O Arcano Nove Narrado Por Jesse
Capítulo 2
Fiquei horas pensando no encontro que tive com o pai de Suzannah. Para ele ter vindo até mim, só pode ser que eu a incomode. Por que uma garota de 16 anos, VIVA e com um futuro gostaria de conviver com um fantasma de um cara que morreu a 150 anos atrás? Eu devia ter imaginado.
Eu estava numa árvore somente olhando as estrelas, quando apareceu de novo a fantasma no quarto de Suzannah (sim, eu tenho uma vista privilegiada do quarto dela da árvore). Fiquei observando a cena até que ela se desmaterializou. Eu apareci para Suzannah batendo palmas sarcasticamente e então falei:
– Esse foi o seu melhor desempenho até hoje. Você parecia envolvida, ainda que enojada.
Ela me olhou furiosa.
– Você não tem umas correntes para chacoalhar por aí? - perguntou mal humorada.
Fui até a cama dela e sentei-me querendo ter uma conversa séria com ela.
– Não. São duas da manhã, Jesse. A única coisa que eu tenho na cabeça agora é dormir. Você se lembra do que é dormir, não é?
Ignorei-a
– Eu também recebi uma visita há pouco tempo. Acho que você conhece. Um certo Sr. Peter Simon.
– Ah.
Então ela caiu deitada na cama e puxou um travesseiro para a cabeça. Achei imaturo da parte dela.
– Não quero saber disso - falou, com a voz abafada debaixo do travesseiro.
Num breve acesso de raiva, joguei o travesseiro dela no chão usando poder da mente.
– O que é? -ela perguntou irritada. Por que ela estava irritada, eu que tive que conversar com o pai dela.
– Ahn. Na verdade, Jesse, há um cara morando no meu quarto, lembra?
– É, mas... Mas eu não estou realmente morando aqui.
– Bem. Só porque, tecnicamente, Jesse, você está morto.
– Eu sei disso. - Passei a mão pelos cabelos, nervoso.
O que eu não compreendo é por que você falou com ele sobre mim. Eu não sabia que incomodava tanto a você eu estar aqui.
– Não
– Não o quê?
– Não me incomoda você morar aqui. - Eu me encolhi. Bem, não que você more aqui, já que... quero dizer, não me incomoda que você fique aqui.
– Só que...
– Só que o quê?
– Só que eu não consigo deixar de ficar pensando em por quê.
– Por que o quê?
– Por que você está aqui há tanto tempo.
– Claro! Se você não quiser conversar sobre isso, tudo bem. Eu esperava que a gente pudesse ter, você sabe, um relacionamento aberto e honesto, mas se é pedir demais...
– E quanto a você, Suzannah? - disparei de volta. - Você tem sido aberta e honesta comigo? Acho que não. Caso contrário, por que seu pai viria atrás de mim daquele jeito?
– Meu pai foi atrás de você?
– Nombre de Dios, Suzannah - Falei irritado. – O que você esperava que ele fizesse? Que tipo de pai ele seria se não tentasse se livrar de mim?
– Ah, meu Deus, Jesse, eu nunca disse uma palavra sobre você com ele. Juro. Foi ele quem puxou o assunto. Acho que ele anda me espionando, ou sei lá o quê. Então...o que você fez? Quando ele foi atrás de você?
Preferi dar de ombros
– O que eu poderia fazer? Tentei me explicar do melhor modo possível. Afinal de contas, minhas intenções são as melhores possíveis.
– Você tem intenções?
Percebi que tinha acabado de falar a coisa errada. Peguei seu travesseiro que eu tinha jogado no chão e joguei na cara dela. Eu sei, muito rude.
Continua...
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