"Germes, doenças, toxinas. Nossos corpos estão expostos a perigos o tempo todo. Logo abaixo da superfície. Escondidos. Mesmo que não perceba, seu corpo está sempre se protegendo.

Peter

— Eu estou estudando novamente, fazendo medicina. Quero ser cirurgião. - Respondo a Luna. Ali na minha frente, comendo Espaguete à Carbonara e tomando mais uma taça de vinho.

— Ah, isso é muito bom. Que faculdade? - Luna me pergunta e limpa sua boca no guardanapo, ela é tão maravilhosamente perfeita. - Uau! - Ela me diz numa hora e no restaurante começa a tocar "And I Love Her" do Beatles, e ela nem se exalta para cantar.

— Gosta dos Beatles? - Pergunto numa hora e ajeito a gravata, ela para de cantar e balançar a cabeça num minuto.

— Tá brincando? É claro! Você não? - Ela me diz e fecha os olhos ouvindo o som do violão que o Paul toca.

I'll give her all my love, eu canto e Luna sorri cantando ainda mais alto do que eu.

— Qual o seu beatle favorito? - Luna me pergunta assim que a música acaba.

— John Lennon. Gosto do estilo e do jeito que ele pensa.

— Ah! - Ela diz. - Bom, eu não vou dizer qual o meu favorito, mas me surpreende você dizer John e gostar do estilo dele e ser totalmente o estilo George. Por exemplo, se eu disser que sou fissurada na Madonna, eu não vou sair por aí como ela.

— Então você gosta da Madonna?

— Talvez... - Luna coloca um pedaço do morango da sobremesa que havíamos pedido.

— Então, quem você diria que é...

— Minha musa de inspiração? - Ela ironiza, eu sorrio limpando o canto da boca e concordo "Sim, sua musa" ela toma mais um gole do vinho e cerra os cílios me encarando. - Seria Rihanna, Kate Moss.

— A supermodelo britânica? Tá brincando?

— O que, ela é maravilhosa.

— Ok, e quem mais?

— Gaby Spanic.

— A atriz do México? Sério?

— Não gosta dela também Peter?

— Não, não é isso. Mas, minha madrasta, ou sei lá o que ela é pelo o que soube ama essa novela que tem as gêmeas... Dupla, As Irmãs... A Usurpadora e colocou o nome delas de Paulina e Paola. - Respondo, Luna abre a boca e se inclina para mim me pedindo mais informações.

Quando saímos do restaurante a levei até a porta de sua casa, ainda dentro do carro ela encostou sua cabeça no banco assim como eu e sorriu, seus olhos azuis brilharam. Eu me inclinei prestes a dar um beijo nela, eu estava nervoso e não sabia bem o que fazer porque a última mulher que beijei no meu carro eu acabei morando com ela.

— Peter... - Luna recuou, e colocou sua mão em meu ombro me afastando 1 cm dela.

— Desculpe. - Digo a ela que abaixa sua cabeça.

Toda vez que você pisca, elimina milhares de micróbios indesejáveis. Se respira pólen em excesso, você espirra. O corpo sabe quando encontra algo que não lhe pertence. O corpo detecta o invasor, lança glóbulos brancos e eles atacam.

— Não... Não é você, é que antes que eu te convide para entrar ou nos beijarmos aqui, eu quero que você saiba de uma coisa.

— Não me diz que você é homem, porque eu "tava" te curtindo. - Brinco com ela. "Que tipo de brincadeira é essa?" penso comigo mesma e só me vem a palavra idiota em mente. Mas, ela sorriu...

— Não sou um homem... - Ela sorriu em contradição. - Desde pequena cultivo algo em mim que não sei se você julgará bom ou ruim, porém eu nunca, jamais, me apeguei a algo. Nunca me apeguei em bonecas, em roupas, qualquer coisa. Jamais.

— Ok?

— ... Então, se vamos fazer isso... Se vamos ter um "lance" deveria saber que eu também não sou muito de me apegar a pessoas, e eu não quero nada sério.

— A gente pode dar um passo de cada vez.

— Não, você não tá me entendendo... Peter, eu não acredito muito no amor, eu não quero um namorado. Olha, você é um rapaz maravilhoso, charmoso, encantador, inteligente, tem bom gosto... - Ela olha para a minha gravata. - É... Mais ou menos... e é lindo, mas se ficar comigo não espere se apaixonar por mim ou que eu me apaixone por você.

[...]

No dia seguinte

Jilian...

Mark levantou ás 6h da manhã e não me deu um beijo na bochecha como faz de costume, apenas calçou os chinelos e foi para o banheiro, ao sair abriu a porta do quarto e foi ver Emily que já estava acordada - a babá eletrônica estava ligada - ele a pegou e desceu com ela.

Me sentei na cama logo em seguida e lembrei dele chorando ali na minha frente e não sabia o que fazer na hora, e ainda não sei. Mandei uma mensagem para Paulina "Por favor quando sair do curso passa aqui em casa" me inclinei e puxei a cadeira de rodas para junto da cama e me apoiei para tentar sentar. Fui até o banheiro e com muito cuidado fiz minhas necessidades e logo Mark apareceu no quarto novamente com a bandeja e meu café da manhã - torrada e geléia de morango, café, panquecas.

— Bom dia! Olha, trouxe o café a vizinha Lydia vai chegar daqui a pouco e ficar com você e a Emily, eu preciso trabalhar.

— Mark... - O chamo.

— Não, Jilian eu vou tomar banho agora, a Emily está trocada e já dei mamadeira para ela, agora ela está deitada no berço da sala e eu vou busca-la.

— A gente precisa conversar. Eu quero conversar.

— Não dá, eu vim trazer o seu café. Vou brincar um pouco com a minha filha e depois tomar um banho, quer descer agora ou depois? - Ele volta a perguntar.

— Depois... Eu quero conversar com você agora. Senta aí.

— Tá vendo, esse é o seu problema... Acha que manda em mim, eu tô suportando tudo e quero continuar assim porque eu não estou a fim de discutir com minha esposa e minha filha de 3 meses está lá em baixo deitada.

— Acha que mando em você? Mark, eu só...

— Só o que? Perdeu uma perna? Eu tô perdendo minha esposa, porque ela claramente ainda não pode aceitar esse fato e eu tenho que aceitar que a mulher que eu casei, me odeia.

— Vamos conversar por favor. Vai ficar fazendo cena agora?

— Cena? Tudo bem, cena...

— Desculpa, Mark eu tô nervosa. Desculpa.

— Tá tudo bem, eu vou... vou descer e ficar com ela.

— Mark? - O chamo novamente que para na porta do quarto e me olha nervoso. - Você ainda me ama? - Pergunto, ele suspira fundo.

— Tudo o que estou fazendo é por te amar Jilian, você foi uma pessoa horrível nesses 3 meses mas tudo bem, eu entendo porque eu sei que não é fácil para você que tinha e tem sonhos. Mas, eu não discuti por isso, porque você é o amor da minha vida, e eu não desisti de você. - Ele responde e sai do quarto.

Sinto como se uma estaca atingisse meu coração agora, olhei para a comida que ele havia preparado e em volta o quarto que estava limpo porque ele fazia a faxina - do seu jeito - e eu tinha e tenho medo de perder o Mark.

Comi o que ele havia me preparado e fiquei ali com a cadeira de rodas frente a nossa janela do quarto, logo ele subiu trazendo Emily para o meu colo enquanto ele tomava banho, minha filha adormecia em meu peito e eu passava minha mão cuidadosamente em sua pequena cabeça e meus olhos encheram-se de lágrimas. Deus, estava farta de chorar.

E ali observando crianças brincarem na rua, cachorros correndo, o dono da banca chegando e abrindo dando bom dia para o padeiro, o sr. Joaquim que muito gentil sempre cumprimentava as pessoas com um sorriso em seu rosto.

E eu? Eu fechei meus olhos e lembrei daquele sorriso... O sorriso do Mark, e de todas as conversas sem sentido. Lembrei de todos aqueles pequenos detalhes e momentos em que os nossos olhos se cruzavam com ênfase brutal de dois corações pulsantes apaixonados. Lembrei de como foi ama-lo pela primeira vez, foi tão fácil... E tão difícil, porque eu estava ali com ele e me negava a acreditar porque eu era tão boba perto dele e isso é algo tão incomum da minha parte, já que eu sempre fui a garota sem medo dos rapazes.

Me perdi em tantas lembranças dele, tantas coisas vinham a minha cabeça naquele momento, tantas lembranças boas e outras tantas ridículas e é com todas essas lembranças que eu sei que tudo foi lindo. E então, eu me lembro daquela tarde do acidente e aperto minha filha deixando escorrer uma lágrima, mas meus olhos continuam fechados.

Mas sabe, eu era feliz.

Paulina...

No curso de Saul Juanes uma garota - Saddie - veio brigar comigo porque eu fiquei quase um mês sem aparecer no programa de culinária e mesmo assim recebi mais pontos que ela hoje. E ao sair, Jeremy estava me acompanhando dizendo como havia sido o encontro com Megan e como foi a entrevista de emprego hoje de manhã, Saddie parou na minha frente e olhou para o Jeremy "Ah, agora sei porque ganha pontos" dei um sorriso a ela e atravessamos a rua.

Esqueci que havia desligado o celular e havia uma mensagem da Jilian, me despedi rapidamente de Jeremy e corri atrás de um táxi para ir vê-la, e no táxi meu celular toca, era Carlos Daniel...

— Amor? - Ele diz e depois tosse.

— Oi amor, é... Acabei de sair do curso, estou indo para a casa de Jilian agora, quer alguma coisa? - Pergunto.

— Não, é que... Li, hoje a minha mãe vai vir para a cidade e ela quer conhecer você. - Ele me diz e fica quieto depois, eu também perco o foco e não sei o que dizer a ele.

Carlos Daniel me liga enquanto estou indo para a casa da minha melhor amiga que passa por problemas e eu quero ver a Emily, eu estava muito bem, então ele decide me chamar de "Li" e simplesmente joga a bomba de que a mãe dele vai vir para a cidade, e o que é pior... Quer me conhecer.

— Mas, não íamos sair para dançar hoje? - O questiono, ele respira fundo.

— Me desculpe por isso, sei que não gosta. Mas, pode fazer isso por mim? Ela quer se encontrar conosco em casa, ás 20h. Por favor Li, diga que estará lá.

— NÃO ME CHAME DE LI! - Grito a ele e o taxista me olha e depois continua sua atenção na direção. - Ok, desculpa. Tudo bem, eu estarei lá.

— Obrigado. Ei, você tá com as chaves?

— Sim, por quê?

— Eu vou demorar um pouco para chegar hoje, acho que você deveria saber.

— O QUE? COMO ASSIM? VAI ME DEIXAR SOZINHA COM SUA MÃE? - Novamente grito. - NÃO DEVERIA ME CONTAR POR CELULAR PORQUE AGORA EU TÔ MUITO BRAVA AGORA, COM VOCÊ.

— Não vou demorar muito, são os últimos detalhes do filme.

— Tá, então 20h03 esteja lá. - Respondo a ele que sorri. - Estou falando sério. - Ele para de rir e agradece mais uma vez.

Quando cheguei na casa de Jilian, entrei em sua casa e sabia que naquela hora Mark já teria ido trabalhar, ela estava em seu quarto trocando a fralda de Emily na sua cama.

— Droga, cheguei na hora errada. - Digo a ela abrindo a porta.

— Que bom que chegou! Eu preciso de ajuda, jogue isso lá fora para mim por favor.

— Ah Jilian... - Dou um passo para trás tentando recusar.

— Vá Paulina, ou quer que eu levante e vá até lá? - Ela ironiza e fica me encarando com sua mão erguida e a fralda suja, dou um suspiro fundo e jogo o celular na cama e com a ponta dos dedos pego a fralda e levo até o lixo do banheiro e fecho a porta.

Quando volto me sento na cama e Jilian coloca a chupeta na boca de Emily e pego em seu dedo ela o agarra e logo adormece.

— Como você está? - Pergunto a Jilian ainda com ela segurando o meu dedo.

— Na mesma. Encarando mais a verdade. - Ela me responde e coloca o lençol em cima da sua perna amputada. - Tenho medo de perder o Mark, ontem ele chorou na minha frente e eu me senti tão mal.

— Bom Jilian, deve encarar o fato de que ele é louco por você e não é qualquer homem que encara o que ele fez e faz. Poxa, ele cuida da casa, da comida, das contas, de você e da filha que nem é dele.

— Eu sei Paulina, e eu o amo não por ele cuidar de mim ou da Emily, esses são mais dois dos 1000 motivos pelos quais o amo. Hoje de manhã, eu estava lembrando de tanta coisa que passamos em tão pouco tempo de relacionamento. De coisas boas, felizes e agora eu fico com medo de perdê-lo. E se ele quiser o divórcio não vou exitar em dar a ele.

— Dará a liberdade do homem que ama? - A questiono e deito na cama ao lado de Emily e logo Jilian também se deita, como os velhos tempos em que ela me acordava e corria para deitar na mesma cama que eu e conversar comigo.

— É claro Paulina, preciso liberta-lo de mim caso ele queira. E apesar da dor, do sofrimento, que muitas vezes nos atormentam o tempo todo, não há nada mais lindo do que o amor. O nosso amor. Não há sensação melhor do que essa, de sentir algo tão belo e tão poderoso dentro de nós. Eu não sabia que era capaz de amar tanto alguém quanto ele. E não digo por esses 998 motivos, ou o outro motivo de que o sexo com ele é a melhor coisa do mundo... E não é certo dizer que o amor é cruel, porque na verdade, os momentos em que estamos amando são os melhores momentos de nossas vidas. E é o melhor da minha.

Jilian ficou quieta depois disso e continuou a encarar o teto de seu quarto, olhei para ela e peguei em sua mão e apertei.

— Carlos Daniel quer eu conheça sua mãe hoje a noite. - Digo a ela que olha para mim assustada. - E, eu disse tudo bem. Está tudo bem, é só um jantar, certo?

— Cara, você deve estar se roendo por dentro. - Jilian me diz e dá um sorriso.

— Não ria, tudo bem. Vai dar tudo certo, é só um jantar hoje.

— Já pensou no que vai falar ou usar?

— Não, porque eu não tinha pensando nisso.

— Tá apavorada agora não tá? - Jilian pergunta.

— Tô. Liga pra Paola. - Digo a ela que pega o celular e manda mensagem para Paola.

Jeremy...

Em casa abri uma cerveja e me sentei no sofá e liguei a televisão e Peter me ligou dizendo se eu queria ir num bar com ele e não pensei duas vezes em aceitar.

Até 00h de hoje ficaram de me dar uma resposta sobre o novo emprego e já havia informado Saul Juanes sobre isso, porém ele me disse que eu poderia sair quando quisesse.

Ao chegar no bar, Peter falou como foi o encontro dele com a tal garota belga Luna Rivers e me disse o quanto ela era linda e do bom gosto dela em música, livros.

— Cara, você já tá apaixonado nela? - Pergunto para ele que toma um copo de tequila e não me responde nada. - Não devia, não sei estar estudando medicina?

— As provas já acabaram, segunda eu começo a trabalhar no hospital como interno. Mas, me fala como foi seu encontro com a tal menina que conheceu no aeroporto... Rebeca?

— Megan! Foi bom.

— É isso? "Foi bom" o que, o sexo foi tão ruim?

— Não transamos tá bom? Somos amigos apenas.

— O que? Por acaso você tá apaixonado por ela? - Peter pergunta.

— Não, claro que não. Ela é gata e muito engraçada, inteligente e... gostosa, mas ela não procura um relacionamento agora o que é bom, e eu também não.

— Caralho! - Peter diz e eu olho para ele segurando a minha cerveja. - Você tá apaixonado nela?

— Não, olha só... Ela e eu somos amigos, relaxa por acaso você não tem amigas do sexo oposto?

— Na verdade não, sem minhas irmãs ou Jilian, não tenho.

— Bom, eu tenho. - Respondo e tomo um gole e Peter dá risada. - Tá rindo? Não sou eu que tô apaixonado logo no primeiro encontro e sofrendo por ela já.

— Luna é minha alma gêmea.

— Peter ela não é sua alma gêmea.

— Sim, ela é! Ela gosta de Beatles.

— Ela não é sua alma gêmea porque gosta das mesmas coisas que você.

— O que você entende de amor? Só sabe transar e tem... Como é mesmo que a sua ex namorada falou? Bloqueio de sentimentos?

— Você tá bêbado Peter.

— Vai me prender?

— Não! TRAZ MAIS UMAS.- Grito ao barman.

Paulina...

Coloquei Emily no berço de seu quarto e liguei a babá eletrônica e fiquei ali deitada com Jilian na cama esperando por Paola que quando chegou subiu as escadas rapidamente.

— O que aconteceu? Tá tudo bem? - Ela pergunta aflita batendo a porta.

— Ei! - Jilian grita. - Não bata na porta, vai acordar minha filha sua idiota. Está tudo bem.

— Espera, a mensagem que você mandou dizia que Paulina estava morrendo. - Paola diz a Jilian e eu olho assustada para ela.

— Mas, sua irmã está morrendo, olhe só para ela. - Jilian diz e as duas me olham, me levanto me sentando na cama e olho para Paola que faz a cara de quem não está entendendo nada.

— Mas que merda! - Paola diz a ela.

— Olha a boca, minha filha tá no outro quarto. - Jilian diz novamente a ela que mostra seu dedo médio.

— Vai se foder Jilian. - Paola diz a ela e Jilian joga um travesseiro nela logo Paola se senta e me pergunta o que estava acontecendo.

— Por que sua irmã tá tão brava assim? - Jilian pergunta a mim.

— Ei, sabia que Carlos Daniel viu Paola quase nua? - Digo a Jilian que olha assustada para ela e dá risada.

— Paulina! - Ela grita.

— O que? Jilian também está mal. - Respondo e Paola respira fundo.

— Mas por quê? - Jilian pergunta e segura a risada.

— Foi um acidente. Eu estava... - Paola gagueja. - Era pro Jack e o Carlos Daniel entrou na hora errada. - Ela diz a Jilian que dá risada.

— A mãe de Carlos Daniel vai lá em casa hoje. - Digo a ela explicando os meus motivos logo depois que ela não quer mais se explicar.

— Tá zoando? Eu saí do trabalho as pressas, deixei vários trabalhos com Betty e vim correndo para cá e o problema é esse? Por que você não a ajuda Jilian? - Paola pergunta.

— Pensa bem Paola, agora outra idiota vai poder fazer o seu trabalho no escritório chato, e eu sou mãe e tenho uma filha não preciso disso.

— Como foi com a mãe de Mark? - Pergunto.

— Ah, com ela foi ótimo. Só conversamos 20 min, e ela me adora e adora Emily então... Você que se ferrou. - Jilian responde.

— Tá, tudo bem. - Paola responde. - Paulina, eu vou te ajudar, mães me adoram! Você deve trata-la muito bem, ser educada, ajeitada, comer de boca fechada.

— Eu como!

— Tá, tudo bem... Deve deixar a casa limpa, e fazer um ótimo jantar, e sei que você pode fazer isso. E o mais importante, deve sorrir! Mostrar que é feliz ao lado do filho dela. - Paola responde, e Jilian se deita novamente e dá risada.

— Quer uma tequila? - Jilian pergunta pra mim e eu estava querendo muito.

— Você não pode ficar bêbada faltando duas horas para ela ir para a casa de Carlos Daniel, vamos eu vou te levar. - Paola responde e me levanta.

— Não posso! - Me sento novamente. - Devo esperar Mark chegar caso Jilian queira se matar enquanto não estou. - Brinco, e ouvimos o carro dele estacionando na frente da casa deles.

— Ele chegou. Vamos. - Paola me diz novamente e saí do quarto, me levanto e pego o meu celular e olho para Jilian que se senta na cadeira de rodas sozinha.

— Você está bem mesmo? - Pergunto.

— Estou. Agora vai treinar. - Ela responde, eu e Paola saímos da casa rapidamente cumprimentando apenas com "Boa noite" o Mark.

Jilian...

Assim que Paulina e Paola saíram ouço a porta bater e as chaves dele sendo jogadas ao balcão da cozinha, ele sobe as escadas e coloca o casaco atrás da porta do nosso quarto.

— Boa noite! Como você tá? - Ele pergunta e logo coloca sua pasta na cadeira perto da janela onde estava hoje de manhã.

— Estou bem. Como foi o trabalho hoje? - Pergunto, ele saí do banheiro e retira sua camisa.

— Foi bom, normal. E, aqui? Estava tudo bem mesmo? Vi Paulina e Paola saindo daqui.

— Ah, Paulina passou o dia comigo, conversando... E Paola chegou há pouco tempo... Mark, precisamos conversar. - Digo a ele que retira sua calça social ficando de cueca boxer, e se senta na ponta da cama retirando as meias.

— Está com dor?

— Não... Eu quero falar sobre nós.

— Pode falar.

— Eu quero primeiro pedir desculpas por ter sido tão imatura com você nos últimos meses. - Digo a ele que fica ali parado me olhando.

— O que? É só isso? - Ele pergunta, e eu aceno em concordância. - Jilian, eu vou tomar banho.

— Espera, o que? Por quê?

— Porque eu acabei de chegar no trabalho, vou fazer a janta e preciso preparar tudo porque amanhã você vai receber as próteses.

— Mas, a gente estava conversando... - Digo a ele que se levanta e dá um sorriso e entra no banheiro. - Não ria, eu não sei o que acabou de acontecer aqui Mark.

Paulina...

Coloquei o vestido que Paola me disse para usar e peguei uma garrafa de tequila e a segurei apertando-a em meu peito.

— Paulina, sério... Agora você precisa mesmo largar a garrafa e ir cozinhar. - Ela me diz e eu continuo segurando a garrafa, Paola pega uma escova e penteia o meu cabelo o deixando bem preso e decidi ir cozinhar para mim, resmungando é claro... - ÓTIMO! EU ACHANDO QUE ALGO SÉRIO ESTAVA ACONTECENDO E TENHO QUE TE AJUDAR A SE COMPORTAR NA FRENTE DA MÃE DO SEU MARIDO E AGORA DEVO COZINHAR, NÃO É MAIS FÁCIL PEDIR PARA EU FICAR NO SEU LUGAR PAULINA? - Ela gritava para mim, e foi aí que eu lembrei de quando Paola fingiu ser eu para conhecer o Mark.

— BOA IDEIA! Você quer? - Grito de volta.

— ERA UMA PIADA.- Ela replica, e eu continuo segurando a tequila. Quando Paola volta até o quarto onde estou, ela se senta na minha frente e liga para Jilian. - Eu não sei o que eu faço, ela está segurando a tequila como se fosse a vida dela, e fica encarando a foto dela e do Carlos Daniel que está ao lado da cama.

— Deixe-me falar com ela.

— Paulina! É a Jilian. - Paola me dá o seu celular.

— Ei, relaxa! Lina, a mãe do Carlos Daniel vai te adorar, confia em mim eu a conheço.

— Não! Mães não me amam Jilian. Mães amam as otimistas, inteligentes, engraçadas e alegres ou amam a Paola, todo mundo ama a Paola por isso ela é tão... Popular. - Respondi a Jilian no celular e Paola arruma seu cabelo.

— Sim! Mães me amam mesmo. - Ela acrescenta e eu dou um chute em sua coxa de leve.

— Ouviu isso? - Digo a Jilian que confirma.

— Pergunta pra Paola se ela retirou o lixo, tirou todas as camisinhas das gavetas, e que não tem nenhum sutiã, ou filme erótico pela casa. — Jilian diz e eu repito a pergunta.

— Sim, fiz tudo isso. - Paola responde. - Só não consegui retirar o cheiro de mofo da casa. - Ela replica novamente me deixando mais nervosa.

— Mofo? Aqui não tem mofo. - Digo a Paola.

— Sério? O apartamento agora cheira a menta, e é tão confortável...

— A casa de Carlos Daniel não é confortável? - Pergunto.

— Eu fui criada pela minha tia numa pequena casa, a casa do escritor e pintor famoso é confortável, vai por mim Paulina. Isso aí é um enorme palácio. — Jilian diz ao telefone.

— Por que a casa dele não é confortável Paola?

— Desculpa, eu não sei...

— Não vai dar para a Paola arrumar isso...

— Droga Paulina, você está enlouquecendo. Vamos parar com isso.

— Ei, o cachorro dele não fez xixi na poltrona?

— Isso, isso! É verdade Jilian... - Respondo, e a campainha toca. - Ai meu Deus!

— Se acalma, agora largue a tequila e desça para receber a sra. Bracho.

Dou a garrafa para Paola que coloca embaixo da cama e me ajuda a levantar e desço as escadas, ela vai até a cozinha e desliga a comida pegando sua bolsa e casaco. Abro a porta e lembro de sempre sorrir assim como Paola disse.

— Senhora Bracho! - Dou um sorriso e ela também sorri e me olha dos pés a cabeça.

— Olá! Que moça bonita. - Ela diz e dá um passo a frente me abraçando, e eu fico sem jeito e a abraço também, Paola naquela altura deveria ter saído pela porta dos fundos, meu coração estava batendo muito rápido.

— Entre! Fique a vontade. - Digo a ela pegando o seu casaco. - Carlos Daniel vai demorar um pouco. Deseja alguma coisa?

— Ah, água por favor. - Ela diz e fica observando a sala de estar dele. Eu pego a água dela e paro para olhar no espelho, Deus estou tremendamente ridícula com esse vestido e cabelo preso. - É uma bela casa. - Ela diz a mim.

— Sim, é muito linda mesmo. - Respondo.

A senhora Bracho me perguntou tudo sobre Carlos Daniel, e depois fez um questionário imenso a meu respeito, ficamos sentadas esperando por Carlos Daniel que 1h30 depois ele chegou. Dei um sorriso para ele que me olhou estranho e abraçou sua mãe.

Servi aquele jantar e depois fiquei ouvindo ela contar todos os detalhes da viagem dela, estávamos sentadas uma de frente para outra, e Carlos Daniel ao meu lado com seu braço em minha volta. A pressão era gigante.

— Senhora Bracho, eu menti! - Disse numa hora.

— O que? - Ela pergunta parecendo supresa, eu desamarro o cabelo e paro de sorrir.

— O que? - Carlos Daniel também pergunta.

— Eu não sou essa mulher perfeita, essa casa é do seu filho, o cachorro é dele, eu não sorrio toda hora, odeio meu cabelo preso... E eu não fiz aquele jantar, eu cozinho muito bem, mas eu não cozinhei dessa vez porque eu estava tão nervosa com a chegada da senhora que fiquei segurando uma garrafa de tequila até a senhora chegar. Minha irmã que me ajudou em tudo, foi ela que fez janta, o meu cabelo e disse que eu deveria rir toda hora... Mas, quero que saiba que eu amo o seu filho, verdadeiramente e ardentemente. - Digo a ela que encosta na poltrona e Carlos Daniel sorri para ela.

— Não gostei que tenha mentido para mim! - Ela diz. - Mas, gosto de saber que meu filho está sendo bem tratado por uma linda moça... Tem um sorriso um pouco estranho, afinal você sorriu a noite inteira. É um prazer conhece-la senhorita Martins. Fora a Leda que também foi ótima, sei que meu filho também te ama. - Ela responde.

Quando a mãe dele foi embora, subi as escadas correndo e tirei o sapato no quarto, Carlos Daniel joga sua camisa na cama e pede desculpas pelo atraso, para na minha frente e me beija.

— Vou tomar banho. - Digo a ele tirando os brincos.

— Eu também vou. - Ele me olha e dá um sorriso malicioso.

— Não! Eu vou tomar banho, você não manteve sua promessa de que iria chegar cedo. Portanto, eu vou. - Digo a ele que sorri e eu dou um outro sorriso a ele indo para o banheiro e fecho a porta.

— EU PEDI DESCULPAS. - Ele grita.

— EU SEI, E EU VOU TE PERDOAR AMANHÃ BEM CEDO.- Respondo.

Paola...

Quando saí da casa do Carlos Daniel tentei ligar para Jack que não falava mais comigo e hoje na empresa pediu um novo cargo para se retirar do mesmo andar que eu estivesse, queria conversar com alguém e a única pessoa que eu queria, era Douglas.

Fui até sua casa e estava decidida que falaria com ele, me deu essa ideia em mente, e eu fui.

Mas, ao chegar lá o vi na frente do apartamento com seu celular em mãos e estava usando a jaqueta que havia comprado para ele, assim que ia atravessar a rua para ir falar com ele, vi Marissa se aproximando. Ela o beijou. Beijou o meu Douglas! Me escondi atrás de uns arbustos e esperei eles saírem dali, ele pegou sua mão e a levou para dentro do apartamento e eu só queria sair dali correndo o mais depressa possível.

Jeremy...

Quando voltei para casa com Peter a noite totalmente bêbado, Megan bateu na porta da minha casa e estava com uma pizza em mãos.

— Onde descobriu onde moro? - Pergunto.

— Uau! Está bêbado, usou onde na mesma frase duas vezes. - Ela responde e entra no meu apartamento e vê Peter desmaiado no sofá com a cueca aparecendo. - Que bundinha linda. E aí, quer um café forte ou comer bastante? - Ela pergunta a mim.

— Um café primeiro. - Respondo e ela caminha até a minha cozinha. - Como descobriu onde moro?

— Eu "googlei" você. - Ela responde e fecha as portas do armário procurando as coisas para fazer um café.

— Mentirosa! - Digo a ela que se vira assustada. - Você disse que fazia milagres, e ia mudar a minha vida. Já vai dar 00h e nem me ligaram.

— Primeiro, eu não sou mentirosa, e sim eu vou mudar sua vida mas não faço milagres Jeremy. Por que tá sendo tão gay? - Ela pergunta e sorri, meu celular toca na mesma hora, e quando olho a mensagem é a resposta de que sim, fui aceito na Tiff.

— Foi aceito? - Ela pergunta e fica ali parada me olhando. - Meus parabéns.

— Fui, como soube?

— Descobri há 3 minutos quando passei pela sua porta.

— Por que não me disse então?

— Porque dá mais animação assim Jeremy. - Ela me responde e se aproxima. - Olha só, não vai fazer nenhuma merda. Liga para eles e aceita o emprego logo, a proposta só vai durar até 00h também.

Quando achamos que entendemos as coisas, o universo nos surpreende. Então temos que improvisar. Encontramos a felicidade em lugares inesperados. Voltamos às coisas que mais nos importam. O universo é esquisito. Às vezes, dá um jeito de garantir que estejamos exatamente onde devemos estar."