O Futuro é o mais concorrido!

Capítulo 10 - Entre a vida e a morte.


Não irei me perdoar dessa maneira, eu queria protege-la, disse a mim mesmo que não ia faze-la chorar de repente, em um piscar de olhos eu a perdi. Como se fosse a coisa mais escorregadia do mundo eu simplesmente a deixei passar por entre meus dedos e então ela se foi como a mais bela brisa.

Ela deve pensar que eu não a atendi pois estava ocupado de mais com outra mulher, mas ela não sabe que nunca estarei suficientemente ocupado para ignora-la. Eu deveria ter checado se peguei meu celular quando sai. Eu o deixei dentro da jaqueta que estava usando quando saímos do avião e a coloquei em cima da cama no hotel. Apenas vi as mensagens quando cheguei no quarto do hotel…

Já fazem alguns dias desde que iniciamos nossa viagem, desde aquele dia ela tem tentado com sucesso me evitar em cada ocasião, mesmo que fiquemos perto para gravar sempre que termina é como se ela simplesmente evaporasse. Chegamos a Paris faz algum tempo e eu adoraria leva-la para ver a torre Eifel mas dessa maneira acho difícil. Ela levantou uma barreira entre nós que me impede de aproximar dela e até mesmo explicar o que aconteceu. Não consigo entender como chegamos até isso.

Aquele dia quando ela se foi, correndo como se estivesse sendo perseguida fui atrás dela, corri atrás por alguns quarteirões até não conseguir mais, e quando retornei ao hotel, saber que ela não estava lá me deixou tremendamente preocupado então de manhã na hora de embarcar no avião ela apareceu e se manteve distante desde então. Apesar de atuar bem como sempre ou até melhor sinto que ela está no piloto automático, como se não estivesse realmente aqui. Aquela manhã ao aparecer com aqueles olhos vermelhos e inchados inventou uma desculpa que apesar de ser idiota muitos devem ter caído… Quem diria que uma “alergia” convenceria as pessoas a não ficarem perguntando.

Decido que mesmo que seja só, vou dar uma volta, talvez eu consiga esfriar a cabeça e derrubar essa barreira mental que ela colocou em mim para que possa pedir desculpas a ela.

Chegando na Torre Eifel, vejo os longos cabelos laranjados conversando com o mesmo loiro daquela vez… Daniel. Maldito. Eu havia me esquecido que ele era daqui de Paris, eles parecem estar conversando animadamente e me irrita que ela esteja lá com ele agora e não comigo.

Sinto alguém me observando enquanto a olho, talvez seja apenas culpa por estar pensando que depois de algo tão insignificante como aquele abraço ela decida me deixar por ele… Ou talvez ela tenha se trancado para o amor como fez quando Sho a magoou. Será que estou repetindo o mesmo erro?

Gravamos a cena em que Heiden a leva para conhecer a torre eifel, e mesmo depois dessa cena ser gravada ela ainda tem fugido de mim, talvez continue assim por um bom tempo. Essa fuga toda está começando a me assustar.

~~’’~~

Chegamos em Londres e o céu já está bastante escuro. Aproveitamos a noite repleta de estrelas e fazemos a gravação de mais algumas cenas. Está quase tudo pronto para o filme. Ainda corro como um rato foge de um gato após uma cansativa caçada pela comida.

Não consigo enfrenta-lo de maneira alguma. Não sei se deveria ter fugido correndo daquela maneira, talvez eu tenha sido a errada, mas agora ele nem sequer ousa aproximar-se de mim, talvez tenha pensado que eu o segui quando na verdade foi apenas uma coincidência estranha. Agora não consigo encara-lo. Toda vez que me aproximo ou mesmo quando ele está perto uma pontada de tristeza perfura e machuca meu coração… Eu não quero me permitir apaixonar e machucar daquela maneira novamente, sinto que dessa vez pode ser pior do que a outra.

Aquela moça… Ela era tão linda… Se ele a quer, então realmente não tenho a minima chance. Ela era linda, tinha um corpo bonito e era alta, os cabelos curtos loiro e aqueles olhos claros e vivos. Eles deveriam estar falando sobre algo realmente bom e eu o atrapalhei… Nem sequer entendo porque fiquei desta maneira… Somos o mesmo que nada… Não namoramos por tanto ele não me pertence… Se ele não é meu então é livre para ficar com qualquer mulher eu apenas não imaginei que ele pudesse continuar sendo um play boy mesmo depois de algum tempo.

Lembro-me que depois de conhecê-lo como Bo ele disse que estava apaixonado por alguém, será que era ela? Eu nunca o vi daquela maneira com ninguém antes. Ele parecia realmente querer estar ali com ela e sem dúvidas deve ter sido por isso que não atendeu… Eu não o culpo, sendo do jeito que é deve preferir ter uma namorada perfeita.

Oh Meu Deus! E se eles já estivessem juntos quando eu disse o que sentia?! Não acredito… Ele… Ele realmente… Ele tem alguém… É por isso que não me pediu em namoro. Eu gostaria de poder voltar no tempo e deixa-lo da maneira que estava… Sinto que agora, principalmente depois de ver como ele a abraçava ele deve amar ela. Aquele brilho nos olhos que ela tinha com certeza só uma mulher apaixonada poderia mostrar…

Me odeio nesse exato momento por me permitir deixar que isso acontecesse de novo, eu deveria ter sido cautelosa com meu coração e agora mais uma vez eu o decepcionei… Decepcionei a mim mesma em primeiro lugar? Como pode ser tão idiota Kyoko? Ren nunca iria querer algo com você de verdade, afinal ele é Tsuruga Ren!

Rolo e choro no chão enquanto tento entender o que se passava na minha cabeça oca ao acreditar que por um momento mesmo que fosse minimo poderíamos ser felizes juntos. Isso com toda certeza é um sonho impossível, a água e o óleo não se misturam assim como nós também não deveríamos nos misturar.

Foi um grande erro e agora se o que devo fazer. Voltarei a trata-lo como um senpai, a chama-lo adequadamente e não dessa forma tão intima como “Ren” eu fui um erro, eu sei que fui e não irei mais interferir na vida deles. Ah! Agora me odeio por atrapalhar sua vida dessa maneira… E o odeio por me enganar assim, mas o pior de tudo é me odiar mais ainda por não conseguir odiá-lo… Talvez eu pense que mesmo sendo apenas um colega de trabalho é melhor ficar perto dele do que apenas olhar de outra maneira e o deixar de lado…

Eu não sei, acho que me sinto traída mais uma vez, só que agora é diferente… Antes, quando era o Sho eu sinto que queria me vingar, mais depois com o próprio Ren passei a entender que a vingança não ia me levar aonde eu realmente gostaria de ir. Talvez eu tenha amadurecido de lá até aqui. Hoje, com 21 anos não sei bem como definir o que seria a vingança que eu tanto desejei, no início era só isso mas realmente passei a me dedicar a isso por mim mesma.

Estou errada em achar que poderia ter algo assim de novo, talvez eu tenha nascido para ficar só. Na realidade eu tenho quase certeza que nasci para ficar só. Depois de hoje e de ver como eles dois faziam um belo casal realmente torço pela sua felicidade. Eu sei que amar e não desistir mais hoje penso que o verdadeiro amor permanece e que mais importante do que isso é ver que o amor da sua vida está feliz mesmo que não seja com você. Eu aceito isso… Aceito ama-lo e esperar que um dia esse sentimento já não faça-se mais tão presente em minha vida e se ele chegar a casar com ela farei como diz o presidente e darei minha benção sorrindo… Mesmo que custe a última gota da minha felicidade…

Sabe de uma coisa? Não vou julga-lo por não ter me atendido por mais que isso seja doloroso em meu coração… Ele não tinha obrigação nenhuma de aceitar a minha ligação. Ainda mais estando ocupado com uma moça tão bela com toda certeza ele não atenderia a ligação.

Parando de pensar um pouco nisso e me voltando para outra coisa ligeiramente importante… Tenho me sentido seguida desde que saímos de Tokyo, isso é de fato um sentimento estranho sempre tenho a impressão de estar sendo supervisionada ou seguida por ai. As vezes pareço ver o rosa da LME por ai.

Gravamos algumas cenas a noite em uma especie de encenação onde a banda está fazendo um show em Londres, quando as gravações acabam estão todos liberados. Sinto que Tsuruga-san está vindo em minha direção e como se fingisse não perceber ando rápido e me escondo atrás das paredes que montaram para o cenário. Quando sinto que a barra está limpa saio e me encaminho direto para o quarto do Hotel. Quando chego peço apenas uma salada de salmão leve e deito-me para dormir.

Apesar de já terem se passado algum tempo ainda não me sinto a vontade suficiente para encara-lo de frente, sempre que o vejo mesmo dentro da encenação do filme sinto um enjoo crescente e a vontade de chorar, parece que estou vendo ele e a moça loira de novo… Pergunto-me se ele a avisou de onde estaríamos para que pudesse encontra-la aqui.

Caio no sono pensando em coisas ruins e acordo de um pesadelo do qual não me lembro nem mesmo sobre o que era. O sol já está ali, brilhando em minha janela e quando olho no relógio vejo que já estou a mais de trinta minutos atrasada.

Apresso-me e tomo um banho rápido, visto a primeira roupa mais qualificada e desço correndo para encontrar o táxi em frente ao hotel. Assim que entro, mesmo sem perguntar o motorista do táxi me leva para um hospital onde iremos gravar a próxima cena, em frente ao hospital a uma praça onde também faremos uma das cenas muito importantes.

É a última parada da Turne e depois logo todos voltarão para a casa que tem em Tokyo. Faltam menos de dois Show’s e todos os integrantes estão bastante animados.

– Yumi… Eu gostaria muito de lhe dizer… – Mas antes que Heiden possa falar o que sente os outros chegam.

– Ei, o que estão fazendo? – Pergunta Yoshi.

– Nos estávamos apenas … – Mais antes que Yumi consiga terminar de falar ela começa a vomitar e desmaia.

Quando Yumi acorda está no hospital, deitada em uma cama no espaço particular o cenário foi montado atrás do hospital. Há uma casa grande e os proprietários concederam-na para ajudar nas filmagens.

O médico entra sorrindo alegremente na sala de espera do hospital enquanto Yumi está deitada em sua cama ainda tentando acostumar sua visão a claridade forte que entra pela janela.

– Vocês são a família de Toshiru Yumi? – Pergunta o Doutor em seu jaleco branco.

– Sim! – Todos respondem em conjunto.

– Por favor, a situação dela é meio complicada, ela vai ficar ótima… Entrem.

– Yumi… Como você se sente? – Pergunta Heiden.

– Mi-chan? – Chama Takumi.

– Estou me sentindo meio cansada… Desculpem a preocupação…

– Ela irá melhorar, só precisa se alimentar melhor… Deem um descanso a ela, sem estresse… Isso foi apenas uma anemia e desidratação. Não se preocupem vai passar logo mais de agora em diante ela precisará cuidar-se melhor por causa da gestação.

– Enten… Gestação? – Pergunta Yoshi.

– Como assim?! – Assusta-se Yakishe.

– Se ela não se alimentar corretamente, fará mal ao bebê.

– Que bebê?! – Pergunta Takumi e Hioshi ao mesmo tempo.

– Ah, ela está grávida ué. – Diz o médico, normalmente calmo.

– Isso é impossível! Como ela pode estar grávida?! – Esbraveja Heiden.

– Ué, você quer que eu lhe explique mesmo? Achei que um rapaz da sua idade já deveria saber.

– Não foi isso que eu quis dizer. – Com raiva, vira-se para Yumi. – COMO VOCÊ PODE ESTAR GRÁVIDA?!

– Eu não… – Ela não consegue terminar de falar.

– Você tem ficado com qualquer homem como se fosse uma puta? – Ele se aproxima. Então a mão pequena de Yumi encontra-se com seu rosto que agora queima e fica totalmente vermelho. O barulho é alto e todos na sala ficam sem reação.

– Como ousa? Eu não sou as vadias que vocês levam para a cama! – Então ela começa a chorar.

– Quem é o pai? – Ela não responde. – Yumi! Quem é o maldita pai dessa criança?

– Ele…

– Ele está aqui?!

– Sim… – Ela abaixa os olhos.

– É você Yoshi?! Só pode ser! Você é o pior de todos nós. – Então Heiden começa a ir em direção ao ao Yoshi.

– Heiden! – Ela grita e ele se vira para olha-la. – É você o pai.

Todos na sala ficam chocados com a revelação.

– Como pode? A gente nunca transou! – Ele grita. Ela começa a chorar ainda mais.

– Acho melhor dar um tempo a eles… – Diz Yakishe, ainda totalmente abismado com a revelação.

Todos se retiram do quarto.

– O que houve Yumi? – Pergunta tristemente.

– Uma vez, eu li um livro interessante… Ele contava de uma banda de rock, aconteceu quase a mesma coisa… O interessante é que eu realmente não fiz por mal.

– Não entendo onde quer chegar.

– Eu não quero nada com você, Heiden. Pode continuar sua vida, com as mulheres que fica…

– Por favor, não diga isso.

– Eu um dia depois do meu aniversário, estava muito chateada, então aquele dia sai e bebi muito. Quando voltei, estava completamente alta e acabei indo parar no seu quarto… Não me lembro muito bem, mas pelo que me parece você estava ainda pior do que eu. Eu não me lembro bem como foi a noite e nem a consigo considerar a primeira vez. Eu acordei, eram umas cinco da manhã e eu estava nua, do seu lado enquanto você me abraçava. No momento eu gostei de verdade… Mais vi que tinha sido um erro e me castiguei por isso. Depois disso sai imediatamente do seu quarto e fingi que nada tinha acontecido. Depois parando pra pensar me senti como uma pessoa que estupra um indefeso.

– Você quer ter essa criança?

– Não vou abandona-la. Até algum tempo atrás eu realmente achei que eu nunca iria poder ter filhos mais preciso dizer que querendo ou não essa criança é um grande presente pra mim. Diga o que quiser, não vou deixa-lo machucar o meu filho.

– Nosso.

– Como?

– Nosso filho.

– O que quer dizer?

– Olha, desde que te vi caída no chão a primeira vez, eu senti algo diferente em você, como se fosse meu dever cuidar de você. Isso no início me preocupou bastante mais logo passei a aceitar isso… Saber das coisas ruins que tinham cometido com você realmente machucaram bastante… Pretendo cuidar de você para sempre Yumi.

– Em outras palavras…

– Sim… Eu amo você.

– Eu nunca… Imaginei isso…

– Licença… Desculpe, só vim avisa-la que o doutor disse que você ficará aqui essa noite e amanhã sem duvidas poderá ir embora. – A enfermeira sorri.

– Obrigada…

Quando ela sai do quarto Heiden a olha e sorri, então se aproxima e a beija. Diferente dos outros beijos, esse é apenas encenado, não é como se realmente ela quisesse beija-lo, diferente dos outros beijos ela está fazendo-o apenas por que no script diz que tem que ser feito. Apos esse beijo, é gravada a cena de cama em que Yumi e Heiden fazem amor no hospital.

Corta! – Grita o diretor. – Excelente pessoal! A cena ficou ótima.

Saio de dentro do cenário e a distância vejo uma menina com cabelos castanhos acenando diretamente para mim, forço um pouco a vista e consigo ver Maria. Ela está bem maior do que eu me lembrava, linda como sempre parece uma pequena princesa como aquelas saídas dos contos de fadas. Ela vem andando em minha direção sem olhar como atravessa a pista.

~~’’~~

Ouço as buzinas e o barulho de tumultuo fora do cenário, os atores começam a sair para ver o que aconteceu e quando saem notam uma multidão em volta da pista. O som de uma menininha chorando é o mais baixo possível. A uma distância dela um corpo está imóvel como se não houvesse nenhum vestígio de vida. Logo percebo quem é a menina chorando e gritando…

– Onee-sama!! – Maria está toda arranhada enquanto alguém ainda a distância…

Será que… Kyoko?! Não pode ser, não pode ser ela! Não! Agora o corpo dela está lá, no frio jogado no chão como se fosse uma boneca de pano totalmente sem utilidade…

– Alguém chame uma ambulância!!!