O Sonho

Capítulo 12 - O quarto


A mulher e o homem que pareciam um casal me olharam da cabeça aos pés, aquilo foi assustador. Não gosto muito quando me olham desse jeito, como se me julgassem...

- Lizie – Disse meu avô – Você está bem? Parece tão abatida...

- Eu estou bem – Falei – Mas Emily não.

- Emily? Quem é Emily? – Perguntou ele

- É minha amiga – Falei. – Emily e July este é meu avô, vovô estas são minhas amigas: Emily e July.

Ele já ia apertar a mão das duas, quando percebeu o que havia acontecido com July.

- Como conseguiu fazer isto? – Perguntou ele

- Um brutamonte atirou uma faca em mim – Explicou July

O senhor Smith fez cara de quem não entendeu

- Foi na sala de tortura – Disse Henry

- Entendo – Disse ele, mas aprece que não tinha gostado muito da notícia.

O casal só nos observava e em especial á mim, com grande interesse.

O senhor Smith fez July sentar numa maca e foi pegar algo em um armarinho

- Deixe-me ver – Falei.

July ficou apreensiva enquanto eu examinava seu ferimento

Fiz uma cara de “nossa, isso está horrível”

- O que?! – Exclamou July. – Está muito ruim?

- Muito, sabe? – Falei

July quis tirar a prova e olhou ela mesma

- Ah sua chata – Disse ela. – Não está tão ruim assim, parece até que só pegou de raspão.

- Mas dói, não é? – Perguntei

- Claro que dói – Disse July

O senhor Smith passou um pouco de “sei lá o que” no braço de July e depois colocou um pouco de gaze e esparadrapo por cima

- Como ninguém me ouviu gritar? – Pergunto á Henry

- Quando? – Pergunta ele

- Na noite em que aquele Magdor me atacou – Falei.

- Não tinha ninguém aqui – Disse ele. – Quando te achamos daquele jeito, no chão, eu e seu avô tínhamos acabado de chegar e... o resto é história

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Agora quem precisava de medicamentos sou eu! Minha cabeça está explodindo, estou vendo flashes, até agora foram três. Primeiro eu via dois bracinhos se erguendo para o alto, em direção á duas imagens que foram pintadas no teto, o segundo flash mostra as tais imagens: o sol e a lua e o terceiro flash é de um casal olhando tristemente para um berço... Um berço vazio

Só que esse casal se parecia muito com o casal que estava aqui na enfermaria, só que um pouco mais jovens. Eu estava com calor e parece que só eu estou com calor; como se estivesse entrando em ebulição. Eu repousava minha mão em minha testa e meus amigos me rodeavam. Não havia cura que funcionasse em mim.

Meu avô começou a ficar desesperado

Ele já havia passado de “preocupado” fazia alguns minutos

A mulher do elegante vestido resolveu se aproximar, seguida, pelo que eu suponho ser, seu marido.

Ela encostou sua mão em meu pescoço, para ver o quão quente eu estava.

Eu me afastei; foi um ato involuntário.

- Está tudo bem – Disse ela – Não irei lhe machucar

Tratei de relaxar, mas meu cérebro negou meu comando e assim, eu continuei com todos os músculos contraídos.

Ela colocou sua mão em minha testa e começou á murmurar algo em uma língua que eu não entendi. Então senti uma dorzinha em meu braço

Olhei para meu braço

Grande erro

Era uma agulha

Eu já disse que tenho pavor á agulhas? Não? Bem... Eu tenho pavor á agulhas

Meu avô estava tirando meu sangue, por que ele estava fazendo aquilo? Ao mesmo tempo eu sentia tudo funcionar ao contrário, quer dizer, eu sentia meu sangue circulando na direção contrária em que realmente deveria estar indo. E isso doía muito. Chegou um ponto em que eu senti que meu corpo todo ia virar gelatina

Então eu senti vertigem

E então tudo escureceu

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Eu estava num lugar... Macio. E eu não sentia dor, não sentia dor alguma... Eu havia morrido? Afinal estava tudo escuro...

Aquela vozinha no fundo da minha cabeça, mais conhecida como meu subconsciente, resolveu entrar em ação e me disse:

porque não tenta abrir os olhos?”

Ah é... Abrir os olhos...

Foi o que eu fiz

Eu estava em um quarto, ou melhor, aquele quarto... Com a mancha de sangue ainda bem estampada no chão e a porta de carvalho...

Estava deitada com cobertas até meu peito, Já havia anoitecido. Vi que eram... 11:30 . UAU! Por quanto tempo será que eu fiquei desacordada? Será que ainda era o mesmo dia?

Quantas preocupações...

A porta rangeu, ela estava se abrindo.

Porque essa porta tem que ranger, tem tantas portas no mundo e logo essa vai ranger no meio da noite só para assustar-me?

Deve ser sorte de menos ou azar demais

Fiquei de cabelos em pé, até que...

Vi que era Henry

Ele entrou, fechou a porta, se aproximou e se sentou no chão perto da cama.

Ele me mandou um sorrisinho e eu o olhei descrente

Dei um tapa em seu braço

-Ai! – Exclamou ele

- Isso é por ter quase me matado de susto – Disse eu.

- Eu vim aqui para ver se você estava bem – Falou ele – E é isso que recebo?

A lua refletia luz o suficiente para que eu visse sua silhueta, mas não sua expressão, mas eu podia sentir o sorriso em sua voz

- Minha mãe também levou um grande susto quando me viu – Disse Henry

- O que? - Perguntei

-fui resolver uns assuntos que estavam inacabados com minha mãe – Contou-me ele – Ela tentou me espantar como se eu fosse um mosquito. Mas quando ela percebeu que eu era de carne e osso... Ela quase teve um ataque cardíaco

Não sei por quê... Mas aquilo me pareceu estranhamente óbvio

- Mas vamos dizer que ela achou que eu fosse um sósia de mim mesmo e falta isto aqui – ele quase colou os dedos indicado e polegar – Para ela acreditar esse corpo é real.

- Real – Comecei a ponderar

E antes que ele me achasse a maior esquisita do mundo...

Você sabe por que desmaiei? - Perguntei

Mudar de assunto rapidamente, essa é a vantagem de ter um assunto reserva e outra vantagem é não ter que corar violentamente.

- Deve ter sido a presença de Zahara e Aron – Disse ele

- Quem?

Ele suspirou pesadamente

- Não posso contar

Travei meu maxilar

- Porque não? - Perguntei

- Desculpa, mas não posso contar. Seu avô proibiu qualquer um que saiba sobre o assunto de falar sobre e eu sou um deles

- Obrigada senhor Smith – Falei a frase carregada de sarcasmo e ironia

O assunto tinha acabado meu cérebro me mandou improvisar

- Belo quarto – Porque eu disse essa coisa tosca? Ah é! Foi meu cérebro...

- É eu daria um bom arquiteto e decorador – Disse ele.

Olhei para Henry sem nada entender

- Eu decorei esse quarto – Sério? – Afinal ele é meu

É... é bem sério

Eu arregalei os olhos

- Ah! Desculpe pela mancha de sangue e acho que eu nem deveria estar aqui.

Levantei-me da cama e comecei a andar em direção á porta, mas logo comecei a sentir vertigem e senti minhas pernas fraquejarem e ai eu fiquei mole.

- Cuidado! – Avisou-me Henry

Ele havia me pego assim que eu caíra e me colocado contra a parede, para fazer apoio para que eu pudesse ficar de pé.

- Eu estou bem - Foi o que eu tentei dizer, mas acho que eu não consegui, já que Henry perguntou “sério?”

- Eu estou bem – Repeti

- Ah, estou vendo – Disse ele ironicamente.

Então ele passou algo em minha testa

- O que está fazendo?

- Isso vai te ajudar a melhorar e rápido, o que é ótimo.

Poucos minutos depois de ele ter passado aquela coisa em minha testa, eu me senti mais quente do que estava ,me senti mais forte. Realmente eu estava melhorando.

- Como está agora? – Perguntou ele.

Eu ri

- Muito melhor, obrigada.

Henry me amparou enquanto eu tento andar de volta á cama, ziguezagueando mais que um bêbado.

Então eu volto ao doce mundo dos sonhos