As flores e gramas cresciam a medida que a Deusa caminhava pelos solos de terras sagradas,seu pequeno companheiro de brilho esverdeado adormecia dentre os pêlos sedosos da sagrada loba...

Nos céus formavam-se desenhos entre as inúmeras estrelas e um curioso formato que fizera a deusa Amaterasu parar subitamente e olhar para a cima,apontava para uma área esquecida e atormentada,onde não jazia um mínimo sinal de luz,observou aquela sombria região por segundos,até levantar as orelhas ao escutar ao longe um choro fraco de uma raposa ainda filhote,uivou curiosa e aumentou ainda mais as chamas em suas costas,determinada a adentrar aquele pequeno reino esquecido. Assustado,Issun,o pequeno companheiro de Amaterasu pôs-se a guiar os perigosos caminhos para a deusa...

Casas abandonadas e outras aos pedaços,sem algum sinal de harmonia,algo de muito ruim havia devastado aquele solo,o deixando sombrio sem esperanças...

Amaterasu ganiu,esperando obter alguma resposta,ganiu novamente e por fim pode se ouvir o choro fraco da mesma raposa de horas atrás, o brilho ofuscante de Issun localizou dentre as madeiras quebradas,uma cauda que balançava vagamente de um lado para o outro como se sinalizasse pedindo ajuda,Issun pulou três vezes na cabeça da loba que imediatamente abocanhou as madeiras com fúria,até ter a visão completa de uma figura indefesa a sua frente...

Não tratava-se de uma raposa em si e sim uma menina de aproximadamente seis anos,que possuía orelhas e uma cauda semelhantes ao animal... A deusa olhou mais atentamente,o kimono branco e sujo de carvão e os lisos e ruivos cabelos compridos que impediam de ver com clareza a face adormecida da pequena menina,estava fraca e com grandes arranhões em suas finas e delicadas pernas...

O extinto da deusa do sol falou por ela,e sem hesitar,extinguiu suas chamas e mordeu de leve o kimono da pobre garota e a colocando devagar em suas costas,seguiu para um campo de terras férteis e assim fazer que a pequena raposa tivesse um sono tranquilo,envolvida entre os pêlos da loba e sendo aquecida por suas chamas...

Nas planícies floridas,o sol brilhava forte graças a deusa do sol,que depois de uma noite calma,espreguiça-se e quando estava prestes a matar sua sede,se deu conta de que algo não estava ali,sobressaltou-se preocupada,olhando para os lados,enquanto latia excessivamente,chamando pela raposa pequena raposa que havia adormecido entre seus pêlos,Amaterasu saiu caverna a fora até avistar a alguns metros a menina que saltava de um lado para o outro,em frente ao lago,o brilho esverdeado de Issun distraíra a raposa que pulava,tentando agarrá-lo a todo custo,a loba parou e ganiu aliviada,observando a pequena enquanto brincava,a analisava de todos os ângulos,enquanto tombava sua cabeça de leve para o lado.

Quem seria e de onde teria surgido aquela menina raposa? Porque estava desmaiada entre os destroços daquele lugar sombrio? Amaterasu pensaria nisso mais tarde,naquele momento estava apenas preocupada em levar a pequena ao seu dono ou responsável...

Aproximou-se dela e começou a olhar atentamente seu pequeno rosto...”Está com fome?” Era o que a loba queria dizer ao olhar para a raposa,que mexia as orelhas e encarava a deusa curiosa e os desenhos tribais que a mesma possuía em sua cabeça. Amaterasu ficou confusa por um instante,se perguntando do que exatamente ela se alimentava...

A pequena levantou as orelhas,até sair correndo para uma direção,enquanto cambaleava,no mesmo instante,a loba diminuiu as chamas e abocanhou devagar a menina pelo kimono,a colocando em suas costas,em seguida olhou para ela como se dissesse: “Me mostre a direção...” A menina balançou as orelhas e olhou para frente,Issun pulou na cabeça de Amaterasu e assim seguiram...

Uma macieira repleta de fartas e vermelhas frutas fez os olhos da raposa se arregalarem,pulando imediatamente das costas da loba e em vão tentando pegar alguma das frutas que se encontrava no alto,visando a dificuldade da pequena,em um salto certeiro,Issun consegue arrancar uma das maçãs que cai de imediato nas mãos delicadas dela,que não perde tempo e segurando com firmeza,abocanha a fruta...

Aquilo soava adorável até mesmo para a deusa,naquele mesmo instante pensara em como seria ter aquela inocente criança lhe acompanhando em suas jornadas,naquele momento,Amaterasu pensava até mesmo em adotá-la,mas a vida de um ser celeste sempre se resumia em: Salvar,proteger e lutar,ainda tendo que lhe dar com perseguições diárias,a pequena estaria em perigo com toda a certeza e para zelar por sua inocência e proteção,a sagrada loba não tinha escolha a encontrar quem seria o verdadeiro responsável pela garota e assim,cumprir seu dever como Deusa.

Passavam-se e as horas e os três caminhavam incansavelmente por planícies de lindas paisagens,as estrelas começavam a surgir e só então Amaterasu se deu conta de que precisava de abrigo e a menina de novos trajes,o kimono da mesma encontrava-se rasgado e sujo ainda dos destroços de que a mesma se encontrara adormecida,a loba parou e olhou para os lados,na esperança de encontrar algum pequeno povoado ou até mesmo uma pequena casa,só queria que a pequena se sentisse mais confortável. Levantou as orelhas ao escutar de longe músicas e murmúrios,tratou de apressar-se e correr até o local.

Tratava-se de um pequeno vilarejo naquelas províncias,pessoas em festa,tocando instrumentos,enquanto crianças corriam e brincavam em meio a barracas,que vendiam várias frutas e até mesmo tecidos,a deusa parou por um momento e analisou tudo e todos,até Issun pular descontrolado em seu pêlo,apontando na direção da menina que já corria entre as barracas,de certa forma,a rapidez da pequena era tão incrível que a loba nem havia notado que a raposa saltara de suas costas...

Amaterasu já corria desesperada para todos os lados,tentando não chamar tanta atenção das pessoas ao redor,mas vez ou outra esbarrava em caixas,puxava acidentalmente os panos que cobriam as barracas,pela primeira vez,Amaterasu se sentia vulnerável,mesmo que fosse por questões de minutos,o medo de incomodar os aldeões ou dos mesmos reagirem contra ela ou até mesmo contra a menina a dominava.

Em meio a vários esbarros e tropeços,os muitos gritos de crianças brincando invadiam os ouvidos da loba,que rapidamente encontrou uma maneira de sair dentre os meios das caixas e lá estava,no meio das crianças,brincando e correndo,aquela pequena e inocente menina,que chamava atenção de todos por suas orelhas e a cauda que balançavam enquanto a mesma jogava uma bola de um lado para o outro,Amaterasu parou e sentou-se,a observar enquanto a pequena brincava,era de fato adorável,queria que a raposa continuasse se divertindo com seus novos amigos,mas não poderia ficar mais tanto tempo,a deusa tinha como objetivo,devolver a pequena a quem fosse responsável por ela,Amaterasu imaginara que quem quer que fosse,estaria em prantos de preocupação,a loba tentara se por no lugar de uma mãe desesperada e por isso entendia como seria a aflição de perder alguém,então deveria cumprir seu objetivo como deusa,que é levar a menina raposa sã e salva a quem cuidasse dela.

A pequena joga a bola que é lançada de imediato em direção as patas de Amaterasu,que não faz nada a não ser obervar a filhote de raposa se aproximar,a encarar,e sem algum motivo aparente,lhe diferir um abraço confortável e inocente,a deusa ficara sem reação por alguns minutos,enquanto a pequena roçava seu minúsculo rosto entre seus pêlos brancos,no mesmo instante a deusa imaginara o que exatamente se passara na cabeça daquela criança... “Obrigada por fazer com que eu me sinta bem.” A loba entendeu o recado e lambeu duas vezes a testa da menina: “Não há de quê...”

Em meio a bosques arborizados e floridos,os poucos pássaros voavam de uma árvore a outra cantando,como se fossem crianças alegres brincando de pique,a raposa levantava as orelhas e olhava para cima,e Amaterasu e Issun logo a sua frente,ambos também estavam distraídos,a menina logo atrás olhava incessantemente as chamas das costas da loba aumentarem e diminuírem em intervalos de segundos,por um breve momento abaixou a cabeça e se lembrou de sua casa e o rosto da pessoa que cuidara dela,sentiu um leve aperto em seu pequeno peito,embora Amaterasu fosse uma mãe perfeita,começara a sentir vontade de estar em casa naquele momento. Os pensamentos dela acabaram por ser interrompidos assim que viu uma bola colorida quicando em meio aos arbustos,emitia um som de sinos,a pequena se sentira atraída pelo brinquedo,saindo imediatamente de perto de Amaterasu,que naquele instante não notara seu sumisso. A medida que a menina se aproximava,a bola se afastara,e nem mesmo havia se dado conta da linha fina amarrada em volta do brinquedo.

Mas alguns minutos e finalmente agarrara a bola,mas ao olhar para cima,mal iluminados pelos raios de sol,a raposa notara a silhueta de quatro homens em volta de si,riam baixo de maneira maliciosa,ela começara a ficar assustada e tremia ao saber que Amaterasu não estava ali ao seu lado naquele momento. “Preciso de ajuda...Socorro...” Pareceu pensar...

Em questão de segundos,já estava cercada e antes que pudesse gritar pedindo por ajuda,fora amordaçada e colocada em uma jaula em uma carroça que um dos homens não hesitou em bater nos cavalos com o chicote para que andasse o mais rápido possível,a menina já desesperada,batia nas grades procurando uma saída,sem sucesso...

Continua....