Dois dias depois...

A família Incrível estava à disposição. Beto, vulgo sr. Incrível, estava jogando bola com o Flecha, que estava estreando a sua velocidade, enquanto o pequeno Zezé estava empilhando bloquinhos coloridos. Já Helena, vulgo Mulher-Elástica, estava chegando do supermercado com a Violeta. Beto parou a partida e foi tascar um beijo na esposa, que saía do carro.

– Oh, Beto. - disse ela. - Jogando partidas com o Flecha?

– É claro, amor. - falou ele. - Afinal, não temos preocupação em esconder os superpoderes.

– Lembre-se que temos a identidade secreta. - Helena lhe deu sermões. - Todo super-herói precisa de identidade secreta.

– Ah, é mesmo. - Beto se lembrou. - Mas valeu o sermão.

E se beijaram. Lá do quintal, Flecha batia o pé.

– Pai, e a partida?

– Ah - ele se lembrou. - Jogaremos mais tarde. Agora tenho que ajudar a sua mãe a levar as coisa para dentro.

Flecha fechou a cara, depois deixou as coisas rolarem. Violeta saía do carro carregando o pacote de compras. Ao entrar, ela ralhou com o irmão:

– Não fique aí parado, Flecha. Vem ajudar.

– Já estou indo. - disse, sem jeito.

Depois de ajudar a carregar os pacotes para dentro de casa, Violeta se lembrou de uma coisa: o seu primeiro compromisso. Justo com o colírio mais cobiçado pelas garotas da escola.

– Xi, mãe, lembre do meu compromisso com o... - ela iria completar a frase, se não fosse pelo Flecha.

– O Toninho Rodrigues! - tirou satisfação.

– Não amola, Flecha! - reclamou Violeta.

– Flecha! - Helena ralhou com o filho. Depois se virou para a Violeta. - É claro que eu estou lembrando, Vi. Mas ainda é cedo. A que horas começa o filme?

Violeta coçou a cabeça, pensativa.

– Ainda não decidimos. Mas o nosso encontro vai ser à noite, a partir das seis horas.

– E que horas são? - Helena perguntou.

– Dez para as cinco da tarde! - gritou Beto.

– Então, ainda é cedo. A partir das vinte para as seis, você já começa a se arrumar.

– Ok. - a morena assentiu.

Enquanto ia para o seu quarto, Helena perguntou:

– Você não vai comer?

– Estou sem fome. Obrigada.

E assim, fechou a porta do seu quarto. Pegou um exemplar de O Hobbit e começou a ler na cama.

"No dia seguinte à batalha com as aranhas, Bilbo e os anões fizeram um último e desesperado esforço para encontrar uma saída antes que morressem de fome e de sede."

•••

Vinte para as seis. Violeta correu para se arrumar. Do armário, retirou uma camisa xadrez vermelha e vinho, uma calça jeans, um ankleboots preto e um cardigã marrom. Penteou os cabelos e pôs uma tiara vinho. A partir da longa desventura que teve, quando teve que enfrentar o Omnidróid com a sua família, no centro financeiro de Metrosville, ela passou a colecionar as tiaras. A primeira, ela a encontrou no fundo da bolsa da mãe, depois que ela partiu para salvar o seu pai, que estava nas mãos do Síndrome.

Depois, seguiu direto para a sala de jantar, quando a família estava reunida ao redor da mesa comendo. Sua mãe estava papando o pequeno Zezé, fazendo caretinhas. Flecha reclamou:

– Mãe, está fazendo careta outra vez.

Helena tratou de responder ao filho, enquanto dava de papar o Zezé.

– Humm... Não estou, não.

Mas Beto interveio, lendo um jornal na mesa, enquanto come.

– Está fazendo sim, querida.

E a mulher virou o rosto, com uma das sobrancelhas arqueadas, como se fosse óbvio.

– Você tem que ler na mesa, Beto?

Ele assentiu, balançando de leve a cabeça. E Helena se virou para a filha.

– Já está pronta, Vi?

– Claro. - ela assentiu com um sorrisinho. - Ele deve chegar aqui às seis em ponto.

Helena concordou, esbanjando um sorriso cerrado. Mas Flecha sussurrou, tomando um gole de água.

– Ela e o Toninho deveriam casar, se ela o ama.

Isso encheu a cabeça da morena! Ela enrugou o cenho.

– Cala a boca, Flecha! - ela arquejou.

– Vão se casar! - Flecha caiu na gargalhada.

– Seu mala sem alça! - ela revidou.

– Ela vai sim!

Mas Helena deu um basta nisso.

– Crianças, não gritem na mesa, vocês dois! - e depois olhou para o marido, que lia ininterruptamente o jornal. - Amor!

– Crianças, obedeçam à mamãe. - falou, indiferente ao fato. Helena ficou cheia disso.

Minutos depois, ouviu-se o som da campainha. É ele, pensou a morena. Mas, na hora em que ela ia abrir a porta, o Flecha, com a sua velocidade, abriu a porta. Era o Toninho propriamente dito.

– Ah, o futuro noivo da Violeta!

– Flecha! - Violeta gritou. - Ah, não ligue para o mala do meu irmão. Ele só abre a boca para dizer asneiras.

– Não tem problema, Vi. - disse ele, pegando leve. - Já me acostumei com os boatos.