Logo no dia seguinte ao baile, começaram os ensaios para a apresentação de Don Juan. No inicio os diretores pensaram em não apresentar a peça, mas a lembrança do que havia ocorrido da ultima vez que eles desobedeceram às ordens do Fantasma ainda estava vivida em suas mentes, e lhes serviu como um aviso.

Na primeira vez em que chegou para ensaio, Louise percebeu olhares desconfiados na direção dela. Muitos duvidavam que ela tivesse potencial para atuar como Prima Donna. Mas logo que a viram atuar, e principalmente cantar, não tiveram mais dúvidas. As aulas com Erik serviram para alguma coisa, pensou a garota. Pensar nele arrancou um suspiro de Louise. Na noite do baile, ela ficou um bom tempo no terraço com Erik. Ele tinha ficado extremamente feliz ao saber dos sentimentos dela. Ele havia contado a Louise que Christine não passara de uma obsessão, e que havia encontrado o amor verdadeiro em Louise. A garota estava tão perdida pensando em Erik, que quase entrou no palco no momento errado.

Enquanto Louise ensaiava, Erik a observava do camarote cinco. Ele viu a surpresa no rosto dos outros atores quando ela se pôs a cantar. Ele sentia uma vontade imensa de arrancar Piangi daquele palco e contracenar com sua amada. E ele realmente faria isso, mas somente no dia da estréia. Erik deleitava-se a ouvir a voz de Louise, mas uma voz doce fez-se ouvir no camarote.

– anjo da musica, meu guia e guardião, conceda-me sua glória! Anjo da musica, não se esconda mais, venha até mim anjo estranho!

O Fantasma reconheceu a voz de Christine. Ele nem sequer virou-se para vê-la. O que ela quer aqui depois de tudo o que ocorreu? Indagou-se ele.

– lembra-se de mim anjo? - falou Christine, aproximando-se dele, e o abraçando, numa tentativa de seduzi-lo. Erik continuou em silencio – lembra-se que cuidou de mim desde pequena? Que cantava para mim? Lembra-se da musica da noite? - continuou ela.

– e como esquecer tal tolice? - falou ele sem fitá-la nos olhos - como esquecer as duras palavras que usou para me designar?

– perdoe-me, Anjo! Minha alma fraquejou! - falou ela, entrando no campo de visão dele.

– mentira! Você só quer ter o lugar de Prima Donna novamente! Caso contrário nunca teria me deixado! Aliás, o que eu sentia era uma mera obsessão, e o amor verdadeiro eu descobri com Louise - falou ele, visivelmente irritado.

– você me trocou por aquela meretriz, que só o conhece a algumas semanas!

– como se atreve a chamá-la assim? - falou Erik, dominado pela raiva, e sem se controlar, agarrou o pescoço de Christine - sorte sua eu não estar com o meu laço Punjab - disse Erik, jogando a moça contra a parede do lado de fora do camarote – eu amo a Louise, pois ela não esta interessada somente na fama, como você. Ele deu as costas a Christine, que ficara com uma expressão de medo e espanto diante da reação daquele que ela um dia chamara de anjo.

Quando o ensaio finalmente terminou, Louise retirou-se rapidamente do palco. Não queria que viessem lhe parabenizar. Primeiro porque ela não era de se vangloriar, e segundo porque ela sabia que os elogios eram em sua maioria falsos. Mas a Sra. Giry lhe alcançou.

– meus parabéns Louise! - falou ela - só não entendo por que Erik escolheu você. Tudo o que ele faz e por Christine.

– ele esqueceu-se de Christine. Ela não passou de uma obsessão - respondeu a garota. A Sra. Giry assumiu uma expressão estarrecida.

– como isso aconteceu?

– ele percebeu que ela não o amava, e então ele encontrou um novo amor - falou Louise corando. A garota nem precisou falar mais nada, pois a Sra. Giry, muito esperta, havia entendido tudo. Elas despediram-se, e Louise foi ate seu quarto. Não demorou muito ate Erik a chamar.

– entre! - falou ela. Erik nunca entrava ali sem a permissão de Louise.

– ola Louise - falou ele - você foi ótima no ensaio hoje

– obrigada - agradeceu ela, com um beijo - sua ópera é bem interessante.

– devo agradecer a quem me deu inspiração para terminá-la - falou Erik, abraçando Louise.

– Erik?

– sim.

– podemos ir à casa do lago? Eu só fui lá duas vezes! - pediu Louise. Erik a conduziu pelas passagens, abraçando ela pela cintura.

– bem vinda novamente - falou ele quando chegaram.

Louise foi para a sala de música, e Erik a acompanhou. Logo a musica preencheu o lugar, e também preencheu a alma deles, ao mesmo tempo em que os unia.

Eles tocaram por um bom tempo, e depois se sentaram numa espécie de sala.

– adivinha quem foi no meu camarote hoje - falou Erik

– quem se atreveu a ir lã?

– Christine - respondeu Erik.

– o que ela queria com você? - a expressão de Louise era de raiva, com um pouco de ciúmes.

– queria explicações por eu ter deixado ela. Nós discutimos, e eu acabei com as mãos no pescoço dela - falou Erik.

– conversa amistosa - riu Louise. Ela pode ver a raiva nos olhos dele. Aquele lado sombrio de Erik a assustava tanto quanto a encantava - mas qual foi o motivo da discussão?

– você - respondeu Erik - Christine lhe ofendeu, e eu me alterei e quase a matei por isso.

– aquela megera orgulhosa - insultou Louise – garanto que ela vai vir tirar satisfações comigo. E ela não terá tanta sorte dessa vez.

– não se preocupe com ela, Louise. Ela ficou deveras assustada para lhe fazer algum mal - falou Erik. Até nisso Louise era parecida com ela. Ele não tinha dúvidas de que Louise podia matar alguém se assim quisesse. Mas o que lhe preocupava era que ela acabasse fazendo alguma besteira.

Não muito longe dali, Rauol encontrada uma Christine mais pálida que o normal, e extremamente assustada.

– Christine! Céus, o que houve com você? - perguntou ele ao entrar no camarim dela

– ele quase me matou Rauol. Ele mentiu para mim. Ele não é mais o meu Anjo - falou ela. Ela parecia estar em choque.

Rauol sabia exatamente de quem Christine estava falando. Ele já não gostava do tal Anjo, que ele sabia ser o Fantasma da Ópera, e agora isso tinha virado ódio. E ele faria qualquer coisa para matá-lo e vingar sua Christine.