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3.O que as meninas realmente viram?


"" - para contextualizar as vozes ouvir a distância uma conversa

Melody

Nunca pensei que fosse detestar ser representante de turma e cá estou eu me culpando por uma escolha tão ruim. Modéstia parte, só fiz isso para adquirir bons contatos para o meu currículo impecável. Um pouco de influência não faz mal. A quem eu quero enganar, fiz isso para ficar perto do Nathaniel, mesmo que ele não seja a minha prioridade, sou completamente apaixonada por ele! E agora estou aqui com esse espectro, alguma coisa e essa outra parafernália, revirei meus olhos indo em direção ao local indicado. Só a Maze mesmo para ter essas ideias estapafúrdias e, diferente do que eu imaginei, realmente havia um barulho meio incômodo. No começo, achei que estivesse no segundo andar na sala de artes ou ciências, mas agora rodando pelo corredor, me dei conta de que o som vem do porão. Como Maze avisou, respirei fundo antes de descer as escadas com calma. Se realmente forem fantasmas, como irei me defender?

Um calafrio passou pelo meu corpo e quase dei para trás, deixando tudo no chão e correndo para minha casa. Foi então que ouvi uma voz conhecida.

"Podemos ensaiar esse, o que acha?"

Desci as escadas de uma vez na ponta dos pés.

"Essa é boa, mas deveríamos repassar ao som de scorpions."

"Desde quando você tem essas ideias?" Eu estou tão interessada em descobrir o que está acontecendo que me vi presa nessa conversa que não me pertence e acabei esquecendo de ligar o gravador. Quando o fiz, já estava completamente dentro do porão, observando a meia luz por trás da cortina que cobria parcialmente parte desse lugar que, pelo visto, precisa de uma limpeza. Nunca pensei que pudesse haver um lugar da escola tão sujo.

O som da guitarra ecoou e, com isso, levei um susto encostando em algo e fazendo um barulho. Respirei fundo, contando até três e torcendo para não ser um rato. Estou tão emersa nos meus pensamentos que nem percebi que o barulho da guitarra tinha sido silenciado. Eles pararam de falar e eu respirei pesado, antes de ligar a lanterna apontando para baixo e sentir que o que estava em meu pé não era um rato e sim tinta. A cortina foi puxada com pressa e meu corpo todo tremeu. Apontei a lanterna para frente, observando os olhos serem tampados.

— Dá pra tirar isso da minha cara? — Engoli minha saliva com dificuldade ao perceber que quem estava à minha frente era Castiel, olhei para o lado e vi Lysandre tão sério que por um momento desejei matar a Maze!

— Assistente do chato, o que faz aqui? — Castiel arqueou a sobrancelha.

— Sejamos plausíveis Castiel, não acho que essa garota tenha vindo nos espionar, sinto muito, mas não me recordo do seu nome. — Lysandre comentou e, por mais envergonhada que eu estivesse, tentei sorrir.

—- Tudo bem, Lysandre, sou a Melody e não, eu não vim os espionar, por mais errado que seja utilizar as dependências da escolha para benefício próprio.

— E você pretende nos delatar para ganhar uns pontos, imagino. — Castiel afirmou e, nossa, como ele é desagradável sem fazer esforço, olhei para ele, deixando de lado minha vergonha e tentando encarnar o espírito de Maze e acabei por respondê-lo da forma que imaginei que ela faria:

— Não sei se percebeu, mas eu estou ocupada e minha vida não gira em torno do que vocês fazem. — Ok, eu sei que ela seria bem mais grossa, porém não consigo ir além disso, pelo menos nessa situação tão confusa. Lysandre pigarreou olhando para as coisas que eu carrego e percebi que, apesar de tentar se reprimir, ele está curioso.

— Melody, o que é isso? — Aqui, minha vergonha eclodiu para níveis catastróficos, como eu contaria sem parecer uma maluca que isso aqui é um aparelho para medir e encontrar fantasmas? Não creio que haja uma forma fácil de dizer isso sem parecer loucura e, por que foi mesmo que eu topei participar dessa loucura? Céus! Eu e meu senso de tentar ser correta.

— Isso aqui é um aparelho para leitura sobrenatural.— Tentei ser o mais vaga possível, porém o olhar analítico de Castiel sobre o aparelho me fez desejar entrar em um buraco.

— Um espectrômetro? —Ele riu. — Não sabia que a certinha acreditava em fantasmas. — Minhas bochechas estão vermelhas de tanta vergonha e nem preciso ver para ter essa certeza, já que as sinto quente.

— Eu vou embora, já que aqui não tem fantasmas aqui. -- Encurtei a conversa antes que eu acabasse caindo nessa curta provocação, porém a voz de Lysandre me chamou atenção:

— E a respeito do que você viu? -- Ele perguntou visivelmente desconfortável e respirei fundo.

— Eu não vi nada por aqui e nem vocês me viram, tudo bem? — Comentei, indo em direção às escadas.

— Façam como quiserem.— Castiel comentou e um famigerado obrigado saiu dos lábios de Lysandre, lhe dei um sorriso como resposta e segui para fora do porão. No fim, minha investigação só me fez passar vergonha e espero que Maze ou Peggy tenham mais sorte.