Gotenks transformou-se em super saiya-jin. Keilo também se transformou.

Os dois guerreiros cintilaram a medirem-se mutuamente, a analisar os pontos fracos para explorar as falhas, a descobrir os pontos fortes para saber como evitá-los.

O sorriso de Gotenks não se desfazia. Keilo também sorria, apesar de estar intrigado com aquela técnica que unira num único ente dois saiya-jin. Soava-lhe a novo desafio e ficou excitado. O sangue da fedelha não fora suficiente para lhe acalmar as ânsias. O feiticeiro estava nervoso, os planos não lhe estavam a correr bem e disparava ordens e punições àqueles que controlava sem qualquer tino. Ordenara-lhe que recuperasse o medalhão e nem sequer lhe tinha explicado que o medalhão estava com aquela rapariga estranha que o feiticeiro lhes proibira de atacar.

O combate começou.

Gotenks lançou um raio amarelo de energia que Keilo defendeu com uma palmada. O raio explodiu e criou um terramoto. A seguir ao raio vinha o sorridente Gotenks de punho em riste. Keilo apanhou-lhe o punho, alçou a perna para um pontapé, Gotenks evitou o pontapé, atacou. Keilo esquivou o ataque, atacou por sua vez. Sucederam-se vários golpes rápidos e poderosos. Não houve meias medidas, nem aquecimentos. Era tudo ou nada.

Com um salto, Keilo subiu até uma grande altura. Gotenks ficou no chão, a verificar como o saiya-jin se tornava num ponto cada vez mais minúsculo entre as nuvens.

O ponto parou. Brilhava entre amarelos e laranjas, a ficar cada vez mais brilhante e a aumentar de tamanho. Descia agora para a terra, para Gotenks. O ponto era uma esfera de energia que pulsava e faiscava enquanto se precipitava das alturas como um meteorito. Gotenks apenas ergueu um braço, abriu os dedos da mão. Gritou, reuniu o ki e o chão tremeu. A esfera rebentou em cima de Gotenks. Os rochedos tremeram, o solo fendeu-se, as montanhas ruíram.

Dos rolos de pó que a explosão criara, Gotenks irrompeu como um projétil. Alcançou Keilo. O confronto foi aéreo. Murros, pontapés, socos, patadas, tudo entregue aos pares. O saiya-jin defendeu-se, alcançou Gotenks que, ao se virar para tentar um golpe com a perna à meia-volta, descuidou a defesa e acabou socado violentamente por Keilo. Com o impacto, Gotenks recuou.

O cheiro do sangue animou o saiya-jin. Definitivamente melhor que o sangue da fedelha, pensou satisfeito, quase vaidoso. A vantagem era dele. Lançou três bolas de energia que atingiram Gotenks em cheio. Ele caiu dos céus. Ao atingir o chão rochoso, cravou neste a sua forma. As pedras soltas choveram sobre Gotenks que ficara inanimado.

Keilo não abrandou o ataque. Antes mesmo de respirar, despejou uma saraivada de mais bolas semelhantes ao trio inicial. A saraivada energética arrasou os rochedos em volta, escavou uma cratera monstruosa onde Gotenks caíra. Só quando viu o adversário soterrado debaixo de toneladas de rocha, sossegou. Desceu, sem fôlego, suado, estacionou nos bordos da cratera, olhou para baixo com a segurança dos vencedores.

Contudo, a aura de Gotenks continuava forte e pulsante de vida. A espera não foi demorada. As rochas que enchiam a cratera saltaram, Gotenks surgiu no ar impulsionado por uma fúria imensa. Keilo apenas conseguiu cruzar os braços sobre a cara. O soco de Gotenks morreu aí, mas, com a força imprimida no golpe, Keilo foi cuspido para trás. Tropeçou nos próprios pés e caiu de costas. Levantou-se no segundo seguinte, olhando fixamente para o adversário.

- Um bom ataque – disse Gotenks a sacudir a poeira da roupa, a limpar o sangue do nariz. – Mas deixemo-nos de ninharias e passemos a coisas mais sérias. Nem tu, nem eu, temos tempo a perder.

Gotenks dobrou-se sobre si mesmo, rosto congestionado com a tensão, punhos cerrados. O corpo musculoso libertou uma onda invisível de energia que banhou a paisagem circundante.

Um grito tremendo irrompeu da garganta de Gotenks. Os cabelos loiros e eriçados, característica de todos os super saiya-jin, começaram a crescer, a criar volume. O chão tremia sem parar. As pedrinhas saltitavam. Ao fundo, os penedos desmoronavam-se. No céu, as nuvens corriam e o céu tornava-se num azul artificial. O corpo cintilava cada vez com mais intensidade, a energia imensa ameaçava desintegrá-lo em minúsculas moléculas. O brilho foi tal que Keilo protegeu os olhos com um braço.

A seguir, calma. Um som elétrico zumbia no ar.

Ao ver no que Gotenks se tinha convertido, Keilo não escondeu o espanto.

Contemplava o poder de um super saiya-jin, nível três.

Keilo recompôs-se. Amaldiçoou-se por se ter mostrado tão impressionado, quando, na realidade, rejubilava por ter naquele planeta insignificante adversários à sua altura. Kakaroto e agora aquela aberração que nascia da fusão de dois saiya-jin mestiços.

Sorriu, a deixar-se comandar pela ferocidade das emoções que experimentava. O ki explodiu dentro dele, convocou raiva e força. Gritou, provocou um terramoto. Também ele se transformou em super saiya-jin, nível três.

Gotenks também sorriu.

Os cabelos loiros dos dois guerreiros estendia-se pelas costas em grossos cachos. A energia ondulava em redor deles como se estivessem a arder. Os olhos verdes de Gotenks faiscaram e foi ele o primeiro a atacar.

Keilo derrubou Gotenks com um só golpe. Este tombou de barriga para baixo. Apoiou-se nos braços, para se pôr de pé. Procurou por Keilo com os olhos. Descobriu-o perto, demasiado… O vulto de Keilo escureceu-lhe a visão e uma dor enorme cegou-o. Keilo socava-o e deixava-o quase inconsciente.

Quando se ia deixar cair, sentiu o colete a ser repuxado. O segundo soco retiniu no cérebro, não como dor, mas como um alarme irritante. Gotenks entreabriu um dos olhos, viu Keilo alçar o punho para o terceiro soco. O nariz estava entupido de sangue. Sorriu com os dentes tisnados de vermelho.

Com um gesto rápido atingiu Keilo na base do pescoço com ambas as mãos. O saiya-jin soltou-o. Gotenks tentou equilibrar-se, mas uma tontura traiçoeira fê-lo vacilar. Sacudiu a cabeça, tentava despertar. Veio um vento quente, um furacão fervente. A tontura levava-o. Forçou os olhos e viu o raio vermelho instantes antes de este o atingir.

O raio explodiu. Keilo enviou outro raio. E outro ainda. As explosões criaram um cenário dantesco naquelas montanhas, com pedregulhos a cair, fogo a saltar, nuvens de fumo, terramotos ininterruptos.

O saiya-jin baixou o braço, deu o ataque por findo. Aguardou.

A aura de Gotenks continuava tão poderosa como antes. Keilo não se admirou.

Um pedregulho moveu-se. Elevou-se alguns centímetros, afastou-se ligeiramente para o lado e Gotenks apareceu. Sorria.

- Parabéns, Keilo. Foi um bom ataque… Gostei muito!

Apagou o sorriso.

- Estou farto de brincar.

Gotenks levantou-se, apoiou-se com firmeza nas pernas. Concentrou-se, endureceu os músculos, o ki cresceu e a capa dourada que lhe envolvia o corpo agitou-se.

Keilo colocou-se em posição de defesa.

O combate recomeçou.

Toda a Terra tremeu com aquele combate sem tréguas entre Keilo e Gotenks.