Acordou no dia seguinte ainda abalado por sua súbita ida para Skyrim. Assim, logo ao acordar, foi à casa de Svuc. A cidade estava serena. O único barulho vinha da brisa batendo na vegetação e das galinhas que andavam livremente pela cidadezinha.

–Svuc?! –gritou ao bater na porta. O elfo, sonolento, abriu a porta com a cara amassada de sono.

–Já acordou, senhor?

–Eita, rapaz. Foi mal. Não sabia que tava cedo.

–Tudo bem, senhor. Aceita uma maçã? Ou um queijo gouda?

–Não. Olha... –Alexandre olhou ao redor. Sentiu o tempo frio e sentiu um desconforto. Diferente de sua terra natal, as longínquas terras da província de Rio de Janeiro, onde era calor o ano todo e todos reclamavam, porém, quando ficava frio, todos reclamavam de qualquer forma. –Você sabe algum lugar onde possa arranjar roupas mais quentes?

–Ora... pegue algumas minhas, senhor! –o elfo abriu um feliz sorriso

–Não, não. Svuc, você já foi muito legal até agora... pode deixar que eu compro minhas próprias.

–Com que dinheiro, senhor? –o elfo deu um sorriso perspicaz.

–Eu passo frio então.

–Ora, eu insisto...

–Não, Svuc. Não. To feliz assim. –Alexandre olhou em volta mais uma vez. Bufou. Avistou uma carruagem com quatro cavalos a escoltando. Estreitou os olhos, mas ainda estava longe. Voltou os olhos a Svuc- Só preciso de um açaí pra melhorar os ânimos.

Em pouco tempo Alexandre estava vestindo um pesado casaco de pele de urso que pertencia a Svuc. O elfo fez questão e Alexandre acabou levando, com a promessa de que traria de volta. Enquanto isso, a carruagem se aproximou. Um homem com uma esplendorosa roupa verde sentava no interior da carruagem. Atravessava a cidade com cinco cavaleiros bem armados o escoltando, quando avistou Alexandre saindo da casa de Svuc na maior inocência.

–Ei, brasileiro. –chamou o homem.

Alexandre olhou receoso para a carruagem. O homem desceu com um ar humilde.

–Quem é você? –perguntou Alexandre.

–Tu nunca rolezou por essas laia aqui não, meu parceiro? Tu deve ter chegado agora, né não? –Alexandre percebeu que os cidadãos ao redor demonstravam um ar de respeito para com o homem- Eu sou Wesley, o Mano, o novo Jarl de Falkreath. –Wesley, o Mano, fez uma pose cruzando os braços e colocando o seu boné com uma coroa desenhada.

–Tens meu respeito, Jarl. –disse Alexandre colocando o punho fechado sobre o coração e abaixando a cabeça, num gesto majestoso.

–Ih, parça, aqui geral é parceiro, geral é mano, geral se respeita, precisa ficar mandando esses gestos de riquinho pra ter respeito, não, mano. –o Jarl de Falkreath se aproximou de Alexandre e o envolveu com o braço pelo pescoço, em um abraço, enquanto pronunciava essas palavras. –Olha, mano, eu vi uns brasileiro, tipo tu sabe, igualzin, numa casa lá nas minhas terra. Tu veio com eles? Ou sei lá? Mó tempão que não vejo brasileiro aqui, tá ligado?

Alexandre prendeu a atenção no Jarl. Talvez fosse uma pista. Para ele, que não possuía nenhum destino, nenhum lugar por onde começar, esse era um bom ponto de partida.

–Acho que não custa nada averiguar, não acha, Wesley, o Mano? –Alexandre respondeu.

–Aaaah. Entendi a tua. –o Jarl lançava um sorriso de duplo sentido para Alexandre. –Tu vai dar umas averiguada. Ver os esquema. –o Jarl deu um tapa no ombro de Alexandre, que estava sem entender nada, mas decidiu apena sorrir e assentir.

–Éééé... –Alexandre disse- Essa parada ae, mermo.

–Já é. Partiu. –Wesley foi se dirigindo a carruagem e chamou Alexandre para entrar lá com ele.

Antes de partir, Alexandre apenas se despediu rapidamente de Svuc, dizendo que ele foi de muita ajuda e quando pudesse, o recompensaria. O elfo da floresta apenas disse “Foi uma honra, senhor. Quando quiser visitar, precisa apenas vir.” E com um sorriso no rosto, os dois se despediram.

Wesley, o Mano, tinha uma bela carruagem. Com o interior todo em prata e ouro e bancos vermelhos extremamente confortáveis. As rodas eram de madeira polida e o lado de fora era cheio de ornamentações que ilustravam o próprio Wesley em diversas poses diferentes em alto relevo. O cocheiro usava roupas simples, porém era um homem de porte elegante.

Quando estavam prestes a sair, Wesley gritou para o cocheiro:

–Bora pra aquela casa dos brazuca, cochão. –e assim, partiram em direção a primeira pista de Alexandre. Wesley, o Mano, fez questão de manter o convidado entretido com suas histórias e seus planos para a cidade.

–Ih, meu mano, tu vai ver, aquele cemiteriozinho? Pffff... vo é construir uma boate boladona lá. Vai rolar vários baile. Essa cidade ta muito desanimada. –toda essa ladainha fez Alexandre se lembrar mais uma vez de sua terra natal, onde essas boates estavam espalhadas por todo o canto.

Foi justamente o que aconteceu com Wesley, o Mano. Seu nome verdadeiro era Burghnof, o filho do antigo Jarl de Falkreath, porém, em uma viagem para conhecer o mundo, Burghnof visitou o Brasil, mais precisamente, São Paulo e Rio de Janeiro. Apaixonou-se pelo estilo de vida dos jovens de lá. Quando retornou, decidiu mudar seu nome e seu estilo de vida. Tava cansado das responsabilidades de ser um Jarl, coisas que seu pai sempre falava. Seu pai suicidou de desgosto e o então Wesley tomou o poder de Falkreath. Por seu estilo de vida descontraído e parceiro de todos do seu povo, ficou conhecido como o Mano.

–Então, mano, é assim que vo transformar o casarão do Jarl numa mansão cinco estrelas, se ligou?

–Me liguei, Mano. Me liguei.

Súbito, setas acertaram os cavaleiros e começou uma batalha no lado de fora. O Jarl e Alexandre se assustaram e se agitaram, quando, de repente, uma magia de fogo explodiu a carruagem e os dois voaram na terra.

Wesley reclamava:

–Pooo, mano, minha carroça, mano. Que vacilo! Minha roupa, maluco. Custou umas pila essa roupa, mano. –o Jarl e Alexandre estavam caídos lado a lado, esperando a poeira baixar. –Cara, que vacilo. Vacilão morre cedo, parceiro. Tu mexeu com o Jarl errado. –Wesley se dirigia a quem quer que fosse.

Quando a poeira baixou, Alexandre reconheceu os atacantes. Eram os mesmo que o sequestraram.

–Sentiu saudades? –o líder dos sequestradores perguntou com maldade.

Wesley ficou inconformado por um momento e perguntou a Alexandre:

–Tu é desses vacilão ae? Pensei que a gente fosse mano.

Alexandre foi rápido em responder:

–Eles não são meus manos, mano. Mano não vacila. Mano que vacila é vacilão e como tu disse, vacilão morre cedo.

–Mandou o papo. –Wesley olhou com admiração para Alexandre- Bora mostrar pra esses vacilão quem manda nessa parada aqui.