O Blog

2. O que as meninas realmente viram?


Capítulo na visão da personagem, caso mencionado com um maior de idade

Peggy

Eu não sei o que é pior, o fato de a minha única e melhor amiga ser completamente louca ou eu ter me deixado levar por essa ideia estapafúrdia de que há algo realmente grande acontecendo por aqui. Pelos deuses, como eu sou burra! Continuei reclamando até chegar em frente à sala dos professores, lembro que os bilhetes que encontrei jogado no lixo da biblioteca diziam às 22h30 na sala dos professores.

Tá que são de semana passada e as chances de isso ser uma pista são poucas, mas quem arrisca não petisca, não é mesmo? Ah, não! Estou pegando os bordões da Maze quando bebe café demais, respirei fundo e tirei a chave reserva da bolsa, cortesia de um "roubo" premeditado da própria Maze. Minha querida e linda amiga clonou a chave da diretora depois de ir para a detenção por pegar arquivos para o jornal. Hoje temos acesso à maioria dos locais da escola sem que os outros saibam. Com meus pensamentos a mil, adentrei a sala e me escondi dentro do sofá, sim, o sofá, ele tem um zíper atrás e dá pra se acomodar muito bem lá dentro sem que quando alguém sente se esmague devido à estrutura de madeira. Fora que consigo uma visão privilegiada da sala e até deu tempo de posicionar a câmera extra em cima da estante entre os livros tranquilamente. Liguei o meu gravador e cronometrei o tempo, já passava das 22h40 e nada, coloquei minha mão no zíper e ouvi o barulho da porta se abrindo de maneira sorrateira. Na hora me encolhi enquanto um peso se afundava no sofá, mas um tempo passou e outra pessoa adentrou a sala.

— Senhorita May, espero que esteja consciente dos seus atos. — Aquela voz era do professor Farize.

— Não faço ideia do que está falando, professor, só vejo dois adultos conversando no momento.

— Não se faça de desentendida, não combina com você May.

Desde quando o professor Farize é tão informal? Preferi me calar e continuar escutando:

— Então, pare de negar os seus sentimentos por mim. — O sofá ficou mais leve enquanto ouvi um barulho de algo sendo balançado e depois estalos e mais estalos que pareceram durar uma eternidade, por fim alguém arfando. — Não foi a primeira e nem será a última, professor, da próxima espero que me leve pra jantar.

— May...

— Farize, não se faça de rogado, isso só funciona com os outros alunos! Não com a sua namorada, bom, vou sair primeiro, creio que nossos corações tenham falado mais alto que sua ideia estúpida de se afastar de mim.

— Não haja com tanta irresponsabilidade, pare com os bilhetes...

— O que eu posso fazer se o meu namorado se recusa a me ver e ouvir? Tive que apelar para a única forma que conheço de chamar a sua atenção, ou seja, a curiosidade. Agora, você me ouviu e está tudo bem.

— Não faça de suas palavras algo simples e vai pra casa!

— Só se me der a certeza de que vamos nos encontrar amanhã na sua casa.

— Se isso vai te deixar quieta, então sim. — Outro barulho de vários estalos e por fim a porta da sala sendo aberta.

— Que droga foi que eu fiz, onde estava com a cabeça, Farize? Se apaixonar por uma aluna! Vou pra casa, não tenho mais condições de corrigir nada aqui. — Mais uma vez a porta foi aberta e essa foi a minha deixa para sair do meu esconderijo. Repeti a gravação incrédula com o que ouvi e depois peguei a câmera para conferir as imagens e me arrependi, só para assistir uma garota se agarrando com um professor de maneira intensa e ele retribuía cada uma daquelas investidas mesmo que dissesse que não. Respirei pesado enquanto contava os segundos para sair da sala.

Cacete, o Farize estava muito encrencado! Se eu publicasse esse conteúdo no jornal, com toda certeza seria o fim tanto dele quanto o meu! E pensando desse jeito, só me resta uma solução, mentir.

A única coisa que encontrei nessa sala não é relevante o suficiente para render uma matéria e agora vou ter que contar com os talentos de Maze e Melody, do contrário estamos ferradas e terei que dar adeus ao meu jornal.