O Jogo da Vida

Transformação Radical


Cap. 4
Transformação Radical

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Talita – Nunca tive muita sorte com homens. O meu último namorado me traiu voltando para o ex dez anos atrás.

Gabriele – Nossa... – namorar um hétero já é difícil, imagine os bissexuais – Você e a mãe têm a mesma idade?

Talita – Promete que não vai deixar vazar? – confirmo com a cabeça – Trinta. – confirma – Depois disso, dizer a idade, para uma mulher, é um crime tão grande quanto mencionar o seu peso ou dar chocolates em outra data fora a páscoa sabendo como ele altera o nosso humor!

Gabriele – É sim, homens têm tendência a pisar na bola.

Talita – Porém, eu ainda quero ter filhos. – suspira.

Gabriele – Verdade? Idem! – ela me encara – Para mim, todo o abuso da gravidez e a maldita dor do parto são compensados quando você vê pela primeira vez aquela coisinha fofa com a cara do pai!

Talita – É mesmo, só que isso vale apenas para casamentos duradouros. – concordo com a cabeça – E a melhor parte em criar as suas crianças é poder ensiná-las as coisas que se acredita serem corretas. – sorrimos – Bom, minha sobrinha, é melhor irmos dormir. Boa noite.

Nós nos despedimos e vamos deitar. Claro, minha nova tia na casa dela! Logo, já tô sendo acordada pelas batidas intermináveis da Anastásia na porta. Vamos lá me arrumar, como a tia Lili ensinou! Nossa, pareço criança...!

Gabriele – Já são cinco para as oito? – olho o relógio sobre a penteadeira antes de escutar os gritos da mamãe lá de baixo! – Já vou!

Começo a descer os degraus de forma apressada, tomando cuidado pra não deixar a blusa transparente trombando em algum dos empregados que estão passando com jarros d'água ou com flores, estratégicos para eu me molhar. Conforme eu passo, todos me cumprimentam e elogiam enquanto agradeço.

Gabriele – Desculpem o atraso. – eu paro no meio dos últimos degraus, olhando pra elas. É impressão minha, ou estão fascinadas comigo?

Yayoi – Gabi, o que aconteceu com você? – ferrou; exagerei na maquiagem!

Gabriele – Nada. Eu estou perfeitamente normal.

Anastásia – Tem certeza? Nós nunca te vimos usar algo mais curto que o short do nosso uniforme! Da última vez forçamos você a vestir um vestido curto na quermesse, mas agora se arrumou sozinha?

Gabriele – Eu sou perfeitamente capaz de me arrumar se quiser Ana! – cruzo os braços, jogando o quadril para o lado – Ainda existe uma mulher em mim. – viva, eu tô gostosa!

Emília – Isso mesmo meninas, bem dito Gabi! – pausa – Pelo visto a Lili ajudou muito nas dicas, não é? Você está linda!

Selena – Não, isso ela está mesmo! – rimos e eu termino de descer a escada.

Gabriele – Obrigada. Ei, alguém sabe se a "Perutasha" vai com a gente?

Emília – "Perutasha"? – opa, acabou a compostura – Gabriele! – estende o meu nome.

Gabriele – Calma treinadora, só a chamo assim pelas costas! Vamos?

Emília – É, pelo visto ainda é você por dentro...! – todas riem.

Começo a andar na frente e as outras me seguem. Estou rebolando mais que o normal e de um jeito sexy... E desde quando temos empregados mesmo, agora que eu parei pra pensar? Ah é, o Pierre contratou!... Entramos no jardim da casa ao lado e encontramos os meninos. Pelo visto eles estão usando os novos uniformes do nosso time, mas isso não importa muito... A questão é que: ESTÃO TODOS ME OLHANDO COM SURPRESA E ATRAÇÃO!

Karl – Meu Deus, Gabriele, é você? – eu te respondo já, quando parar de babar pelo Adônis sexy e paralisado na minha frente.

Gabriele – Eu não sou a única gata aqui, se vocês notarem bem. – finjo não ter desviado a atenção. Espera: o Hyuga tá olhando na minha direção, ou é só a minha alucinação erótica?

Hyuga – Está bonita. – o deus de camisa e jeans preto me elogiou?

Mas espera um instante... Por que EU continuo elogiando ele? O objetivo de ter passado cera e loção hidratante no corpo era para dar o efeito que estou recebendo: ter os olhos dele só em mim! Mas pensando bem... Levei uma hora me arrumando em frente ao espelho. Eu provei todos os vestidos, mas eu fui com o vermelho na quermesse passada, já sabendo que as meninas sabiam como o Hyuga achava uma cor "vibrante", segundo elas... Já estava agindo como idiota!

Gabriele – Ah... – fala alguma coisa, rápido, todo mundo tá olhando!

Natasha – Hyu! – um OVNI pula nele – Eu vou com vocês! – OH INFERNO!

...

Braja, domingo

– Eu estava ansioso para revê-la Gabi, você cresceu tanto!

Gabriele – Claro tio, nós nos vimos pela última vez no meu aniversário de oito anos, três anos depois de ser adotada.

– Dez anos é muito tempo! Quando ligaram para mim pedindo uma leva de uniformes que seriam usados apenas nesta ocasião, eu aceitei na mesma hora por ser o irmão da sua mãe, mas gostaria de ter trazido algum presentinho para você e as meninas.

Gabriele – Tudo bem tio. – ele não mudou, parece uma criança!

– Diga-me, e a bela senhorita é a irmã do ex-marido da minha adorada Emi, certo? – me esqueci da gentileza e educação dele com as mulheres...!

Talita – Sim, eu sou Talita Petrovity. – ela está corada, ou é impressão?

– Eu conheço a sua fama, tanto entre os fãs como com a minha irmã. – sorri aquele seu sorriso capaz de derreter corações frios – O meu nome é Mark Alves Monterrey.

Talita – Muito prazer. – apertam-se as mãos. É sim, ela está corada!

Gabriele – Tio, eu fiquei surpresa em te encontrar conversando com a mãe do Hyuga! Fico feliz que tenha vindo visitar-nos e esteja nos acompanhando até a quermesse – fala sério; eu só falo requintado assim perto dele -, mas desta vez a comemoração inclui um clima natalino típico para casais. Irá precisar de uma acompanhante.

Mark – Verdade? Que pena, então eu não poderei participar dos jogos!

Gabriele – Espere tio, a Lili está livre! Podem ir junto.

Talita – Um momento Gabi, o seu tio não vai querer...

Mark – Seria uma honra. Você aceitaria me acompanhar?

Talita – Ah... Claro! – encolhe os ombros e aperta o vestido.

Mark – Por favor, me chame de Mark. Se quiser, eu gostaria de um apelido carinhoso. – ele faz amizade tão rapidamente... Ora, a Talita parece um moranguinho!

Talita – Idem comigo. – ela vai gaguejar daqui a pouco.

Mark – Então, pode ser Lili? – ah, se esqueceram de mim!

O ônibus começou a parar. Oh ódio! Daqui do fundo eu consigo ver a Natasha agarrando o braço do Hyuga no outro ônibus ao lado. De início, aquele cabelo descolorido dela, para mim, combinou, já que ela ficou loira, mas pensando bem agora... O HYUGA GOSTOU!

Pierre – Pessoal, um instante, cheguem aqui! – todos se reúnem – Antes de entrarmos, eu quero avisar que as apresentações escolhidas pelo Hyuga e a Gabriele para os dois grupos na competição de talentos estão nos garantindo fazer parte do concurso para escolher os modelos atuantes na propaganda sobre esportes como todo ano, convocando novos membros. Temos a chance de promover a publicidade do futebol ao lado dos outros modelos este ano, então vamos fazer o nosso melhor! – um grito de guerra alegre e original.

Um momento...! Por que os nossos técnicos estão junto da Talita e do tio Mark tão longe da gente? Aquele perto da "Perutasha" é... E o outro com ele...

Alan – Gabriele? Aonde você vai? – eu vou enfrentar a barra com a treinadora!

– Ora, Gabriele...! – sorri de leve o ex da técnica, um machista dos cabelos curtíssimos e negros, olhos castanhos apagados e um corpo magricela – Não está pensando em ganhar outra vez? – abraça a filha metida pelos ombros.

O clima ficou tenso, mas as coisas estão ficando mais interessantes...

Gabriele – Com certeza! – seguro as mãos da mãe e do tio quando os demais chegam perto – Mas mesmo ganhando, por favor, não perca seu tempo me convidando para voltar ao time como fez com o Hyuga. – sorrio.

– É claro que o treinador nunca se interessaria por algum de vocês!

Gabriele – Não era, aparentemente, certeza naquela hora. – respondo ao meu ex.

Natasha – A questão nem é essa! Quando o meu time feminino invadir o palco, ninguém vai se importar com terem vencido o campeonato mundial!

Talita – Como? Que conversa é esta, Kelvin? – e o seu irmão lá ia dizer algo?

Kelvin – Foi como escutou Talita. O time feminino de Braja acabou de ser reformulado, e a minha filha, além de excelente líder-de-torcida, é a capitã das Fevers, juntamente com o meu ótimo capitão do Filiam, Justin Treitor.

Alguns estão agora gritando indignados, outros chocados, mas eu, simplesmente, acho isso... MA-RA-VI-LHO-SO! Incrível, não consigo parar de rir!

Juan – Qual o problema Gabriele? Você está bem? – muito melhor que isso!

Flora – Viram? Eu ainda avisei pra ela usar um dos meus chapéus... O calor afetou o cérebro dela! – talvez tenha sido mesmo.

Gabriele – Esses são os seus brilhantes times? Nossa, será muito mais simples vencer do que eu imaginei! – ponho o punho na frente da boca, segurando outro riso.

Todos, fora a "Perutasha", Justin e Kelvin, se entreolham e sorriem também.

Hannele – Sabe de uma coisa Gabi... – circula os meus ombros com o braço direito e joga o corpo para o outro lado – Você tem razão. Nós estamos preparados, então é melhor não nos entediarem! – tirou as palavras da minha boca.

Kelvin – É bom pensarem assim. – sorri – Esperamos vocês lá dentro.

Eles dão as costas e se vão. A técnica segura o meu braço e me puxa para frente dela, respirando daquele jeito perigoso de quando se está controlando o temperamento pra não matar alguém de raiva. Este olhar é mesmo assustador...!

Emília – Eu poderia te castigar por mais uma atitude impensada; você sabe que não me importa se tem dezoito, se é mais nova em relação às suas demais amigas entre dezenove e vinte ou com os rapazes do grupo de vinte e vinte e um ou se é a "Rainha do Futebol". Não interessa nem se for rainha da Inglaterra! – é, verdade mesmo – Porém, desta vez eu vou deixar no esquecimento. - sorri.

Beleza, o clima melhorou! Sem perceber eu fiz uma cena de descontração... Que susto!

Leo – Bom, eles estavam merecendo uma lição. – rimos.

Mark – É bom que saibam o que estão fazendo... – eu atiro no escuro – Vamos? Se nós quisermos derrota-los, precisamos chegar a tempo.

Estamos a exatamente trinta passos da entrada daquela quermesse, com certeza os mais longos que darei em direção a um caminho suicida na vida. Tudo é cheio de crianças, cores com tom cegante, risos, música e dança, mas eu apenas consigo sentir no momento uma aura só de abuso incontrolável emanando em volta. De onde será que vem? Ah é, SOU EU!

Natasha – Hyu, não leve muito a sério aqueles tipos de provocações idiotas. Papa é um pouquinho rígido às vezes, mas no fundo é bondoso. – risinho tipicamente narcisista.

Pois é. Seu "papa" é tão gentil que chutou a minha mãe como se faz com uma bola!... E desde quando ela agarrou o Hyuga? Bom... Já que todos se afastaram, nem sou obrigada a me controlar, eu vou me aproximar mais do casalzinho ternura.

Natasha – Na verdade, o papai sabe o quanto te aprecio. O convite dele, apesar do Justin e seus demais amigos acharem o contrário, era sério! Seu talento seria até mais bem aproveitado conosco, aqui em Braja. Assim também poderíamos voltar a morar perto um do outro. – vira de frente pra ele, agarrando mais forte o seu braço.

Opa! Cartão vermelho na parada! Ela pretende fazer o que eu penso que ela vai fazer? A safada vai beijar o Hyuga? E na frente de todo mundo? Que atirada! Pois se ela acha que vai tirar o meu parceiro de mim, está redondamente enganada!

Gabriele – Acho que ele ainda não ficou louco. – jogo o cabelo para trás e ela começa a me fuzilar de volta com o olhar.

Natasha – O que você está fazendo aqui, garota?

Gabriele – Sabe que eu também não sei? Odeio quermesses! – olho Hyuga pelo canto dos olhos e desvio o olhar quando ele me encara.

Natasha – Ah, já sei, se esqueceram de te avisar que gente sem pedigree não entra! – sorri enquanto eu torço o nariz – Hyu, meu bem, quer me visitar na barraca do beijo? Vem!

Hyuga – Espera um pouco...! – ele puxa o braço de volta e me encara outra vez.

Gabriele – Não "Hyu" – distorço a voz ao chamar por ele -, vai, de boa! Os seus amigos ficam aqui, esperando sozinhos. Se bem que eu ainda acho mais em conta pagar o domador do circo ali atrás pra beijar o macaco do lado dele, mas gosto não se discute! – cruzo os braços.

Vamos combinar... Essa foi muito boa!

Continua...