Nossa reação foi apenas rir, ele entendeu que estávamos zombando dele, tomei a frente já que estudara lá e disse:

- Estamos aqui porque esqueci umas coisas, ai ficamos brincando por isso o barulho, já estamos de saída.

E sorri para ele que fez o mesmo a mim, me conhecia pois era aluna de lá a bastante tempo e sabia que eu era ótima aluna, e que nunca aprontara nada, e entrando disse:

- Demorem o quanto quiserem

Quando ele entrou comecei a rir como uma boba, puxei Isco para que pudéssemos ir embora, então disse a ele:

- sabe que isso foi o mais próximo de ter aprontado na escola

Ele riu como se fosse uma piada, acho que era mesmo como pudera aquilo ser algum motivo de tumulto, mas eu era sempre neutra não fazia nada, por isso não tinha uma advertência, nem mesmo verbal, então ele disse:

- Você precisa de adrenalina na sua vida

com isso eu concordava, eu não tinha o mínimo animo as vezes, então o respondi:

- Eu sei, eu preciso mudar

estávamos chegando em minha casa, avistei mamãe parada a porta com os olhos insistentes ao relógio, quando desci do carro ela correu a meu encontro abraçou-me e cobriu-me de beijos, e começou a dizer:

- Estava muito preocupada, como demorou, não faça mais isso comigo.

Eu apenas dei um sorriso forçado sem mostrar os dentes e estava dando-lhe as costas, quando me puxou bruscamente pelo braço, e perguntou em um tom considerado por ela autoritário:

- Não me disse onde estava, Você me deve satisfações de porque tanta demora

a respondi como se fosse a coisa mais óbvia do mundo pois para mim era:

- na escola, onde mais

entendeu que era mentira, me puxou novamente e me disse quase aos prantos:

- Como pode mentir para mim, nunca fez isso, eu sou sua mãe não pode mentir para mim

Eu segurei suas mãos e olhando bem no fundo dos seus olhos disse:

- Eu não estou mentindo, nunca faltei com a verdade a você e não pretendo fazer isso, acredite se quiser e se não quiser não faz mal.

Começou a chorar bastante, dava um belo show, Katherine apareceu e abraçando mamãe me dirigiu a palavra gritando e chorando junto com ela:

- O que você fez com ela? Sua desalmada, como pode tratar mal mamãe? Ela sempre cuidou bem de você, te educou da melhor maneira possível, e você faz isso

Aquele "Ela sempre cuidou bem de você" me atingira como um tiro de arma de fogo, aquilo me desestabilizou, ela nunca me dera a mínima atenção, ela nunca fizera nada por mim era sempre por Katherine, eu estava quase dando-me por vencida e entrando quando senti uma mão pesada tocar meus ombros, aquilo me deu forças, eu respirei fundo engoli a lágrima que queria escorrer e disse:

- Sempre cuidou bem de mim? Ela nunca me deu atenção, Ela nunca fez nada por mim, Nunca me ajudou em nada, agora ela acha que tem algum direito de dizer que estou mentindo? Não se meta nisso Katherine

Minha mãe engoliu o choro e todo aquele show virou drama de verdade, ela me olhou como se tivesse dito algo absurdo e fora do normal, se levantou do chão e disse:

- Olha aqui menina, eu sempre fiz tudo por você não pode me tratar assim

Não sei o que me deu mais fiquei possessa com o fato de ela dizer que sempre fizera tudo por mim, nunca fizera nada, não sabia nada sobre mim, eu a interrompi com um grito bastante agudo:

- Cale já essa boca, não ouse falar mentiras, não se importa comigo, nunca fez nada por mim, nunca cuidou de mim, você é a pior mãe que alguém pode ter

e saí correndo para meu quarto, Isco ficou vendo mamãe me ofender com todos os nomes possíveis e subiu logo depois de mim, eu estava deitada em minha cama chorando, nem sei ao menos o porque, se era raiva da vida, se eram minhas magoas, enfim só sabia que as lágrimas insistiam em escorrer, ele repousou a mão com carinho sobre meus cabelos, e disse:

- Você vai se sentir melhor quando a magoa passar, falar sempre ajuda

eu levantei o rosto, e ao fazer isso percebi que eu havia falado sobre meus sentimentos, que havia até mesmo mandado minha mãe se calar, mais aquilo tudo fazia realmente eu sentir-me mais leve, eu não disse nada apenas o abracei bem forte como se quisesse nunca mais o soltar, eu precisa daquele afeto perto de mim, ele me soltou aos poucos e deu um beijo em minha cabeça, com carinho secou minhas lágrimas levantou-se da cama e estendeu a mão para que eu segurasse a dele e me levantasse eu assim fiz, ele me levou a cozinha, e pegou um copo d'água para mim, eu tremia, estava nervosa, logo surgiu mamãe com um ar de desprezo ao lado de Katherine que fazia o mesmo, coloquei o copo no balcão e estava a sair da cozinha quando ela gritou:

- Volte aqui já Scarlet!

Estranhei nunca me chamava pelo nome inteiro, sempre chamava-me de Sky, eu me virei e perguntei:

- O que quer Dona Valery?

Ela também estranhou pois eu nunca a havia chamado pelo nome, sempre me dirigia a ela a chamando de "mãe" nem mesmo quando usava de sarcasmo com ela a chamava pelo nome, mas eu não precisava a chamar de mãe se nunca havia sido uma mãe para mim, ela disse:

- Não vai me pedir perdão?

Eu me fiz de completa sonsa e retruquei:

- Não tenho de pedir perdão a ninguém! Não fiz nada

Ela falou bastante alterada gritando:

- Não fez nada? Não tem que pedir perdão? Disse que não sou boa mãe, eu sou ótima mãe, peça-me perdão agora me deve obediência

Eu respirei fundo para não ofende-la mais do que precisava, e respondi:

- E você não é boa mãe, nunca me criou, nunca me implantou limites, nunca esteve a parte dos meus anseios, das minhas preocupações, dos meus medos, só me mandava a um psicólogo para ter sessões e pronto, me tratava como nada, uma bastarda, um peso

Quando eu disse isso toda aquela dor que me apertava passara, ela me olhou como se fosse um monstro, ela iria dizer-me alguma coisa quando papai surgiu a porta e disse:

- Alguém me explica o porque desse clima pesado aqui?

Então..