O Diário das Irmãs Martins
O Âmago da Questão
Paulina narrando - "Na vida, apenas uma coisa é certa, além da morte e dos impostos. Não importa o quanto você tente, não importa se são boas suas intenções, você cometerá erros.
(Douglas)— Por que você não luta por mim? - Paola me perguntou e deu um soco em meu ombro, a segurei pelos braços lutando contra ela. - Por que preferiu ficar com Marissa se nem ao menos transou com ela?
— Quem te disse isso? Carlos Daniel? - A questiono.
— Douglas... Você tem que lutar por mim, ou por acaso não me ama mais?
— Paola, você está muito bêbada, vem deitar. - A puxo pelo pulso e a seguro pela cintura, ela reluta resistindo a mim.
— Não! Não... Me diga por quê Douglas. Você simplesmente me deixou ir e ficar com Jack?
— Não Paola, não a deixei ir... Você não atendeu meus telefonemas, evitou me olhar na empresa e quando saí com Marissa tudo o que fazíamos era trocar palavras educadas. - Respondo a ela que se afasta de mim limpando seu delineador borrado.
— Eu sinto que estou perdendo tudo Douglas, eu vim atrás de você ontem, ante ontem e vi você com aquela piranha da Marissa. Perdi Paulina para Jilian, perdi Paulina para Carlos Daniel, perdi contato com alguns dos meus amigos, perdi Adelina que mora longe, perdi você Douglas e perdi Jack que não fala mais comigo desde que... - Paola parou de falar e começou a dar risada, fiquei ali parado a sua frente tentando entender ela que num momento chorava e no outro apenas gargalhava. - Jack não fala comigo desde que transamos...
— Você transou com ele? - Pergunto.
— Eu não chamaria aquilo de transa... Eu comecei a chorar - Novamente ela gargalhou. - Chorei porque eu só lembrava de você! E você... - Ela avançou em mim dando tapas. - Você beijava Marissa, conheceu a filha dela, saiu com ela e trouxe ela aqui... Para o NOSSO apartamento seu idiota! - Segurei seus braços, e Paola se afastou novamente.
— Lembrou de mim? - Pergunto e dou um passo adiante.
— Mas, você estragou tudo Douglas, como sempre! E eu vim aqui dizer que eu ainda te amo Douglas. Eu te amo tanto que sinto jamais poder ficar com uma outra pessoa porque você está em mim! E todos os lugares ou todas as pessoas me lembram você... É horrível Douglas, porque eu não consigo trabalhar, comer, dormir... - Seus olhos encheram-se de lágrimas, ali a minha frente a mulher que eu amo chorava. - Eu não consigo respirar, e eu sou idiota mas você a beijou naquela noite... Você... Você... Você está em mim Douglas! - Ela afirmou, dei um passo a sua frente e a beijei, abracei o meu mundo e a beijei.
A minha campainha toca novamente e eu fico ali parado apenas olhando para Paola, sequei suas lágrimas e ouvimos novamente a campainha tocar.
— Douglas? Está aí? Combinamos de nos encontrar antes de ir para o parque. - Era Marissa, dei um passo para trás.
— Não saí daí, eu falarei com Marissa. - Digo a Paola que se sentou na poltrona, abri a porta e tive que encarar Marissa que é uma mulher excepcional.
— Posso entrar? - Ela perguntou.
— Precisamos conversar. - Afirmo a ela que fecha seu rosto perguntando se era Paola ali dentro do apartamento, vou para o corredor fechando a porta para conversar com ela. - Eu sinto muito, de verdade Marissa.
— Eu amo você Douglas. - Marissa me disse e novamente outra mulher deixou que suas lágrimas caíssem na minha frente, ela as limpou rapidamente.
Você irá machucar pessoas. E se machucar. E se algum dia você quiser se recuperar.. Há apenas uma coisa que pode ser dita...
— Eu sinto muito Marissa, mas eu não posso!
[...]
Jeremy...
Eu e Megan ficamos discutindo se transavamos ou não e no fim daquela discussão baixei a guarda e a deixei escolher, ela preferiu mantermos a amizade primeiro porque tinha medo de algo estragar e no segundo argumento dizia "É cedo demais" a convidei para ir na festa surpresa que Carlos Daniel estava organizando para Paulina e Paola sexta na casa dele e ela aceitou.
Fui pegar minhas coisas no curso de Saul Juanes e ao voltar para casa fui visitar Megan em seu trabalho, fiquei no saguão esperando por ela que estava em reunião, quando desceu finalmente para me atender pedi desculpas a ela por ter insistido tanto em sexo.
— Tá tranquilo Jeremy. - Ela me disse e predeu seu cabelo - o famoso "rabo de cavalo"
— Quer ir almoçar? - Pergunto.
— O que? Vai continuar dando em cima de mim Jeremy?
— O que? Não!
— Vocês são todos iguais mesmo. Só porque sou sua amiga mulher não quer dizer que eu queira transar com você, qual o seu problema pervertido? - Ela fala num tom alto e todos olham para nós.
— Quer parar de gritar Megan? Eu não estou te chamando para um encontro. - Respondo nervoso.
— Por isso você quer eu vá almoçar com você? Para poder depois transar igual louca na sua casa e depois no meu apartamento? Era esse seu truque Jeremy?
— Claro que não Megan, para! Você está louca?
— Eu louca? Você que é um tarado sem noção. E eu nem sinto atração, ok você é gato mas um homem não pode querer apenas amizade com uma mulher?
— Eu também não sinto atração. - Respondo a ela que para de gritar e abaixa sua cabeça triste.
— Nossa, não precisava disso Jeremy, todos olhando para nós e eu não sou bonita o suficiente para você?
— Não foi isso o que eu quis dizer Megan. - Respondo novamente, ela olha para mim e começa a dar risada e olha para as pessoas no saguão e grita novamente "PODEM VOLTAR A SEUS AFAZERES" - Não acredito Megan, você é muito pirada.
— Ah! Foi engraçado vai. - Ela diz e eu respiro fundo dando risada também. - Eu pago agora o almoço, vamos. - Ela replica arrumando a bolsa e saindo da empresa.
Peter...
Hoje eu e Luna combinamos de nos encontrar na loja de discos da cidade, entrei no carro e fui para me encontrar com ela que depois de cinco minutos chegou. Luna usava um vestido azul com botas marrons e levava dois girassóis nas mãos com sua bolsa pequena ao lado de seu corpo.
— Oi! Desculpa a demora. - Ela me diz me cumprimentando, deu um selinho.
— Não tem problema. - Respondo. Entramos na loja de discos e ela foi atrás dos discos de David Bowie e ACDC enquanto eu procurava nas prateleiras algum livro ou dvd, ela se aproximou de mim me chamando.
— Eu vou comprar apenas esses dois e você? - Ela pergunta e beija minha bochecha, olho de longe um cd do show do Pink Floyd e o pego deixando cair um cd depois quando me agacho para pegar, vejo um par de sapatos a minha frente era um menino que ficou me olhando, Luna se aproximou dele e deu a ele a flor.
Quando me levantei e vi o menino cheirando a flor ele espirrou recusando a flor em seguida dizendo que era alérgico, Luna apoiou sua mão em meu quadril e a mãe do menino o chamou "Stephen" ele correu até sua mãe deixando ao chão seu brinquedo.
— Ei! Deixou seu brinquedo ao chão! - Grito a ele que volta correndo para buscar e escorrega sua mãe se aproxima para pega-lo e Luna deixa um dos discos cair ao chão, e eu para passar uma baita vergonha caí ao chão, tudo o que consegui fazer era segurar uma das prateleiras para evitar cair e Luna pegou Stephen saindo correndo para fora do corredor enquanto todos os discos caiam por cima de mim.
Uma moça chegou correndo para ver o que havia acontecido e lá estava eu caído ao chão e Luna se aproximando, ela se curvou para me levantar, a mãe do Stephen o pegou no colo saindo da loja de discos e deixando seu brinquedo para trás, três pessoas que estavam na loja olharam para nós.
— O que houve? - A moça pergunta, Luna me ajuda a levantar e arruma a gola da minha camiseta.
— Eu sem querer deixei cair ao chão um disco e ele se curvou para pegar, mas acabou escorregando num brinquedo, a culpa foi minha. Totalmente! - Ela disse a moça, olhei para Luna que não havia contado a história verdadeira e ela pegou em minha mão. - Nos desculpe moça, eu posso pagar o prejuízo. - Ela diz a moça.
— Tudo bem moça, foi um acidente e não houve nenhum dano. Só vou pedir para que se retirem agora da loja. - A moça nos diz, e quando atravessamos a porta para fora, Luna começa a dar risada soltando a minha mão.
— Eu não acredito que aquilo aconteceu. - Disse a ela numa hora, que começou a dar ainda mais risada.
— Me desculpe Peter, mas foi muito engraçado. - Ela disse segurando sua barriga e depois respirando fundo, olhou para mim que fiquei ali a admirando, ela sorriu e me abraçou, segurei firme em sua cintura e ela me olhou segurou em minha nuca ficando na ponta dos pés, fechou seus olhos e nos beijamos novamente.
Olhei para ela em seguida que colocou sua língua entre os dentes me olhando e firmando seus pés ao chão, ela me abraçou novamente com sua cabeça ali em meu peito.
— Quer se divertir mais um pouco? - Pergunto a ela que responde que sim, ligo o carro e ela entra se sentando e colocando o cinto.
— Onde vamos? - Luna me pergunta ligando o som, tocava The Rockafeller Skank do Fatboy Slim, ela começou a bater suas mãos no painel do carro e balançava a cabeça.
— Vai ver. - Respondi.
Paulina...
Hoje quando levantei e Carlos Daniel não estava ao meu lado na cama, me levantei e coloquei chinelos descendo procurando-o, no corredor havia rosas por todo o lado, segui as rosas e fui até a cozinha. Assim que passei pela porta lá estava ele terminando de fazer panquecas.
— O que é isso? - Digo surpresa vendo-o cozinhando para mim apenas de cueca. Me aproximo dele que beija minha testa.
— Bom dia! Amanhã é o seu aniversário e eu pensei em comemorar durante 48 horas. - Ele me responde, coloca as panquecas no prato e me manda sentar, Finn o cachorro entrou se apoiando na minha perna.
— Oii Finn! - Dou um pedaço do pão para Finn que lambe minha mão e salta para o colo de Carlos Daniel que se senta na minha frente me servindo de suco de laranja e na xícara cappuccino.
Estar ao lado de Carlos Daniel me deixava mais viva e mais feliz, mas nessa noite sonhei novamente com Ian e toda vez aquilo me aterrorizava, hoje recebi esta surpresa dele, mas tudo ainda poderia mudar...
— Tenho mais uma surpresa. - Ele me disse tomando um pouco do suco e se levantando me entregando uns papéis, deixei o cappuccino ali na mesa e abri os papéis para ler.
— Ah meu Deus! - Digo a ele surpresa colocando minha mão em minha boca. - Você está brincando comigo? - Pergunto.
— Não! Aqui nesse apartamento mora muita gente, e acho que está na hora de termos o nosso lugar. Mora comigo? - Ele pergunta para mim, respondo que sim já que agora aquela casa seria de nós dois.
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Subi ao quarto em seguida para tomar um banho, ele entrou logo depois colocando sua camisa azul dizendo que esta noite iríamos sair para dançar, sorri para ele e o sonho vem em minha cabeça novamente quando no meu aniversário de 16 anos ele me deu uma festa convidando os nossos amigos, olhou nos meus olhos dizendo o quanto me amava.
Meus olhos encheram-se de lágrimas, e Carlos Daniel me olhou estranhando o porquê de eu estar chorando naquele momento, ele envolveu seu braço a minha volta.
— O que foi? Não precisamos ir dançar se não quiser. - Ele me diz.
— Desculpa, é que... Eu preciso fazer algo antes de irmos... - Respondo e ele continua me segurando. - Eu sonhei com o Ian nessa noite e não consigo parar de pensar no sonho, é horrível e tão maravilhoso.
— Paulina, respire e me diga o que aconteceu no sonho.
— Sonhei com a minha festa de 16 anos e foi quando uns dias depois soube que ele faleceu, me lembrei dele e... - Continuei chorando.
— O que você quer fazer agora? - Ele me pergunta.
— Preciso terminar com isso. - Respondo.
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Jilian...
Carlos Daniel me ligou agora a pouco dizendo que eu precisava vir falar com Paulina que acabara de entrar no banho, eu estava pela primeira vez na livraria quando entrei e continuei ali trabalhando, me assustei com a notícia, Mark havia ido trabalhar e deixou Emily comigo na livraria mesmo não podendo fazer muita força eu já queria fazer algo, e sua mãe me acompanhava.
— Dona Lucy! Vou precisar sair por um momento, pode ficar com Emily? - Pergunto.
— Claro que sim! - Ela responde, saio da livraria e atravesso a rua entrando no apartamento, subo as escadas e procuro por Paulina, Carlos Daniel sai do quarto e eu bato na porta onde ela havia se trancado.
— Paulina! Abra a porta. - Digo a ela, ouço o chuveio ligado enchendo a banheira. - Abra! Preciso contar e mostrar algo. - Digo, ela abre a porta e volta a se sentar do lado da banheira.
— Está andando! - Ela observa e sorri.
— Sim! - Respondo e me sento ao seu lado no chão. - O que houve? - Pergunto.
— Sonhei com Ian nessa noite. Lembrei da festa, lembrei da notícia, lembrei da mãe dele me culpando pela morte.
— Por que ela te culpava se eu a vi e ela foi tão educada com você?
— Porque quando Ian e seu irmão Ezra morreram, eu e Ian havíamos discutido e ele pegou o carro para ir viajar, iam para casa do lago pescar, Ezra o viu entrando no carro e foi com ele, então eu os matei. Somente eu os matei Jilian! - Paulina me confessa. - Você é a primeira pessoa para quem conto isso. - Ela complementa, fico pensando em como deveria ter sido horrível a sensação, ainda mais agora que falta pouco para seu aniversário, e bruscamente dois dias depois, duas pessoas morreram e ela convive achando que foi a real causa da morte deles.
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Quando Paulina saiu do banheiro Carlos Daniel se levantou da cama e a abraçou perguntando como ela estava, eu havia pedido a ela antes que contasse aquela história a Carlos Daniel, ela me abraçou concordando com a ideia.
— Eu vou voltar para a livraria, Emily está lá com minha sogra, então... - Digo e me aproximo de Paulina. - Mais tarde eu volto tudo bem? - Pergunto, ela sorri para mim e se senta na cama com Carlos Daniel que sussurra "Obrigado" a mim.
Quando voltei a livraria abracei minha filha muito forte e liguei para Mark que atendeu assustado achando que havia acontecido algo com a perna ou Emily.
— Meu Deus! Eu te amo muito Mark. Por favor me perdoe por ter sido tão horrível. - Digo a ele que pede para que eu me acalme.
— Eu também amo você. Não precisa pedir desculpas. O que houve? Quer que eu volte para casa? Cadê Emily?
— Não, não precisa voltar... Ela está bem, sua mãe está com ela agora. Mais tarde a gente conversa, eu só estou com saudades, apenas isso.
Paulina...
Carlos Daniel ficou comigo sentado na cama me observando enquanto contava a história para ele, quando depois ele me ajudou a entrar na banheira e me banhar.
Quando saí da banheira disse a ele que gostaria de ir até o cemitério onde Ian havia sido enterrado, e ele concordou em me levar, no carro o silêncio assombrava-nos, até que ele segurou em minha mão firmemente. Quando chegamos, procuramos pelo seu túmulo e Carlos Daniel ficou afastado me esperando. Me agachei observando seu nome Ian Harry Lanson - 1997 - 2013.
— Ian, por favor me perdoe! Eu tenho tentado seguir em frente de verdade, e vivo a sombra do meu erro, e sinto que não posso ser feliz porque eu causei o acidente. Eu não deveria ter dito aquelas coisas a você... Por favor Ian, me perdoe!
Fiquei ali mais um tempo e me levantei, olhei para trás e lá estava Carlos Daniel, me aproximei dele e o abracei, assim que entramos ao carro novamente, antes que ele pudesse ligar o carro me olhou e segurou em minhas mãos.
— O que você quer fazer agora? - Ele me perguntou.
— Só quero voltar para casa e ficar com você agora. - Digo a ele e dou um beijo, ele dá a partida e voltamos para casa.
Esquecer e perdoar. É isso que dizem por aí. É um bom conselho, mas não muito prático. Quando alguém nos machuca, queremos machucá-los de volta. Quando alguém erra conosco, queremos estar certos. Sem perdão, antigos placares nunca empatam, velhas feridas nunca fecham. E o máximo que podemos esperar é que um dia tenhamos a sorte de esquecer.”
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