O Diário das Irmãs Martins

Tudo o que você precisa é de amor


"Há momentos em nossas vidas em que o amor realmente conquista tudo: cansaço, privação de sono, qualquer coisa. E depois há aqueles momentos em que parece que o amor não nos traz nada além de dor.

[...]

Paulina...

— CARLOS DANIEL, EU PRECISO DE AJUDA AQUI! - Grito a ele que está na cozinha, ele corre subindo as escadas e se depara com Emily pelada na nossa cama e eu tentando trocar a fralda dela.

— Deus, que cheiro é esse? - Ele pergunta colocando o braço em seu rosto se aproximando da cama, eu viro o meu rosto mas minhas mãos continuam firmes nela.

— É a Emily, ela fez cocô. - Digo a ele.

— De novo?

— Sim... - Respondo. - Eu preciso de ajuda aqui, ela não para de chorar.

— Exatamente o que você quer que eu faça? - Carlos Daniel pergunta, olhamos para Emily e nos olhamos novamente. - Não, eu não posso fazer isso.

— Pode sim, por favor. Eu já troquei uma vez ela.

— Não Paulina, eu não posso. Meu Deus, aqui tá fedendo muito.

Olho para ele que dá um passo para trás da cama se afastando e seguro as pernas de Emily que era o segundo dia que ficava conosco a tarde, hoje Jilian iria provar as novas próteses e escolher uma e Mark e a própria Jilian resolveram deixar Emily aos nossos cuidados, eu sei que ofereci mas Deus, Emily faz muito cocô.

— Ok, segure as pernas dela, só um momento para que eu pegue as coisas novamente. - Digo a ele que se aproxima e encosta as mãos no tornozelo de Emily e segura a respiração. Nesse momento corro para fora do quarto e desço as escadas deixando-o sozinho, e quando estou lá embaixo ouço seus gritos "PAULINAAA"

Eu não sou uma pessoa ruim. Não mesmo. Amo o Carlos Daniel e amo a pequena Emily, mas meus pulmões não estavam trabalhando direito naquele quarto.

Meu celular tocou e eu corri para atendê-lo, era Mark perguntando como estava tudo, apesar dos gritos de Carlos Daniel e do choro de Emily "Está tudo bem" respondia.

Uns dez minutos depois sentada no sofá com uma revista em mãos Carlos Daniel desce as escadas com ela e vem ao meu encontro, dou um suspiro e a pego no colo e depois de dar chupeta para ela, Emily adormece em meu colo. Me levanto lentamente e a coloco numa caminha que estava na sala de estar de Carlos Daniel.

— Carlos Daniel? - O chamo com a voz bem baixa, ele está na cozinha se servindo de um pouco de suco. Ele me olha nervoso toma o suco e eu o abraço, Carlos Daniel coloca o copo suavemente na pia e se vira. - Você está cheirando muito mal. - Sussurro, mas ainda o abraçando.

— Como aquela criatura pequena, linda, consegue fazer coisas tão horríveis? - Ele pergunta, dou uma risada. - Vamos precisar mandar limpar o quarto.

— Não é pra tanto. Eu subo e limpo o quarto agora. E você... Vá tomar banho por favor. - Digo a ele o largando e subo as escadas indo limpar o quarto e logo em seguida desço e Carlos Daniel sobe para tomar um banho.

Jeremy...

Depois que meu amigo foi para a casa da irmã, esta tarde eu iria sair com Megan a garota que conheci no aeroporto, combinamos de nos encontrar na cafeteria Dears Cafeteria e eu já estava a caminho.

Em pouco tempo quando cheguei e desci do carro ela estava esperando lá fora sentada num banco em seu celular, quando me viu se levantou e me cumprimentou pedi perdão pelo atraso e entramos.

— Então, o que você faz da vida? - Ela me perguntou e encostou seus cotovelos a mesa.

— No momento eu tô trabalhando com um cozinheiro num curso, mas me chamaram para uma nova entrevista amanhã, então... Estou bem positivo. E você?

— Que legal! Eu sou agenciadora de executivos.

— Caça talentos? - Pergunto.

— Prefiro agenciadora de executivos, soa mais formal. - Megan sorri, a garçonete se aproxima e nós fazemos o pedido. - Então, Jeremy... Sempre morou aqui?

— Não. Eu vim de Nova York, mas já moro aqui há uns 3 anos.

— Caraca! Nova York. Por que se mudou pra cá?

— Emprego. Queria conhecer novas opções. E você sempre morou aqui?

— Não. Morava em Seattle, eu queria novos ares, então recebi uma oferta aqui e eu aceitei. Mas, Nova York é A CIDADE! Totalmente. - Megan responde, sorrio pra ela.

— Seattle não fica atrás de ser maravilhoso.

— Gosta de Seattle?

— Eu assisto Grey's Anatomy. - Respondo a ela que para de tomar seu suco de melão e dá uma risada alta.

— Não falo das coisas que aparecem na TV.

— Ok, mas Seattle é Seattle.

— Nova York é Nova York! - Ela responde. - Onde é o novo emprego?

— É na Tiff - Toronto International Film Festival. Como diretor de arte. - Caramba! Soube que minha empresa estava atrás de um rapaz que comandava um dos blogs mais visualizados. É você?

— Sou eu. - Respondo e como um pedaço da torta de pêssego. - Uau! Coincidência, isso pode mudar a minha vida.

— Eu vou mudar a sua vida! - Ela afirmou. - Eu conheço já bastante pessoal do escritório e sei que vou conseguir aquele contrato pra você.

— É boa nisso?

— Claro! - Megan responde, e o meu celular começa a tocar, peço licença e ao olhar era Britney minha ex namorada, havíamos terminado tudo há meses e por que agora ela está me ligando?

— Ah desculpa...

— Algum problema? - Ela pergunta.

— Não, é só... Olha, é a minha ex namorada, mas eu acho que ela deve estar nos seguindo porque terminamos faz muito tempo e ela de repente está me ligando.

— Ei, relaxa Jeremy. Só estamos nos conhecendo. Somos amigos agora não somos? - Megan disse, e realmente usou o termo AMIGOS. Quem convida uma pessoa para se tornar amigo?

— Claro. Somos! - Respondi, porque bom eu também não estava querendo mais uma confusão, já bastava de Britney. Meu celular tocou mais uma vez.

— Ela é bem insistente! Posso? - Ela aponta para o celular o pegando e atende. - Oi, aqui é a Megan. Desculpe, mas o Jeremy não vai poder te atender porque ele está ocupado demais transando agora. - De repente o sinal caí e ela me devolve o celular pedindo perdão por aquilo, dou risada mais uma vez. - Por que ela quis terminar com você?

— Disse que eu sou bom demais para ela, o que é verdade sem querer me gabar.

Megan sorriu e jogou sua cabeça para trás.

— ... Mas, também me disse que eu deveria conhecer alguém melhor porque eu certamente tinha algum bloqueio por ela, ou seja lá o que for. - Megan colocou o copo vazio na mesa e com aquele bigode de pêssego me olhou e lambou os cantos da boca.

— Nossa, meu ex namorado disse que eu viajo muito em contos de fada e ele não era o meu príncipe encantado porque eu não era sua princesa por ter muitos defeitos emocionais.

— Que babaca!

— Totalmente. - Ela concorda. - Mas, não posso culpa-lo eu gosto mesmo de um conto de fadas.

— E ele termina dizendo que você tem defeitos por acreditar em histórias de princesas sendo salvas de torres e dragões? Idiota.

— Jeremy, concordo redondamente. - Ela me diz e eu dou um sorriso olhando para a mesa, ela limpa a boca novamente com uma toalha e apoia seus braços na mesa.

— O que?

— Nada. - Respondo.

— Fala.

— Plenamente.

— O que? - Novamente ela pergunta.

— É "concordo plenamente"

— Jeremy! - Ela me chama e lambe um de seus dedos. - Se você entendeu, pra que complicar? - Eu dou uma risada novamente e ela também.

Pra quem não sabe e quer saber como é o Jeremy e agora a nova integrante da fic Megan, aqui vai

Jilian...

Desde que eu decidi ficar em Toronto e lutar pela minha vida, pelo Mark, minha filha e por Paulina eu tenho tentado compreender mais o lado que os dois tomaram ao decidirem amputar a minha perna. E não está sendo fácil.

Hoje provei duas próteses e ao que parece era a última pois na semana seguinte eu poderia voltar e começar a usá-la, é horrível ficar em cadeiras de rodas e não poder limpar sua casa, fazer comida, descer escadas, tomar banho normalmente e até atender a minha filha depressa quando ela precisa.

Passamos na casa de Carlos Daniel e pegamos a Emily, como sempre Mark desceu do carro a pegou colocou na cadeirinha arrumou a bolsa e agradeceu a eles por tomarem conta, apenas acenei aos dois que ficaram parados na porta, com a cara de exaustos.

Quando chegamos em casa Emily ficou em meu colo na cadeira de rodas, Mark estacionou o carro frente a nossa casa, e pegou a cadeira de rodas e depois me pegou colocando-me ali e nos levou para dentro de casa, fiquei ali na sala com ela brincando enquanto ele tomava um banho, coloquei Emily para dormir um pouco no berço ali que ficava na sala e decidi tentar ir sozinha ao banheiro.

As cadeiras de rodas que Mark havia conseguido era enorme, então eu me ergui colocando a mão nas paredes e fui pulando até chegar no banheiro de baixo, abri a porta e prestes a tirar a roupa e fazer minhas necessidades eu caí ao chão e fiquei ali parada sem conseguir me erguer novamente.

Cinco minutos depois quando Mark desceu e viu Emily adormecida e a cadeira vazia ele começou a me chamar pela casa e me viu ali parada no chão do banheiro e correu para me ajudar, eu havia urinado em toda a minha roupa.

— O que você fez Jilian? - Ele me pergunta aparavorado, cravo minhas unhas em sua roupa e começo a chorar não aguentando a vergonha.

— Eu precisava urinar e eu queria fazer aquilo sozinha.

— Você ainda não recebeu as próteses.

— E você estava no banho! Aquela cadeira é enorme e há brinquedos espalhados por toda a casa, e eu estava apertada. - Respondo, ele liga o chuveiro ali de baixo que não era lá muito bom e me coloca dentro, eu continuo chorando. - Por que deixou fazer isso com a minha perna? Por quê? - Eu perguntava histérica, ele que havia acabado de se trocar molhou sua roupa inteira novamente e me encostou na parede.

— Jilian, calma. Amor, se acalma. - Ele me dizia.

— Eu não aguento mais isso! - Dei um soco no ombro dele e continuei chorando.

— VOCÊ NÃO AGUENTA? É DIFÍCIL PRA MIM TAMBÉM. - Ele gritou e começou a chorar ali na minha frente, a primeira vez que o vi chorar. Parei na hora de chorar e deixei a água escorrer e segurei em seus braços.

Paola...

Hoje na empresa vi Douglas e Marissa, eu iria ficar até mais tarde na empresa e em outra época Douglas teria ficado comigo, e assim que ele me viu (e eu estava ali parada olhando para ele colocar o casaco em Marissa) ele veio ao meu encontro, eu continuei assinando os papéis da empresa.

— Você... Vai querer ajuda? - Ele me pergunta se apoiando no balcão.

— Não... Estou bem, será rápido.

— Eu posso falar com Marissa, ela vai entender.

— Douglas... Tudo bem, você pode ir com a Marissa. - Disse a ele que ficou ali me olhando. - Vá, ela está esperando.

— Tá... - Ele suspirou fundo. - Boa noite.

— Boa noite. - Respondo, ele dá um sorriso e logo em seguida o vejo dando as mãos para Marissa entrando no elevador e indo embora com ela.

Quando saí da empresa duas horas depois fui para o apartamento e Peter estava se arrumando para sair com Luna, a loira belga dos olhos azuis que lia livros românticos antigos assim como Paulina.

Entrei no apartamento e o ajudei a se arrumar, ele arrumou a gravata PORQUE ESTAVA LEVANDO ELA PARA DANÇAR que saudades disso eu tinha. Tomei um copo d'água e subi para o quarto onde Jack estava no fone de ouvidos na cama.

Tomei um banho rápido e coloquei uma camisola, fiquei ali parada em frente a janela, Jack se levantou e veio atrás de mim colocou suas mãos suavemente em meus ombros e eu sorri, mas só pensava no Douglas. Tentei esquecê-lo, olhei para Jack.

— Paola... Eu sei que você não tinha motivos para confiar em mim antes porque eu tentei arruinar seu namoro muitas vezes, mas eu sinceramente te amo. E sempre fui apaixonado por você. - Jack me disse, coloquei minhas mãos em seu quadril e o trouxe para mais perto o beijando. Ele me pegou no colo e me colocou na cama ficando em cima de mim.

Jack retirou minha camisola e eu retirei sua camisa e cravei minhas unhas em suas costas, senti ele apertar minha bunda, e logo retirou sua calça, Jack beijou meu corpo até chegar na minha parte íntima e ficou ali.

Quando ele me olhou novamente, deu um sorriso e eu também.

— Você já está acabando não está? - Perguntei segurando seu ombro.

— O que? Não, eu não estava... Você não gostou? - Jack me pergunta e eu começo a chorar.

— Gostei... É que...

— Você está chorando. Não gostou.

— Jack, espera. - Digo o chamando, ele pega um lençol e enrola em corpo saindo do quarto e batendo a porta totalmente bravo. Eu continuei chorando na cama, ali nua...

Paulina...

Depois de ter limpado toda a louça da janta que preparei para Carlos Daniel, subimos para o quarto e sentados na cama prestes a dormir, perguntei a ele se alguma vez ele já escrevera sobre mim.

— Tudo o que escrevo no jornal é para você. - Ele me diz. - Inclusive amanhã sairá uma nova nota.

— Eu sei amor, é que... Eu tô falando, já pensou em escrever sobre mim num livro?

— Ainda não. Eu escrevo sobre coisas trágicas românticas. Quer que eu escreva para você?

— Não. Eu entendo. - Respondo, ele dá um beijo em minha testa.

— Vamos sair para dançar amanhã?

— Sim. - Respondo, e Carlos Daniel me beija ficando em cima de mim, e retira a alça da minha blusa "Ops" ele diz e eu dou um sorriso enquanto ele continua me beijando jogando o livro em meu colo no chão.

"Estamos sempre procurando maneiras de aliviar a dor. Às vezes, fazemos o que temos de melhor. Às vezes há momentos em que perdermos a nós mesmos. E às vezes tudo o que precisamos para aliviar a dor é dar uma simples trégua.