.

O coração de ambos batia mais forte a cada segundo e a cada milímetro que se aproximavam. Se não tivesse autocontrole, Tigresa iria aparentar ter um ataque de ansiedade, queria correr dali, mas queria ficar com ele. Po não estava diferente e quase mordia a própria língua, que se enrolava em sua boca como se não quisesse ajudar.

– É que, bem... não sei como dizer... mas é que - fechou os olhos e respirou fundo para tomar coragem - eu, queria te d-dizer que eu acho... acho não, eu não acho, eu sei e é verdade...

– Foco, Po - disse ela rindo um pouco da atitude nervosa dele, "esta agindo tão estranhao quanto eu?", pensava ela confusa. Era isso mesmo, produção?

– Hehe, está bem... eu quero dizer... que...

– Hã? - insistiu ela observando a aproximação do amigo.

Não sabia o que fazer, acreditava saber as intenções dele, mas ainda assim lhe dava um pouco de receio do que estava por vir. Seu coração estava prestes a explodir, apenas estava parada a sua frente e se deixaria levar. Encostou sua testa á dele.

Está quase lá, como sempre quis e se não conseguia falar, poderia demonstrar. Pouco lhe importava se levaria um golpe, era de Tigresa. O que poderia ser mais show de bola?

– Eu te... - sussurrou enquanto passava sua mão livre pela bochecha dela, ambos com os olhos semicerrados...

– PANDA!!!