O Verdadeiro Lar

Ataque e Redenção


- Dentro de algumas horas vamos chegar à vila dos pandas - anunciou Hui Nuan à seus seguidores.

Dishi estava a seu lado e lhe dava calafrios ao ouvir o que seu tio falava, queria resolver as coisas, mas sozinho, não conseguiria. Não era dele o destino de derrotá-lo, a ele só cabia resolver as coisas depois que Tigresa e Po o derrubassem.

Os outros soldados estavam todos animados. Hoje seria o dia da batalha final pela China, onde seu senhor teria de volta aquilo que lhe foi tirado de mais valioso: sua filha e de quebra teriam todo o império chinês sob suas patas.

"Que os deuses me ajudem", dizia Dishi em sua mente. Mal sabia ele que não precisava da ajuda de ninguém, que os deuses já haviam escrito o que aconteceria dali por diante.

- Tio, como vai fazer pra convencer Tigresa a se juntar a nós?

- Pretendo conversar com ela e tentar convencê-la a vir comigo. Caso contrário, tenho planos de atacar aquele panda, ou outro de seus amigos porque ela pareceu se importar com isso. Então, quando ela estiver distraída eu vou levá-la de lá - respondeu Hui Nuan sem tirar os olhos da estrada.

- Só uma coisa, sua filha é bem temperamental e tem princípios, se o que eu disse a ela com a pintura e a nota não funcionaram, nem você prometendo ser bom pai vai convencer.

- Ela é tão cabeça dura assim?

- Teimosa que só - respondeu Dishi com um meio sorriso.

- Hm, se é mesmo assim, é como a mãe dela - comentou Hui sorrindo e de repente, mudou para uma expressão séria - só espero que você não faça mal a ela.

Assim, seguiram para a vila dos pandas. Ainda estavam longe e Dishi já desejava com todas as forças de sua mente que Tigresa realmente recebera o que mandou, que ela tivesse lido e esperasse pelo ataque com algo programado.

-

- Me desculpa - pediu Tigresa olhando fixamente para Po esperando a reação do mesmo.

Po começou a balançar a cabeça negativamente sem entender o que deveria perdoar sendo que ela só falou o que, na cabeça dele, era verdade e no fundo sempre esperou. Não estava entendendo mais nada.

- Peraê, perdoar? Mas, perdoar o que? Você ter terminado comigo?

- Isso também, só que... quero que me perdoe pelo que te falei. Só disse aquilo pra te afastar de mim, porque achei que causaria problemas pra você e que você merecia alguém melhor.

- Mas como, merecer alguém melhor, Tigresa? Do que você tá falando? Conhecer você foi a melhor coisa que me aconteceu depois que eu me tornei o Dragão Guerreiro, porque foi por isso que te conheci - disse ele segurando-a pelos ombros - Não acredito que você pensou uma coisa dessas! - Ele a soltou e começou a andar de um lado a outro.

- Você não sabe por que eu pensei isso - disse ela de forma fria.

- É que não tem motivos pra você pensar isso. Então, por quê?

- Porque Hui Nuan é meu pai.

Po arregalou os olhos e parou de andar para olhar Tigresa que estava parada ao lado dele. A felina estava mais calma e vendo isso, o panda pediu que explicasse. Ela então contou sobre o que Dishi deixou em seu quarto pulando a parte das ordens de Jing-Quo para que Po não ficasse magoado com o pai. Contou o que ela pensou depois do que leu, que fez as pazes com Shifu e também todos os conselhos que recebeu dele e de Víbora para que não o deixasse se casar porque era injusto tanto para um quanto para outro. Nenhum dos dois quis se separar em momento algum.

Po ficou pensativo, como faria agora? Estava magoado pelas coisas que ela disse, mas ainda a amava e não era um medo à toa que mudaria seus sentimentos pelo ser mais incrível de sua vida.

- Você está chateado comigo.

- Ah, eu não, é... eu tô sim. Parece que você não confia em mim - abaixou a cabeça.

- Eu não podia te deixar correr risco por mim.

- É por isso que você quer ir embora?

- É sim, e eu queria, não vou mais. Meu lugar é junto com o resto dos Cinco, com Shifu, no Palácio de Jade... e com você. Mesmo que você não me desculpe, eu te amo e não importa o que aconteça, o importante é você estar feliz e bem - ela sorriu de forma falsa para esconder seu ciúme - eu quero sempre te proteger e te salvar, porque você me salvou de todas as formas que uma pessoa pode ser salva.

O panda acariciou a bochecha da felina com um olhar triste que refletia sua tristeza. Ele não queria se casar, mas como faria tal mudança sem que tivesse um substituto digno ou mesmo tempo para conseguir um. Se dependesse dos dois, nunca se separariam, independente de tudo, até mesmo da vontade do destino. Eles desafiariam até a própria morte um pelo outro como já haviam feito em Gongmen há um tempo atrás.

Agora, observando aqueles dois na água translúcida do lago do mundo em que estava, Akame sorriu involuntariamente ao compreender o que Mestre Oogway quis dizer com "um bem maior". Era o que ela sentiu por Zhen De, que trouxe a eles o seu filho Dishi. Era aquilo que Hui Nuan sentia por sua esposa, que trouxe Lin a eles. O que agora esses dois sentiam, que permitiu que tomassem coragem para enfrentar diversas vezes o perigo para salvar.

- Agora, eu acho que você entende o que eu quis dizer - disse a sábia tartaruga rindo - o amor é a maior arma, o maior poder de todos, um dos que equilibra esse mundo. Dele nascem o ódio, a compaixão e o perdão que podem influenciar alguém a fazer tudo o que Hui Nuan fez, ou a perdoar e continuar vivendo como fez e tenta ensinar aos outros o Dragão Guerreiro.

- Sim, mestre, agora eu entendo.

- Essas coisas aconteceram para provocar o amadurecimento de cada um dos envolvidos - disse Yang.

- Provocando o equilíbrio de seus espíritos, o equilíbrio do mundo - disse Yin.

- Tigresa é a guardiã - disse Oogway.

- Por isso ela o protege? - Perguntou a tigresa.

- Sim.Ela nasceu para trazer com ela uma parte e o Dragão Guerreiro a outra. Eles são, nessa geração, os pontos de equilíbrio das nossas forças - explicaram Yin e Yang em uníssono - por eles, deixamos que a paz retorne e que o conhecimento se espalhe. É assim à cada encarnação. Foi assim antes, é e será depois que eles partirem.

- E se eles estão ligados, da forma que for, tudo é restaurado, porque juntos, eles alcançam seus objetivos. Veja - a tartaruga apontou novamente para a água.

Tigresa ainda desfrutava do carinho de Po, mesmo sem obter sua resposta. Ao menos falou para ele tudo o que escondeu, suas razões em seu intento de protegê-lo de novo.

- Po, mesmo que você não me responda nada sobre se me perdoa ou não, tem uma coisa que eu preciso te contar sobre Jing-Quo e uma coisa que vai acontecer hoje.

- O que é?

Tigresa estava por falar quando ouvem alguém chamar pelo panda. "Argh! Tinha que ser logo agora?", pensou ela. Tinha que conversar com ele e contar toda a verdade, os motivos de Hui Nuan fazer tudo o que fez, que era tudo culpa de Jing-Quo e que deveria desistir de tentar ajudar alguém que não merecia, um assassino como seu próprio pai biológico. Tinha que contar sobre o ataque.

Ambos saíram de seu esconderijo, um seguido do outro. Encontraram então com um panda fêmea que era uma das que procurava por ambos os mestres à mando de Fa Huo para que se aprontassem para a cerimônia de casamento. Tigresa havia passado tanto tempo procurando por ele, que perdeu a noção do tempo. A hora da união do herdeiro panda com aquela desconhecia se aproximava.

Po e Tigresa se entreolharam e foram acompanhados até a casa de Jing por aquela estranha. Chegando lá, Fa Huo e os outros estavam dentro da casa conversando esperando que chegasse a hora. Quando Fa viu os dois juntos, ficou com medo de que o panda tivesse mudado de ideia e ficou tenso.

- Gente, eu preciso contar uma coisa à vocês - disse Po.

- Não dá tempo, você tem que se trocar, logo vai começar o casamento - interrompeu Fa Huo.

- Mas eu preciso de mais tempo...

- Nada disso, você não vai deixar seu pai e seu povo na mão, não é? Vamos - Fa Huo interrompeu novamente empurrando o panda escada acima.

- Fa Huo, deixe meu filho em paz, ele não quer se casar agora.

- Mas ele tem que fazer isso, é uma desonra que ele abandone minha filha assim tão perto do casamento - retrucou Fa do topo da escada - ele não pode voltar atrás sem alguém para substituí-lo e ele não tem ninguém, mesmo se tivesse, levaria tempo para o povo aprovar, então não tem como - continuou seu caminho com Po.

Chegando ao quarto, Po se trocou. Ele deveria pensar o mais rápido que pudesse no que faria para evitar a cerimônia.

No grande salão da casa, Song, Tigresa e Víbora subiram á seus quartos esperar a hora do casamento. Víbora rastejava de um lado a outro tentando encontrar uma solução junto às felinas, mas ninguém parecia saber. Se ele desistisse, além de ser uma desonra para Ju, que elas acreditavam ser uma boa menina, seria uma vergonha para a descendência de Po, além de revoltar todo o povo dele.

Algum tempo depois saíram já trocadas com as roupas que usariam na "feliz" comemoração. Encontraram Po no corredor.

- Po, eu não sei o que vamos fazer.

- Víbora, acho que não tem o que fazer - olhou triste para a réptil e depois para Tigresa.

- Vamos dar um jeito nisso, Po - disse Song se aproximando.

Tigresa e o panda se encararam alguns segundo e ela se aproximou para abraçá-lo, mas foi impedida por Fa Huo.

- Hora do casamento - disse ele simplesmente e disse que fossem para o centro.

Desceu com eles. Depois voltaria para buscar Ju.

Alguns minutos antes Shifu estava com Garça, Louva-a-Deus e Macaco no salão e Jing-Quo estava com eles.

- Jing-Quo, posso perguntar uma coisa?

- Claro que pode.

- Eu vou direto ao ponto, não sou bom de enrolar. Por que você mandou eliminar os tigres?

Jing-Quo se surpreendeu com a pergunta. Como assim ele mandou eliminar os tigres? Com quem Shifu pensava que estava falando?

A ave, o primata e o inseto olhavam atônitos e ao mesmo tempo, bravos. Como pôde fazer isso?

- Eu não fiz nada disso.

- Sabemos que sim, pare de mentir. Por sua causa, por causa dessa ordem a mãe de Tigresa morreu e ela foi separada do pai e levada ao orfanato de Bao Gu!

- Eu não fiz isso, não sou assassino. Foram os outros clãs que decidiram atacar todos eles, eu não estava lá. Eles planejaram tomar as terras de todos e os outros povos não permitiriam. Hui Nuan fez seu povo acreditar que nós mandamos matá-los para que se voltassem contra nós e por isso continuamos escondidos nas montanhas mesmo depois da morte de Lord Shen.

- Ah, não dá pra acreditar. O que Hui Nuan ganharia com isso? Ele fez isso por perder a filha. Não vai escapar de uma punição, mas ele fez isso por ela.

- Tigresa é filha de Hui Nuan?! - Perguntaram os outros três guerreiros espantados.

- Ah, sempre somos os últimos a saber de tudo... ninguém quer contar nada pra gente - reclamou o inseto cruzando as pinças.

- Diga por você, eu não sou o último a saber.

- Isso porque você é enxerido, Macaco - retrucou Garça.

- Quietos! - Ordenou Shifu, já incomodado com tanta criancice de seus discípulos - como vocês podem se comportar desse jeito numa situação como essa? Ainda estamos correndo perigo!

Jing-Quo ia perguntar quando Fa desceu as escadas, empurrando todos para fora, insistindo que aguardassem quietos junto aos outros.

O centro da vila estava enfeitado, tudo muito bem organizado de com as cores vermelho, dourado e azul. Havia uma mesa de comida, as flores enfeitavam o caminho que a noiva percorreria. Os guerreiros, foram colocados sentados em um banco junto aos mestres Crocodilo e Boi que vieram assistir. Jing celebraria a cerimônia.

Havia animais de outras espécies que vieram de Gongmen para o casamento do Dragão Guerreiro. Os pandas da vila estavam todos lá, arrumados e esperando que seu novo líder pudesse tomar conta de todos, ficar ali para substituir seu pai e gerar um herdeiro. Era apenas isso que passava na cabeça da maioria, porque estavam felizes em ser protegido por um tão poderoso guerreiros. Os outros, já não pensavam assim, temiam que, por ele ser esse tal guerreiro, trouxesse problemas á vila e também, esses poucos não gostavam de Fa Huo, porque ainda se lembravam do mau líder que ele era no passado.

Alguns minutos mais tarde chegaram as guerreiras e Song e Fa Huo que deixou Po no altar para então, buscar a feliz noiva. Então, voltou trazendo Ju em seu traje tradicional de noiva. Para vários pandas, ela estava absolutamente linda, mas para Po, à cada passo que ela dava, era um arrepio horrível que dava em sua coluna. Sentia vontade de correr dali.

Ela chegou ao altar e tinha um enorme sorriso na cara.

Sentada com sua amiga e a leopardo, cravava as garras no banco para se segurar e não rugir ou fazer alguma estupidez. Víbora percebeu isso e colocou sua cauda na pata esquerda de Tigresa que a encarou.

- Po não vai se casar, você já vai ver - sussurrou a serpente.

- Não é só isso que me deixa nervosa. Hui Nuan está à caminho daqui.

- Amigos, estamos aqui reunidos para unir o futuro líder do nosso povo com esta bela jovem nos laços do sagrado matrimônio. Se alguém aqui tem alguma coisa contra essa união, que fale agora...

Jing esperou que alguém se pronunciasse, mesmo Po. O Dragão Guerreiro estava por abrir a boca quando uma massa estranha veio voando em direção à noiva que viu e se abaixou. A massa acertou o rosto de Jing-Quo que apenas limpou para ver quem havia jogado.

- Nós temos! - Disseram Tao Li e Ho em uníssono.

- O que vocês tem contra o casamento de minha filha? - Fa Huo se levantou para encarar os dois pandas que estavam ao fundo do corredor de bancos ao ar livre.

Os dois carregavam juntos uma panela na qual havia ainda a mesma massa atirada anteriormente.

- Você quer casá-la por interesse! - Acusou Ho.

- Claro que não, eu me apaixonei por ele! - Se defendeu Ju - você é um mentiroso, cale a boca e nos deixe continuar.

- Hey, não fale assim com ele! - Defendeu Tao Li atirando mais da massa que dessa vez, pegou no vestido de Ju.

- Espera, espera! Como assim, interesse? - Perguntou Po.

- Era tudo armação sua? Pensei que você fosse meu amigo!

- Comece a falar, diga o mesmo que ouvimos você dizer pra Ju.

- Cale a boca sua panda idiota!

Antes que alguém pudesse dizer mais alguma coisa, ouviram gritos. Eram os guerreiros da Academia Lee Da.

Chegaram correndo como se fugissem da coisa mais terrível que viram na vida.

- Garça! - Gritou Mei Ling - Garça!

A ave voou até a felina para acudi-la. Ao se aproximar, viu o estado em que se encontrava. Suas roupas estavam rasgadas, seu pelo emaranhado, cansada e ofegante. Atrás dela, chegaram Mestre Xiaoxi e seus outros discípulos.

Po, os outros furiosos e Shifu saíram de seus lugares para saber o que havia acontecido enquanto os convidados e os líderes olhavam

- Mei Ling, o que aconteceu?

- Ele, Hui... Hui Nuan está vindo, está com Dishi. Eles vem atacar e querem acabar com os pandas.

Ouvindo isso os guerreiros se viraram para os convidados com a intenção de pedir que fugissem dali, deixando apenas os guardas da região para ajudá-los a enfrentar o ataque.

Não puderam dizer nada porque foram interrompidos por um rugido, que não veio de Tigresa. Ao olhar para o fundo, na direção de Gongmen, avistaram uma quantidade considerável de felinos avançando sem parar na direção dos pandas. Estes saíram correndo dos bancos, alguns para salvar seus filhotes, outros para pegar martelos ou espadas para se defender. Os guerreiros do Palácio de Jade junto á Jing-Quo, Song,Fa Huo e Ju, ainda com o vestido bem sujo, ficaram.

À frende de todos, avistaram Hui Nuan e Dishi e ambos traziam uma armadura de ferro forjado sobre roupas largas que usavam para se mover melhor. O príncipe trazia uma odachi maior que a dos outros soldados e o imperador tirano, um martelo.

- Dishi - grunhiu Po cerrando os punhos - traidor - começou a andar em direção a eles.

- Po, não - Tigresa o segurou pelo braço - Dishi me avisou que isso aconteceria e era sobre o ataque que eu queria falar com você, mas Fa Huo interrompeu.

Po tirou o kimono cerimonial jogando-o no chão e ficou apenas com as calças da mesma cor, como de costume. E caminhou em direção a eles seguido por seus amigos e seu mestre.

Hui Nuan fez um sinal com a pata para que sua tropa parasse a uma certa distância e andou mais um pouco com o sobrinho. Ele gritou por Jing-Quo que também avançou junto ao filho e Tigresa.

Panda e felino se encaravam com olhares assassinos. Até que Hui mudou a direção e olhou para a filha, sorrindo. Estavam se comunicando aos gritos.

- Filha.

- Realmente é sua filha? - Perguntou Jing-Quo.

- Sim, é a filha que você me tirou!

- Eu não fiz nada, depois de você ter me ajudado a procurar por Po e Yu, você realmente acha que eu seria capaz de fazer mal a um amigo? Não tive nada a ver com isso, Lin está aqui, não precisa mais se vingar.

- Lin?! - Perguntou Po.

- Pelo povo, acho que alguém faria tudo. Não interessa o que você diz - e dirigindo-se à Tigresa - filha, junte-se a mim, pela sua mãe e seu tio. Ele matou sua mãe. Ele nos separou, é injusto você proteger alguém que fez tanto mal à sua família.

- Não quero briga, para com isso, eu tô aqui - respondeu ela - por favor. Cada um vai ter o que merece, vamos fazer justiça, somos guerreiros. Por favor, para com isso.

O imperador tirano sentiu a angustia invadir seu peito e seu coração encolher, foi quando rugiu com todas as forças que tinha e o exército avançou passando por ele e por Dishi. Os guerreiros abriram os olhos mais do que podiam e se prepararam para receber e derrotar aqueles felinos, fossem quantos fossem.

Fa Huo e Ju correram o mais rápido que puderam. Ele teria que escapar primeiro antes que alguém os pegasse, para depois reestruturar os planos.

- Pai, corre! - Gritou Po.

- Não deixem Jing-Quo escapar e nem aqueles dois - Hui Nuan apontou para Fa e Ju - a noiva não pode ir antes de recepcionar os convidados - riu de um jeito maldoso.

Os felinos chegaram aos guerreiros e aos guardas e começaram uma batalha. Ju e seu pai foram alcançados por linces velozes.

Os guerreiros da academia Lee Da estavam cansados, mas mesmo assim, lutavam como podiam, pegando as armas dos felinos e usando contra eles ou apenas com suas habilidades de luta corpo-a-corpo. Mei Ling conseguia derrubar alguns, mas estava muito cansada e foi derrubada por dois leopardos.

- Você teve sua chance, agora não vamos ser piedosos - disse um gato da montanha levantando um machado na direção dela.

No exato momento, Garça o derrubou com um chute e quando os outros dois leopardos foram ajudar seu companheiro, foram derrubados por ele também.

- Você está bem? - Perguntou a ave á Mei Ling.

- Sim, só cansada.

- Espere um pouco pra lutar, eu te defendo.

- Não, eu quero lutar, vou lutar junto com você, como nos velhos tempos - sorriu para ele.

- Sim, como nos velhos tempos - sorriu ele também - enfim eu voltei pra você, minha amiga.

Ave e felina conjugavam seus golpes. Ele a elevava no ar para lançá-la na direção de um contingente de soldados que atacava um dos furiosos ou dos mestres para livrá-los dos ataques. Em alguns momentos, ela lutava sozinha para que ele pudesse ajudar os outros, mas logo voltaram a atacar juntos.

Os irmãos rinocerontes, junto ao javali usavam seus chifres e presas para quebrar as armas dos felinos. Um cobria a guarda do outro para que não pudessem ser pegos desprevenidos, dessa vez haviam aprendido a lição que seu mestre há muito tempo tentava ensinar "espere o inesperado".

Song encontrou um pedaço de madeira suficientemente grande para ser usado com bastão e com ele, passava a rasteira em outros felinos que a ameaçavam. Vendo que Po seria atacado pelas costas, ela conseguiu evitar isso com um golpe para chamar a atenção de dito felino que voltou-se para lutar com ela. Ele quebrou seu bastão improvisado então ela usou os dois pedaços separadamente.

Com a ajuda inesperada de Víbora prendendo o corpo do atacante da leopardo, Louva-a-Deus conseguiu imobilizá-lo. Desse modo, os três começaram a utilizar essa combinação: Song distraía para que a serpente pudesse imobilizar e deixar o alvo inconsciente ou para que o inseto pudesse acertar os pontos corretos ou mesmo para que ambos pudessem golpeá-los.

Macaco se fazia basicamente o mesmo mas terminava tudo isso por si mesmo, apenas em alguns momentos ajudava aos outros. Estava tentando limpar um caminho para que eles chegassem à Hui Nuan e o segurassem. Ele ajudava Po e Tigresa em ataques em grupo ou quando os adversários eram demais para eles.

Os outros mestres junto aos guardas de Gongmen e do povo panda que estavam presentes, tentavam deter o avance da tropa para que não machucassem os animais inocentes e seus filhotes.

Dishi ficou parado em seu lugar sem ideia do que fazer. Temia que os guerreiros não conseguissem derrotar tantos felinos e se ele se intrometesse nos planos de seu tio, na certa acabaria morto. Observou como os guerreiros lutavam para defender uns aos outros e aos amigos.

De repente, sentiu que alguém tirou dele a espada que carregava. Hui Nuan passou por seu lado e a arrancou das patas do príncipe inerte e que parecia chocado.

- E você, Lin! - Gritou ele chamando a atenção da filha - você vai vir comigo de qualquer maneira, você é minha filha.

- Eu vou defender quem eu amo, independente de quem você seja! - Dito isso, foi apanhada por vários felinos que não a deixavam se mover.

"Boa hora para se distrair, Tigresa", pensou ela irritada consigo mesma, sendo carregada pelos soldados.

- Tigresa - gritou Po indo em direção à felina para libertá-la.

Ele se liberou dos felinos que o seguravam e correu para ajudá-la. Jogou alguns longe, puxou a cauda de dois deles e os fez bater um contra o outro. Em seguida, com menos soldados sobre si, Tigresa conseguiu mover os braços para empurrá-los e assim, conseguiu golpear alguns para afastar e abrir caminho.

Hui Nuan começou a passar pelo meio dos soldados afastando-os com o cabo da odachi que levava para não machucá-los. Sua intenção era machucar uma só pessoa, o culpado de tudo isso, o culpado de sua ira e de tudo o que perdeu de sua filha.

Jing-Quo, Fa Huo e Ju foram levados até onde o imperador tigre parou. Foram jogados no chão para receber o castigo por tudo que fizeram.

- Vai derramar sangue inocente? - Disse o líder panda acenando a cabeça para Ju - ela não tem nada a ver com isso, é a nós que você quer.

- Sangue inocente foi derramado quando vocês dois atacaram a minha família. Por todos esses anos eu achei que havia perdido minha única filha, a única coisa totalmente boa e pura que consegui na vida e vocês tiraram de mim!

- Eu juro que você pode me matar se soltar meu amigo e sua filha.

- Vocês são uns idiotas - interrompeu Fa Huo com uma risada sinistra - o tempo todo, vocês não perceberam nada.

- O que você quer dizer com isso? - Perguntou Hui Nuan já perdendo a paciência - Anda, fala!

- Eu! Eu fui o culpado! Eu mandei matar os tigres. Assim seria mais fácil conseguir o que eu queria.

- Você é um ganancioso egoísta! Fez tudo isso por poder? Não é? O mesmo que eu fiz há anos atrás pra poder chegar aonde estamos, poder me vingar de alguém que eu chamava de amigo e no final das contas... era você mesmo que queria me ferir.

- Ha! Você acha que era por poder? Nem povo daqui me queria como o seu líder. Eu queria a herança do seu clã. Eu queria o poder que vocês tem! - Sorriu malicioso.

- Não acredito que você mentiu pra mim todo esse tempo! - Gritou Jing-Quo ainda sendo segurado por felinos, tal como Fa e Ju.

- Tira esse sorriso da cara, seu imbecil. Agora você vai pagar por tudo que fez!

No meio tempo em que as verdades de Fa Huo foram ditas, Po conseguiu libertar a felina e correram para ajudar seu pai.Ele levantou a odachi e estava á ponto de atacá-los quando Tigresa e Po entraram em sua frente, cada um segurando um de seus braços. Dishi apareceu ao lado deles para retirar a odachi das patas de seu tio.

- Não, por favor. Eu tô aqui, para com isso, não tem mais porque machucá-los.

- Ela tem razão, abaixe essa espada - disse Po com a voz firme.

Hui Nuan apenas rugiu tentando segurar sua raiva, sem sucesso. Por isso, acabou deixando que saíssem algumas lágrimas.

- Você não me perdeu - disse Tigresa olhando nos olhos de Hui Nuan.

Reconheceu nela quase que a imagem de Yi Jie, seus braços amoleceram e Dish conseguiu pegar a espada.

Avançando até ficar frente à frente com os três pandas presos, ele falou:

- Libertem Jing-Quo.

- Mas Hui não nos disse nada...

- Libertem! Ele não está em condições de falar, me obedeçam - ordenou o príncipe tigre - depois digam os outros que parem de lutar imediatamente. Não há nada mais para vingar.

Os felinos o obedeceram, soltando o panda que ficou frente-a-frente à Fa Huo, olhando com desprezo. E depois, foi junto à Hui Nuan que olhava para a filha, totalmente embobado.

O imperador tigre a abraçou, tomando-a com surpresa e nesse momento, Po, Dishi e Jing-Quo sorriram.

Aproveitando a distração, Fa Huo golpeou os soldados felinos e correu, deixando sua filha para trás que gritava para que o pai voltasse, em vão. Ele correu o mais rápido que pôde para o meio da floresta próxima à vila e mesmo sendo perseguido pelos felinos, não foi pego, pois o notaram em fuga tarde demais.

- Depois vamos atrás dele - afirmou Dishi.

- Filha, Lin, como é bom saber que você está viva. Como você cresceu - dizia Dishi admirando cada traço da felina e segurando o rosto dela entre suas patas - e ficou linda como sua mãe. Ela estaria orgulhosa de você de da guerreira magnífica que se tornou - acrescentou ele, deixando cair as lágrimas de orgulho e felicidade.

Haveriam sim consequências pelo que fez, e foi muito, mas o importante agora era que Lin estava ali na sua frente, viva, crescida e forte, trazendo orgulho a ele, como ele sempre desejou.