O Sonho

Capítulo 15 - A conversa


Como eu sou muito ansiosa, eu joguei o e-mail que Aron havia me dado na internet e consegui encontrá-lo e então eu o adicionei á minha lista de contatos e como a noite já havia caído e eu tinha que descer para jantar com meus pais.

E lá estavam eles, bem...minha mãe estava terminando de preparar o jantar e meu pai havia acabado de chega de seu trabalho, que ele nunca me deixa saber muitos detalhes e seja lá o que ele faça...ai droga, ok, eu admito que gostaria de saber o que ele faz, mas não sei e isso até já me tirou o sono algumas noites e até hoje não sei como não tenho profundas olheiras...

Novamente meus pais pareciam apreensivos e cheguei a pensar que a causa disso era a minha simples presença, mas eles eram meus pais, como que eles se sentiriam assim, na minha presença?

- Esse seu ferimento ainda não sarou? – Perguntou meu pai, naquele tom de “isso é culpa sua”

E pelo que vi, isso não era a única coisa que eles sabiam. Eles sabiam que eu havia encontrado meu avô, sabiam sabre Modor, sobre os Magdores, Harmonia, Henry, tudo...

- Filha – Disse minha mãe – Sei que está passando por uma situação difícil, mas por favor, se estiver precisando de alguma coisa, qualquer coisa...conte conosco.

E segurou a mão de papai, eu sinceramente estranhei, meus pais nunca haviam sido tão... agradáveis. Eles sempre foram rígidos e severos, sem esboçar sorrisos ou risadas. Seja lá o que eles tiverem tomado... quero uma dose também...e com gelo, por favor...

Eu não queria ficar muito com meus pais, naquele momento, eram muitas informações para que eu pudesse assimilá-las tão rápido, então eu peguei uma caneca de chocolate quente, coloquei dois marshmallows e subi as escadas outra vez

Vejo que tem uma janelinha piscando na parte inferior da tela e para a minha surpresa... era Aron! Logo cliquei na janelinha, que se abriu para uma página maior.

Elizabeth? – Vi as letras digitadas na tela.

Sim, sou eu! Tenho algumas perguntas para lhe fazer

É, eu imaginei que teria... Pois bem, comece...

Conhece alguém de sobrenome Smith?

Além de você? Seu avô.

Então ele conhecia o senhor Smith? Ai, meu deuses... como?

Como se conheceram?

Apaixonei-me por sua filha, quando estudava com ela e logo lhe dei uma neta...

Como era esta mulher?

Ah, ela era divinamente linda – então ele me deu uma descrição bem detalhada da tal mulher e sabe... Pelo que Aron me disse, ela e a mulher que eu vira na enfermaria se apreciam muito, estranhei, mas continuei tentando encontrar informações.

Você dissera algo sobre dar uma neta ao senhor Smith – Sim, eu tinha minhas suspeitas e eu queria confirma-las ou jogá-las fora – Onde ela está?

Devo dizer que Aron demorou um certo tempo para me responder.

Ela está morta, Uma feiticeira chamada Modor a usou para um feitiço louco da juventude eterna, mas algo acabou saindo errado e eu cheguei tarde demais para poder salvá-la, tudo o que pude fazer foi... Tentar revivê-la com outra alma, escolhi uma poderosa, a da antiga rainha Cleópatra, mas isso também não deu certo e então sua alma escapou e eu não consegui recuperá-la

Eu mastigava um dos marshmallows avidamente, meu nervosismo só subia cada vez mais. Essa é uma história que eu não vejo todos os dias...estava ficando cada vez mais perigosamente interessante!

E para onde essa alma foi? Tem alguma ideia?

Ah, sei lá, Deve ter encontrado outro corpo e se alojado neste outro...

E você agora é a nova A guerreira!

O que? – Perguntei totalmente pasma e sem anda entender

Minha esposa era para ser A guerreira, mas ela desistiu de tudo por mim, assim como eu tive que abrir mão de muitas coisas, para poder ficar com ela. E agora que ela desistiu disso, você é a guerreira, já que é uma Smith.

O que é que você está querendo dizer com isso?

Bem... espero que consiga destruir os Magdores! Foi um prazer conversar com você, Effy, mas agora eu tenho que ir, por enquanto é só, até logo...

E então a conversa terminou ali. Obviamente, não por escolha minha!

Por mim, eu reviraria a noite atrás de informações, pois tudo o que eu consegui até agora...é muito pouco. Se eu quero saber mais? Eu estou sempre querendo saber mais!

Levantei-me com a caneca em mãos, sorvi um pouco do líquido doce. Deixei a caneca em cima do meu criado-mudo e então andei até parar em frente ao meu espelho, a única luz naquele lugar era o do meu abajur. Que fazia sombras aparecerem e digamos que devido á má iluminação, o meu reflexo não era bem refletido no meu espelho de corpo inteiro.

Não sei por que fiquei encarando a mim mesma, era eu, a simples e de sempre eu. Mas eu fiquei lá, olhando para mim mesma, acho que talvez eu estivesse tentando encontrar alguma resposta.

Peguei uma caneta hidrocor e rabisquei mais uma coisa em meu espelho: A guerreira, a tinta começou a desfazer sua formação borrando tudo e escorrendo pelo vidro, aquilo deu um ar mais sombrio ao espelho. Lá eu já havia rabiscado diversas outras coisas que tinham importância para mim. Rabisquei “July Lawnight”, “Emily”, “Zahara e Aron” junto com um ponto de interrogação, quando eu souber quem eles são eu irei retirá-lo dali. E muitas outras palavras que me lembravam de coisas importantes.

Então resolvi fazer mais uma coisa, peguei um bloquinho de post-it e em uma das folhinhas eu escrevi “O espelho das coisas importantes”, desgrudei do bloco e colei no topo do espelho, não muito centralizado.

Então eu olhei para mim mesma, meus cabelos negros como aquela noite, meus olhos castanho azulados, sim, isso era muito estranho, no meio eles eram castanhos e ao longo que iam se dissipando, ia ficando azul também. Olhei para mim mesma e pensei sozinha: porque só eu me meto em confusões de proporções divinas?

Então novamente peguei a caneca e fui me sentar no chão da varanda, fazendo meus pés balançarem, deixei a caneca ao meu lado e encostei minha testa nas barras de proteção. Olhei para a lua, inspiração para tantos poetas e testemunha de amores e guerras. E ela também verá, ela me verá acabando com alguns Magdores. Na verdade eu estava em dúvida se devia ou não acreditar nas palavras de Aron, mas já que foi meu avô que quis que eu o encontrasse... achei melhor acreditar.

Será que sou só eu que me meto nesse tipo de situação?