"Eu sempre disse que seria mais feliz sozinha. Teria meu trabalho. Meus amigos. Mas ter mais alguém na sua vida o tempo todo? São mais problemas que o necessário. Ao que parece, estou nesta situação.

[…]

Paulina...

— Você ficou segurando uma garrafa de tequila? - Carlos Daniel me pergunta ainda na cama deitados. - Ela ainda está aqui embaixo da cama? - Olha em volta a procurando e eu aceno que não está dando risada, ele me olha apoiando-se no colchão com seus cotovelos.

— Não me olhe assim, ainda estou brava com você! - Digo a ele que sorri e me abraça.

— Há outros modos de curar esse sentimento, sabe? - Ele pergunta e morde seu lábio inferior. Me apoio com os cotovelos na cama jogando o meu cabelo para trás.

— Eu preciso ir pro curso agora, e você vai terminar o seu quadro. - Respondo.

— Isso não é justo sabia? - Ele me diz enquanto eu levanto indo até o banheiro escovar os dentes, paro na porta com a escova em mãos o encarando.

— O que não é justo?

— Você estar recusando sexo. Quem recusa sexo?

— Normalmente, eu não recusaria um sexo matinal, ou um sexo qualquer sexo com você... Mas, dentre as circunstâncias que você me colocou ontem a noite com um vestido, sorriso que doeu o rosto, um cabelo preso e o seu atraso excessivo, eu acho que vou recusar dessa vez. - Respondo e volto para o banheiro.

— Você vai querer festejar alguma coisa na sexta? Ou sair, viajar, pode escolher qualquer coisa. Se irá querer comigo, ou com um dos seus amigos, ou todos reunidos. - Paro na porta novamente secando minha boca e logo passo um creme nas mãos enquanto o ouço falar. - Escolha.

— Para que?

— Seu aniversário. O seu e o da sua irmã. - Ele responde, eu volto para a cama apoiando o meu joelho enquanto Carlos Daniel segura minha cintura e continua a me olhar.

— Ah, havia me esquecido. Não, não vou querer nada. - Respondo e passo a mão em seus cabelos. - Mas, obrigada por me lembrar. - Novamente respondo e saio indo em direção a escova de cabelo.

— Por que não quer comemorar seu aniversário? - Ele volta a me questionar se levantando e indo atrás de mim com aquela sua cueca boxer e cabelo todo bagunçado de um modo incrivelmente sexy.

— Não tem graça aniversários. É um monte de gente lhe desejando mais saúde, mais felicidade, mais anos de vida... E eu fazendo 19 anos e bebendo ou possivelmente transando. Acho que vou fazer só a segunda opção. - Respondo olhando para ele do espelho que sorri e coloca um de seus dedos limpando sua boca e olha para mim novamente.

— Aniversários devem ser comemorados Paulina, e se a sua irmã querer fazer alguma coisa?

— Bom, não que eu não deseje que ela comemore, mas acho que esse ano ela nem vai comemorar, ainda tá chateada com o Douglas, e o Jack não está falando com ela.

— Como sabe?

— Jeremy me contou, mas não deu detalhes. Enfim, acabamos por aqui? - Digo a ele colocando a escova na penteadeira e olho para trás, ele que está bem colado ao meu corpo. - Promete para mim que não fará nada? - Pergunto.

— Tudo bem, prometo. Mas, eu e você vamos comemorar. - Ele responde e eu envolvo minhas pernas ao redor de seu quadril, Carlos Daniel olha para mim. Os meus dedos apertaram os cabelos dele, mas agora eu estava o trazendo mais pra perto...

Jeremy...

No dia seguinte quando acordei, desci para tomar café e Peter estava jogado no meu sofá com o bule em mãos, acendi a luz da cozinha e liguei o liquidificador para fazer uma vitamina.

— Ei cara, pra que isso? - Ele me chama, desligo o liquidificador e caminho até a sala com a caixa de cereal em mãos, pegando um pouco e comendo, me apoio no sofá e o vejo ali deitado com a mesma roupa de ontem e fedendo muito a bebida.

— Você tem que levantar e ir tomar um banho. - Digo a ele.

— Como você está tão bem? - Ele pergunta.

— Peter, por favor... Cara, você bebeu demais ontem, se ninguém ficasse pelo menos 5% melhor do que você, como acharíamos a minha casa? - Respondo.

— Minha cabeça tá doendo muito ainda.

— Toma um banho e eu vou comprar pão, vai querer alguma coisa?

— 20$. - Peter responde, olho para ele que se senta no sofá. - Tô sem nenhuma grana, mas posso jurar que tinha 15$ ainda no meu bolso.

— Ah, eu sei... A Megan pegou seu dinheiro.

— O que? Megan, a sua Megan? Por que ela pegou meu dinheiro?

— Na cafeteria fizemos uma aposta de que eu entraria na Tiff, quero dizer ela... E eu apostei que não, mas também estava sem grana e ela pegou do seu bolso para pagar a ela mesma a aposta.

— Quer dizer que você entrou? Uau, parabéns. - Peter me diz, dou um tapa em suas costas e logo ouvimos um barulho na porta, era o jornal sendo entregue. Joguei um pouco do cereal em cima dele que se levantou retirando jogando todo o cereal no chão. - Por que fez isso?

— Vai tomar um banho. E vou deixar os 20$ em cima da estante, vou lá na padaria. Certeza que não quer nada? Um remédio talvez?

- Motrin 200 mg. - Peter responde e pega seu celular no bolso da calça jeans olhando para ele e vê duas chamadas perdidas de Luna. - Droga! Ela me ligou.

— Quem?

— A Luna. Espera... - Ele mexe em seu cabelo. - Se ela me ligou duas vezes era porque estava preocupada comigo e então ela gosta de mim. Certo?

— Peter, você é o único homem que conheço que está fazendo tudo ao contrário. - Digo a ele, mas me ignora subindo as escadas pronto para tomar banho. - ESCUTA, VOU DEIXAR O REMÉDIO ALI EM CIMA COM O DINHEIRO PARA O TREM, TÁXI SEI LÁ. - Ouço a porta bater, pego as chaves do carro e saio de casa coloco o casaco e um chinelo.

Na padaria, enquanto estava na fila vi Megan comprando um pedaço de bolo, ela olha para mim e sorri vindo em minha direção. Uma moça reclama dela estar ali comigo dizendo que ela iria furar fila, abaixo minha cabeça dando um sorriso e guardo as chaves no bolso da bermuda.

— Ah, tá com pressa passa por cima. - Megan responde a moça que fica sem graça e a xinga, Megan dá risada e me cutuca com seu cotovelo. - Começa segunda o trabalho, está nervoso?

— Não. - Digo a ela que joga seu cabelo para o lado e sorri apoiando- se em meu ombro e logo o solta.

— Sempre que mente fica com a voz desse jeito ou é impressão?

— Como?

— Sei lá... Desentoado? - Pergunto, sorrio para ela que sorri de volta. - Do que estamos rindo?

— Desentoado? Sabe o que significa desentoado?

— Claro que sei, mas que porra. - Ela piscou e sorriu, mas não piscou diretamente para mim, piscou quando sua boca deixou que escapasse um palavrão. - Desafinado. Sua voz muda.

— Relaxa, estou bem com o emprego novo. - Respondo, ela olha para mim e logo para a imensa fila na nossa frente.

— Importa se eu esperar com você? - Ela pergunta e eu respondo que sim. - Ótimo, aproveita e pega um café para nós dois. - Ela replica.

Jilian...

No hospital provei as próteses e o médico fez os últimos ajustes, e finalmente foi a hora de provar, pedi ao Mark para esperar lá fora, ele contestou em esperar, parado em minha frente com Emily em seu colo.

— Por que? - Ele pergunta, o médico se afasta.

— Eu quero fazer isso sozinha droga. Por favor, vá lá para fora.

— Jilian... - Ele tenta refutar novamente.

— Não Mark, se não der certo eu não o quero aqui, porque eu estou ansiosa e eu só quero poder andar novamente, não vou ficar bem com você a nossa filha aqui na minha frente, e se eu cair? Vá logo. - Discuto com ele que tentava contradizer, e logo foi para fora da sala. - Perdão por isso. - Digo ao doutor.

— Tudo bem! - Ele responde se aproxima de mim. - Vamos, agora levante-se! - Pego impulso para tentar levantar, mas quando o doutor coloca sua mão para me ajudar desisto e acabo discutindo com ele também.

— Espera, eu não estou pronta ainda. - Digo.

— Mas, precisa porque eu preciso ver se está apertado ou machucando Jilian, então levante-se e vamos fazer uns testes.

— Espera! - Respondo novamente e olho para a prótese ali ao meu corpo, era agora a hora de saber a verdade, meus nervos estavam aceitando a prótese, era segundo os médicos uma amputação perfeita. E ali era o momento, onde decidiria tudo se eu ficaria dependente do Mark por mais um tempo ou poderia ir atrás da minha filha quando ela chorasse a noite, ou receber Mark quando chega do trabalho. - Ok, vamos. - Digo a ele que me ajuda a levantar, andamos devagar por toda a sala e por uma pequena "ponte" ali como demonstração.

Minha respiração era ofegante e meu coração batia em desespero, segurei as lágrimas e pedi ao doutor que me deixasse andar sozinha pela sala, ele solta minha mão e fica na minha frente exatamente dois passos a minha frente e eu deveria segui-lo.

Quando Mark entrou novamente na sala, estava eu ali parada na sua frente segurando uma barra, ele me olhou e sorriu erguendo Emily novamente e caminhou até a minha frente.

— Ainda precisa treinar mais e logo poderá pegar sua filha e andar com ela por toda sua casa. - O doutor nos diz, Mark sorri novamente e eu também.

— Está linda. - Ele sussurra a mim.

Quando pudemos sair da sala, o doutor nos deu mais uma perna caso houvesse um problema com esta e eu precisasse voltar teria outra, ao sair ANDANDO, assim que entramos no elevador vazio, olhei para Mark que havia colocado Emily no carrinho para dormir.

— Mark. - O chamo, ele olha para mim segurando o carrinho. - Eu fui uma péssima pessoa nesses últimos meses e eu quero agradecer a você tanto, que eu nem tenho palavras agora.

— Não precisa agradecer. - Ele responde e o elevador abre, ele pega o carrinho e eu me apoio em seu braço, fomos até o carro onde ele guardou o carrinho dela no porta malas e a colocou na cadeirinha.

Na viajem de volta para casa, novamente o chamei, não era a minha perna ali, mas era agora a minha perna para sempre!

— Mark, eu não sou boa em pedir desculpas, e o máximo que você conseguirá de mim é essas palavras, sei que errei com você, mas não posso passar o resto da minha vida pedindo desculpas. Eu quero passar sempre amando você. Uma verdade é que eu não sei viver sem você. Acho que é verdadeiro que o amor é como dizem por ai, imprevisível, que chega às nossas vidas quando a gente menos espera. E com você não foi diferente. Você simplesmente apareceu… num desses dias cinza. O tempo passou tão depressa e quando me dei por conta já estava completamente entregue a ele: o amor. E de repente nos casamos, nos tornamos adultos responsáveis, temos uma filha, uma livraria e seu emprego, uma casa, contas...

— E o que você poderia fazer? - Ele questiona.

— Quando sofri o acidente eu não sei bem se isso foi um sonho, mas vi meu espírito de frente ao meu corpo e vi os meus pais, eu poderia ter desistido de tudo ali, mas me veio você em mente e Emily. Vocês dois são as razões pelas quais eu estou viva hoje. E eu só me deixei levar. Desde que te conheci, me deixei te olhar, sorrir, ouvir suas histórias e piadas. Quando o Joe apareceu na minha vida, pensava eu que já tinha encontrado alguém que poderia me firmar num compromisso e quando soube que estava grávida e contei a ele, foi embora... Acho que pela intensidade pelas quais as coisas levaram, eu simplesmente me encantei por você. Já faz um tempo em que somos apenas Jilian e Mark, eu não quero ser Jilian e Mark, eu quero ser sua esposa, sua amiga, sua parceira.

— Quando sofremos o acidente eu desejei com todas as forças morrer do que ver você sofrendo como sofreu, e quando Deus me deu a oportunidade de voltar e ficar com você e nossa filha soube o meu destino e eu estava feliz! Porque é com a mulher que amo. Quando a médica nos chamou e nos deu duas opções: Amputar sua perna ou deixar que a infecção se espalhasse generalizando seus órgãos em falência e logo a morte, eu e Paulina não pensamos duas vezes. E por mais que seja horrível poder não ter mais uma perna, mais horrível ainda era um mundo sem você. E então, você afastou todos a sua volta. Afastou eu, Paulina, Carlos Daniel, Paola, Peter e então aos poucos os reuniu novamente e eu fiquei para trás, você ficou na cama durante 8 dias seguidos sem querer comer, levantar, fazer qualquer coisa e Emily chorava no berço e eu não sabia o que fazer. E então, de repente todos falam com você menos eu. Eu pensava comigo mesmo "Cuidado para quando vier me procurar não ser tarde demais, posso perfeitamente me acostumar com a sua ausência." e eu estava me acostumando Jilian, o que é pior. Eu estava me acostumando.

— Andava tão enjoada...

— Mas não pode agir assim. Uma pessoa não é um doce que você enjoa, empurra o prato, e pronto "não quero mais". Nos casamos e eu prometi ficar com você para sempre. - Mark replica novamente, e o sinal para.

— Eu queria que você fosse embora Mark! Fosse embora e curtisse sua vida com uma outra pessoa menos problemática. Você e Paulina tomaram uma decisão por mim e eu precisei de quase 4 meses para digerir isso! E eu queria que você tomasse uma outra decisão, ir embora da minha vida para não sofrer mais.

— Quer que eu vá embora agora? - Ele pergunta e me encara ali no carro, seguro sua mão fria ali que estava ao volante.

— Não! Eu nunca quis isso de verdade. Todos os dias Mark em que eu estou com você, eu sou feliz, eu sou completa. Como nunca fui antes. Você não é só o homem que eu amei e amo, você é... Além! Mark, por favor... Você não é só o homem que eu amo, você é o primeiro e o único a qual eu amo verdadeiramente. A qual eu me doei e vou me entregar por inteira sempre. E, todos os dias eu me lembro. - O sinal voltou e eu não pude deixar de parar de falar, ele continuou dirigindo. - ... De como você foi bom para mim. Você é tão bom com todo mundo, ninguém nunca me amou como você.

- Jilian Rose Campbell, esse foi o pedido de desculpas mais lindo que você já fez, sabe disso não sabe? - Mark me responde dando risada, deixo cair uma lágrima e ele estaciona o carro frente a nossa casa, se aproximando de mim, calmo, abriu espaço com seus lábios cerrados e sua língua quente entrando em minha boca.

— Não me abandona Mark.

— Tá brincando? Você está presa a mim, para sempre! - Ele responde mostrando a aliança e desce do carro para pegar Emily, dou risada e abro a porta também pronta para descer e começar uma vida nova com a prótese.

Paulina...

No curso recebi uma mensagem ouço o meu celular vibrar e não olho continuo focada em Saul Juanes, para as "provas finais" teríamos três testes, na qual havíamos concluído dois, e o último ele havia feito um sorteio.

Andou para lá e andou para cá, formou pares e ainda não havia explicado o porquê daquilo, e logo chamou por Saddie e então faltando três pessoas, meu nome foi chamado, minha dupla era Saddie a garota que supostamente me odiava.

— Não podemos escolher outra dupla? - Ela pergunta, eu caminho até o seu lado parando e ela dá um passo para o lado se afastando.

— Não! Se irá agir assim senhorita Saddie pode sair da minha sala, está dispensada. - Saul diz a ela que suspira fundo e fica ali parada. Saul depois de formar os pares foi até o centro da sala. - Todos dizem que cozinha é uma terapia. Quero que me provem essa tese, vocês terão sábado que vem ser chefes de cozinha, irão cozinhar, mandar, e inventar um prato! O melhor prato da noite eu farei uma surpresa. Me surpreendam.

Eu não poderia desejar mais ir embora logo.

Quando cheguei no apartamento que eu não ia há um tempo liguei o celular e vi a mensagem de Jilian dizendo que já estava andando e havia reconciliado com Mark, saí de casa e caminhei até a sua casa que não era ali muito longe. Bati na sua porta e foi Jilian que abriu para mim, ela caminhava devagar e não fazia muito esforço.

Conversamos e novamente o assunto do meu aniversário foi tocado e eu novamente recusei, subi até o quarto de Emily para vê-la e logo ir embora.

Peter...

Hoje a noite Luna e eu iríamos ao cinema assistir ao filme na estréia "Invocação do Mal 2" enquanto eu havia sugerido "Como eu era antes de Você" ela sorriu jogando sua cabeça para trás achando que eu fazia alguma gozação.

Mas, não era nenhuma gozação, ou então um "Truques de Mestre 2" ela insistia no filme de terror, aceitei.

A noite me arrumei para que pudéssemos sair, ajeitei o apartamento já que ela viria em casa me buscar com seu carro pois eu não tinha um ainda, Paulina ficou na cozinha me observando e me dando dicas, Deus minhas irmãs eram totalmente diferente de mim, mas são mulheres... E devo esculta-las para que não faça nada de errado com Luna.

A campainha tocou olhei para Paulina e ela me desejou boa sorte subindo as escadas e ir para o seu quarto, abri a porta e ela me olhou segurando um vinho em suas mãos e disparadamente me beijou.

— Wow! - Disse a ela que com suas mãos por trás de minha nuca olhou para os meus lábios e continuou me beijando. Fechei a porta da sala novamente claramente não iríamos mais ao cinema. Resolvemos subir para o meu quarto.

Paulina...

Quando vi Luna agarrando Peter ali embaixo segui em direção para o meu quarto, mas ouvi o choro, e era de Paola bati na porta e ela não abriu, assim que encostei a porta se abriu e ela estava chorando ali ao lado da privada, não disse exatamente nada a ela apenas olhei de um modo estranho e ergui minhas mãos, Paola olhou para mim limpou as lágrimas e me segurou se levantando.

— Está bem? - Pergunto.

— Estou. Vamos. - Paola responde e caminha para o seu quarto, entrei com ela enquanto Peter e Luna corriam para seu quarto, e vendo Paola tão triste fui até a cozinha pegar um pouco do sorvete para ela. - Tome. - Dei a ela que sorriu e de repente começou a chorar novamente, abriu o pote do sorvete e começou a comer.

— Paulina, estou entregando a Marissa todo o amor que sinto pelo Douglas. - Ela me disse numa hora, me ajeito com ela na cama e fico ali ao seu lado. - Espero que ele a trate melhor.

— Eu sei que é difícil... E que temos que deixar livre, simplesmente fluir. Todos os fantasmas, amor... - Respondo a ela e pego sua colher colocando um pouco de sorvete em minha boca.

— Ambos sabemos que não somos mais crianças. - Ela replica e deita sua cabeça em meu ombro. - Ontem fui falar com ele e eu a vi ali indo no nosso apartamento e ele estava usando a jaqueta que eu dei a ele. Devem ter transado por todo o apartamento já... E sabe qual foi a primeira coisa que eu pensei?

— Qual? - Pergunto.

— Em entrar lá e quebrar o pênis dele novamente... - Ela começa a dar risada. - Deve ser fácil para você, tem o homem que ama... Eu sempre pensava que seu relacionamento com Carlos Daniel não duraria porque você jamais se permitiu amar depois do Ian. Mas, já estão há quase 2 anos juntos.

— Paola, tente falar com ele mesmo assim. Sei que ele não transou com ela por todo o lugar.

— Como sabe?

— Carlos Daniel virou amigo dele, e ele me disse que Douglas ainda não transou com Marissa.

— O que mais? - Ela pergunta largando o sorvete na cama.

— Eu não sei, mas acho que Marissa quer apresentar a filha primeiro ao Douglas. - Digo a ela que me encara.

— Isso é patético da parte dela, por que não transaram ainda? Douglas é muito gostoso e é ótimo de cama.

— Você tá chateada por que ela possivelmente transou ou por que não transou?

— Acho que o mais chato disso é que Marissa é sonsa.

— TOTALMENTE SONSA.- Grito e Paola sorri levantando e indo tomar um banho dizendo que iria sair com alguém.

Quando Paola saiu por volta das 23h30 Carlos Daniel apareceu no apartamento, ele entrou e eu vi a garrafa de vinho que Luna havia trazido, nós abrimos e fomos para o meu quarto, deitei sob seu peito e contei a ele como foi o meu dia e ele contou como foi o seu. Pensei em como seria se ficasse sem Carlos Daniel, e eu simplesmente não poderia suportar.

Quando Carlos Daniel está perto de mim, eu não sinto medo. Quando eu conto uma mentira a ele, de um jeito ele vê o certo atráves dos meus olhos, de um jeito ou de outro aquilo foi péssimo para mim. Me fez perceber que estou dependente dele...

Há um motivo para dizer que eu seria mais feliz sozinha. Não foi porque eu pensei que seria mais feliz sozinha. Foi porque eu pensei que se eu amasse alguém, e depois acabasse, talvez eu não conseguisse sobreviver. É mais fácil ficar sozinho.

Paola...

— DOUGLAS! ABRE A PORTA, PRECISAMOS CONVERSAR! - Grito a ele que abre e coça os olhos pelo sono. Adentro seu apartamento completamente bêbada. - CADÊ AQUELA VAGABUNDA DA MARISSA?

— Paola, está bêbada? - Ele pergunta e segura em meus ombros me encarando.

— Eu te amo ainda seu idiota!

Porque, e se você descobrir que precisa de amor e depois você não tem? E se você gostar e depender dele? E se você modelar a sua vida em torno dele e então… ele acaba?

Jeremy...

Eu e Megan assistimos há uns filmes em seu apartamento e tomamos algumas cervejas, mal pensava eu no que poderia e iria rolar dali em diante...

— Sinto falta de sexo. - Ela me disse numa hora, e eu também já estava sentindo falta.

— Por que não transamos então? - Pergunto a ela que sorri e retira o filme, volta e leva as garrafas de cerveja para a cozinha.

— Não! Está louco? - Ela pergunta.

— Não, pensa bem somos solteiros Megan...

— Tá, mas você não é o meu príncipe encantado.

— Ok, eu também nem gosto de você assim... Mas, somos amigos certo? Vamos transar e continuar sendo amigos.

— Isso nunca dá certo. Parece coisa de adolescente. - Ela me responde e abre outra cerveja tomando um gole.

— É ainda mais perfeito! Pensa bem.

Paulina...

Adormeci ali em seus braços e novamente tive o sonho de Ian na sala de cirurgia me chamando, tudo ao meu redor começava a girar e então... Eu acordei, e eu só queria um abraço do Carlos Daniel, e ele não estava mais na cama, ao meu lado.

Você consegue sobreviver a essa dor? Perder um amor é como perder um órgão. É como morrer. A única diferença é que a morte termina. Isso? Pode continuar para sempre."