O Sonho
Capítulo 8 - Harmonia
Ok... Mistério número um resolvido: o que me cortou? Foi um bicho cinzento, com asas nas costas e feioso... Que eu não sei o que é...
Mas que #@##$%#¨... Quando eu resolvo um mistério, ele só leva á outro mistério...
Mistério número dois: porque meus pais querem que eu estude em casa? Esse eu estou achando que é para que nunca visse meu avô e lutasse... Como acabei de fazer, eles diriam que isso é suicídio... Sabe que eu concordo com eles? Pelo menos eu acho que é isso... Um dia eu vou confirmar... Ou não...
Mistério número três: quem é o ser que está tapando a minha boca?
Até agora esse foi o mistério mais fácil de ser resolvido: Henry...
Espera ai...
– O que você pensa que está fazendo? – Digo (Lê-se: grito.)
– Estou te salvando da morte – Disse Henry.
E ele levou o indicador aos lábios num gesto de “fique quieta”
Ele quer que eu fique quieta? Nem morta
Eu o encarei com uma das sobrancelhas em pé...
– Aquela garota toda brutamontes – Disse Henry. – Se chama Alanisia e agora que você a derrotou ela com certeza vai te caçar por ai querendo o seu pescoço. Enquanto eu vinha por esse corredor, Alanisia vinha pelo outro com uma lança novinha em folha.
– Mas ela não estava desmaiada? – Perguntei.
– é isso ai, ela estava – Falou Henry. – Quando quer, ela se recupera rapidinho...
Muito obrigada por avisar-me que nem faz 24 horas que cheguei aqui já tem alguém querendo decepar-me a cabeça...
– Agora vá, seu avô lhe espera na biblioteca – Disse Henry já me empurrando.
E mais uma vez eu sai pelos corredores, vendo pessoas acenando e falarem o quão legal elas acharam eu ter derrotado... Qual era mesmo o nome? Ah é! Alanisia...
Dessa vez a porta não tinha uma fechadura tão esquisita quanto a da arena, mas a porta dupla... eu jurava que se um gigante de cinco metros quisesse passar por aquela porta...eu aposto que ele conseguiria...com facilidade...
Girei a maçaneta de prata e adentrei a biblioteca, vi um velho senhor encarando uma balança de pratos muito bem trabalhada e cheia de detalhes com um semblante obscuro e preocupado, com a mão juntas atrás das costas e andando para lá e para cá , arrastando a pequena cauda de sua capa...
Eu não sabia como chama-lo, pois bem... Quem não arrisca, não petisca.
– Vovô? – Chamei.
Ele tirou o cachimbo dos lábios e o deixou em cima... NÃO?! Não... ele o deixou pairando no ar, ainda soltando fumaça. Ele simplesmente o largou no ar... maneiro!!!
– Lizie, chegue mais perto – Disse vovô.
Foi o que eu fiz, a balança emanava seu brilho dourado não me deixando ver seus detalhes.
– Finalmente você está aqui – Disse ele. Sei que deve ter muitas perguntas á fazer e tanto quanto o possível, eu responderei a todas elas, se estiverem ao alcance de meu conhecimento, claro.
– O que é isso? – Perguntei.
Meu avô olhou com admiração para a balança...
– Esta... eu lhe apresento: Harmonia – Disse o senhor Smith. – Ela que faz o equilíbrio reinar não só nesta casa, como em todo o mundo.
Uau... uma balança...poderosa ...chamada Harmonia..., que que segredos mais essa casa guarda?
– Seu brilho está oscilando – Pensei em voz alta.
– Realmente está – Disse meu avô. – Ela não deveria estar brilhando tanto, parece que as forças do mal estão ganhando espaço e isso esta desequilibrando nossa Harmonia.
Ah... é por isso que um dos lados de Harmonia esta mais baixo do que o outro, a diferença é pouca, mas ainda sim há uma diferença.
– E por que está me contando isso? – Perguntei.
– Por que você e somente você pode fazer a balança voltar ao seu equilíbrio natural.
– Eu? Como? – Falei.
– Sua mãe era para ser o que chamamos de “A guerreira” – Ele fez aspas com os dedos. – Mas ela desistiu de tudo por seu pai e assim sendo, todas as suas lembranças relacionadas á isso foram apagadas para sempre de sua mente, mas bem que eu acho que ainda pode ter ficado algum vestígio para trás.
Mamãe? Uma grande guerreira? Está brincando...só pode ser...
– Ela nunca me disse nada em relação á isso – Disse eu.
– Mas é claro que não – Disse o senhor Smith. – Ela acha que assim está lhe protegendo, mas desse jeito ela só está te deixando mais vulnerável e despreparada. Por isso mandei Henry lhe buscar.
Hum... legal...espera...pausa tudo(de novo)... ele mandou Henry me buscar?
– Mandou Henry buscar-me? – Perguntei.
– Sim, foi muito trabalhoso trazê-lo de volta, mas acho que fiz um bom trabalho – Disse ele.
– Trazê-lo de volta de onde? – Perguntei
– Do mundo dos mortos – Disse vovô – Acho que você já deve estar sabendo do caso de “O banho de sangue”.
– Sim, eu fiquei sabendo – Concordei.
– Mas não há com o que se preocupar, ele é inofensivo – Disse ele. – E afinal... foi preciso trazer ele de volta, há coisas que somente ele pode fazer.
– E o que seria? – Perguntei.
– Resolver alguns assuntos inacabados com sua própria mãe – Disse ele simplesmente.
Achei melhor não insistir muito no assunto, eu poderia entrar numa área frágil e delicada...
– O que está fazendo a balança pender? – Disse eu.
– Os Magdores – Disse vovô.
– Quem? – Disse eu.
– Eles são um grupo de pessoas muito mal intencionadas que só pensam em ganhar mais e mais poderes para si mesmos – Disse ele. - E “ A guerreira” tem o papel de derrotar os Magdores.
– Como eles são? – Disse eu.
– Eles não têm uma forma exata, eles assumem a forma de seu pior pesadelo – Falou ele.
– Ah... muito obrigada por me contar – Ironizei.
Ele deu um risinho... como se isso fosse engraçado.
– Lizie... Eu sei que você conseguirá – Disse ele. – Quando Harmonia voltar ao equilíbrio, será uma paz incrível , mas por ora, você tem que voltar para casa, fique com seus pais e não ouse mencionar nada do que aconteceu nas últimas 24 horas.
– Sim senhor – Disse eu, mas na verdade eu estava rindo internamente.
– Essa é a minha garota – Disse ele. – Nos vemos daqui á alguns dias, Lizie.
– Até lá então - Falei.
Então comecei a subir as escadas até o quarto onde dormi para pegar minhas coisas e voltar a encarar os falsos sorrisos de “está tudo bem” de meu pais....
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