O Anjo e o Fantasma

Vésperas de Don Juan


A apresentação de Don Juan Triunfante seria dali a um dia. Louise estava um tanto nervosa, mas nada que fosse atrapalhar a apresentação no dia seguinte. Ela estava se saindo bem nos ensaios, tanto que até os diretores foram parabenizá-la.

– nosso fantasma tem muito bom gosto - dissera Sr Andre na ocasião, deixando Louise corada.

Ela parecia estar amando cada vez mais Erik. Ele havia se mostrado um homem carinhoso, que a respeitava, contradizendo aqueles que temiam ele. Erik estava sempre no camarote cinco, observando Louise ensaiar. Mas nesse ultimo dia de ensaio, Erik não estava lá, e sim Rauol. Louise ficou espantada com a audácia daquele rapaz. Ultimamente ele parecia estar por todo lugar, como se estivesse seguindo Louise. E agora ali estava ele, ocupando o camarote de Erik. Certamente Erik não deixaria isso passar em branco.

Louise resolveu se concentrar no ensaio, já que aquele seria o ultimo antes da estréia. A peça estava ficando realmente boa. Erik é um gênio, pensou Louise. Ao final do ensaio, Louise já estava saindo, quando viu Rauol se aproximar dela.

– onde ele está? – perguntou Rauol, entrando na frente da garota.

– não sei do que você pode estar falando, senhor – respondeu Louise. Ela tinha entendido o que ele queria dizer, mas não daria nenhuma informação a ele.

– ora, você sabe muito bem. Você sempre fica olhando para o camarote dele, como se o procurasse. Ele escolheu você para atuar a peça dele, o que sugere que vocês sejam próximos.

– olha, eu não devo explicações a você. Deixe-me passar – falou ela, tentando passar por Rauol.

– ele deixou Christine assustada e quase a matou. Eu não quero que ele faça isso com outras pessoas.

– eu não lhe falarei nada. E mesmo que eu falasse, duvido que você consiga achar ele sem acabar com uma corda no pescoço – falou Louise, o empurrando.

Jovem tolo, pensou Louise, chegando ao seu quarto. Todos os dias após o ensaio ela esperava ansiosamente por Erik, mesmo sabendo que ele viria. E naquela noite não foi diferente. Pouco depois de ela chegar, Erik apareceu no espelho.

– entre Erik, eu já lhe disse que não precisa pedir permissão.

– mas um homem não deve entrar no quarto de uma dama sem pedir permissão - falou Erik sorrindo. Louise revirou os olhos, e o abraçou.

– nervosa para a estréia amanha? - perguntou ele.

– talvez um pouco. Será uma bela apresentação.

– certamente. Eu vi Rauol falar com você. O que aquele escravo da moda queria?

– ele perguntou por você. Ele quer-te achar para vingar a Christine - falou Louise, vendo a raiva aflorar nos olhos do Fantasma.

– agora entendo o motivo de ele querer guardas no teatro amanha.

– como assim?

– hoje quando ele ocupou meu camarim, eu não pude deixar de ouvir a conversa dele com os diretores. Ele dizia que o teatro precisa ficar seguro. Como ele e o patrocinador, os diretores aceitaram - contou Erik - ele desconfia que algo irá acontecer.

– Erik, não faca nada que de motivos para eles te prenderem! - exclamou Louise

– não te preocupes, eles não conseguiriam me prender - falou Erik com um sorriso de orgulho.

– bom acho melhor não discutir com o fantasma da ópera - respondeu Louise rindo.

Pov. Erik

Ter Louise em meus braços reconfortante. Era bom quando ela ficava em silencio, aninhada em mim, e eu compartilhava o silencio com ela. Eu a conhecia a algumas semanas, mas já a amava. Talvez fosse o que as pessoas chamam de amor a primeira vista.

Ela tinha um jeito simples, e fazia tudo com dedicação. Mas pelo que sei, ela sempre foi sozinha, tinha apenas o pai e a mãe, mas eles foram tirados dela. Isso a torna mais parecida comigo. Somos duas pessoas que aprenderam a confiar na musica, pois ela não decepciona.

Eu não havia esquecido completamente a Christine, mas eu estava sentindo um amor ainda maior por Louise. Christine havia me traído, mas eu tinha certeza de que Louise nunca faria isso. Ela era diferente. Era linda. Eu afagava os cabelos dela, e ela começou a acariciar o meu rosto. Eu pensei que ela fosse tirar minha máscara, mas Louise apenas deslizou os dedos sobre ela.

– porque você nunca me perguntou sobre a máscara? - já fazia tempo que eu queria perguntar isso.

– se escondes algo, não quer que os outros saibam. Por isso eu não vejo porque perguntar - respondeu ela - tire-a quando estiver pronto para tal.

Eu não respondi. Não era preciso, eu apenas a abracei e a beijei. Agora eu tinha completa certeza de que amava aquela garota. Eu amava meu novo Anjo da Música.