O Sonho

Memphis Circus - Parte 2


A música fúnebre tem fim, Aron volta para o centro do palco e vejo que ele limpar algo vermelho de sua testa, suspeito que seja sangue. Mas ele dá um sorriso para não deixar nenhum rastro de suas emoções loucas.

- O ator da outra cena está bem, apesar do corte que tem em si, não é grande, mas é profundo – Disse Aron aliviado – Ele ficará bem, mas precisará de muito repouso. Enquanto isso se deleitem com nosso humilde espetáculo

O espetáculo recomeça:

- Depois de presenciar tal brutalidade, Erzsébet ficou profundamente perturbada e assim, passou a trilhar o mesmo caminho de sua mãe.

Então uma nova cena apareceu no centro do palco, aparece uma jovem, talvez fosse aquela criança e tem um cara com ela, eles estão rindo. Ela começa a se comportar de um jeito estranho. Foi ai que eu notei, ela estava querendo seduzir o rapaz e pelo que vi, ela o conseguiu e não foi lá muito difícil...

Eles andam pela noite fria, chegam até um motel barato, escolhem um quarto e vão para ele, lá eles pedem todo o tipo de bebidas que contém álcool que possa existir na Terra. Começam pelo vinho, passam pelo conhaque, até que terminam com uma mistura estranha de vodca, rum e Hidromel.

Então de tão embriagado que estava, ele se deixou ser guiado pela jovem até a cama e então ela pegou um par de algemas e o algemou a cama. Fora de seu perfeito juízo, ele continua achando que tudo aquilo era uma grande brincadeira, ele desmaia.

Ao acordar, encontra a jovem sentada em uma cadeira de veludo perto da cama, usando apenas um conjunto de lingerie e um robe, ela segurava uma faca que mais parecia uma adaga e para mostrar o quão afiada aquela faca estava, ela a passou pelo pé do rapaz, um novo rio vermelho se formou do pé do rapaz, seu sangue foi se derramando pelas cobertas

Ela continuou este corte, passando pela perna até chegar ao “brinquedinho” do rapaz, então sabe o que ela teve a audácia de fazer? Ela cortou a ponta, mas não por inteiro, quando estava prestes a cortar tudo, ela puxou com força e arrancou um pedaço.

UAU! O cara estava gritando muito, eu nunca tinha ouvido gritos tão alucinados e desesperados como aqueles, era tão... Sufocante! Mas tudo o que ela fez foi... Rir. Simples e puramente rir, parecia uma criança na manhã de natal de tão feliz que sua risada estava!

Mais acima, ela roçou seus lábios nos dele e para o desespero dele, ela fizera um enorme e profundo corte em seu rosto e então com a próxima cena eu quase vomitei: ela enfiou a faca no olho dele e quando puxou, o olho foi junto e todos nós pudemos ver o nervo se rompendo... Eu senti algo dentro de mim, eu queria insanamente sair dali no mesmo instante!

A partir deste corte, ela foi fazendo outros para que o sangue corresse o caminho que ela quisesse, pois bem, ela foi fazendo cortes do seu rosto já ferido até seu abdômen e como se tudo isso não tivesse sido massacrante o bastante. Ela enfiara a faca em sua barriga e de lá arrancara seu rim esquerdo. Certo, isso foi bem... Nauseante. Com aquele odor pairando no ar, tive medo que a minha traqueia se fechasse sozinha para impedir que eu fosse intoxicada.

Ele tossia sangue e ela tinha um divertido sorriso em seus lábios carnudos e vermelhos, devido ao fato de ela estar saboreando o sangue dele, um filete de sangue escorria do canto de seus lábios. Seus olhos estavam tão perdidos, focando em coisas aleatórias e sem sentido algum.

E só então eu entendi parcialmente o porquê de tudo aquilo:

- Você merece isso – Disse a jovem - Ainda mais depois de matar sua esposa e deixar seus filhos neste mundo cruel sem ninguém para guiá-los!

Aquilo era algum tipo de vingança...

E então do anda, duas crianças aparecem, acho que era um casal de gêmeos. Com certeza aquilo traumatizaria muito ela...ou era isso o que eu pensava...pois vi que uma estava com muitos explosivos amarrados em um tipo de...cinto. E a garota segurava um bando de seringas e objetos que continham eletricidade, ela tinha até uma daquelas (irritantes) canetas que dão choque quando você aperta.

A jovem se sentou novamente na cadeira de veludo, ela calmamente limpava o sangue da faca, só que já estava quase seco e teve partes que não saíram só de passar pelo robe e então ela teve sua ideia genial: lamber o sangue da faca! Ela dava a impressão que aquilo era um manjar dos deuses de tantas caras e bocas que ela fez enquanto lambia o sangue da faca.

- Filhos... – Disse ele muito roucamente

Os gêmeos se entreolharam não sei qual sorriso era o mais sinistro, eles eram tão pequenos e já conviviam com esse tipo de mundo, foi ai que eu quase concordei com a jovem, que tipo de pessoa deixa seus filhos terem a mínima ideia do que eram aquelas coisas que eles carregavam consigo...?

O garoto começou a “descarregar” a “carga” que tinha, ele colocou uma bombinha dentro da boca do cara e ligou um fiozinho na bomba, fechou a boca dele e colocou fita adesiva para que ele não cuspisse aquela coisa. Ela por outro lado molhou (com gasolina) dos pés á cabeça do próprio pai e então amarrou várias lâmpadas (ainda ligadas), fios soltos e desencapados... tudo aquilo pendurado por fios de algodão no teto bem em cima da cama.

Vi que o garoto já tinha armado muitas bombas embaixo e ao redor da cama e o rosto do homem tinha a perfeita expressão do que chamamos de “desespero” e “desprezo”.

- Tchauzinho, papai – Disseram os gêmeos em uníssono.

Então os três saem correndo, deixando o cara algemado na cama e então quando estão a uma distancia segura do lugar, ele meio que... explodem tudinho! Sem dó e nem piedade e então vejo que a bomba que explodiu foi a que estava na boca dele e com isso o teto foi a baixo, levando os cabos direto ao corpo dele e assim, eletrocutando-o. Causando pequenas faíscas e então ele estava pegando fogo!

Eles ficam assistindo a cena em chamas, até que começa á chover e o fogo vai se apagando lentamente, até que então só restam as cinzas, para serem admiradas pelos três.

Ela diz que irá cuidar das crianças e que tudo ficará bem, então o sol começa a nascer e então eles saem caminhando em direção ao sol, com a esperança de um futuro melhor do que aquele dia...

As cortinas se fecham e presumo que aquele fora o fim do espetáculo.

Bem...eu ainda queria falar com o Apresentador, Aron. Sinto que ele tem algo haver comigo...

E eu realmente consegui conversar com ele, mas tudo o que eu consegui foi o e-mail dele, ele disse que estava muito ocupado para responder as minhas perguntas e que era p/ eu conversar com ele por alguma sala de bate-papo.

Que droga! Quando eu finalmente consigo trocar meia dúzia de palavras com ele... tenho que esperar até mais tarde....

Quando voltei á mansão, falei com meu avô que eu queria ir para casa e ele disse “tudo bem, vá, você está mesmo precisando ficar longe disto tudo por algum tempo, Lizie

Pego minha coisas e vou para casa.

Não paro de pensar porque sinto ter uma ligação com Aron.

Meu subconsciente me diz “de tanto que você pensa nisso... uma hora sua cabeça vai explodir!”

Eu bem que tento seguir o conselho que eu subintendi do meu subconsciente, mas não consigo parar de imaginar porque meu avô queria que eu o encontrasse.

O sol já vai me dizendo “tchau”, enquanto a lua ainda está para me dizer “olá”

E foi naquele pequeno momento em que pude respirar fundo e me sentir bem, tenho esquecer as imagens que eu vira no Memphis Circus. Mas aquele momento. Eu imaginei se Harmonia estaria equilibrada e Modor me daria um tempo, só um pouco de tempo...

Mas sei que não posso ser gananciosa com o tempo

Então resolvi admirar aquele belo e raro momento, em que duas coisas tão apostas estavam em perfeito equilíbrio, nenhum estava sobrepondo o outro, eles estavam se ajudando a criar um dos mais bonitos momentos do dia.

Pois é, eu realmente amo o pôr-do sol...