Fiquei horas pensando no encontro que tive com o pai de Suzannah. Para ele ter vindo até mim, só pode ser que eu a incomode. Por que uma garota de 16 anos, VIVA e com um futuro gostaria de conviver com um fantasma de um cara que morreu a 150 anos atrás? Eu devia ter imaginado.



Eu estava numa árvore somente olhando as estrelas, quando apareceu de novo a fantasma no quarto de Suzannah (sim, eu tenho uma vista privilegiada do quarto dela da árvore). Fiquei observando a cena até que ela se desmaterializou. Eu apareci para Suzannah batendo palmas sarcasticamente e então falei:


– Esse foi o seu melhor desempenho até hoje. Você parecia envolvida, ainda que enojada.


Ela me olhou furiosa.


– Você não tem umas correntes para chacoalhar por aí? - perguntou mal humorada.

Fui até a cama dela e sentei-me querendo ter uma conversa séria com ela.


– Não. São duas da manhã, Jesse. A única coisa que eu tenho na cabeça agora é dormir. Você se lembra do que é dormir, não é?


Ignorei-a


– Eu também recebi uma visita há pouco tempo. Acho que você conhece. Um certo Sr. Peter Simon.


– Ah.


Então ela caiu deitada na cama e puxou um travesseiro para a cabeça. Achei imaturo da parte dela.


– Não quero saber disso - falou, com a voz abafada debaixo do travesseiro.


Num breve acesso de raiva, joguei o travesseiro dela no chão usando poder da mente.


– O que é? -ela perguntou irritada. Por que ela estava irritada, eu que tive que conversar com o pai dela.


– Ahn. Na verdade, Jesse, há um cara morando no meu quarto, lembra?


– É, mas... Mas eu não estou realmente morando aqui.


– Bem. Só porque, tecnicamente, Jesse, você está morto.


– Eu sei disso. - Passei a mão pelos cabelos, nervoso.


O que eu não compreendo é por que você falou com ele sobre mim. Eu não sabia que incomodava tanto a você eu estar aqui.


– Não


– Não o quê?


– Não me incomoda você morar aqui. - Eu me encolhi. Bem, não que você more aqui, já que... quero dizer, não me incomoda que você fique aqui.


– Só que...


– Só que o quê?


– Só que eu não consigo deixar de ficar pensando em por quê.


– Por que o quê?


– Por que você está aqui há tanto tempo.


– Claro! Se você não quiser conversar sobre isso, tudo bem. Eu esperava que a gente pudesse ter, você sabe, um relacionamento aberto e honesto, mas se é pedir demais...


– E quanto a você, Suzannah? - disparei de volta. - Você tem sido aberta e honesta comigo? Acho que não. Caso contrário, por que seu pai viria atrás de mim daquele jeito?


– Meu pai foi atrás de você?


– Nombre de Dios, Suzannah - Falei irritado. – O que você esperava que ele fizesse? Que tipo de pai ele seria se não tentasse se livrar de mim?


– Ah, meu Deus, Jesse, eu nunca disse uma palavra sobre você com ele. Juro. Foi ele quem puxou o assunto. Acho que ele anda me espionando, ou sei lá o quê. Então...o que você fez? Quando ele foi atrás de você?

Preferi dar de ombros

– O que eu poderia fazer? Tentei me explicar do melhor modo possível. Afinal de contas, minhas intenções são as melhores possíveis.


– Você tem intenções?

Percebi que tinha acabado de falar a coisa errada. Peguei seu travesseiro que eu tinha jogado no chão e joguei na cara dela. Eu sei, muito rude.


Continua...