O Ladrão Da Meia-noite

Vilão da História?


Aos poucos fui retirando aquele pedaço de material acrílico que cobria meu rosto. Fazia bastante esforço para manter meus olhos fechados e longe da mira dos orbes escarlates e flamejantes da ruiva para talvez causar um ar misterioso. Mas os olhos dela eram muito viciantes.

Assim que aquela máscara foi afastada de meu rosto, fui abrindo meus olhos lentamente e logo encontraram-se com os orbes flamejantes da garota que cometi loucuras para encontrar... Lá estava ela a me encarar com um semblante curioso e confuso.

– Você é... - Sussurrou ela, possívelmente com dificuldades para me reconhecer.

– Ruivinha...

Minha voz automáticamente saiu tristonha. Aquela garota a qual precisei vender minha alma por amor, não lembrava de mim?

Ela continuava a encarar as feições de meu rosto, até que seus dedos compridos, quentes e delicados começaram a estudá-lo. Fechei os olhos levemente para aproveitar aquele toque delicado da ruiva em minha bochecha. Logo fui surpreendido por um leve soco em meu peitoral e senti os braços dela entrelaçarem em meu pescoço. Meu coração batia rápido e conforme o palpitar, sentia aquelas correntes se afrouxarem...

– Porque demorou tanto, Ercnard? Pensei que não viria... - Sussurrou a ruiva em meu ouvido, causando um efeito engraçado em meu estômago. - Porque fez tudo isso? Você está sendo o vilão da história desta maneira...

– Não me importo com os pensamentos que o restante têm sobre mim... Eles não me conhecem... Nem sequer sabem o motivo de minhas ações.

Ela separou do abraço, distânciando-se um pouco de mim, voltando a me encarar profundamente.

– E qual foi o motivo...?

– Todos nesse mundo estão sujeitos à situações críticas de egoísmo ou atos de loucura por certo sentimento: O amor. - Sorri.

Vi aqueles lábios avermelhados e sedutores se entreabrindo e o semblante de surpresa no rosto da ruivinha ficar evidente.

Eu ainda seria o vilão da história para ela?