Erik chegou ao telhado. Ninguém viria ali, estava nevando e muito frio. assim ele sabia que não seria encomodado. Ele caminhou em meio a estatuas, apoiou-se em uma delas, e pôs-se a pensar.

Pov. Erik

Agora sim Carlotta teve o que mereceu. Joseph Buquet também. E Christine, oh menina tola, sua curiosidade em ver meu rosto trouxe horror a ela. Agora ela sabe aquele anjo na verdade e um monstro, um gárgula.

E havia Louise. Desde que chegara, aquela menina insistia em ocupar-lhe os pensamentos. E essa noite ela encantara a todos com sua musica. Certamente publicariam algo no jornal. Tem algo naquela menina que me atraiu. Talvez seja o fato dela ser tão boa musicista. Talvez ela cante também. E deve ser tão boa cantora quanto instrumentista. Mas e Christine? Eu a amo tenho certeza disso. Mas mesmo assim eu sinto vontade de proteger Louise, de ensiná-la, e fazê-la brilhar também. Aqueles olhos quase cinza são tão enigmáticos, faz-me querer descobrir mais sobre ela. Pensando nisso, eu não sei quase nada da vida dela. Tenho que perguntar essas coisas, quando falar com ela, mas acho que a deixei assustada hoje. Mas desde quando eu me sinto assim em relação à outra pessoa que não seja Christine? Desde que a vi. E agora, Louise ou Christine? Não terá muita diferença, as duas estão fadadas a amar algum rapaz de um rosto bonito, e não uma gárgula como eu.

Eu estive tão perdido em pensamentos ultimamente, que um pequeno barulho me assustou. Pareceu algo caindo. Eu me virei, e eis que vi Louise caída. Corri até ela, e me ajoelhei para ver se ela estava bem. Ela estava desmaiada, pois bateu a cabeça ao cair. Não posso deixá-la ali, nem levá-la ate seu quarto, pois ela tem alguns ferimentos que precisam de cuidados. Não me resta opção senão levá-la para a casa do lago. Uso minhas passagens secretas. Se já se assustam em me ver sozinho, imagina se me vêem com Louise nos braços!

Devo estar ficando louco. Eu não agi precipitadamente assim nem com Christine. E nunca me senti com tanta duvida. Louise ainda estava desacordada quando chegamos à casa do lago. Eu a deitei em minha cama, e verifiquei os seus ferimentos. Havia alguns arranhões no rosto. Certamente perguntariam a ela sobre isso. E havia um pequeno corte no lado direito da cabeça dela, onde foi a batida. Afastei os cachos do cabelo dela, e estanquei o sangue e limpei o corte. Por sorte não seria preciso dar pontos. Limpei também os ferimentos do rosto, que foram superficiais, e logo sumiriam. Assim que terminei, eu a deixei descansar. Fui ate meu órgão, tentar compor alguma coisa. Mas os recentes acontecimentos não saiam de minha mente. E se Christine aparecesse ali e visse Louise? Nem quero pensar no que aconteceria.

Pov. Narrador

Louise acordou em uma cama macia, que não era a sua. Ela só lembrava-se de estar no telhado, quando se assustou e caiu, desmaiando. Ele estava lá, pensou ela, lembrando-se do que havia a assustado. Aquele homem de mascara e que dizia ser o Anjo da Musica, e era conhecido como o fantasma da ópera (ela havia descoberto isso quando as pessoas gritavam que aquilo era obra do fantasma) estava lá no telhado também. Ela te tara sair sem ser percebida, mas escorregou devido à neve que se acumulava ali.

Mas onde estou agora? Questionou-se a garota. Ela levantou-se, mas sentiu tontura. Apoiou-se na cabeceira da cama ate sentir-se melhor. Quem a trouxera ali deveria tem muito bom gosto. A cama era em formato de cisne, com lençóis vermelhos e um dossel preto de renda. Tudo parecia ser feito dentro de uma caverna, o que se comprovou quando ela saiu do quarto. Havia vários candelabros iluminando o lugar. Havia um lago, alguns espelhos, estatuas, e o que mais chamou a atenção de Louise, um órgão. Quem quer que seja que morasse ali, tinha um ótimo gosto. Mas, ela vê algo que não havia visto antes. Um homem sentado perto do órgão. Era o Anjo. Louise pensou em sair dali, mas não tinha como atravessar o lago. E não havia outra saída. Ela ficou parada onde estava.

O homem se virou, e viu ela. Um arrepio percorreu o corpo de Louise.

– vejo que acordou. Esta melhor? - perguntou ele.

– acho que sim - respondeu ela timidamente. Ele esta se preocupando comigo, pensou ela. O medo diminuiu um pouco.

– teve sorte senhorita, podia ter acontecido algo mais grave. Mas como você caiu? - perguntou ele - mas antes de me responder, sente-se aqui, você precisa descansar - falou ele chamando-a para sentar junto a ele no banco que havia em frente ao órgão.

– eu me assustei e cai, falou ela timidamente.

– e o que lhe assustou?

– você - falou ela - me desculpe - falou ela vendo o espanto no rosto dele - eu não quis falar isso...

– muitos também se assustam. Mesmo eu estando com a máscara.

Ela não entendeu o que ele disse então se decidiu por explicar por que havia se assustado.

– então foi por isso? Mas Carlotta e Joseph mereceram - falou ele.

– concordo, mas o fato de um Anjo matar alguém acabou me assustando - falou ela. Louise sempre fora quieta, e quando falavam com ela, recebiam respostas curtas na maioria das vezes. Mas por alguma razão, ela sentia que podia confiar naquele homem.

– desculpe-me, mas eu ainda não sei o seu nome, e você parece saber o meu - disse ela, percebendo que ainda não sabia o nome dele.

– Erik. Erik Destler.

– Erik Destler - ela repetiu as palavras como se testasse a sonoridade delas - e um nome bonito - Louise corou ao dizer isso.

– agradeço - falou ele. Percebeu que a menina corava sempre, como se estivesse tímida constantemente - mas eu só sei seu primeiro nome.

– Louise clavel. Não somos nenhuma família nobre, apenas pessoas humildes.

– e isso não e ruim! - falou ele. Erik quase não conversava com ninguém, mas estava conversando com ela como se fossem melhores amigos.

Louise sorriu, e percebeu algo mudar nos olhos de Erik. Ele olhava com carinho para ela, mas não demonstrava. Louise sempre fora boa em saber o que as pessoas estavam sentindo. Ela virou-se e ficou de frente para o órgão.

– posso tocar? -perguntou ela. Nunca havia tocado um órgão, mas sabia o básico.

– claro! - desse Erik, virando-se também para vê-la tocar.

Louise se pôs a tocar, e logo entendeu como funcionava o instrumento. A facilidade que ela tinha para aprender estava sendo realmente util. Erik a observava com atenção. Órgão era o instrumento preferido dele. Saber que ela também tocava o deixou contente.

– toca órgão há quanto tempo Louise? - perguntou ele quando ela terminou a música.

– apenas há alguns minutos, nunca havia tocado um antes.

Erik ficou surpreso com a resposta. Então ela aprendera a tocar um instrumento novo ali, em poucos minutos! O que ele tinha diante de si era um verdadeiro anjo da musica!

– acompanhe-me, vou lhe mostrar algo.

Louise o acompanhou curiosa. Ele a levou ate uma sala, que ficava atrás do que parecia ser uma passagem secreta. Louise quase não acreditou no que viu. Era uma sala repleta de instrumentos dos mais variados tipos. Instrumentos de cordas, sopro percussão. Era o paraíso de qualquer musico.

– Louise. Dos instrumentos que tem aqui, qual você não sabe tocar? - perguntou ele com a intenção de ver se ela realmente tinha um dom.

– esse aqui eu nem conheço - Louise pegou um instrumento composto por uma caixa acústica, e algumas cordas.

–isso e uma cítara mini harpa. E um instrumento muito antigo. Conseguiria tocá-lo?

– acho que sim, dê-me um tempo para descobrir - falou ela. Em pouco tempo Louise descobriu que só precisaria dedilhar as cordas para o som sair. O som soava exótico, como algo oriental. Logo Louise descobriu as notas, e a partir dai ficou fácil tocar alguma musica. Ela olhou para Erik, e viu que ele estava com uma expressão de admiração e surpresa.

– o que foi? - perguntou a menina, guardando a citara.

– Você tem quantos anos mesmo? – perguntou Erik. Ela parecia tão nova, mas tinha tão exímio talento!

– tenho dezesseis.

– eu estou diante de um verdadeiro Anjo da Música! Você realmente tem um dom, tão nova e já domina tão bem essa arte. Parecia que era um Anjo que estava tocando a cítara – exclamou Erik.

– obrigada – falou ela corando com o elogio. Louise sabia da sua facilidade para musica, mas não imaginara que pudesse ser um dom.

– apenas hoje você aprendeu a tocar dois instrumentos que não sabia! Eu peço que me deixe dar aulas a você, se e que você precisa aprender algo. Farei-te uma musicista famosa!

Louise viu que Erik parecia animado, e não tinha como dizer não. E ela não tinha mais medo dele, somente admiração.

E Erik decidiu arriscar, que mal teria em fazer duas estrelas brilharem?