O Renascer dos Nove

Caçada no Aeroporto


Quatro

Desde que chegamos na entrada do Aeroporto Internacional de Orlando a expressão de Henry está tensa. Não posso tirar a razão dele. Somos terroristas procurados pelo FBI e pelos mogadorianos e a última vez que viajamos numa máquina aérea foi para sairmos de Lorien e virmos para Terra, isso demorou um ano. Acho que também não sei se estou preparado para fazer esse tipo de viagem.

A viagem do bunker de Adamus para o aeroporto foi relativamente rápida e estou com Bernie Kosar no meu colo, ele está com as patas apoiadas na janela atento observando as pessoas pela janela do SUV na porta do aeroporto atentamente antes de sairmos. Estamos todos preocupados, se os mogadorianos aparecerem e tiverem algo para nos caçarem no ar estaremos numa situação complicada.

Olho para Seis. Ela está atenta também observando o seu lado da janela como uma águia tentaremos ser discretos e estou torcendo para que tudo ocorra bem.

— Então. – Sandor fala olhando para nós pelo retrovisor, ele ficou horrível por ter que abandonar o Porsche no bunker, mas a chance de ver o carro é maior no bunker que aqui. – Como iremos realizar o plano para todos embarcarmos?

Henry se vira para nós, já tentamos bolar um plano por baixo, mas dessa vez será algo concreto e decisivo.

— Teremos que ser discretos, Sandor você é o piloto e irá primeiro. Pelo que Adamus nos falou os aviões particulares ficam numa área privativa então você irá para lá junto com Bernie Kosar para preparem o nosso voo quando tudo estiver pronto ele irá voltar aqui e avisar a John como algum animal voador e então nós iremos com Seis nos fazendo ficar invisíveis.

É um plano perfeito. Chega a ser até ridículo se parar para pensar como iremos conseguir burlar toda segurança humana de dos mogadorianos se usarmos essa estratégia de Henry, isso se o nosso plano der certo, a probabilidade disso é muito baixa só que tentarei ser positivo.

Começo a transmitir as instruções de Henry para Bernie Kosar através do meu Legado e ele começa a balançar o rabo empolgado com a ideia. Acho que o único que não está muito feliz com a ideia é Sandor.

— Meu terno vai ficar cheio de pelo se eu tiver que carregar o cachorro... – ele fala infeliz olhando para a forma de beagle de Bernie Kosar.

— Prefere que ele se transforme em um lagarto? – eu pergunto.

— Não! Deixa assim. – ele fala fazendo uma cara de nojo e estou quase rindo da excentricidade do Cêpan de Nove enquanto Seis se limita a revirar os olhos ao meu lado.

BK pula dos meus braços e vai com Sandor que o pega com extrema cautela para não amarrotar o seu terno chique e sai do carro. Começo a ver os dois entrando na porta automática de embarque internacional em meio a uma multidão de pessoas agasalhadas e depois somem.

Me viro para Seis, não conversamos muito depois de tudo aquilo. E eu nem sei o que falar com ela para ser sincero nós só treinamos mesmo, achei que agora seria uma boa oportunidade, mas não me sinto muito à vontade com Sandor e Henry juntos de nós o tempo todo prestando atenção.

—Fiquem atentos. – Seis murmura preocupada colocando a mão próxima à maçaneta da porta do carro. – Eu vou sair para patrulhar um pouco e ver se acho alguns mensageiros, aeroportos são os principais pontos deles.

— Espere Seis! – eu a empeço e ela se vira para mim me olhando um pouco emburrada. Ela deve estar imaginando que vou dizer algo romântico ou tentar impedi-la, mas ao invés eu tiro minha adaga de diamante do bolso e a entrego para ela. – Se achar eles, usa isso.

Ela estuda a arma por alguns momentos e logo em seguida a pega. Do mesmo modo que acontece comigo a arma parece se ajustar ao punho de Seis e se prende a ele de maneira que fica mais fácil de empunha-lo. Vejo que está testando um pouco arma e depois fica invisível junto com todo o resto de Seis, então a porta se abre como se fosse o vento que estivesse saindo e se demora um pouco. Sinto uma força invisível me dar um beijo suave na bochecha e depois à porta de fecha.

Acho que fico com um sorriso de idiota porque Henry me encara de um jeito engraçado. E depois fica rindo da minha cara.

— Qual a graça? – pergunto ofendido, e acho que isso está me deixando pior ainda.

— Vocês dois, flertando um com o outro. Seus pais aprovariam. – ele fala como se estivesse se lembrando das conversas em que diziam que eu e Seis éramos almas gêmeas e fico com pior ainda, se Henry contar isso a Seis, acho que ela nem iria me olhar mais.

— Por que me disse aquela coisa que amamos para sempre, eu sinto que amo Sarah, mas acho que amo Seis. Se amamos uma vez só. Como é possível isso? – eu o questiono sobre aquela conversa.

Henry me estuda calmamente. Parecia saber que teria que me explicar sobre isso desde o dia em que beijei Seis, ou antes fisso, ele fica olhando o retrovisor esperando o regresso de BK ou dela, mas como nenhum dos dois chega decide falar.

— Amar não é tão simples assim John. – ele começa e me olha sério. – Amamos uma vez só, de fato, mas isso não quer dizer que não nos apaixonamos mais de uma vez, saiba diferenciar uma paixão forte do amor.

Essa resposta me pega de surpresa. Nunca parei para pensar nisso e realmente faz sentido, agora eu não sei quem eu estou apaixonado, é por Seis ou por Sarah? Eu penso em Sarah em todos os dias, mas as coisas com Seis são tão simples, sem segredos. Eu posso ser eu mesmo, Sarah é um futuro incerto.

— Quem você acha que eu amo? – eu pergunto mesmo sabendo que é uma pergunta que é impossível de ser respondida por Henry.

— Quatro... Não posso te responder isso, mas creio que em seu coração já deva estar pesando a balança. – ele comenta de maneira paternal. – eu gosto de Sarah, mas ela é humana John, quando voltarmos para Lorien, você acha que ela irá ficar feliz longe para sempre da família?

Era isso que queria ouvir de Henry. Eu precisava dessa verdade nua e crua para acordar eu amo Sarah e queria muito que ela estivesse aqui comigo, mas ela não pertence a Lorien, ao contrário de Sam nas visões. Ela não desenvolveu Legados e morreu, então estaria eu sendo justo fazendo-a desistir de tudo pra isso? Esse sacrifício todo?

— Só escolheria logo. – ele me dá um sorriso brincalhão. – Seis não me parece ser do tipo de garota que gosta de caras indecisos, se ficar enrolando ela provavelmente vai acabar perdendo uma garota incrível.

Sorrio para ele e alguns momentos depois ouço um beija-flor bicar a minha janela suavemente, eu a abro o suficiente para que BK possa entrar e comunicar que podemos ir para onde Sandor está e que o avião está preparado para partir a qualquer momento.

— Temos só que esperar a Seis voltar. - digo para todos já me animando que nosso plano está dando certo.

Se passam 10 minutos e nada dela voltar e já estou nervoso começando a checar o meu bracelete vermelho preso ao meu pulso. Agora que os Adams não estão perto o formigamento sumiu e poderei saber se tem um mogadoriano inimigo perto quando ele começar a formigar na minha pele. Coloco o capuz.

— John o que vai fazer? – Henry me pergunta nervoso já tendo ideia da coisa idiota que vou fazer.

— Vou procurar a Seis, para ela demorar esse tempo todo só pode significar que está em perigo. – digo com convicção quase que o desafiando a me impedir de tentar fazer essa loucura.

Seis é uma das guerreiras mais poderosas que eu conheço, mas até isso tem limites. Ela foi para uma missão de reconhecimento e tem praticamente uma hora e ainda não voltou, deve estar correndo algum risco de vida e não quero sentir a cicatriz dela queimando na minha perna novamente.

Abro a porta do carro quando Henry grita que que é loucura e uma força invisível me empurra para dentro do carro de volta. Seis surge em cima de mim e está muito ferida.

— Seis! – fico desesperado ao ver que ela tem um ferimento de arma na barriga e no ombro.

Vejo Henry tirar da jaqueta a pedra de cura e joga ela na minha mão. Eu encosto o objeto que é frio ao meu toque próximo ao ferimento na barriga de Seis que é onde parece ser mais profundo e começo a curá-lo. Sinto o corpo dela gemer de dor por causa da cura e depois relaxar até que finalmente a pele onde estava o ferimento assume um tom de oliva normal e começo a curar o ombro dela com a pedra. Todo o processo dura cerca de cinco minutos até que ela finalmente totalmente curada e mais alguns minutos até que recobre a consciência.

O gorro que ela tinha quando saiu desapareceu e agora seus cabelos estão todos desgrenhados e percebi que ela tem alguns arranhões no rosto e o casaco tem manchas de sangue. A adaga ainda está na não dela coberta de sangue e poeira de mogadorianos.

— O que aconteceu? – pergunto já sabendo que não devem ter sido só mensageiros.

— Não eram só mensageiros John. – Seis fala gemendo de dor tentando se por sentnada no banco. – tinham guerreiros também e alguns krauls, o malditos controlavam uma área do aeroporto, eu segui um mensageiro até lá e lá confrontei.

Fico espantado com a coragem dela. Seis poderia ter retornado e pedido minha ajuda e a de Henry para abatermos esses caras ao invés de ir sozinha, foi muito imprudente da parte dela.

— Isso foi imprudente Seis, poderia ter morrido. – Henry a repreende para minha surpresa e a de Seis. – se tiverem mais deles você pode ter denunciado nossa posição.

Seis examina Henry ofendida.

— Eu fiquei invisível o tempo todo Henry, não sei como seria possível eu ter denunciado.

Henry apenas aponta com o olho nos fazendo olhar para a janela e vemos um rastro de gotas de sangue que leva até o carro.

— Seu sangue não fica invisível quando cai de você. – ele fala sem demonstrar emoção.

— E-eu... – Seis está pálida ao perceber o que fez, agora temos que abandonar o carro imediatamente.

Henry puxa a minha arca que estava em seu colo e abre a porta. Seis se recupera do constrangimento e consegue abrir a sua e faço o mesmo a seguindo com BK na forma de beija-flor logo atrás. O SUV não é importante, foi comprado com tantos nomes falsos e carteiras de motoristas diferentes que nunca saberão quem é o verdadeiro comprador, largamos ele e saímos.

Bernie Kosar assume a dianteira porque é o único que viu onde o avião está. Peço para ele nos levar pelo local mais rápido usando minha telapatia e ele começa a acelerar o passo.

Seis segura minha mão de um lado e a de Henry do outro, estou tendo que fazer força para carregar a minha arca. Poderíamos ter usado o poder da. Xitharis para auxiliar nisso, mas agora é tarde e Seis está enfraquecida pelo combate contra os mogadorianos.

Estamos passando por várias pessoas e minha arca esbarra em algumas delas que gemem de dor sem saber direito o que as atingiu, vejo dois homens se empurrando achando que um acertou a mala no outro e dois seguranças começam a correr para apartar a briga dele. Estamos passando pelo embarque internacional e nos encaminhando para uma área privativa, me sinto uma pessoa importante, é uma pena estar invisível.

Fico pensando se não seria mais fácil embarcarmos em um vôo comercial comum, mas seria muito difícil com a arca e certamente mais difícil ainda explicar quatro pessoas brotarem em assentos. Sendo duas deles procuradas, infelizmente essa coisa toda de James Bond – que Sandor deve estar adorando diga-se de passagem – é a melhor solução.

O túnel nos dá uma visão periférica de vários aviões na pista de decolagem, tento ver qual é o nosso, mas não consigo discernir. Os aviões particulares provavelmente são aqueles que estão mais distantes e menores e posso notar que apenas um deles já está ligado.

O túnel começa a fazer uma descida e sinto dificuldade de frear. Estou começando a ver uma saída, do lado de fora encontro várias vans particulares que provavelmente deveriam levar os executivos ricos para seus aviões. Sandor deve ter tido o seu, mas nós teremos que ir andando. Aposto que ele está rindo disso do avião.

Começamos a correr pela larga pista de decolagem quando ouço um guincho de um animal estranho que sei que não é pertencente há nenhuma criatura existente na terra, mas já ouvi uma vez esse barulho. É o barulho de um kraull, ainda haviam alguns mogadorianos e eles conseguiram nos rastrear.

— Merda! – Seis vocifera na minha frente. Henry tinha razão, eles conseguiram nos rastrear usando o sangue do anima.

Logo depois ouço gritos e vejo uma equipe de mogadorianos com soldados e mensageiros se aproximando. Fico perplexo por estarmos aqui e nenhuma equipe de um aeroporto estar reparando nisso. Tantos mogs e ninguém parece se importar com isso, eles correm aos montes para nos enfrentar e não adianta nossa invisibilidade com o casaco de Seis cheio de sangue dela. Os monstros a estão farejando.

Estamos correndo o mais rápido que podemos, mas com Henry sem ter a mesma velocidade que nós e eu carregando a arca não temos como assumir a velocidade máxima. Alguém vai ter que enfrentá-los, aperto a mão de Seis um pouco mais forte e ela reduz um pouco a velocidade, já entendeu o que vou fazer. Solto sua mão.

— John? – Henry grita ainda invisível segurando Seis. – Não seja louco, não faça isso.

— Alguém tem que detê-los, Seis está muito fraca e você vai acabar morto. É a minha vez de lutar. – Digo com convicção.

— John, é minha culpa ele tem razão! – Seis fala e noto que está preocupada comigo. – Eu luto com eles vá com Henry.

Não falo nada apenas entrego a arca na mão de Seis e beijo seu rosto agora que Seis voltou a ficar invisível do mesmo jeito que ela fez comigo e começo a avançar contra os mogadorianos sem olhar para trás. Sei que eles irão aceitar a minha escolha, acendo o meu Lúmen na mão direita e me preparo para o combate

Os mogadorianos param e ficam me encarando acho que não esperavam que a presa simplesmente parasse e se propusesse a lutar de tão bom grado assim. Meu Lúmen virou uma bola de fogo em espiral do tamanho de uma bola de basquete e a faço flutuar, uso minha telecinese para arremessa-lo contra o mogadoriano que estava mais perto ele se joga no chão com desespero para não ser atingido. Ao fazer isso eu faço a bola de fogo explodir e ela acertar as costas dele, o mog começa a gritar dor por causa do ferimento.

Outros dois mogs pegam seus canhões e começam a disparar contra mim, a única coisa que consigo fazer para bloquear o golpe é estender meu braço esquerdo e como se fosse um guarda-chuva meu escudo se projeta pra fora do bracelete e começa a bloquear os golpes deles. Uso minha telecinese nos pés para me firmar melhor no chão enquanto sou arremetido pela saraivada de tiros até que finalmente eles param e começam a avançar contra mim com adagas.

Ligo meu Lúmen de novo e o primeiro mog que vem brandindo sua adaga eu a tiro de sua mão com a telecinese e explodo uma bola de fogo em sua cara o fazendo ficar sem cabeça. Ele ainda fica de pé alguns minutos antes de começar a dissolver de cima para baixo e virar cinzas. Seu colega vem ávido para vinga-lo, mas uso a telecinese para cravar a adaga do colega em sua panturrilha e em seguida cravo meu escudo em seu esterno. O mogadoriano começa a asfixiar e vira cinzas também. Fico espantado em como estou ficando mais forte e então grito de dor ao sentir minha coxa ser dilacerada.

Um kraull se aproximou sorrateiramente e me mordeu na coxa, estou gritando de dor agora e não consigo tirar ele. Uso toda minha concentração nessa hora e o tiro usando minha telecinese, faço a criatura desprezível ficar girando no ar por alguns segundos e depois crio uma bola de fogo e a explodo em chamas. O animal também vira cinzas, mas não consigo me manter em pé, a ferida foi profunda demais.

Uso o escudo como apoiador e vejo um solado se aproximar de mim. Ele sorri vitorioso para mim nem sequer está com pressa, acha que já estou abatido a presa está acabada, acendo uma bolada de fogo e a jogo contra ele, mas o mog a apaga usando a espada gigante que traz consigo. Merda estou perdido, quando ele está prestes a chegar em mim um beija-flor se transforma em um rinoceronte e dá uma chifrada nele o jogando há dois metros dali.

— Bem na hora amigão! – digo feliz ao ver Bernie Kosar chegar para o resgate.

Vários disparos de mogadorianos começam a soar contra a carapaça de rinoceronte de BK e ele fica furioso e parte para o ataque. Tento lhe dar cobertura acertando bolas de fogo nos mogadorianos explodo alguns deles com uma ou outras bolas de fogo em seus peitos até que finalmente conseguimos reduzir quase todos os inimigos a montes de poeira.

Bernie vem até mim e vira um cavalo para que eu tente montá-lo, mas eu não consigo me mexer. Nessa hora tudo piora eu vejo os guardas e a polícia federal do aeroporto vindo armados gritando na minha direção e fico pálido – sério? Agora que eles vêm? Depois de um combate ferrenho contra o mogadorianos esses caras aparecem.

Digo mentalmente para Bernie Kosar ir ele começa a se negar a fazer isso, os policiais estão mais perto. Eu não me importo em ser preso, a Um pode tentar me tirar da cadeia, eles precisam resgatar a Sete do ataque eminente dos mogadorianos e não podemos ficar discutindo qual é a melhor estratégia. Começo a discutir até que BK voa em forma de águia para cima dos policiais os atrasando e me diz para pelo menos tentar chegar até o avião.

Dou um passo e caio no chão. Meu escudo agora que os mogadorianos se foram voltou para o bracelete e vejo Seis se preparar para sair do avião, mas digo para que fique. Quero que eles prossigam sem mim, vamos acabar sendo presos todos e quem não era fichado também vai ser, tudo por minha causa. Porque não consigo andar.

Se eu conseguisse chegar até o avião, até onde Seis está no sonho eu conseguia ir para qualquer lugar imediatamente como um passo de mágica. Como teletransporte, por que não posso fazer isso aqui? Por que eu não tenho esse poder aqui?

Se acalme John Uma voz muito igual a mim fala na minha cabeça. Relaxa, foque onde quer ir, mentalize e respire fundo é bem simples. No início eu também tive dificuldade, mas entenderá que lhe dei minhas memórias por um motivo. Agora respire, mentalize e veja para onde quer ir, no início é difícil, mas irá conseguir.

Eu não sei como isso está acontecendo, acho que estou delirando e enlouqueci. Foco em Seis, em ficar bem ao lado dela tento relaxa e esquecer tudo ao meu redor. Respirar fundo, relaxar, mentalizar, respirar fundo, relaxar e mentalizar. Sou tomado por uma sensação de vertigem como se estivesse numa montanha-russa e não estou tocando o chão, de repente eu sinto meus pés tocarem o algo de ferro e grito de dor por causa disso.

Seis me agarra para que eu não caia e me segura como se eu fosse frágil. Eu ainda não entendi o que acabei de fazer, olho para Henry e ele está de olhos arregalados para mim e depois sorri. Sandor está na cabine do piloto começa a gargalhar ao olhar para mim.

— Belo upgrade garoto! Sensacional! – ele berra empolgado.

Ouço um Kyah e Bernie Kosar entra e vira um beagle novamente, sinto cheiro de pelo queimado nele. Meu amigo ficou ferido novamente para me proteger e me sinto culpado por causa disso, mas ele diz que está bem e não foi nada grave.

As portas do avião começam a fechar e ouço barulhos de balas sendo ricocheteados contra a fuselagem da aeronave. Henry e Seis me ajudam a ficar numa poltrona do avião e a colocar o cinto e Sandor já está decolando a aeronave não temos tempo para ficar fazendo coisas sutis Seis se joga do meu lado e Henry na cadeira de trás e colocam os cintos também e começamos a ir para o ar imediatamente.

Seis começa a usar a pedra da cura em mim e sorrio para ela. Ela me olha ainda espantado, acho que não esperava que eu meio que me teletransportasse para a cara dela, sinceramente eu queria fazer algo mais heroico e engraçado como me chegar e dar um beijo nela e não aparecer praticamente moribundo e quase cair de cara no chão. A dor é horrível o ferimento foi profundo demais, não consigo evitar e grito em algum momento.

— Como fez isso? – ela me pergunta ajeitando o cabelo para trás da orelha delicadamente e tirando a pedra da minha perna. – Aprendeu a usar um Legado novo assim do nada?

Henry se levanta e dá uma piscadinha para mim discreta, ele quer saber dessa história também, mas certamente só depois que chegarmos na Espanha. A viagem será longa ele vai para a cabine do piloto e a fecha para nos dar privacidade. Ficamos lá eu Seis e BK que está descansando há dois bancos de distância de nós.

— Acho que é uma coisa sorte eu acho. – falo tentando sorrir.

— É sério, John. Você acabou de usar um Legado perfeitamente e nunca o usou antes. – ela fala séria. – Como fez isso?

— Eu não sei, Seis. – digo sério também. Não adianta explicar os meus segredos para Seis, ela também não conta os dela para mim.

Ficamos nos encarando por alguns momentos e vejo que o avião já está começando a se estabilizar. Nós ficamos no encarando um pouco e lembro do que Henry falou, me inclino para beijar Seis e ela recua um pouco.

— Espera John. – ela diz e percebo o medo em sua voz. – Não acho que isso seja certo.

— Por que? – eu pergunto.

— Estamos em guerra John. – Seis comenta e fica com um ar distante. – Se ficarmos desse jeito acabaremos prejudicando os outros, pessoas vão morrer John. E precisamos estar preparados para tudo e não podemos ficar preocupados com um com o outro o tempo todo, isso vai nos deixar distantes na guerra. Entende?

Olho para o banco e me inclino um pouco, penso em tudo que aconteceu. Em todo o sofrimento, de nada adianta a morte vem de qualquer jeito, lembro do que Adamus falou sobre o que o amor é para os mogadorianos e para os lorienos. Olho para Seis.

— Entendo, mas também entendo uma coisa, hoje nós dois quase acabamos de morrer. Nós estamos indo para uma batalha que poderemos morrer e eu não quero ir para uma batalha sabendo que perdi a chance de poder ter estado uma última vez contigo antes de tudo isso acontecer. Sabe, o que eu aprendi ultimamente Seis é que a gente não pode mudar nosso passado, não podemos prever tudo que acontecerá no nosso futuro, mas nós temos nosso presente. E meu presente é você Seis.

Ela fica me encarando alguns segundos e vejo a expressão de Seis mudar ela fica do mesmo modo que a vi no quarto naquele dia, a armadura cai. Eu encosto a mão em seu rosto e o acaricio penso em tudo que Seis já passou e nunca contou para ninguém.

— Eles a torturaram John, a minha Cêpan. – ela me olha e vejo seus olhos ficarem marejados de novo. – Só a mataram depois que comecei a falar, foi horrível.

Ficamos abraçados mais alguns momentos e eu aperto o botão para reclinar das poltronas e ficamos deitados nelas abraçados. Eu conto das minhas visões do futuro para Seis, omito a parte das mortes, não acho que seja relevante saber quem de nós ficou vivo e também não quero que ela saiba eu nunca chorei por sua morte no futuro, mas aquele não era eu.

— Acho que o que eu usei, não era meu Legado. – tento explicar. – Quer dizer, não era meu Legado em si, acho que eu tenho um Legado que me permite copiar o Legado dos outros.

Seis ri e fica me olhando.

— Isso seria um Legado bem bacana.

Bocejamos e eu noto que ela se aproxima mais de mim para que possamos dormir juntos. Seis é o presente, como eu mesmo disse. Não sei o que acontecerá depois e quero aproveitar depois e então ela repousa a cabeça em meu ombro e eu olho para ela sorrindo.

— Não tem beijo de boa noite? – pergunto tentando parecer sedutor.

— Não força a barra Johnny. – ela fala sussurrando sorrindo e então se aproxima de mim. – Só um, acho que não vai fazer mal.

— Acho que você não corre o risco de se apaixonar. – Uso minha telecinese e a faço o seu rosto encostar no meu.

Foi um beijo lento e novamente eu me sinto como me sentia beijando a Sarah. Me sinto bem e mal por isso, mas tento afastar esse pensamento, quero aproveitar esse momento. Continuo a beijando e depois olho para Seis.

— Boa noite, Seis. – dando um sorriso para ela.

— Boa noite, Quatro. – ela fala, e não entendo porque usou meu número, mas gostei de usar o Quatro. Acho que John Smith está sendo alguém que está morrendo para mim.