Quando Sebastian acordou a única coisa que conseguia ver era o céu claro e limpo. Olhou para o lado e viu duas meninas, uma delas era bem alta, tinha cabelos castanhos cacheados. Já a outra, tinha estatura mediana, cabelos loiros e pele bem clara. Sebastian continuou observando as belas meninas enquanto tateava o chão em sua volta. Sentiu uma superfície lisa e fria e logo percebeu que estava em uma extensa e lisa camada de algum tipo de metal. Quando voltou seu olhar para cima avistou uma menina baixa com cumpridos lisos cabelos pretos e lindos olhos castanhos avançar para cima dele com uma faca lhe abrindo um profundo corte no antebraço. Rapidamente levantou-se e pulou em cima dos ombros da menina apunhalando a faca de sua mão.

–O que quer de mim? -berrou o menino magro e com poucos músculos a mostra. -Por que fez isso? -continuou gritando como louco com seus belos olhos muito azuis um pouco cobertos por alguns fios de sua cabeleira negra.

Sebastian tentou lembrar de algo. Do porquê de estar naquele vasto campo a céu aberto cercado por um alto muro de pedra. Mas não lembrou de nada, além de um nome "pulando" de um lado para o outro dentro de sua mente.

–Sebastian... -sussurrou o menino para si mesmo largando a menina dos cabelos quase tão negros quanto os dele. -Meu deus... -continuou o menino em uma falha tentativa de lembrar de algo.

Quanto mais ele tentava se lembrar de algo, maior era a terrível sensação de pânico. Dentro de sua mente algo lhe dizia que estava se afogando. "Não" pensou Sebastian. "Antes fosse um afogamento".

–Desculpe te atacar... Me dê isto aqui... -falou a menina pegando a faca, de novo, da mão de Sebastian. -Ótimo agora se acalme. -continuou enquanto observava o menino recuperando o fôlego.

Um longo momento de silêncio foi cortado por uma menina saindo de um buraco no centro da superfície de metal ate então não notado por ninguém com pacotes de comida em uma mão e uma tábua de madeira na outra. -Vão me ajudar ou não? -falou a menina calmamente.

Logo após seu longo momento de um forte e sofrido pânico, Sebastian tentou conversar com ela.

–Oi, o que você quer?

–Cala a boca Sebastian. -falou a menina dos cabelos negros. -Ela precisa de ajuda.

–Aqui têm muita comida, algumas laminas, ferramentas, pregos e madeiras, alguns papeis e uma espécie de liquido estranho. -falou a menina de cabelos loiros, cumpridos e lisos, e olhos azuis bem claros ignorando os comentários dos "companheiros".

–Meu nome é Esther. -falou a menina dos cabelos negros enquanto estendia a mão para a loira que continuava pegando coisas e tirando-as da "Caixa".

–Eu sou Alice. -falou a menina largando duas tábuas de madeira apertando a mão de Esther. -E você deve ser Sebastian. -continuou, olhando agora para o menino.

–É o que parece. -respondeu Sebastian rapidamente. -O quê são aquelas aberturas no muro?

–Não sei e não quero saber. -respondeu Alice sem parar de pegar alimento e armas do buraco.

Então Esther saiu correndo e passou por uma das quatro fendas.

Sebastian tentou para-la. Mas já era tarde de mais.

–Ela vai voltar. Você vai me ajudar ou não? -perguntou Alice para Sebastian.

–Vou. É pra já. -respondeu Sebastian enquanto pulava em um rápido movimento para dentro da Caixa.

Um longo tempo de "retirada de itens" se passou até que Sebastian voltou a falar.

–Então? Acordou muito antes de nós?

–Alguns minutos. -respondeu Alice sem parar de retirar as coisas da Caixa.

–Você ficou tranquila? -perguntou Sebastian.

–Não. Fiquei andando de um lado para o outro como uma barata tonta murmurando coisas como "O que está havendo?", e "Que lugar é este?", completamente confusa. -respondeu ainda tirando coisas da Caixa. -Agora volte a trabalhar e siga as novas regras.

–Se lembra de algo? -perguntou Sebastian. -Regras?

–Não. Não me lembro de nada. -falou a menina dando a primeira pausa no trabalho em muito tempo. -E eu acho regras extremamente importante. E a primeira é esta: tire as coisas.

Enquanto isso, Esther, havia ultrapassado a fenda e avistado varias paredes formando um enorme labirinto com paredes imensas.

Quando Esther viu que estava anoitecendo decidiu voltar em direção aos amigos.

Apesar de ter andando bastante, tinha um ótimo senso de direção, então rapidamente avistou a "Clareira". Mas com a mesma rapidez que viu a clareira, viu os muros "andarem". O da direita ao encontro do da esquerda. Então ficou muito assustada, mas manteve a calma e começou a correr. Não era uma excelente atleta, mas sua velocidade deu para o gasto.

–Sebastian! -gritou sem parar de correr. -Alice, droga! -continuou tentando chamar atenção.

Sebastian e Alice, ao ouvir o chamado de Esther largaram os últimos itens para fora da Caixa e correram em direção à fenda onde se encontrava a menina correndo deixando os itens junto às duas meninas ainda desacordadas: a de cabelos castanhos e a loirinha.

–Esther corre! -gritou Alice preocupada ainda correndo na direção da companheira.

–Estou indo! -gritou Esther já completamente calma, mas ainda correndo.

Sebastian foi o primeiro a chegar perto do muro se fechando.

–Vamos! Você consegue. -gritou o menino mesmo sem esperanças de que a menina conseguiria quando ela tropeçou e caiu do lado de dentro do muro labirinto. -Droga! Ela não vai conseguir! -gritou Sebastian agora de joelhos no chão ainda esperando Alice que vinha correndo, quando um vulto passou ao seu lado entrou no labirinto e começou a arrastar a menina para fora. Era a menina alta de cabelos castanhos cacheados que Sebastian avistara logo após acordar mais cedo.

–Vamos! Levante. -gritou Alice se acomodando ao lado de Sebastian, mas perdeu as esperanças ao ver um corte que vazava sangue na parte superior da cabeça de Esther desacordada. -Largue ela! Ela não tem mais chances