Nove

Estou andando pelo teto do quarto pensativo. Não queria que tivéssemos parado deveríamos estar em constante movimento, a essa altura os outros já devem estar embarcando em uma viagem para a Espanha se armando até os dentes. Sandor deve ter flertado com meias dúzias de garotas bonitas para entrarem no seu avião particular e tomarem um pouco de champanhe com ele. Cara eu queria estar naquela viagem.

Agora estou com dois branquelos no outro quarto que levaram a única companhia legal que era o Quimera. Estou aqui com Conrad e Maggie, e os dois estão calados lendo algum tipo de livros como se já não fosse uma coisa estranha, eles têm o mesmo hobby.

— Pode parar com isso? – Conrad murmura tirando o rosto de dentro de livro e me olhando de rabo de olho. – É meio irritante.

— Eu quero ação! – murmuro andando até ele e bato de leve em algo.

—Ai! – Maggie murmura levando a mão até a cabeça dando gemidinhos de dor.

— Era isso que eu estava tentando evitar! – Conrad revira os olhos e volta a ler.

Pulo de volta para o chão e fico perto de Maggie. Esse teto é muito pequeno, eu devia ter percebido que iria ter acontecido, mas suspeitei que iria acabar dando um encontro em Conrad e não Maggie. Encosto minha mão na cabeça dela e checo se tem um galo, mas ela está bem.

— Você tem uma cabeça dura! – digo sorrindo para ela.

— A... Obrigada. – Maggie fala e vejo ela se encolher um pouco no sofá sem graça e está um pouco vermelha, ainda não entendi o porquê dela sempre ficar vermelha quando me vê?

Decido puxar assunto com ela, já que Conrad não parece ser do tipo muito conversador aparentemente e sinceramente eu preciso conversar com alguém da minha idade.

— Primeira base mogadoriana? – pergunto.

— Sim. – Maggie fecha o livro marcando página onde estava e ajeita os óculos para me enxergar melhor. – Já esteve em uma né?

Sento na cama próxima ao sofá para que possamos conversar. Falar desse assunto me faz lembrar dos vários dias intermináveis de torturas, dias que achei que nunca iriam terminar, que perdi a esperança e a confianças nas pessoas. Tudo por causa de Maddy, penso um pouco em John, será que ele seria tão bobo apaixonado se a loirinha tivesse feito o que fizeram comigo?

— Nove? – Maggie encosta a mão em meu braço e me tira do meu devaneio. – Está tudo bem?

— Sim. – Respondo meio evasivo, lembrar de West Virgínia ainda dói, para superar aquele lugar ainda falta ver o Cinco de pé.

— Não precisa falar da base mogadoriana se não quiser. – Maggie fala com suavidade. – Sabe eu sei que as vezes temos histórias difíceis de contar para as pessoas.

— Tudo bem, é sério. – Tento fazer como se isso não fosse nada. – É que fiquei muito tempo naquele lugar e me abandonaram lá, mas não fui o único Garde a passar por aquele inferno. Cinco e Seis também foram parar lá.

— Nem imagino como deve ter sido. – ela fala e vejo que está sendo sincera, por um momento acho que Maggie vai segurar a minha mão para me dar apoio.

Conrad pigarreia e vejo que está nos observando com sua espessa barra agora toda para fora do livro.

— Acho melhor irmos dormir, já está tarde e teremos que pegar a estrada de manhã.

Arquejo a sobrancelha para ele. Poderia dizer que ele ficou um pouco incomodado pelo fato que eu estou falando com Maggie, mas isso seria meio doido. Conrad é um Cêpan protetor deve ser só isso e o cara tem razão.

— Okay lenhador parrudo. – digo dando um sorriso debochado e indo para minha cama.

Não quero amarrotar a camisa que Sandor me deu então eu a tiro e resolvo guardá-la. Infelizmente as roupas que trouxe são aquelas do bunker então tenho que escolher entre a camisa que ficaram me zoando do Pateta, uma com a caveira dos Piratas do Caribe e a última é da cara do Homem-Aranha. – Sinceramente eu preciso trocar de guarda-roupa urgente.

Ponho a camisa do Homem-Aranha e me deito. Estou pensando na missão dos outros e na missão de amanhã. Quero muito começar o ataque, não ligo se estou vestido como um nerd idiota, só sei que eles começarão a ouvir o meu nome nessa guerra. Eu irei começar a vingar o meu povo.

Nos meus sonhos eu estou correndo para uma arena que parece não fim. Estou tendo que escalá-la para chegar até ela, precisei usar meu Legado de Antigravidade para fazer isso e quando chego no topo me deparo com um exército mogadoriano. Devem ter dezenas deles, não sei quem mandou esse sonho, mas sorrio com a ideia de atacar esses caras.

Uma risada macabra soa ao fundo e como se ela fosse o sinal para o combate, os mogadorianos começam a me atacar ao mesmo tem. Vou com minha mão até meu bolso e para minha felicidade meu cano está lá, pego ele e aciono-o. O mecanismo começa a aumentar até se tornar meu cajado.

— Podem vir mog-bundões. – avanço contra eles com o cajado em mãos.

Dois mogadorianos que são maiores que eu, avançam para cima de mim com espadas gigantes em mãos. Bloqueio o golpe da espado com o cajado e intercepto o outro com um chute na boca do estômago dele. O mogadoriano ofega, aproveito esse momento e perfuro seu pescoço com minha arma e logo depois desfiro um soco na cara do outro que bloquei a espada dele.

Mais mogadorianos avançam e giro o cajado em 360 graus para afastá-los de perto de mim. Sinto que acerto alguns ossos mogadorianos ao fazer isso e pelos gemidos de alguns, e os vejo se afastarem de mim.

— Já estão desistindo?

Corro para cima deles, eles mal conseguem acompanhar minha velocidade e corto um mog, em seguida acerto um soco com tanta força no seu companheiro do lado que ele voa alguns metros e cai inerte no chão. Morto também.

A minha confiança sobe, mas os mogadorianos começam a aparecer com armas e disparam contra mim. Um desses disparos me acertam de raspão, mas a adrenalina é tão potente que nem sequer sinto a dor, ou talvez seja ou porque é um sonho. Avanço contra o mogadoriano que atirou em mim e antes que tenha a chance de fazer isso de novo, eu o perfuro no peito, sinto uma sensação fria que serei atingido novamente e dessa vez será certeiro, mas o mog que está mirando em mim explode em chamas.

John aparece correndo disparando suas bolas de fogo com suas mãos de fadinha brilhando. Eu devo estar muito mal mesmo, para sonhar com o Quatro aqui, pelo menos deveria estar sonhando com uma das meninas, mas tem que ser logo ele?

— Está atrasado! – digo rindo, mas John nem olha pra mim e continua disparando suas esferas de fogo.

Acho que ele não pode me ouvir então me simplifico a continuar lutando, desde que ele me de cobertura quando eu precise, não me importo que a gente não converse na batalha. Isso é quase música para meus ouvidos para falar a verdade.

— Vocês estão ficando fortes meninos da Garde. – uma torre começa a se erguer no meio da arena vai até o céu. – Será que algum de vocês consegue me enfrentar?

Não sei quem é esse cara, mas eu tenho um palpite – Setrákus Ra – avanço para a torre abatendo qualquer aberração modadoriana que venha para cima de mim. Uma hora eu vejo Quatro me olhando e por mais bizarro que seja o seu rosto me adverte para não subir a torre. Claro que eu ignoro ele.

Deixo John se divertir sozinho e uso minha Antigravidade para começar minha escalada, a sensação estranha que sempre sinto ao fazer o mundo se inverter chega de imediato e de repente escalo uma torre em vertical enquanto todos os mogadorianos que me perseguiam gritam e arremessam coisas em mim. Um dois tentam atirar, mas Johnny está me dando cobertura, ou a mira desses caras é uma merda.

Olho um pouco para o tamanho da arena. Ela parece ser gigante, não sei se é só um efeito que o sonho faz, mas desde que eu cheguei ela pareceu aumentar de tamanho. Consigo ver que não tem só eu e John lutando, há mais epicentros de combate. Em um local eu vejo um leão gigante com vários braços atacando vários mogadorianos e fico perplexo. Tomara que isso não seja só um sonho, porque um Garde que tenha esse tipo de poder iria ser muito bom.

Continuo correndo, mas quando estou chegando perto do final da torre começo a sentir meus pés falharem no chão.

— Vamos ver como se saem sem seus poderes. – a risada agora é gutural e insana. – Agora vivam como crianças humanas sem poderes e frágeis cercadas de inimigos.

Dessa vez meu Legado cessa por completo e começo a despencar da torre. Lembro uma vez quando estava tentando impressionar Maddy, que idiota eu fui. Se tivesse a ignorado, eu nunca teria sido preso, mas agora estou despencando de novo e Quatro e talvez mais outros Gardes devem estar vendo minha façanha. Setrákus está rindo de mim, de todos nós, sinto uma dor excruciante quando toco no chão depois daquela queda, uma dor de todos os meus ossos se partindo e então acordo.

Estou de pé na cama, meu corpo está todo soado. Estou com os olhos arregalados espero não ter gritado, mas acho que fiz isso porque Maggie está do lado da minha cama com os olhos arregalados me observando. Ela se levantou em um pulo e está de pijama comprido rosa com vários bichinhos estampados nele – uma visão bastante bonitinha comparada ao horror que acabei de passar.

— O que houve menino? – quem fala é Conrad, ele está com uma pistola na mão olhando pela persiana.

— Um sonho... – digo ofegante.

A porta é batida com força e por um momento acho que são os mogadorianos. Pego o meu bastão que já havia deixado no bolso da calça de propósito e me preparo, Conrad faz um sinal com as mãos para Dois e ela assente com a cabeça. Ela prepara seu Legado de Rajada Óptica enquanto Conrad avança cautelosamente até a porta.

— Somos nós! – a voz de Adamus soa por de trás da porta. – Ouvimos um grito, achamos que está na hora de ir.

::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

Uma hora depois disso tudo estávamos na rua novamente. Agora estou mais calmo, contudo, ainda tem uma coisa que me deixa apreensivo. Acho que aquilo não era um simples sonho. Eu comecei a comentar tudo o que aconteceu para Adamus – ele pediu para tentarmos chama-lo de Andrian agora – e o homem ficou me estudando com uma expressão fria típica dos mogadorianos, aquelas que parece que está tentando ler a sua alma.

— Isso é estranho, mas não incomum. – ele comenta coçando a barba rala para mim.

O mais estranho é ver Adam – o do meu tempo – usando uma espada nova. Não sei o que eles fizeram lá dentro, se teve um ritual de iniciação na fraternidade dos mogadorianos bonzinhos felizes que nos ajudam, mas o mog agora está com uma expressão mais altiva segurando a arma para frente do corpo.

— Como assim incomum? – pergunto voltando a atenção para o principal.

— Na minha linha do tempo, John me contou que tinha sonhos com Setrákus Ra em alguns momentos, ele induzia para que ele viesse para a base mogadoriana em Dulce enfrentá-lo, ironicamente vocês dois brigavam muito por causa disso. – ela me olha querendo ver se esboço alguma reação. Não tenho interesse na minha contraparte da linha do tempo dele, se o cara morreu então ele não foi forte o suficiente. – Não sei dizer ao certo, mas acho que vocês compartilhavam isso juntos. Isso quer dizer que se você está tendo esse sonho, John também o teve.

— Tinha mais um cara lá, eu acho que era um membro da Garde, mas ele não estava não parecia uma pessoa. Ele era uma besta. – conto sobre o monstro que estava lutando contra os mogadorianos que tenho quase certeza que é um de nós.

— É, ele é um Garde, o número Oito. Não cheguei a conhece-lo. – Andrian comenta e pelo seu acho que já entendi, mais um Garde morto se não conseguirmos mudar o futuro. – Tinha o poder de mudar de forma, similar ao de uma Quimera.

— Oh que demais, teremos um Garde-Quimera, ele deve ser legal. – digo tentando parecer empolgado.

Com nossa repentina saída acabou que nem nos alimentamos e isso vai acabar tendo que nos obrigar a fazer uma para em algum supermercado para comprar alimentos. Provavelmente iremos fazer isso em algum posto de gasolina provavelmente.

Olho para os outros e vejo que Adam adormeceu abraçado com sua nova espada de estimação. Se tivesse com uma câmera eu iria mandar para Um uma foto, acho que seria uma boa vingança pela camisa do Pateta, mas irei pensar em algo melhor. Maggie está sentada observando o banco de Conrad atentamente e eu me pergunto se ela também estava lá, afinal o outro Garde eu só consegui ver porque ele tinha virado um monstro grande.

— Você também compartilhou do sonho? – eu pergunto.

— Não, pode ser meio estranho, mas me sinto meio excluída. – ela comenta meio triste. – Quer dizer, você, Quatro e um Garde que nem conhecemos, e pela dedução é Oito, já que Três estava morto e Sete é uma garota.

Não havia parado para pensar nessa lógica, mas ela tem razão. Por mais bizarro que seja estamos conectados de alguma maneira com o número Oito, se eu sonhar com ele mais alguma vez poderei tentar mandar alguma mensagem, sei lá, faz o John com uma cabeça em chamas de lápis e desenhar no chão Já estaremos ai pode ser uma ideia.

— Tentem descansar também. – Conrad sugere por de trás do banco de motorista.

Olho para Maggie e ela está preocupada comigo, mas dou de ombros para que entenda que está tudo bem comigo e me encosto na janela. Eu preciso dormir um pouco, esse sonho me deixou bastante cansado e espero que Setrákus não tenha a brilhante ideia de tentar fazer isso de novo, porque dessa vez eu estarei preparado.

Quando acordo estamos parados abastecendo o carro como eu havia previsto só que ninguém ainda saiu do carro. Aproveito essa oportunidade e me ofereço para ir comprar os mantimentos que precisamos já que Adam e Maggie estão dormindo e Conrad está enchendo o tanque do carro, Andrian joga um boné de baseball para mim e me dá um cartão de crédito sem limites para ir na loja de conveniências.

— Seja discreto, Nígel. – ele fala usando meu nome falso e eu estremeço só de ouvi-lo, porque não posso escolher um nome maneiro, como Roy. É sonoro e simples.

Abro a porta do carro e vou até a loja de conveniências. Deveria ser rápido, mas estou tanto tempo confinado dentro daquele carro e por causa daquele sonho nossa estadia no hotel foi tão pequena que necessito de esticar um pouco minhas pernas. Caminho em paços esticados e observo uma moça morena bonita dou um sorriso para ela, mas ela simplesmente revira os olhos para mim e continua falando com alguém no celular. Se eu estivesse com a camisa que Sandor me deu e não essa coisa idiota.

Pego alguns biscoitos, refrigerantes, bolinhos, não estou ligando muito para alimentos saudáveis, nem sequer perguntei o que os outros gostavam. Tendo em vista o que iremos fazer, acho melhor pegar bastante alimento calóricos, já que iremos precisar de bastante energia para o que vamos fazer nessa missão.

Enquanto estou escolhendo qual sabor de donuts vou levar reparo numa figura pálida pelo olhando do outro canto da loja, não acredito que eu tenha tanta sorte assim. Depois daquele sonho o que eu quero mais é algum mogadoriano para matar e tem logo um azarado querendo arranjar briga comigo? Só que temos muitas testemunhas.

Tento ignora-lo, ele talvez não seja um mogadoriano. Só um cara incrivelmente branco e feio, nem é um dos nascidos artificialmente como os Adams os chamam, se parecem mais como eles. Pessoas comuns extremamente brancas. Tento ignorá-lo e comprar minhas coisas normalmente, e fico olhando para a garota bonita que tentei paquerar, agora ela está há duas pessoas na minha frente na fila do caixa. Estou cogitando tentar uma investida, mais para o mog achar que eu não estou nem aí para ele, por mais que queira brigar, não quero chamar a atenção. Talvez dizer que essa é a camisa emprestada do meu primo Sam Goode e que a minha foi rasgada numa briga com uns caras da pesada.

— Olá Garde. – ouço um murmuro sombrio no meu ouvido. Quando o mog percebe que eu não consigo esconder o espanto ele dá uma risada sínica.

— Quem?

— Eu era um dos responsáveis por monitorar a sala de detenção onde você estava. – ele diz como um tom de desprezo. – Mas para o seu azar, eu fui designado para uma missão no Brasil, onde disseram que haviam avistado um membro da Garde.

Ótimo, um tagarela. Sinto que ele está puxando uma adaga mogadoriana. Esse idiota não tem medo de chamar atenção em um ambiente público, isso vai ser um problema. Eu terei que tentar lutar com ele sem atrair atenção, provavelmente essa gente toda aqui tem celulares e não quero meu rosto como o do Quatro em todos os jornais.

— Acho que quer dizer para a sua sorte. – digo o provocando-o. – Não soube o que aconteceu com sua base? Ela virou poeira meu amigo, nós a destruímos, então se não quiser que aconteça o mesmo com você meu amigo eu sugiro que que vá embora e eu finjo que não te vi.

Para o meu espanto o mogadoriano dá uma gargalhada alta e todos na fila inclusive o caixa nos olham.

— Acha mesmo que aquela vadia loira conseguiu destruir a base de West Virgínia, lorieno? – ele tira a adaga de dentro da jaqueta e todos começam a gritar e se espalhar. Ouço o caixa se abaixar, provavelmente vai acionar a polícia. – Ela só destruiu uma pequena parte daquela base.

Como eu amo mogadorianos tagarelas que falam tudo que eu quero ouvir e depois avançam contra mim como se fossem touros enfurecidos loucos para um combate. Queria pegar meu cajado e empalar esse otário de uma vez, só que ele chamaria muita atenção então vai ser do jeito antigo, na porrada.

O mogadoriano avança com ferocidade brandido sua adaga para me atacar enquanto eu armo minha guarda para me defender. Logo na primeira investida eu consigo bloquear o golpe dele e acerto um soco com bastante força nas costelas o fazendo largar a adaga no chão.

— Parem com isso! – berra o caixa da loja para nós dois. – Eu chamei a polícia.

— O cara é um bandido! – eu falo de volta apontando para a adaga no chão e jogo o mog para longe de mim. – Só estou me defendendo.

Nessa hora o mog me acerta um soco na cara e cambaleio um pouco para trás, merda de humanos me distraindo. O mog me prende com seus braços me agarrando na altura da cintura me imprensando contra a parte em que separa o caixa da loja e os clientes. Me sinto um pouco ofegante, mas é bem pouco. Começo a desferir uma sequência de socos nas costas do mogadoriano até que ele começa a perder as forças e a pressão que exerce no meu esterno a enfraquecer.

Consigo dar uma joelhada que acerta o queixo dele e o empurro para frente. Vejo o mogadoriano cuspir sangue que é uma mistura de vermelho com preto horrível, fico torcendo para que as pessoas não notem isso, ou espero que notem. Assim poderei mata-lo de uma vez.

— É só isso? – eu pergunto e dessa vez quem está rindo sou eu para ele.

— Maldito... – ele tenta se levantar com dificuldade e começa a rastejar até a adaga que está caída no chão há alguns metros dele. – Eu vou te matar Garde, eu juro que vou.

Por mais que seja tentador pelo menos deixar ele ter uma chance de lutarmos de maneira mais divertida não poderei extravasar tudo que quero com esse cara. Me aproximo da adaga e chuto para longe do mogadoriano. Ouço ele grunhir de frustração e dou mais um chute na costela dele e o ergo até minha altura em seguida o arremesso numa prateleira de latas de molho de tomate ficando completamente coberto de com o molho – não foi a melhor ideia para esconder o sangue preto mogadoriano, mas a melhor que tive.

Vou até a adaga que ele deixou cair no chão e fico pensando se devo ou não terminar o serviço. Decido colocar a adaga no bolso para evitar deixar mais provas que essas coisas estão por aí, infelizmente não poderei matar esse bicho e tenho medo do que pode acontecer com os polícias, mas não é problema meu. De repente todos começam a bater palmas para mim, fui um herói para eles, provavelmente evitei um ataque de um viciado.

A menina que estava paquerando agora está me olhando dos pés à cabeça e sorri.

— Oi, sou a Candeance.

— Olá, me chamo Roy. – digo me aproximando como se o que acabei de fazer não fosse nada demais.

— Então... – ela fala olhando para o mogadoriano ainda no chão. Uns caras que apareceram agora que tudo acabou checam se ele está mesmo desacordado e o amarram com cordas. – Você aprendeu a lutar assim como? Boxe? MMA?

— Nada demais, é aquelas coisas que força da gente aumenta quando está numa situação de perigo. – tento parecer como se não fosse nada demais. -Ainda mais quando tem uma menina bonita precisando de ajuda.

Cadeance dá uma risadinha e está tirando um pedaço de papel do bolso e uma caneta. Ela vai me dar o seu número – até que enfim vou ter sorte.

— No-Nígel! – ouço a voz de Maggie vindo da porta da loja de conveniência e xingo por causa disso. Como posso ser tão azarado. – O que está acontecendo aqui?

— Nígel? – Cadeance ergue uma das sobrancelhas supressa. – Achei que seu nome fosse Roy.

— Nígel Roy, é comum em Arkansas! – digo tentando dar uma desculpa olhando para Maggie para se calar, mas a ruivinha está me olhando com ódio mortal.

Ela olha para toda a confusão que está na loja de conveniências e seu olho bate no mogadoriano derrotado e em seguida em mim conversando com a garota.

— Te pedimos para comprar mantimentos e você fez um belo estrago... E ainda está de papo, você realmente sabe ser discreto... – ela fala e com isso sai da porta sem olhar para trás.

— Quem é essa? – Candeance pergunta, mas eu a ignoro.

Me sinto culpado, todos estavam contando comigo. Ignoro Cadeance e pego os mantimentos, acho que esqueci de pagar, mas ouço o caixa falar que é por conta da casa. Sei lá estou meio magoado por Maggie estar agindo daquele jeito. Por que ela ficou tão brava? Eu não estou agindo como um mané, ajudei aquelas pessoas e flertei um pouco.

Entro no carro e parece que todos estão me olhando de cara feia. Eu os ignoro e deixo a comida no lugar onde estava e vou sentar no banco de trás com Areal, aparentemente a Quimera é o ser menos complicado dessa viagem, pelo menos é o único que não me olha de cara feia por ter abatido um mogadoriano sem ter causado confusão ou estardalhaço.

:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::

O carro para e eu paro minha conversa telepática com Areal, consegui convencer o animal que Um gosta muito mais huskys siberianos do que goldens e agora ele virou um husky e disse que irá fazer uma surpresa para ela quando a vir – não foi a melhor coisa que consegui pensar, mas é a única que consegui.

— Melhor sairmos, temos que conseguir uma autorização para colocar a van em uma balsa para atravessar essa parte. – avisa Andrian de maneira sombria. – Melhor se prepararem, amanhã iremos invadir a base.