Bulma carregou no botão várias vezes, fazendo soar o bipe-bipe habitual. No pequeno mostrador redondo e verde apareceram alguns pontos com números que iam diminuindo de tamanho, a acompanhar os quadrados do mostrador que também minguavam, até formarem um esquema num mapa.

- O radar do dragão está a funcionar?

Vegeta entrava na oficina. Vestia roupa mais confortável, umas calças largas, uma t-shirt branca debaixo de um casaco de fato-de-treino, calçava as botas flexíveis do uniforme de combate. Tinha ido dormir e tomara banho. Até se perfumara, o que era estranho para aquilo que iria fazer a seguir. Ela espreitou o relógio. Era de madrugada, quase cinco da manhã. Respondeu:

- Hai, está a funcionar.

- Ótimo!

Depositou-lhe o radar na palma da mão.

Goku apareceu.

- Son-kun.

Ele respondeu-lhe com um sorriso fresco. Também tinha descansado e trocado de roupa. Usava o dogi alaranjado, uma faixa larga azul-escuro a cingir a túnica, as botas pretas, a indumentária que lhe era habitual, tudo impecavelmente lavado. Mesmo que não estivessem juntos, por causa dos treinos de Ubo, Chi-Chi continuava a cuidar das coisas de Goku de uma forma exemplar e, a seu modo, comovente. Bulma sorriu-lhe de volta.

- A conversa com Chi-Chi foi longa.

- Hai. Estivemos a jantar em casa de Gohan e depois fomos para a nossa casa. Aproveitei para dormir depois de ter comido até rebentar. Há algum tempo que não dormia na nossa casa… – Coçou a cabeça, pensativo. – Sem contar com aquela vez, na Dimensão Real.

- Aproveitaste para pôr toda a conversa em dia? – Perguntou com malícia, piscando o olho.

- Eh… Hai. Chi-Chi não reagiu muito bem quando lhe disse que Goten estava vivo, porque queria vê-lo e ele não estava comigo, mas ter ficado com Gohan e com Pan e com Videl acabou por ajudar a esquecer a falta do filho mais novo.

Ele não tinha percebido a indireta e ela desistiu.

Goku perguntou, ao ver o que Vegeta tinha na mão:

- O primeiro radar está construído?

- Tal como tinha prometido – disse Bulma. – Vou já começar a construir o segundo. No final da tarde, de acordo com os meus cálculos, estará pronto.

Na bancada aglomeravam-se peças minúsculas e uma caixa redonda branca vazia, onde se iriam inserir todas aquelas peças e convertê-la num sofisticado mecanismo.

- Por isso, se quiseres, podes voltar para casa, Son-kun.

- Não, vou ficar.

Vegeta encaminhou-se para a porta. Goku chamou-o.

- Espera! Temos de combinar que bolas de dragão é que cada um vai procurar para não andarmos atrás da mesma.

- Fácil. Vou procurar as bolas de dragão que estão a leste e tu vais procurar as que estão para oeste. Estamos combinados?

- Hai. É uma boa ideia. E… Posso pedir-te uma coisa?

- O quê, Kakaroto?

- Como o radar só vai estar pronto no final do dia e como vou ficar por aqui, estava a pensar em distrair-me na câmara de gravidade. Posso utilizá-la, Vegeta?

- Podes.

A alegria encheu o rosto de Goku.

- Arigato, Vegeta!

O príncipe sorriu e saiu da oficina. Bulma puxou a cadeira para a bancada e debruçou-se sobre as minúsculas peças, consciente que todos os minutos eram preciosos. Goku despediu-se com entusiasmo:

- Bulma, não quero atrapalhar o teu trabalho. Vou treinar-me.

- Djá ná, Son-kun.

- Djá ná.

Ficou sozinha na oficina a pensar naqueles saiya-jin que não tinham emenda. Viviam para treinar, lutar, comer. À sua maneira, estimavam muito as suas mulheres, Vegeta tinha-lho confirmado, mas trocavam-nas, sem hesitar, por uns segundos de excitação de um combate impossível.

Começou a construir o segundo radar do dragão a pensar como a sua vida teria sido aborrecida se, naquele dia de um passado remoto, não tivesse partido para as montanhas em busca de uma lenda e onde acabou por encontrar um estranho miúdo com rabo de macaco que nunca tinha visto uma rapariga.