O Sonho

Capítulo 7 - A arena


–... Que é muito importante que comecemos o quanto antes seu treinamento, afinal você é minha neta e não pode se deixar ficar a mercê de perigos - Disse o senhor Smith/meu avô. – Após do café-da-manhã, Henry a levara para treinar com outros.

Treinamento? Que treinamento e porque eu tenho que treinar? Álias... Eu ainda tenho muitas perguntas não respondidas e nem sei o que estou fazendo nessa casa, acabo de ser atacada... Tem alguém me escutando?... Acho que não já que você só está falando isso em pensamento – Esse foi meu subconsciente... E ele tem razão...

Tudo isso está descendo goela abaixo, isso sim.

O café-da-manhã terminou com um não tão bom fato. Ou melhor ...dois: o tal do senhor Smith realmente é meu avô, ele disse que tem 200 anos, mas eu não levei muita fé... e ... Henry é bipolar.

Eu e Henry nos retiramos da mesa e ele me levou através dos corredores muito bem trabalhados e com estátuas esculpidas que estavam segurando tochas ou lâmpadas . Paramos em frente a uma porta dupla com uma maçaneta suspeita, uma maçaneta em forma de cabeça de Draga e a fechadura era sua boca...

E essa nem foi a parte estanha, a parte estranha foi ver Henry colocando um doce em forma de chave na boca da fechadura e momentos depois a boca da fechadura mastigar e engolir o doce, Henry riu da minha cara de espanto (valeu Henry...)

A fechadura fechou os olhos e a porta se abriu... Achei várias coisas muito estranhas nos últimos dias... mas tenho que admitir, essa foi a coisa mais estranha que eu já vi em toda a minha não tão longa vida.


Se você me disser que essa casa é um hospício, é capaz de eu acreditar e ainda querer me internar aqui, July e Emily diriam que eu estou precisando me internar... e eu diria que elas também...

Eu não poderia chamar aquele lugar de sala, já que é maior que a Times Square e tinha mais gente do que a Times Square em noite de ano-novo.

A sala estava totalmente cheia de equipamentos para batalha: espadas (as normais e as Kopesh), foices, machados, lanças, adagas e etc, etc, etc.

Mas quando eu vi as armaduras, fiquei imaginando o quanto aquilo pesaria... Vocês acham que eu seria exagerada se eu dissesse que imaginei que aquilo pesa muito?

Meu olhar de “WHAT?” deve ter sido muito para Henry, pois ele perguntou se eu estava bem e eu menti dizendo que sim...

Nível de “estou achando tudo muito estranho”: 45%

A arena me lembrava vagamente de algum outro lugar que eu já estivera , só que eu não me lembro...só fico vendo flashes de lembranças antigas e parcialmente esquecidas.

– Por aqui – Disse Henry me trazendo e volta á realidade.

Sim, tinha uma palavra que definia tudo: medo.

Meu coração bombeava sangue mais rapidamente, hormônios a flor da pele e minhas pernas estavam tremendo. Não sei bem o que eu mais temia; todo aquele pessoal torcendo para que eu perdesse ou a garota na minha frente, sua armadura era vermelho-sangue, talvez fosse sangue de verdade... Pelo cheiro que tinha...

Seu olhar assassino misturado com sarcasmo e ironia me dizia o seguinte: “E ai, loser? Pronta para morrer?” E essa é a minha resposta: Ene –a –o-tio: NÃO!!!

Apesar do medo... minha curiosidade era muito maior que meu medo...ou melhor...eles estavam muito empatados...

A nossa volta as pessoas apostavam nela contra mim... eu temia que eles estivessem certos...

O chão era de terra batida com pedaços de concreto... tomara que eu não caísse muito... A única coisa que limitava o campo de batalha era uma linha vermelha no chão em forma de circulo.

Repetindo: a armadura pesava... Muitásso...

Ambas estávamos esperando a lutar começar e logo foi isso que aconteceu, quando eu menos esperei ,ela me atacou pela esquerda, mas eu juro que não sei como defendi e logo em seguida a empurrei com o ombro e ela caiu no chão e ficou me olhando como se tivesse admiração e um grande susto ao mesmo tempo.

Por favor, diz que isso é sorte de principiante, se não essa garota que está na minha frente me mata em dois segundos. Ela se levantou aos olhares pasmos do público, meio cambaleante... mais um ataque e dessa vez ela sorriu ao ver que sua lança tinha perpassado meu braço e eu fiquei lá com um olhar indignado na cara... dessa vez fui eu que ataquei sua perna, mas ela deu um salto e assim que ela pousara no chão eu dei uma volta em torno de mim mesma e ataquei novamente ,só que mais rápida e ágil , não me pergunte como eu consegui isso, porque eu realmente não sei...juro...

A espada e a lança pendiam no ar acima de nossas cabeças, o tilintar que as armas fizeram num certo momento não foi normal, foi algo mais rude, eu tinha quebrado sua lança... Meu olhar de espanto queria dizer: “por favor...não me mate...juro que foi sem querer...”. Mas ela nem ligou para isso, só pegou a parte que ainda continha a ponta de metal da arma e atacou, ela queria que eu usasse minha espada até que eu não tivesse escolha e a largasse. Fiz um movimento para a lateral e para baixo ao mesmo tempo, isso a fez recuar, depois, quando ela se recuperou veio em minha direção , mas eu usei meu cotovelo para causar-lhe uma grande dor em seu ombro... Ela caiu de joelhos e arfou.

Eu nunca fui tão cruel, mas naquele momento eu não estava em sã consciência, apenas andei até estar exatamente atrás dela e somente empurrei-a com força com meu pé; um tipo de chute mal calculado. Ela caiu de bruços largando a lança... ou parte dela...

Eu ainda estava com muita adrenalina correndo pelas veias para me dar conta do que tinha acabado de fazer, só observei outras duas pessoas carregarem a tal garrota para fora do battlefield.

– Meus parabéns – Sussurrou outro garoto .- Nossa mais nova vencedora: Elizabeth Smith.

Uma salva de palmas foi feita, aos poucos o pessoal ia se dissipando da arena.

– Oi, sou Thomas Kale – Apresentou-se o garoto de cabelos pretos e olhos castanhos, enquanto eu apertava sua mão. – Prazer em conhecê-la, Effy.

– Igualmente – Falei. – E... como sabe sobre ”Effy?”

– Henry me contou – Disse ele simplesmente.

E depois deu meia volta e se foi, pela porta da direita e claramente fui para a porta da esquerda, mas passei de “andar” para “correr” assim que vi um vulto se aproximando rapidamente e tapando minha boca para que eu não gritasse...