Todos olharam na direção do grito e no mesmo momento todos se desesperaram, principalmente Bryan!

- Jessi, ajuda aqui, rápido! - Corri até ele que estava com Lili nos braços. - A bolsa dela estorou, vai nascer!!!

- AAAAAI QUE DOR, ME TIREM DAQUI AAAAi - Lilian berrava com as mãos na barriga quase chorando de dor.

Bryan e Bruno seguraram ela apoiando-a em seus braços e Bryan foi com ela até o hospital mais próximo da igreja. Bryan pediu para que eu encaminhasse todos os convidados até o salão de festa e disse que assim que chegasse no hospital me ligaria. Mas quem disse que eu fiz isso? Era a minha amiga que estava entrando em trabalho de parto, eu jamais ficaria numa festa enquanto ela estava lá no hospital dando à luz à criança que seria uma parte de mim também, afinal, eu seria a madrinha. Deixei Bruno cuidando de tudo e peguei um taxi logo em seguida, entrei no hospital e vi Bryan sentado com as mãos na cabeça.

- Cadê ela? - Perguntei tocando no ombro dele.

- Já levaram ela lá pra dentro, as contrações estavam fortíssimas. Perguntaram se eu queria assistir o parto, mas você sabe que eu tenho nervoso de ver sangue, preferi ficar por aqui. - Era engraçado o modo como as pessoas nos olhavam, ficavam se perguntando o que nós estávamos fazendo ali com aqueles trajes.

- Faz tempo que levaram ela? Será quue se eu pedir pra entrar eles deixam? - Perguntei.

- Não sei... ali a enfermeira que nos recepcionou quando chegamos aqui. Fala com ela, vou ficar mais tranquilo se você estiver lá com ela. - Bryan falou olhando na direção do imenso corredor da maternidade.

Fui falar com a enfermeira, expliquei toda a situação e ela permitiu minha entrada, vesti aqueles jalecos e uma máscara antes de entrar na sala.

- Tô indo lá, vai dar tudo certo, fica calmo. - Falei com Bryan antes de acompanhar a enfermeira.

Entramos na sala de parto e lá estava ela, meio dopada eu acho. Fui para perto dela e em silêncio apenas segurei a mão de Lili, que correspondeu apertando-a. Aquele momento foi bem diferente do que eu sempre imaginei, eu imaginava que Lili faria um escândalo gritando, mas não, ela até que estava calma, mesmo assim, acho que deram algum tipo de anestesia para ela, sei lá, não entendo muito disso, rs.

Fiquei aflita quando vi o obstetra cochichar algo com um enfermeiro, balançando a cabeça negativamente. O que será que estava acontecendo? Por que eles estavam tão sérios? Eu sentia Lili apertar minha mão cada vez mais forte, ela fechava os olhos e apertava cada vez mais minhas mãos.

- Estamos com uma complicação, o parto dela não poderá ser normal. - Pude ouvir o médico responsável falar para a enfermeira que me acompanhou.

Olhei para Lilian e ela estava com um jeito estranho, parecia querer dormir.

- Não não não, senhorita, não deixe sua amiga dormir, por favor. - Ouvi a enfermeira falar enquanto saía da sala.

Aquilo me deixou mais aflita ainda, por que será que eles disseram que o parto havia tido uma complicação?

- Lili, olha pra mim. - Falei tocando o rosto dela.

- Cadê meu filho? Ele já nasceu? - Lili estava sim sob efeito de anestesia, como eu imaginava.

- Ainda não, mas logo logo ele ou ela estará em seus braços. - Respondi dando-lhe um sorriso.

- Eu não vou aguentar Jessi, tá doendo dem... - Lili tentava falar e respirava fundo, parecia estar sentindo pontadas fortes.

- Vai sim, para com isso, o Bryan está lá fora esperando o momento de ter vocês ao lado dele. - Falei segurando suas mãos novamente.

Olhei para o médico responsável que me fez sinal de silêncio, aquele clima tenso já estava me agoniando. Fiquei ali por longos minutos, sentindo Lili apertar minhas mãos cada vez mais forte. O que antes eu achava que seria fácil, se tornou complicadíssimo. Nada era como eu imaginava.

Meu coração acelerou no instante em que ouvi o choro de um bebê na sala, havia nascido! Não consegui ver qual era o sexo, pois algo me tirou a atenção: o obstetra segurava outro bebê nas mãos, esse com o choro mais alto que o primeiro.

Mas como assim? Dois bebês? Gêmeos? Olhei para Lili que apenas piscava lentamente e ela até então aparentava não estar sentindo o que tinha acabado de acontecer. Eu estava boquiaberta com o que tinha acabado de ver.

Os enfermeiros saíram com os bebês nos braços e o médico me olhou sorrindo, dizendo:

- São gêmeos! Parabéns, o parto não foi nada fácil, agora eu vou pedir para que a senhorita se retire um momento, para que nós possamos levar Lili até o quarto.

- E o sexo doutror? São meninos ou meninas? - Perguntei sorrindo.

- Um menino - muito forte por sinal - e uma menina - a mais chorona. - O médico respondeu com um sorriso de vitória, satisfatório.

Olhei para Lili que estava meio inconsciente a dei-lhe um beijo na testa antes de sair, eu estava completamente emocionada. Caminhei até a sala de espera e pude ver Bryan levantando-se rapidamente quando meu viu.

- E aí? Ela tá bem? Nasceu? É o quê, menino ou menina? Como foi? - Fui surpreendida por um bombardeio de perguntas.

- Ela tá meio inconsciente, mas tá bem. - Respondi apenas a primeira das várias perguntas de Bryan.

- Tá, mas e o meu filho? Ou filha, não sei... como está? É gordinho? Saudável? Me conta logo que eu não aguento mais esperar. - Bryan falou segurando meus braços.

Abracei ele por um instante e o olhei bem no fundo dos olhos.

- Jessi você tá me assustando cara, eu vou me innternar daqui a pouco por problema no coração. Me conta logo como está o bebê. - Bryan aflito era divertido de se ver, desculpem-me.

- Tá, senta aí porque eu sinceramente não sei como será tua reação. - Falei empurrando ele até uma poltrona. - Segura que a notícia é chocante. Você não tem um filho.

- O QUÊ? COMO ASSIM JESSI? O QUE ACONTECEU COM O BEBÊ? - Bryan perguntou desesperado.

- Calma!!! Você não tem um filho Bryan, você tem um filho e uma filha! São gêmeos!!! - Falei esperando uma reação de Bryan.

- GÊMEOS? UM CASAL? PUTA MERDA!!! - Puta merda, lá vem ele com essas palavras de novo, rs. - Meu Deus, eu sou pai de gêmeos! Não tô acreditando, não sei se sorrio ou se choro.

Bryan saiu caminhando em direção ao banheiro, sem me dizer mais nada. Sentei-me na poltrona e liguei para Bruno, avisando sobra o ocorrido. Bruno foi pego de surpresa também, mal pôde acreditar no que eu havia dito. Fiquei esperando Bryan, que não sei o que tanto fazia, pois demorou demais à voltar para a recepção.

Vi a enfermeira que levou os bebês e a chamei para perguntar sobre eles, ela sorriu e disse que estavam muito bem e que já tinham sido encaminhados para o berçário. Eu estava louca para vê-los, esperei Bryan que chegou um pouco depois da enfermeira e fomos até o berçário ver os bebês.

Eles eram lindos, umas fofuras, a menina mais meiguinha, mais chorosa e o menino mais agitado, mais malandrinho, não parava quieto, rs. Bryan parecia um bobo alegre olhando eles pelo vidro, muito fofa a expressão do rosto dele. Ficamos ali olhando eles por um bom tempo, até que a enfermeira viesse nos chamar para visitar Lilian no quarto.

Aquela noite havia sido uma surpresa e tanto.