~Parte 2~

“Darcy ficou sentado durante alguns instantes e depois, levantando- se, se pôs a caminha pela sala. Elizabeth ficou espantada, mas não disse nada. Depois de um silêncio de alguns minutos, aproximou- se agitado e disse:

“Em vão venho lutando comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que me permita dizer- lhe que eu a amo ardentemente.

O espanto de Elizabeth não teve limites. Olhou fixamente para ele, enrubesceu, duvidou e ficou calada. Mr. Darcy considerou a atitude um encorajamento e imediatamente lhe fez a confissão de tudo o que sentia e havia muito vinha sentido.” - (Orgulho e preconceito; cap. 34 )



Durante os próximos minutos o sr. Darcy falou sobre como esse não era o tipo de casamento esperado para ele, mas como ele não se importava. Falou da família dela. E falou da falecida esposa e como em memória dela ele tentou negar seu sentimentos, mesmo depois de uma promessa que ele tinha feito quando ela morreu. Mas apesar de tudo ele não podia nega- los.

Depois de ouvir tudo o que ele a tinha dito, reuniu seus pensamentos. Ela não podia deixar de se sentir ofendida, mas não queria deixa seu temperamento tomar conta da sua resposta. Afinal diante dela estava um homem que já havia tido seu coração partido.

“Senhor Darcy, eu não sou insensível a sua luta e seus sentimentos. Mas eu não posso aceitar um homem que me desaprova dessa forma e que vai me comparar o tempo todo ao fantasma da antiga mulher. Eu não posso viver tentando me encaixar no que sua esposa foi; eu não sou assim. Então minha resposta é não. E espero que você possa superar seus afetos por mim.”

Ele abriu a boca para falar, mas nada saía, só emitiu alguns grunidos. Depois de algum tempo ele encontrou sua voz. Não da forma que esperava mas era alguma coisa.

“Eu não te comparo…” Mesmo não estando totalmente composto ele teria terminado a frase se não tivesse sido interrompido.

“Além do mais…” Os olhos de Elizabeth brilharam com lágrimas não derramadas. Como ela podia defender sua irmã e não magoar um coração despedaçado!? “O senhor foi o principal motivo de Jane, o mais doce coração que eu conheço, estar sofrendo agora! Acabou com a felicidade da minha mais amada irmã.”

“Nunca foi minha intenç…”

“Desde que eu te conheci achei que me desprezava. Só agora eu descobri que não. O senhor nunca demostrou o menor sinal de afeto!”

“Eu sinto muito.” Ele sussurrou. Ela podia estar tentando esconder, mas ele viu a lágrimas, afinal tinha tido experiência com Anne. “Eu não sabia que meus sentimentos não eram conhecidos, nem sabia da sua irmã. Mas agora eu gostaria de reparar meus erros.”

“Pare.” Foi um leve sussurro, mas parecia um grito. “Você não consegue ver? Eu não te amo.” O rosto dele despencou. “Até hoje mais cedo eu te odiava. Não faça as coisas piores do que já são.” As lágrimas transbordaram. “Não me faça ser mais um dano ao seu coração.”

“Você não me ama.” Foi dito mais pra si próprio.

“Não, e nunca poderia.” Ela olhou para os pés.

“Não diga isso. você não sabe.” Ele disse com veemência, na verdade foi o tom de voz mais forte que ele tinha usado desde a rejeição.

“Está dizendo que me conhece melhor que eu mesma!?” Piedade ou não ela não ia aceitar essa presunção! “O diz isso por experiência própria, conseguiu convencer uma mulher a se casar com você e agora planeja fazer o mesmo com outra.” Ela sabia que era uma facada ,mas sua raiva não deixou espaço para outra coisa.

A mudança no rosto do sr. Darcy foi visível a primeira vez para Elizabeth. Primeiro dor, então angustia, culpa, e então algo próximo a raiva. Ele se virou de costas para Elizabeth. “Você não sabe nada.”

“Não sei? Eu sei que está sofrendo por causa dela, eu seria apenas uma substituta.”

“É óbvio que eu sinto falta dela, antes de apaixonar por ela, eramos primos. É natural que eu tenho saudade, que toda vez que olho para Sofie vejo a mãe. Mas não sofro mais, não deixo de amar minha filha por isso.” Ele se virou rapidamente e olhou nos olhos dela de forma que não havia como desviar o olhar. “Anne morreu, eu não. O que sou hoje não é resultado de um evento separado. Como eu disse antes, não sabe de nada.” Ao final do discurso com tantos desgosto que beirava o desprezo.

“Sinto muito por sua família.” Ele disse um pouco envergonhada.

“Quem te disse sobre a minha família?” Falou com um brilho no olhar. “Como se eu não soubesse.... O que foi que ele disse?”

Elizabeth deu um resumo das informações que ela havia recebido nessa tarde.

“Esse é uma parte.” Ele suspirou. Nessa noite ele estava mais aberto do que em todo tempo que ela o conhecia. “Do jeito que ele conta… me faz parecer mais apaixonado, intrépido.” Ele riu sem humor. “A verdade é que eu fiz Anne sofrer muito antes de me declarar.

“Como meu primo conta, nós declaremos muito cedo que não nos apaixonaríamos um pelo outro. Aproximadamente um ano, um ano e meio antes dela debutar, Anne descobriu que isso não ia acontecer e ela se viu me amando. Lógicamente que, sendo uma dama, ela escondeu isso. De certa forma muito parecido com a srta. Bennet, porém atrás do que parecia bom humor.

“Eu estava apenas começando a descobrir o mundo e, fascinado, deixei de notar os sentimentos da pessoa que achava que mais conhecia no mundo.” A culpa no olhar dele era quase palpável. Novamente ele estava de costa para Elizabeth, olhando o pôr-do-sol na janela. “Meses depois o meu primo mais velho, o irmão de Anne, perguntou quais eram minhas intenções com sua irmã, por que eu dava tanta atenção. Eu não sabia que Anne estava apaixonada, por isso pensei que nossa amizade continuava a mesma.” Ele riu novamente.” Nunca vi o pacífico Christian tão zangado na minha vida, ele teria me chamado para um duelo naquele dia. No meio do meu discurso eu disse algo como: “Você sabe minha relação com Anne, isso nunca vai mudar, eu não amo Anne dessa forma nunca poderia a amar!”

Ele olhou novamente para Elizabeth, a dor e a culpa escorrendo no rosto e agora seus olhos estavam brilhantes com lágrimas. “Você diz que magoei o mais terno coração do mundo separando Bingley de sua irmã; mas naquele dia dia eu fiz isso também. Eu era pretensioso eu não vi que machucava uma das poucas pessoas que teria piedade até do pior inimigo.

“Depois de dizer aquelas palavras, eu sai da biblioteca, e encontrei Anne sentada em um cadeira com uma bandeja na mão, ela gostava de servir o chá para mim, o irmão e o pai sempre que podia, os olhos dela estavam sem foco. Eu logo sabia o que tinha acontecido. Tive a capacidade de me ajoelhar na sua frente e dizer. Ele foi inundado pela memória

“Você endente que eu não… eu sinto muito…” Ele tomou as mãos delas nas sua, mas Anne puxou de volta. E lhe lançou um sorriso doloroso.

“Não você explicou seus sentimento. Agora só posso me envergonhar dos meus.” Tocou o ombro dele, como se o consolando, como se nada estivesse errado com ela e saiu, deixando a bandeja em cima de uma mesa.”

O senhor Darcy suspirou. “Eu achei que tinha sido punido por isso quando ela debutou. Eram tantos pretendentes… e eu estava descobrindo meus sentimentos. Mas claro, por ter magoado um bom coração como eu fiz eu mereci muito mais.”

“O coronel não…”

“Ele não sabe só Christian, Anne e eu.”

“Eu sinto muito… Deve ser…”

“Eu não quero sua piedade srta. Bennet!” Ele quase gritou. “Não é o que quero.”

“Sr. Darcy… Eu não posso…”

“Só me dê a oportunidade. Me deixe corteja- la ao menos.”

“Senhor, se eu aceitar seu pedido, sabe que será piedade.”

“Eu sei.” Seu ombros caíram.

“E quer que eu concorde por piedade?”

“Eu quero corteja- la para que deixa de sentir piedade e sinta carinho, amizade, amor…” Sussurrou a última palavra.

“Se eu aceitar o seu pedido… é quase garantido que eu não possa retribuir seu sentimento no futuro…” Ele esperou pacientemente pelo resto. “Não quero ser substituta para sua falecida esposa…” Ele balançou a cabeça. “Talvez sua filha não me aceite. Esta disposto a tentar?”

“Acho que vou me arriscar Srta. Bennet.” Ela então o viu sorrir pela primeira vez.

“É um homem corajoso.” Ela sorriu de volta.