Agora Erik vinha toda noite falar com Louise e lhe dar aulas de canto. E a maior parte do dia ela passava ensaiando com a orquestra, e quando não estava ela subia ate o terraço com o violino, algumas vezes junto com Erik.

Outra coisa que Louise gostava era de passear nos arredores da ópera. Havia algumas lojas, que ela gostava de olhar, pois não tinha dinheiro para comprar. Em um desses passeios, ela encontrou Christine. Louise planejava conversar com Christine a respeito de Erik, mas ate então não tinha tido oportunidade para tal.

– Christine! - chamou Louise.

– ah é você - respondeu Christine. Sem muita vontade de falar com Louise.

– vim falar sobre Erik - ao falar isso, Louise viu o medo nos olhos de Christine. A moca olhou em volta como se confirmasse que Erik não estava por ali. - ele ouviu toda aquela nossa conversa - começou Louise, vendo que Christine não falaria nada - ele ficou muito triste. Ele te ama Christine, não percebe isso? Ele é capaz de qualquer coisa por você!

– eu amo Rauol. Tenho admiração pelo Anjo, mas é um amor que uma filha sente por um pai - falou Christine - e por que você se sente no direito de defendê-lo? Você está nessa ópera há algumas semanas, e eu vivo aqui ha anos!

– esta há tanto tempo aqui e ainda não consegui perceber que Erik e uma pessoa boa? Que ele não é um monstro como você diz? - falou Louise. Christine estava deixando-a irritada - você nem saberia cantar se não fosse por ele!

– sou grata por ele te me ensinado, mas agora eu vi quem ele realmente é - falou rispidamente Christine. Ela costumava ser meiga com as pessoas, mas Louise conseguiu irritá-la - já que se importa tanto, ame-o!

– já o amo, mas tem alguém que fez ele se apaixonar e depois o magoou! - ao dizer isso, Louise deu meia volta e se distanciou de Christine, antes que algo pior acontecesse.

Ela chegou a opera, e foi direto ao terraço. Hoje não teria ensaio, o que a deixava com tempo livre para pensar. Ela encostou-se na mureta, e ali ficou por horas a fio. Ela já havia se apaixonado algumas vezes, mas não foi correspondida. Mas o que ela estava sentindo por Erik não era qualquer paixão. Tanto que ela havia brigado com Christine por causa dele. Se ao menos ele soubesse! Pensou a garota. Já era noite, e Louise achou melhor voltar para seu quarto. Ela tinha acabado de entrar, quando ouviu a voz de Erik.

– oi Erik - falou ela.

– onde esteve? Você sumiu pelo dia todo - falou Erik, que estava atrás do espelho, pois ele não entrava no quarto dele ao menos que ela o convidasse.

– eu saí para dar uma volta. Entre se você quiser.

Erik entrou, e Louise continuou quieta. Ela era um tanto tímida, mas não assim.

– aconteceu alguma coisa? - perguntou Erik preocupado.

– nada que seja importante - respondeu ela, deitando-se na cama.

– vejo que esta indisposta hoje - disse Erik - deixemos a aula para outro dia - concluiu ele, e Louise riu.

Erik ficou em silencio por um tempo, e Louise também. A garota pensava em contar ou não para Erik sobre seus sentimentos. Ela confiava nele, mas tinha medo de perdê-lo. E enquanto isso, ele pensava nela. Nesses últimos dias, as semelhanças entre eles só aumentavam. Erik surpreendeu-se consigo mesmo, quando, uns dias antes, estava andando pela ópera, viu Christine e Rauol juntos. E não sentiu tanto ciúme. Talvez meu amor por Christine não passasse de um amor paternal, ou uma obsessão, pensou ele. Mas Louise era diferente. Ela era inteligente, e conseguia se cuidar sozinha. Além de ser extremamente parecida com ele. E pela primeira vez, Erik tinha esperanças de ser amado.

– esta ficando tarde, e melhor eu ir e deixá-la descansar. Boa noite Louise - despediu-se ele, saindo pelo espelho.

– boa noite, Erik - falou Louise. Ele havia ficado ali por quase uma hora, lhe fazendo companhia. Como podem ter medo dele? pensou Louise, ele é uma pessoa boa que coisas ruins aconteceram.

Talvez eu devesse falar pra ele o que sinto. E quem sabe ele esquece a Christine, pensou a garota, pouco antes de sucumbir ao sono. No dia seguinte havia ensaio, pois seria apresentada uma nova peça. O dia passou rapidamente e logo chegou a hora da apresentação. Louise sabia que Erik estava assistindo, como sempre fazia. Assim que a peça terminou, Louise voltou para o quarto. Ela guardou suas coisas, e foi para o terraço. Quando ela chegou ao lá, apoiou-se na mureta, e ficou admirando a bela vista da cidade. Não estava nevando, mas estava muito frio. Louise arrependeu-se de não ter pegado um casaco ao sair.

Pov. Erik

O espetáculo já tinha acabado. Como sempre Louise foi muito bem, tocou sem nenhum erro. Eu nem prestava mais atenção em Christine. Eu só pensava em Louise.

Como eu sempre fazia, fui ate o quarto dela. Chamei-a, mais não obtive resposta. Ela também não estava no quarto. Ela gostava de ir ao terraço, talvez ela estivesse lá. Quando cheguei ao local, ela realmente estava lá, apoiada na mureta com ema expressão pensativa no rosto. Fui até ela, e permaneci ao seu lado.

– o que faz aqui em uma noite tão fria? – perguntei. Ao falar isso, notei que ela devia estar com frio pelo fato de estar somente com o vestido. Tirei minha capa e a pus sobre os ombros dela.

– estava pensando. Obrigada pela capa, eu estava realmente com frio – falou ela, dando um sorriso.

Ficamos admirando a vista por alguns minutos. Eu me lembrei que o baile de máscaras seria dali a alguns dias. Era nesse dia que eu queria fazer minha grande aparição, e entregar a ópera Dom Juan Triunfante para que fosse apresentada. Ate algum tempo atrás, Christine iria fazer o papel principal junto comigo, mas agora, eu queria que Louise o interpretasse. Mas primeiramente eu tinha que convidá-la para o baile.

– Louise, o baile de máscaras é em pouco tempo. Você já tem um par? – perguntei.

– não – respondeu ela, corando.

– quer ir comigo?

– claro! – falou ela com um sorriso, corando ainda mais.

– a propósito, no baile eu entregarei a minha ópera aos diretores, para que ela seja apresentada. Quero que você faca o papel principal.

– eu? – ela parecia não acreditar – achei que seria Christine!

– seria, mas mudei de idéia – eu falei. Depois de tudo o que aconteceu, quem realmente merecia o papel era Louise.

– que bom que resolveu mudar – falou ela rindo.

Aquele sorriso! me fez rir com ela. Fazia tanto tempo que eu não sabia o que era sorrir!

– eu nunca tinha visto você sorrir - observou ela - tens um sorriso lindo!

– acho que devo lhe agradecer pelo elogio. Alias, devo lhe agradecer pelo bem que você faz a mim!

Louise me abraçou. Eu não demorei para corresponder. Tudo o que eu queria naquele momento era ficar ali, junto de Louise, abraçados sob a luz da Lua.