“Os livros são pequenos pedaços do incomensurável.” - Stephan Zweig

Tentei ligar para o Nick e contar o que eu havia visto, mas ele não estava atendendo o celular. Depois de ligar mais cinco vezes, sem sucesso, enviei-o um e-mail.

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De: Beatriz

Para: Nicholas

Enviado: 23 de Janeiro, 17:05

Assunto: Livro

Nick, já te liguei várias vezes, mas você não atende. Preciso falar com você

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Um minuto depois que enviei a mensagem escutei um barulho no meu notebook, significando que havia chegado uma nova mensagem. Vi que era a mensagem do Nick e fui responde-la.

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De: Nicholas

Para: Beatriz

Enviado: 23 de Janeiro, 17:06

Assunto: Re: Livro

Oi Bia! Não posso atender porque meu celular estava carregando e não vi suas ligações, sobre o que quer conversar?

~Nick~

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Quando terminei de ler logo respondi.

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De: Beatriz

Para: Nicholas

Enviado: 23 de Janeiro, 17:06

Assunto: Re: re: Livro

É sobre o livro, O diário de Emily, mas só posso falar e mostrar pessoalmente, sabe aquela praça que tem no fim da cidade? Onde é meio abandonado? Me encontra lá em 30 minutos.

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Ele respondeu com um “ok” e eu fui me arrumar. Vesti uma blusa de mangas azul, um calça jeans clara e um tênis preto. Arrumei o cabelo em um rabo de cavalo, peguei O Diário de Emily e saí. Andei um pouco até o posto de ônibus e de lá fui até a praça.

Depois de cinco minutos cheguei na praça. Vi Nick chegando na mesma hora, em um outro ônibus. Ele me cumprimentou com um beijo na mão e sentamos em um banco perto de onde estávamos e começamos a conversar. Sentei-me e ele sentou ao meu lado.

A praça era grande, mas as pessoas não iam lá há anos. Era toda gramada, com grandes árvores e canteiros de flores rosas, roxas e azuis. Em alguns lugares tinham bancos de madeira. Havia um lugar proibido naquela praça, por onde ninguém podia passar.

–Hoje eu estava olhando o livro e vi que ele não tem todas as páginas escritas.

–Como assim?

–Olha – Falei abrindo o livro – As duas primeiras páginas estão escritas com a mesma letra do papel que lemos ontem naquela passagem secreta – Falei tirando o papel do bolso da calça – Já as outras páginas não estão escritas

Ele pegou o livro de minhas mãos e folheou as páginas. Depois de folheá-las pensou um pouco até voltar a falar.

–Isso pode ser algum tipo de charada, ou algo assim

–Como assim? – Perguntei confusa

–Vamos ler essas primeiras páginas e te explico o que acho que isso seja.

–Tudo bem – Falei pegando o livro das mãos dele novamente – Eu leio

–Você adora ler, não é? – Ele falou com um sorriso no rosto

–Sim – Falei sorrindo – Essa primeira parte está rasgada... Não consigo ler

–Deve ser a parte do papel que lemos ontem

–Deixa eu ver... – Falei colocando o papel no espaço vazio do livro – É isso mesmo

–Comece a ler Belatriz – Ele falou sorrindo

Seu sorriso era lindo, não conseguia parar de olhá-lo, seus dentes tinham um brilho, que me encantava cada vez mais. Sorri agradecendo o elogio e comecei a ler.

–Querido diário, meu nome é Emily, tenho 14 anos e estudo na Abigail. Hoje eu descobri um segredo, na minha escola existe algum mistério e eu e meus amigos vamos descobrir o que é. Hoje eu e minhas duas amigas fomos em uma praça abandonada da cidade e vimos uma casa abandonada.

Olhei um desenho que tinha da praça e me assustei, soltei o livro no chão e Nick ficou preocupado.

–O que aconteceu, Bia?

–A praça que ela falou no diário, é a praça que estamos agora!

–O que? Como você sabe? – Ele falou surpreso

–Olha o desenho...

Nick pegou o livro e olhou o desenho, era mesmo a mesma praça.

–Então a casa deve estar por aqui, acho que sei onde é. Você consegue continuar a ler?

Peguei o livro novamente, dei um suspiro e continuei a ler.

–Entramos na casa abandonada, ela era assustadora, ficava perto de umas árvores, parecia uma floresta. – Minha voz estava fraca, como se eu tivesse visto um fantasma.

–Já sei onde é! – Nick falou – Me segue

Ele segurou minha mão e me levou até o local. Era o lugar proibido, ninguém podia atravessar lá. Passamos por debaixo das faixas que impediam a passagem das pessoas e andamos mais um pouco até chegar em um lugar parecido com o lugar descrito pela Emily. Vi a casa. Dei mais um suspiro e entrei.

Quando entramos na casa vi que era toda de madeira, tinham dois andares. O lugar era cheio de teias de aranhas e por onde andávamos fazia barulho. As madeiras das paredes eram cinzas e o chão e o teto era marrom.

–O que diz ai no livro depois que elas entraram? – Nick perguntou

–Exploramos a casa – Continuei a ler – Subimos no segundo andar onde vimos muitas teias de aranhas, somente eu tive coragem de andar lá em cima. Depois que passei pelas teias de aranha tinha uma ponte de madeira, andei com muito cuidado e consegui passar. Entrei no primeiro quarto e vi uma coisa sinistra.

–O que ela viu?

–As páginas ficam brancas a partir daí

–Vamos subir

–E se a gente cair de lá? – Falei com medo

–É o único jeito de desvendarmos esse mistério... – Ele falou com um tom de preocupação

Dei um suspiro e subimos, a madeira rangia a cada passo que dávamos. Andamos um pouco até que vimos a ponte de madeira.

–Eu vou lá, você fica aqui – Nick falou indo em direção a ponte

–Não! – Falei – É muito perigoso para você ir sozinho, eu vou com você

–Você pode cair de lá – Nick falou preocupado

–Nós vamos desvendar esse mistério juntos! – Falei indo em direção a ponte

Após um suspiro de insegurança comecei a andar. Nick foi logo atrás. Após passarmos vi a porta do primeiro quarto, onde Emily havia entrado.

–Tem uma alavanca bem ali – Falei apontando para um lugar perto de uma porta de madeira que levava ao primeiro quarto.

–Vamos lá

Fomos até lá e tentei puxá-la, mas estava emperrada. Puxei com mais força e Nick me ajudou. Finalmente conseguimos puxá-la e a porta de madeira se abriu, mostrando uma passagem secreta.