O Misterioso Diário de Emily

Capítulo 11 - A Passagem Secreta


“Uma lembrança bonita não é saudade. Saudade causa incômodo físico. É quando o corpo diz mudo: - volta pra casa? E a alma, desnuda, responde: - quem sabe um dia...” – Eu me Chamo Antônio

Entramos pela porta da passagem secreta. Ao entrarmos vimos que lá parecia um quarto, a sede de um clube. O lugar era bastante velho, cheio de poeira. Tinha um sofá velho e um pouco rasgado atrás de uma mesinha de madeira. No lado esquerdo do quarto tinha um grande armário velho de madeira e no centro uma grande mesa e cinco cadeiras.

–O que será que tem por aqui? – Nick perguntou

–Devem ter coi...

Antes que eu terminasse a frase o livro na minha mão se abriu e começou a brilhar, soltei-o no chão e lá foram escritas novas palavras.

–Parece mágica... – Falei surpresa

–Bem como imaginei – Nick disse tirando a franja do olho - O que está escrito ai?

–Ao entrar, percebi que lá estava todo empoeirado, tinham móveis e teias de aranha por todo lugar – Continuei a ler o diário – E olhei dentro do armário, vi uma caixa velha e suja, ela era rosa claro e tinham flores lilás. Passei a mão por cima, tirando os pedaços de pedra que haviam em cima e tentei abri-la.

Nick foi até o armário e eu o segui. Ele o abriu e lá tinham várias coisas velhas, empoeiradas.

–Deve ter alguma caixa por aqui... Tem mais alguma coisa escrita no diário?

–Não, nada – Falei tossindo por causa da poeira

–Melhor você sair daqui por enquanto. Está muito empoeirado e você pode ficar doente.

–Não vou sair daqui! Nem que você me obrigue.

–Você é teimosa não é? – Nick falou dando um sorrisinho e passando a mão pelo meu cabelo

–Foi descobrir isso agora? – Falei retribuindo o sorrisinho – Vou procurar algo pelo resto do quarto, você procura a caixa por ai.

–Tudo bem, cuidado

Andei um pouco pelo quarto, fui até a mesa grande e vi que haviam duas gavetas lá, tentei abri-las, mas estavam trancadas.

“Onde poderia estar a chave delas?” – Pensei

Andei mais um pouco, até o sofá, procurei a chave pela mesinha e pelo sofá. Depois me abaixei e procurei pelo chão e embaixo do sofá. Após alguns minutos procurando, finalmente consegui achá-la. Voltei para a mesa e tentei abrir a primeira gaveta, mas não se abriu, depois tentei abrir a segunda e novamente não se abriu.

–Bia! Venha cá, achei uma coisa! – Nick gritou

Corri até onde Nick estava, vi que algumas coisas não estavam mais dentro do armário, como alguns potes de madeira e de vidro e panos velhos.

–Achei a caixa que Emily falou, eu tentei abri-la, mas não consegui. Parece que está trancada

–Tenta com essa chave – Falei entregando a chave que eu havia encontrado para ele

–Obrigado – Nick falou pegando a chave e tentando abrir a caixa – Consegui!

Nick abriu a caixa e lá vimos 4 colares da amizade dourados. Cada um tinha uma parte de um coração, dois escrito M, um escrito G e o outro C, porém, estava faltando uma parte do coração.

–Porque será que está faltando essa parte? – Perguntei tossindo novamente

–Pela lógica... – Nick falou tossindo e olhando ao redor – Aqui tem 5 cadeiras, obviamente aqui, existiam 5 pessoas. Então esses colares devem ser de cada uma delas, e está faltando uma.

–Você é muito inteligente, Nick – Falei com uma voz fraca de tanto tossir

–Obrigado, mas acho melhor sairmos logo daqui, essa poeira toda está nos fazendo muito mal, principalmente à você.

Concordei e saímos de lá, andamos até a praça conversando sobre a caixa, os colares e o livro. Nick ia levar a caixa para a casa dele para tentar saber mais sobre isso, e eu continuaria com o livro. Ao chegarmos na praça sentamos em um banco para descansarmos um pouco.

–Nick, quando vamos fazer aquele trabalho sobre as pirâmides?

–Você pode ir para minha casa depois da aula? Te passo o endereço por e-mail. Hoje eu vou na biblioteca e pego o livro sobre as pirâmides para fazermos o trabalho.

–Posso sim, se quiser eu vou...

Nick não me deixou terminar a frase e foi logo respondendo.

–Nada disso senhorita Beatriz, você não vai pegar o livro na biblioteca por mim.

–Como você sabia que eu ia falar isso?

–Você é muito imprevisível – Ele falou piscando um dos olhos para mim

–E você é um estraga prazeres – Falei dando um soco de leve no braço dele – Vou indo, preciso ir na estação de ônibus mais próxima para voltar para casa.

–Deixe-me acompanhá-la

–Não precisa, eu vou sozinha mesmo.

–Eu também preciso pegar um ônibus para voltar para casa, lembra?

Afirmei que lembrava e fomos andando até a estação de ônibus. Fui para casa e depois Nick foi para a dele.

Subi no elevador até meu apartamento e fui tomar um banho, depois jantei e fui para o meu quarto. Fiquei lá vendo antigas fotos minhas com a Ana e com a Mandi e comecei a ficar com saudades de Recife. Vi fotos com o Pedro, com o meu pai e minha mãe juntos. Eu tinha saudade de tudo aquilo. Então resolvi escrever um texto.

Saudade

A saudade é uma sensação ruim. Uma sensação de dor. Ao lembrarmos daquela pessoa com quem conversávamos e convivíamos todo dia e perceber que ela não faz mais parte da nossa vida como antes dói, muito.

Quando algumas pessoas saem de nossas vidas entram outras. Que, muitas vezes, não conseguem superar o vazio que sentimos por não ter mais aquela pessoa tão presente em nossas vidas e sentimos saudade.

A saudade não deveria existir, ela machuca à todos por onde anda, deixando-os tristes, desanimados. Mas como podemos curar a saudade? Para a saudade, não existe nenhum remédio, apenas o amor. O amor das pessoas que ainda temos em nossas vidas cura tudo, até a mais terrível dor.

Temos que aproveitar o tempo que temos com cada pessoa, pois ela pode ser a maior causa da nossa saudade no futuro, porém, também um dos maiores motivos da nossa alegria no passado.

Bia

Chorei um pouco com saudade de Recife e fiquei olhando para os meus livros, me lembrando de Pedro, e minhas fotos com meus animais que eu tinha. Comecei a chorar novamente, até a hora que minha mãe chegou. Conversamos um pouco e ela disse que eu teria uma surpresa, mas tinha que esperar até o carnaval.

Voltei para o meu quarto e continuei vendo as fotos e lembrando de cada momento que eu havia tirado elas, cada lembrança. Eram lembranças felizes, mas que me deixavam triste ao lembrar delas.

Guardei as fotos novamente na gaveta de minha escrivaninha e lembrei dos meus animais de estimação. Eu adoraria vê-los novamente. Peguei o texto que eu havia feito no dia do meu aniversário e li novamente as últimas frases. Eu teria que estar pronta para tudo, principalmente para a dor da saudade. Eu sabia que quando me acostumasse a morar aqui essa dor passaria a ser uma simples lembrança. Uma lembrança de um passado inesquecível.