~Parte 1~



“Certo dia em que Elizabeth estava caminhando, relendo a última carta de Jane, especialmente um trecho que parecia provar que Jane estava deprimida, viu, ao levantar os olhos, que se encontrava diante do coronel Fitzwilliam e não o sr. Darcy, com tinha suposto.” -

(Orgulho e preconceito; cap. 33 )

Depois de guardar a carta, Elizabeth forçou um sorriso para o coronel, trocaram comprimentos, então passaram a andar juntos em silêncio. Até que o coronel disse:

“Tudo bem srta. Elizabeth?”

“Sim, estou bem. Por quê?”

“Bom…” Ele apontou para o próprio rosto. “Sua testa está franzida.”

“É que, quando o senhor chegou meus pensamentos não eram muito agradáveis.”

“E agora eles não estão melhores? Pensei que gostasse ao menos um pouco da minha companhia.” Ele sorriu.

“Agora, eu acabei me perdendo em pensamentos.”

“Ah… me diga que tipo de pensamentos são esse?”

“O senhor não vai gostar de ouvir.” Ela voltou a franzir a testa. “Não quero te ofender.”

“Pode falar, vou me esforçar para não ficar ofendido, e se ficar não vou jogar a culpa em você. Eu sou um pouco curioso sabe?” Ele piscou.

“Estou vendo.” Ela pensou um pouco. “Tudo bem bem, eu vou dizer, mas já vou avisando que o senhor não vai gostar.”

“Sou um soldado, posso suportar.”

“Certo… Coronel… Por que o sr. Darcy pensa tão pouco de mim?”

De todas reações que ela esperava, surpresa não era uma delas. “Não gostar de você? Darcy? A senhorita está enganada!”

“Como? Ele olha pra mim como se eu só possuísse defeitos! Nunca me elogia e sempre parece estar insatisfeito comigo!”

“Srta. Bennet, a senhorita interpretou mal o meu primo. Há pouquíssimas pessoas nesse mundo capazes de faze- lo sorrir ou se sentir animado. Ele é muito tímido. E...” Ele parou de falar

“Sim, timidez. Perdão coronel, mas eu nunca vi um homem tão mal humorado como o sr. Darcy!”

“Ele tem os seus motivos.” O coronel ficou nostálgico. “Darcy, nunca foi um homem extravertido, mas já foi muito feliz. Ele era sempre visto sorrindo e se não estava sorrindo estava de bom humor.” Elizabeth, não conseguia visualizar esse sr. Darcy.

“Darcy me considera um dos melhores amigos dele, mas eu não posso dizer que eu já fui seu melhor amigo. Esse título pertencia a prima dele Lady Anne Stevens.

“Eles passavam tanto tempo juntos, que toda família assumiu que eles iriam se casar. Durante anos eles tentavam negar o seu amor crescente, só para não concordar com seus pais. Mas não ano que Anne debutou e foi cercada por pretendentes, Darcy não aguentou de ciúmes. Eles anunciaram o noivado e se casaram naquele ano. Darcy tinha dezenove e Anne dezessete.”

“O sr. Darcy é casado?” Ela não podia acreditar. Como era possível? Ninguém falava disso, na verdade falavam de seu noivado com outra Anne!

“Não ele é viúvo.” O coronel disse em uma voz sem vida, provavelmente pensando na tristeza do seu primo.

“Mas ninguém fala sobre isso!” Se olhos parecia a ponto de pular para fora do rosto.

“Todos amigos e a família evitam o assunto. É doloroso para ele. E os membros da Elite preferem ignoram esse fato, ele só é o rico sr. Darcy, nada mais.”

“O que aconteceu com ela?” Sua curiosidade era enorme.

“Bom eu vou tentar manter a ordem cronológica dos fatos:

“O tempo em que os dois estiveram casados não havia como negar, eram o casal mais apaixonado da Inglaterra. Eles viviam sorrindo de felicidade. Meu tio não suportava ter os dois por perto!” Ele riu sem humor. “Minha tia, a mãe de Darcy, já tinha morrido nessa época.

“Depois, de um pouco mais de um ano de casamento Anne estava grávida e, como se fosse possível, a felicidade deles aumentou mais ainda.”

“O sr. Darcy é pai!?” Essa história ficava cada vez pior.

“Eu vou chegar lá srta. Bennet.”

“Claro.” Ela disse envergonhada, estava parecendo uma criança.

“Apesar de toda felicidade Anne teve um parto difícil. Por favor não interrompa.” Ele levantou a mão para silenciar a moça. “Ela não morreu no parto, mas ficou muito fraca. Ela deu a luz a gêmeos, um menino e uma menina, Rupert e Sofia.

“Como ela estava fraca um ou dois meses depois ela pegou uma febra muito forte e acabou não resistindo. Ela perdeu a lucidez enquanto a vida se ia de seu corpo aos poucos, só recuperando nos seu últimos segundos. Darcy nunca contou isso para ninguém além de mim, mas eu sinto que devo te contar. Em seu últimos suspiros ela disse: “Você vai ser um excelente pai, cuide dos meninos. E encontre outra mulher para ocupar seu coração.” Acho que Darcy disse que isso não era possível, mas ela o fez prometer, quem recusaria algo a um moribundo? Até onde eu sei suas últimas palavras foram simplesmente “Eu te amo.”

“Pobre sr. Darcy.” Lizzy sussurrou.

“Sim. Depois disso o homem feliz que eu conheci se transformou em um homem triste, mas ainda capaz de sorrir, e seus filhos os único capazes de o fazer rir de verdade.”

“Bom, agora eu acho que o entendo um pouco.”

“Senhorita, esse não é o fim da história.

“Rupert viveu somente até um ano e meio de idade. E Darcy se tornou e expressão da melancolia, sem capacidade de um sorriso sincero. Sofia ainda é capaz de trazer felicidade para sua vida e sua irmã, Georgiana, as vezes também consegue esse feito.”

“A menina sobreviveu?” Elizabeth sentiu que o sr. Darcy ainda tinha um fio de esperança.

“Sim, ela é tão tímida quanto Darcy, eu acho que se Rupert estivesse vivo seria como a mãe extremamente extrovertido.” A esposa do sr. Darcy era uma mulher animada? “A cinco anos o pai de Darcy também morreu e ele parece ter se tornado incapaz de demonstrar emoções, só lapsos ocasionais. Claro, eu acho, que ele só vai mostrar as emoções para a filha.

“No geral ele nunca parece realmente gostar ou desgostar de algo, mas eu o conheço antes eu depois da transformação e te digo, ele não vê nada de errado em você.”

“Obrigada coronel, o senhor me deu muito o que pensar.”

O coronel querendo provar que seu primo era um bom homem resolveu acrescentar mais uma história.

“Ele, apesar de tudo, se preocupa muito com seus amigos e parentes, ele sabe o valor de tudo isso. Na verdade, ele não pode aceitar que nenhum de nós case sem amor. Acho que ele me daria uma espécie de dote, só pra não precisar casar com uma mulher que não amo. Ele até livrou um amigo seu, o sr. Bingley de um casar sem amor.”

“O quê!? Ele sugeriu que ela era uma casadora de fortuna?” Isso não podia ser!... Jane…

“Não, até onde eu sei a moça era muito boa… Era… a família dela… E como ela não o amava…”

“Como ele podia ter certeza?”

“Ele a observou. Foram com as melhores intenções.”
“Claro que foi.” Ela revirou os olhos, mas então percebeu que devia ser verdade. O sr. Darcy conhecia a vida com e sem amor, talvez ele só estava tentando proteger seu amigo certo? E se ela conseguisse falar com ele e explicar tudo...

Não falaram mais sobre assunto e logo chegaram a casa paroquial. Elizabeth tinha muito o que pensar e quanto mais pensava mais perguntas ela tinha. O sr. Darcy sofria de coração quebrado? Ele não a odiava? Mas e o que ele tinha dito? E quanto a Jane e o sr. Bingley?

Logo ela tinha uma dor de cabeça que a impediu de se juntar ao jantar em Rosings.

Ela como se para se torturar mais passou a ler as cartas de Jane. Sempre notando algo que mostrava o seu coração partido. Elizabeth ficava com os sentimentos confusos ao ler essas carta. Ela se lembrava que o sr. Darcy foi o principal meio de separação de Jane do sr. Bingley, e sentia raiva, mas depois ela lembrava dos seus motivos e infortúnios, e sentia empatia por ele. Ela se sentia divida em culpa- lo e justifica- lo.

Foi no meio desse turbilhão de emoções, ela se viu em frente ao próprio sr. Darcy. Uma vez que ela estava lendo em uma sala de estar não, tinha como ele ser mandado embora.