O Verdadeiro Lar

Bem Vindo à Gongmen - A Vila dos Pandas Renasce


A noite se fazia mais escura enquanto o tigre caminhava de um lado a outro em sua cabana. Estava aconchegante e ele apenas foi em direção à sua cama. Aos poucos ia conseguindo uma legião para seu exército e para sua nova cidade. Seu plano era tomar Gongmen e tudo a seu redor para reestruturar e dominar com seus irmãos. Tinha ódio aos outros animais e tudo porque eles temiam aos felinos e sobretudo aos tigres, pelos atos de seus antepassados, os condenavam porque agiam pela força, não deram ouvidos a seu pai e Zhen De, e então decidiu fazer o sacrifício de se livrar das ideias do irmão, o tão adorado filho que sempre estava certo.

"Na verdade, o que ele tinha era um senso aguçado de justiça. Que pena, não serviu de nada para ele", pensou com malícia. Não se arrependia. segundo ele, os meios não importam se chegar ao devido fim.

Mesmo sabendo as horríveis histórias antigas antes mesmo do nascimento de seus pais, ele queria acertar contas com aqueles que julgavam e afastavam o povo tigre.

Podia se lembrar de cada vez que seu povo foi insultado quando ele e o irmão eram crianças. Seu pai tinha que viajar para fazer acordos, alianças, ajudar amigos de reinos vizinhos e levava toda a família a fim de divertir os dois pequenos e mostrar a China a eles. Os incentivava a ser o que desejassem e queriam ser algo simples como músicos, adoravam tocar erhu e pipa, ou poderiam ferreiros para fabricarem as tão belas armas de kung fu que encontravam em suas viagens, inventar alguma...

Sempre que chegavam a uma cidade ou vilarejo, recebiam olhares de medo ou raiva e cada palavra que ouvia, machucava. Não eram aceitos.

Isso voltou a atormentá-lo toda vez que ele chegava a um novo vilarejo para reclamá-lo para si. Os aldeões tentavam lutar e eram detidos. Recebia os mesmos xingamentos ou piores agora, mas hoje é por uma boa causa. Iria disciplinar a todos e mostrar que quem manda é o clã tigre, independente do quanto lhe custasse. Depois das coisas, ou melhor, das pessoas mais importantes da sua vida que acabou perdendo por culpa desse medo infundado e dos julgamentos injustos, nada mais lhe importava. Aproveitou-se do dom que lhe deram os deuses de convencer e sabia usá-lo, desde que se lembrava.

Essa diplomacia ou veneno, do qual ele dispunha, poderia ser utilizada de outra forma, para que seu clã fosse aceito. Essa foi a ideia de Zhen De, mas ela foi dita na época que Hui já não ouvia o irmão por conta de sua grande perda, além de sentir inveja da felicidade do irmão que não foi tirada de suas patas. Teve desde então, a intenção de se vingar de todos que o destruíram antes e daqueles que se colocassem em seu caminho, não queria conversa.

Não sentia vergonha de usar ninguém, menos ainda aqueles que se colocavam à sua disposição, sem precisar ter conversas incisivas e cansativas para se explicar. Foi o caso de Song.

Deitou-se relembrando que a conquistou com pouco, mal acreditava. A leopardo lhe jurou lealdade sem saber quem realmente deveria ser chamado de vilão. Pediu a ela que tratasse de convencer o panda de que ela estava certa, de que era Dishi que tinha escuridão em seu interior e que nada o mudaria.

Ainda tinha dado mais uma instrução àquela estúpida gata, essa seria por conta dela.

– PANDA!!!

Aquele grito histérico o deteve em cheio, acelerando o coração do pobre panda gigante que soltou um berro pelo susto. Ainda olhando para Tigresa, ela estava com os olhos abertos a não poder mais, encarando-o e ficou muda. Ela estava tão corada que nem sua pelagem pode esconder totalmente, deixando o laranja de seu rosto um pouco mais escuro devido ao sangue que lhe subia. Já Po, ela podia jurar que ele estava mais branco do que era, se é que isso é possível.

Po não teve tempo para se recuperar do susto. Quando olhou para a direção da voz de seu mestre, o que viu foi uma pata em sua direção. Era um dos pés de Shifu que acertou o lado esquerdo de seu rosto em cheio, fazendo com que se visse um vulto branco e preto lançado em velocidade para uma árvore indefesa afundando seu grande tronco. Isso fez com que Tigresa saísse do "transe" em que se encontrava e segurou o panda vermelho, sem acreditar no que seu mestre fazia.

– O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?! - Gritou novamente Shifu ignorando que era detido por sua filha. Uma veia saltava em sua testa e ele estava com o olhar assassino que Tigresa dedicava à seus amigos por brincadeiras que passavam do limite.

"Agora sei de onde ela tirou esse olhar", pensou Po, tentando sair do tronco da árvore. Por fim conseguiu e ficou parado onde estava olhando para Shifu que esperava uma resposta e rápido.

– Ah, eu... nós... - balbuciava Po coçando a nuca e olhando para sua amiga listrada.

– Não tentem me enganar, eu conheço vocês dois - disse ele olhando para a felina que tinha a boca aberta e pretendia dizer algo.

Tigresa ouviu alguma coisa apor onde seu mestre veio e quando virou seu rosto, viu Dishi que ria baixo e com um sorriso, no qual ela enxergou pura maldade. Foi ele quem trouxe Shifu?

– Foi você? - Grunhiu Tigresa, mostrando suas presas. Nesse momento, Po e Shifu olharam para ele, e o panda gigante não parecia contente em ver seu aluno. "O que está acontecendo aqui?", pensava ele.

– Eu o que? - Perguntou Dishi com uma sobrancelha levantada e cruzando os braços.

– Quem trouxe nosso mestre aqui...

– Por acaso não era pra eu vir, filha? - Perguntou o panda vermelho disse, sem se dar conta do que disse. A deixou surpresa e ela acabou olhando para ele sem se incomodar em esconder sua expressão.

– O que você... ? Não é isso, mestre - o soltou e se afastou alguns passos, recuperou sua postura séria - apenas veio me avisar que o jantar está pronto e quando ouvi passos, pedi à Po que se aproximasse, achei que era Macaco e não queria que ele ouvisse que já descobri a brincadeira que vai fazer com ele - apontou para Po que seguia sem graça e cada vez mais vermelho ainda perto da árvore.

– Isso é verdade, panda? - Perguntou Shifu já mais calmo com cara de poucos amigos - de onde vi parecia outra coisa...

– De onde o senhor viu, mestre - interrompeu Tigresa.

Lançou um olhar mortal à Dishi que, vendo que o mestre não faria mais nada para afastá-los, começou a desfazer-se de seu sorriso. Adotou uma expressão séria e apertou os punhos, o que fez Tigresa sorrir diante do fracasso dele.

– Continuo esperando sua resposta, panda.

– Sim, mestre... - respondeu, vendo que Shifu voltava a se irritar por impaciência - e também, queria colocar de volta o meu presente no pescoço dela. O cordão acabou estourando.

Aproximou-se de Shifu com a palma da pata esquerda aberta deixando ver o pingente de yin e yang e um cordão negro rompido. O pequeno panda observou e olhou para Po, ainda incrédulo.

"Ah, está bem", suspirou mentalmente "vamos fingir que me enganam".

– Está bem - mesmo sério, riu de forma irônica - agora que está tudo resolvido, apenas os procurei para que pudéssemos jantar. Espero que tenha sobrado comida para nós.

Voltaram ao acampamento um pouco apressados para repartir o que por certo seria pouco de macarrão, já que Macaco e Garça comiam muito, embora não parecesse. Claro que não comiam tanto quanto Po, mas segundo Louva-a-Deus, estavam quase lá.

– Antes de chegarmos, quero que saibam que enquanto eu puder vigiar vocês, eu vou. Não admito esse comportamento, não podem se afastar sozinhos no meio da floresta para "conversar" - disse Shifu enquanto caminhavam, demarcando a palavra "conversar" com um tom mais grave em sua voz.

Tigresa e Po engoliram em seco.

– Ih, o que aconteceu, ein? - Perguntou Macaco fazendo piada quando chegaram seus amigos e mudou seu tom por uma raiva fingida - por acaso você e Tigresa...

Po engoliu em seco olhando o amigo.

–... vocês foram comer meus biscoitos, não foram?

– O que?! - Perguntou Po quando se sentou ao lado do primata para jantar.

– Eles sumiram da sua bolsa, só pode ter sido você - disse enquanto subia na barriga do panda e o sacudia pelos ombros.

– Não pegamos bolacha nenhuma, não sei do que está falando... e estou ficando tonto...

Vendo que os olhos de Po começavam a revirar-se, o soltou e foi ao chão, sentando-se com os braços cruzados.

– Se não foi vocês, quem foi? - Encarava Po e nem percebeu que atras de uma árvore próxima, um inseto e uma ave, ambos conhecidos, estavam acabando com seus biscoitos e começaram a comer mais rápido quando ouviram Macaco choramingar. Ele adotou a expressão brincalhona - Aliás, o que você foi fazer lá com ela?

– Primeiro, não sei quem pegou seus biscoitos... eu queria um... e segundo, fui chamar a Tigresa pro jantar.

Os dois conversavam baixo para que Shifu não os ouvisse e Po prometeu contar depois. Afinal, apesar das brincadeiras, Macaco era seu melhor amigo, sejam nas disputas infantis entre eles ou na hora do aperto.

Após o jantar, cada um foi dormir em seu cantinho, encostados em uma árvore ou embaixo de suas grandes raízes. Víbora se preocupou e muito quando viu as expressões de Po, Tigresa e Dishi, e resolveu deixar as perguntas pra depois, já que seu mestre parecia bastante incomodado.

Po demorou pra dormir, ainda não acreditava no que quase havia feito. "Ahh se não chegasse o Mestre Shifu... e o que foi aquilo? Quase quebra meus ossos só por me chutar contra uma árvore. Foi show! Mas acho que seria melhor assistir", pensou ele com receio de que se repetisse e depois de algum tempo dormiu como quase todos.

Antes de dormir, o jovem príncipe maldizia o panda em sua mente, mas agradecia ter chego á tempo de impedir um muito provável beijo.

Já em seu lado, Tigresa estava deitada com as costas contra a grama e olhava sorrindo para a copa das árvores e para o céu que podia ver entre elas. Só podia lembrar de como ficou seu interior com a aproximação dele e quando pensava nisso, voltava a sentir, como se ele estivesse de novo ali. Ele tinha tentado tomar a iniciativa por mais que fosse atrapalhado, mas ela fez a aproximação definitiva quando, encostando sua testa na dele.

"Dishi tinha que estragar tudo... devo estar ficando louca, ele não quer nada comigo. Por favor, que não seja isso", rogava ela em seus pensamentos quando fechava os olhos para tentar dormir. "Estou ficando louca em... querer. Não pode ser, não quero, mas me deixo levar... Não quero mesmo? Ah, já não tenho certeza de nada mais."

Em poucos minutos adormeceu.

Jing-Quo estava parado à frente de uma grande campina, era muito parecida com sua antiga vila, mas tinha mais flores e um riacho a cortava e se ligava a um rio, se explorassem mais à frente, chegariam ao mar, mas ali estava bom. Estavam entre o verde que tanto gostavam e o lugar se localizada próximo ao porto de Gongmen, na direção leste e assim, amenizaria as lembranças dos sobreviventes do massacre de Lord Shen. Teriam uma rota de fura pelo leste, caso fossem extremamente necessário.

Conforme as horas foram passando, os outros pandas chegavam. Não eram tantos, mas um bom número de no mínimo quarenta deles. Haviam passado a noite no local de treinamento do Conselho dos Mestres junto à Mestres Boi e Crocodilo e agora de manhã, começariam a construção de seu novo lar.

Assim que começaram a viajar, alguns dias atras, tiveram certeza da morte de Shen por alguns animais que encontravam no caminho e confirmaram que o grande Dragão Guerreiro o derrotou. Poderiam voltar para um lugar conhecido, rever seus amigos da cidade.

Ao nascer do sol, todos foram acordados por seu mestre e depois de arrumar suas coisas, continuaram a viagem. Atravessaram as montanhas chegando à outra parte com floresta e logo ao deserto.

Depois de umas quatro horas de viagem, chegaram ao porto e conseguiram um barco maior do que da outra vez, com quatro cabines e um local para servir como depósito. O ganso que emprestou o barco era amigável.

– Tudo pelos salvadores da China - disse sorrindo.

Depois de tudo carregado e todos entrando, prestes à embarcar, Po ouve um chamado.

– Po!!

– Song? - Olhou a felina confundido - que faz aqui...? - Não pôde terminar a frase, Song o abraçou forte e ele correspondeu.

Tigresa, já no barco, virou-se para ver o que acontecia e teve que se segurar para não rosnar ou se lançar contra eles e separá-los. Ignorou e entrou na cabine, seguida por Víbora.

– Minhas companheiras me abandonaram e não sei o que fiz de errado. Só quero ir pra casa... - disse com o semblante triste.

– Não fique assim, Song. Bem, se Mestre Shifu não se incomodar pode vir com a gente - virou-se para ver o panda vermelho que estava subindo a rampa.

– Bom - parou e virou-se para o panda - se você não se comportar com ela como fez com Tigresa, tudo bem - voltou à caminhar.

Po corou um pouco e deixou que Song passasse. Ela estava confusa, não entendeu o que Shifu quis dizer.

– O que você fez, Po? Está vermelho e parece nervoso - Perguntou ela entre risadas.

– Ah, não foi nada de mais... depois eu te conto, hehe.

Quando estavam todos no barco, Song estava junto à Po, ouvindo a leopardo contar o que aconteceu para que suas amigas a deixassem. Ao que parece, o senhor daquelas terras não quis cumprir o trato de ajudá-las com a grande quantia de dinheiro que prometeu e então tentaram discutir com ele. Quiseram prendê-las por contra o líder, mas elas fugiram, não sem antes brigar com Song por colocar suas amigas nessa.

– Diziam que era culpa minha, que queriam manter seu nível de riquezas como tinham quando eram ladras, mas eu tentei mudar todas elas. Que eu não deveria ter feito isso porque elas nunca iriam mudar, adoravam o dinheiro e não me queriam mais como sua líder, nem no grupo - abaixou a cabeça, passando tristeza ao panda e o primata ali presentes.

– Deixa pra lá, você pode ficar com a gente, o quanto quiser - disse Macaco sorrindo e colocando a pata em seu ombro - assim, vai irritar Tigresa e não se preocupe porque Po não vai deixar que ela te machuque.

– Ah, obrigada - respondeu ela com receio em relação à Tigresa.

– Macaco! Assim ela vai pensar que a Tigresa é ruim, mas não é isso... ela só demora pra confiar. Comigo, foi mais ou menos isso... nah, não sei se foi por confiança.

Os outros dois começaram a rir da estupidez do amigo e Macaco colocou a pata sobre seus olhos fingindo vergonha.

– Enfim... falando nisso, conta o que aconteceu, Po - pediu Macaco, agora ansioso para ouvir, assim como Song parecia estar.

– Hm, tá.. - começou a falar sobre o ocorrido da noite passada..

Dishi, Garça e Louva-a-Deus estavam dentro de um outro quarto conversando com Shifu para mostrar o que Hui pretendia, até onde o tigre sabia.

Em outro dos quatro quartos, estavam Víbora e Tigresa. A serpente bombardeava sua amiga com perguntas, as quais a felina não sabia responder ou se recusava.

– Vamos Tigresa, sou sua amiga... se não contar comigo vai contar... pra Song?

Tudo que recebeu em resposta foi silêncio. Então se aproximou da felina e a olhou em seus olhos.

– Me desculpe, só quero ajudar... você mesma me pede ajuda porque não sabe o que fazer, nem o que sente... e agora, não quer me contar pra que eu possa te ajudar.

Tigresa suspirou derrotada e se encostou na cabeceira da cama, ficando frente a frente com Víbora e começou a contar. À cada detalhe, a serpente abria mais a boca e os olhos, enquanto Tigresa ficava mais vermelha e se sentia incômoda.

– Eu tentei ajudar dizendo que buscaria vocês, mas mestre Shifu não deixou... Dishi queria ir.

– Tudo bem,ele não deu mais que um chute no panda. Mas tem uma coisa que eu achei estranha e me surpreendi, foi que... o mestre me chamou de... filha - os olhos da felina passeavam pelo quarto como se quisesse achar motivo para isso - Por que só agora?

– Acho que ele tem ciúmes de você. Perguntou onde você estava quando o príncipe chegou, e ele não estava com uma cara muito boa - riu Víbora - assim como o mestre quando voltou com vocês.

– Não tem porque ter ciúmes de mim, sei me cudiar - em seu rosto, deixava transparecer que estava chateada que só agora seu pai se portava como tal, bem quando ela começa a ter novas e fortes experiências sentimentais que já a confundem, "só pra me deixar pior?" , pensava ela "por acaso, todo aquele choro durante os primeiros anos só valeriam à pena agora quando já sou adulta e sei me defender?"

Mudou de assunto ignorando a sensação de tristeza que começava a sentir. Não deixaria que isso tomasse conta, não agora.

– Você já sabe porque Dishi estava daquele jeito. Espere a gente chegar a Gongmen, vou ter uma conversa séria com esse tigre.

– Bom, eu diria que você conversasse com Po primeiro.

– Por que?

– Sabe onde estamos indo, não sabe?

– Sim, em algum lugar próximo à Gongmen - Tigresa a olhou como quem diz que tal resposta era óbvia e deitou-se na cama de olhos fechados, descansando as patas sob seu abdome.

– Então... - aguardou e nada -, ah, acho que você deve ter se esquecido que vamos ver... pandas.

Tigresa abriu os olhos de uma vez e não se mexeu. Começou a rosnar baixinho

– E, você tem que falar o que você sente, tem que aceitar isso, ainda mais depois de ontem. Se ficar negando, vai perder o único que consegue te tirar dessa armadura que você construiu.

– Eu sei... mas será que consigo? Será que ele não vai rir de mim? - Olhou para Víbora com uma expressão de esperança mista com... vontade de chorar? Olhos marejados? É, ele a afetava muito, mesmo.

– Depois de ontem, você ainda acha isso? - Sorriu dando coragem à amiga.

Tigresa abriu a boca para agradecer, mas foi interrompida por uma batida na porta. Era Shifu. Sem querer ouviu a última frase de Víbora, encobriu o que fez e avisou que estavam passando pelo primeiro porto.

– Saiam e fiquem no convés, vamos parar num outro ponto alguns metros à leste do porto principal deste grande rio. Vamos descer primeiro para saldar quem nos recebe e depois, vamos descarregar os mantimentos e nos acomodar.

– Sim, mestre - assentiram ambas.

Um tempo depois, já aguardando fora das cabines, já haviam passado por Gongmen. Macaco e Song estavam ao lado de Po, do lado direito do convés fazendo sinais a ele para passar confiança. Na cabeça da leopardo começou a aparecer as imagens de Hui Nuan e uma certa conversa que teve com ele. Se aproximou e disse à Po que precisava falar com ele à sós assim que possível e abraçou o braço do panda, que deu de ombros mesmo sem entender a atitude da amiga. Ela não o abraçava assim, mas tem importância?

Louva-a-Deus no ombro do primata, não estava entendendo nada e estava ficando alterado.

– Ow, caras, o que é isso?! Não vão me dizer nada mesmo? Ninguém confia em mim, ninguém gosta de mim... - foi interrompido pelo dedo do Macaco bem no meio da sua cara.

– Depois você vai saber - sussurrou para o inseto, mas não adiantou, continuou como uma criança mimada.

– Mas não quero depois, quero saber agora. Vocês não confiam em mim - virou-se para o lado oposto ao rosto do Macaco cruzando suas pinças. Macaco apenas bufou e negou com a cabeça.

Tigresa, do lado esquerdo com Víbora, estava olhando para a paisagem. Não queria ver aquela felina mentirosa ao lado de Po, ainda bem que não estava olhando. Infelizmente eram amigos e sendo assim, ela não poderia socar Song para que voasse até a muralha.

"Na minha cabeça isso é bem engraçado", pensava Tigresa com raiva.

Víbora tentava de tudo para acalmar sua amiga, ao menos conseguiu segurá-la ali para não brigar com ninguém.


A paisagem começou a se abrir mais aos olhos dos guerreiros. Um lugar encantador tomava a visão de todos. Para Po, era próximo às suas lembranças de bebê, mas ainda assim, era mais bonito. Este lugar era mais vivo, tão vivo que ele viu algo que o fez abrir a boca, quase até cair. O coração começou a ameaçar parar suas funções.


Tigresa estava igual, senão pior. Não se sentia bem em demonstrar nada e se o fizesse, não seria na frente de todos.

Mais alguns minutos de espera e enfim, eles aportaram e foi quando Song se separou de Po por um olhar feroz da líder dos Cinco Furiosos. Nenhum deles acreditava no que estava vendo.

– Vários Pos? - Brincou Louva-a-Deus aparentando confusão e tirando risadas de seus amigos, menos de Tigresa, que observava o lugar e o povo panda com muita atenção.

– Olá, Mestre Shifu, Cinco Furiosos e Dragão Guerreiro - um panda inclinou-se em respeito.

– Olá - o panda vermelho retribuiu a saudação - estamos prontos para ver seu líder, Jing-Quo.

– Sigam-me. Alguns dos nossos vai descarregar o barco para vocês e levar até a casa de nosso líder. Vão ficar hospedados lá, estamos nos reerguendo, fazendo um novo lar para nós - disse enquanto caminhava seguido dos guerreiros e Song. Po não pode evitar fazer uma cara de tristeza ao ouvir isso, mas não durou muito. O que passou, passou, por mais doloroso que tenha sido.

– Entendo. E obrigada - respondeu Shifu.

– Ah, tomem cuidado com a minha mochila, minhas figuras de ação estão lá dentro! - Gritou Po para um dos pandas, que sorriu como resposta. Todos riram da atitude do amigo.

– O que? - Perguntou ele confundido.

Tigresa se deu um leve tapa na testa pela atitude dele. "Como ele é bobo! Mas gosto", pensava ela e deixou aparecer um sorriso que ninguém percebeu, estavam ocupados olhando para os outros pandas. Já ela, franzia o cenho quando percebia algumas das adoráveis ursinhas olhando para o panda com sorrisos e foi se aproximando dele conforme andavam para que elas parassem com isso.

Chegaram à uma grande casa vermelha e dourada que parecia já ter sido construída há algum tempo. Era um posto de vigília de quando os pavões reinavam e agora, era a casa do governante panda.

Ao entrar, notaram que alguns pandas tratavam de arrumá-la e o que mais chamou a atenção, era um panda, um dos maiores que estava de costas. Tinha um manto verde parecido com o de Shifu e Oogway.

– Senhor Jing-Quo, eles chegaram.

O panda se virou. Arregalou os olhos quando encontrou o que mais queria ver em sua vida e se aproximou lentamente dos guerreiros.

– Sejam bem-vindos... guerreiros e... filho.