Ao chegar à casa do lago, Louise encontrou a mascara de Erik no chão. Isso não é um bom sinal pensou a garota, abaixando-se para pegar a mascara. Ela andou mais um pouco, e viu algo que lhe apertou o coração: Erik sentado em frente ao órgão, com o rosto nas mãos. Estaria ele chorando? Por Deus, o que será que tinha acontecido?

Pov. Erik

Eu ouvi que alguém se aproximava. Seria Christine? Mas ela não sabe o caminho para vir ate aqui. Vejo que quem chegou, estendeu a mascara para mim. Eu a recoloquei, e levantei a cabeça para ver quem era. Era Louise! Mas o que aquela menina estaria fazendo aqui? Eu abaixei a cabeça novamente. Sentia um pouco de vergonha por ela me ver desse jeito.

Mesmo eu não falando nada, ela sentou ao meu lado me abraçou. E ficou ali, acariciando meus cabelos, que agora estavam todos desarrumados. Ela me tocava sem medo, sem preconceitos. Por um momento eu esqueci tudo o que havia acontecido. Eu sempre esquecia tudo quando ela estava por perto.

– esta melhor Erik? - perguntou ela com preocupação na voz.

– um pouco talvez - respondi.

– se quiser me contar o que aconteceu, estou aqui para ouvir, mas se não quiser tudo bem - ela estava sendo compreensiva comigo. Por que ela se importava com uma gárgula como eu?

– eu ouvi sua conversa com Christine - eu não precisaria falar mais que isso. Ela entenderia todo o resto.

– oh pobre Erik! - falou ela, ainda em abraçando - aquela garota não dá valor ao que tem. Ela consegue ser arrogante e insensível quando quer. E ela age assim com você.

Eu poderia a matar por falar assim de Christine. Mas Louise significava algo para mim, mesmo eu não querendo admitir. Eu estava muito confuso. Eu tinha feito Christine brilhar, e assim ela me retribui. Eu sempre me considerei um monstro, mas ouvir isso dos lábios dela foi muito pior. E ainda tinha Louise. Que não tinha medo de mim, não me perguntava sobre a máscara. E tinha falado a Christine que eu fui gentil. E agora estava ali, me confortando.

– porque você age assim, Louise? Enquanto todos me temem, você esta aqui, me abraçando, como nunca alguém tinha feito - falei.

– eu me importo com você. Se você não me rejeitou, porque eu iria rejeitar você? - respondeu-me ela, corando. Ela era tão parecida comigo. Isso me fez pensar que talvez ela também tivesse passado por momentos difíceis, como eu. Acho que gosto dessa garota. Mas isso parece ser uma traição a Christine.

– Erik não fique assim - disse Louise - Christine não e digna de você.

– eu e que não sou digno dela. Eu sou uma gárgula, e estou destinado a amar sem ser amado.

– continue falando assim e eu te jogo lá do terraço. Você ainda vai encontrar alguém que te ame verdadeiramente.

Quem iria me amar? Notei que ela corou quando me falou isso. Ela sempre corava quando falava comigo, e já era a segunda vez que me abraçava. Veio-me algo na cabeça, que podia ser o motivo dela agir assim. Mas desconsiderei, afinal, quem se apaixonaria por mim?

Pov. Louise

Eu não gostava nem um pouco de ver aqueles olhos tristes. Eu estava apaixonada por ele. Eu teria uma conversa com Christine, talvez se eu contar a ela como Erik ficou talvez ela tome juízo. Agora fazer ele enxergar que existem pessoas melhores que ela será difícil.

Erik ainda estava triste. Eu não sabia mais o que fazer para fazer ele ficar melhor. Quem sabe um pouco de musica não ajudaria? Nos já estávamos em frente ao órgão, então eu comecei a tocar. O nome da musica era Think of Me. Percebi que os olhos dele recuperaram um pouco do brilho. Esse era o poder da musica.

– sabe cantar Louise? - ele me perguntou.

– eu sabia que musica lhe faria bem. E quanto a sua pergunta, eu sei cantar, embora prefira os instrumentos.

– pode cantar essa musica?

Eu comecei a cantar. Algumas vezes ele me corrigiu, dava pra ver que se tratando de canto ele era muito melhor que eu. Eu estava um pouco corada, pois eu nunca cantava na frente de alguém.

– muito bem Louise! - falou ele quando eu terminei.

– obrigada. Vejo que você esta bem melhor - era verdade. Ele não estava mais com aqueles olhos tristes.

Pov. narrador

Erik realmente estava sentindo-se melhor. Ele ate esqueceu-se de Christine, como aconteceu da ultima vez que esteve com Louise. Ele considerava uma traição a Christine gostar de Louise. Mas Christine também o havia traído. Mas pensar nisso fez a tristeza voltar para ele.

– por favor, Erik não fique triste – falou Louise percebendo a mudança nos olhos dele – pare de pensar em Christine, ou você vai acabar se sentindo pior.

– é o que acontece quando você esta comigo. Eu me esqueço de Christine – falou Erik. Ele não sabia por que estava confessando aquilo, mas falou. E Louise corou violentamente.

– então vou ficar mais um pouco aqui – falou Louise. Suas faces ainda queimavam com o comentário de Erik. Ela foi ate o órgão, para tocar alguma coisa para se distrair.

Erik a observava enquanto ela tocava. Ela parecia saber tocar órgão há muito tempo, embora ele soubesse que não.

– deixe-me mostrar-lhe uma musica – Erik foi ate o órgão, e os primeiros acordes de The Phantom Of The Opera soaram. Ele ensinou Louise a cantar a música, e logo as vozes deles se erguiam em um dueto. Eles continuaram a tocar e cantar juntos, noite adentro. Ate que Louise começou a bocejar.

– é melhor você voltar – disse Erik – acompanhe-me. Você se arriscou vindo até aqui sozinha. Podia ter se machucado.

– mas foi bom eu ter vindo não é? – disse Louise. Ele estaria chorando ate agora se ela não viesse.

– até que foi – o admitiu – mas agora eu irei ate você. Lembra que eu disse que iria lhe ensinar?

– mas é claro que lembro – falou ela. Já estavam na passagem para o quarto de Louise – até mais Erik. E não fique triste!

– lhe garanto que não vou ficar – falou ele. Apesar de tudo o que havia acontecido, ele estava se sentindo bem melhor. E naquele restinho de noite, os pesadelos não vieram até Erik.