Então mamãe rapidamente saiu de trás do balcão que divide a cozinha da sala e correu em direção a papai o abraçou e começou a chorar em uma cena totalmente desnecessária.

Peguei a mão de Isco e estava saindo com ele, e enquanto saia disse a papai:

- Vou dar uma volta, prometo não demorar, vou estar aqui para responder o que quiser saber, vou deixa-la contar tudo ao Senhor, vou dizer a verdade quando voltar, Tchau

Pedi a Isco que me levasse para longe, para um lugar que me fizesse esquecer aquilo tudo, porém não me levou tão longe assim, me levou a uma praça onde haviam algumas crianças brincando, era próximo a minha casa, então segurando em meu ombro me disse:

- Eu te trouxe pra cá, porque uma vez me disse que você vinha brincar aqui quando era criança, achei que fosse gostar

Ele tinha razão eu gostava daquele lugar, minha babá sempre me levara lá e apesar de ninguém nunca brincar comigo, eu havia passado ótimos momentos ali, eu nem me lembrava que havia contado a ele que brincava ali, mas ele nunca esquecia nada do que lhe falava, eu não dizia nada me sentia pesada demais, segurava o máximo que podia minhas lágrimas, ele estava sentado a meu lado me olhando, ele se levantou, ficou em minha frente e passou a mão em meu rosto, deu um leve beijo em minha testa e disse em meu ouvido:

- Esquece isso tudo, eu sei que está doendo, mas você fez o que deveria fazer.

Ele tinha razão, eu havia falado o que realmente me causava dor, agora estava doendo porque eu havia falado, mas não era bem isso era um pouco de remoço por ter feito mamãe chorar, respirei fundo e lembrei de todas as vezes que provou não se importar comigo, todas as lágrimas que queriam escorrer sumiram como mágica, então eu sorri para ele e o abracei, acho que não entendeu, mas retribuiu o abraço forte também quando o soltei percebi a presença de papai, ali com aquela feição de raiva que sempre fazia, ele pediu licença a Isco para que pudesse falar comigo, ele me olhou e fiz um sinal para ele dizendo que poderia ir, ele me olhou e disse:

- Então já estou indo Sky, qualquer coisa é só ligar ou então me procurar vou estar em casa

Ele me olhou sorriu docemente e por entre os lábios bem baixinho disse só para eu ouvir:

- Boa sorte!

E foi embora, papai assistia a nossa despedida com impaciência, como sempre papai estava com pressa e foi logo falando:

- Porque falou daquela maneira com sua mãe? Você não poderia a tratar aquela maneira.

Tive vontade de gritar com ele também, acho que estava enlouquecendo aquilo tudo queria sair de mim, eu gritava por socorro, fechei os olhos e respondi:

- Eu não a tratei mal, apenas disse a verdade

- Você a tratou muito mal, ela sempre fez tudo por você, não poderia ter falado com aquela daquela maneira

Porque eles insistiam em dizer que ela fazia algo por mim, ou melhor tudo sendo que a única coisa que fazia era me mandar para minha babá, esta sim foi minha verdadeira mãe, eu o olhei e disse:

- Me diga uma só coisa boa que ela já tenha feito por mim, eu te conto absolutamente tudo, se tivesse feito algo bom por mim saberia

Então eu abri os olhos cheia de convicção do que acabara de falar, ele me olhava e não sabia o que dizer pois nunca mamãe havia feito algo bom por mim, me levantei e disse:

- Bom foi como eu disse, apenas a verdade, passar bem papai!

E sai sem rumo a caminhar, fiquei pensando que havia feito o certo, entrei em casa e lá estava mamãe a sala toda cheia de si pensando que eu havia levado a bronca da minha vida, que havia sido expulsa de casa e que papai estava prestes a me matar, porém eu entrei sorrindo, realmente cheia de mim pois estava com a razão cumprimentei ela e Katherine e estava quase subindo as escadas ia o mais devagar que podia a espera da pergunta, que veio com um tom desesperado:

- Porque está feliz? Seu pai acaba de brigar com você não é mesmo

Eu a olhei e disse com toda a felicidade do mundo:

- Não, papai e eu apenas conversamos e ele compreendeu que eu jamais a trataria mal, eu apenas disse a verdade, e infelizmente ela dói não é mesmo, já doeu em mim, agora vai doer em você

E subi para meu quarto, eu sei que o que eu acabara de dizer era a tratar mal, mas realmente queria que doesse nela como um dia doeu em mim, meu psicólogo sempre me dissera que o que mais dói é o remoço, ele disse que é uma dor quase incurável e que só o perdão da pessoa a quem você causou mal é que cura esta dor, seria maravilhoso ver mamãe me pedir perdão, eu estava feliz liguei para Isco e contei tudo que acontecera, ele ficou feliz por mim e disse:

- falei que ia melhorar, agora se sente realmente bem?

- Sim, me sinto ótima, quase tão ótima quanto quando estou com você

Não poderia ver, mas sentia seu sorriso pelo telefone, fui tomar um banho e estava arrumando meus cabelos no banheiro mesmo, quando sai deparei-me com minha irmã sentada a minha cama olhando minhas coisas, parecia com raiva, eu pouco me importava com a sua raiva, era banal demais, mas dessa vez não parecia uma coisa fútil e sim uma raiva de verdade, eu não disse nada, esperei que falasse, então ela disse:

- Agora teremos uma conversa séria, Dona Scarlet