– Chata é o teu passado Roberta! – disse Alice brava.

– Vocês se amam sempre desse jeito? – perguntou Diego.

– Sempre Diego! – se intrometeu Carla.

Terminamos o almoço e decidimos ficar na sala de estar do colégio.

Alice, como sempre, estava com Pedro e Carla com Tomás. Que grude! Coisa mais chata.

Diego se aproximou e se sentou ao meu lado. Quem ele pensa que é pra se aproximar tanto?

– De vela? –perguntou.

– Não tô acesa pra ser vela. – Não queria papo. É difícil de entender? Mas vamos dar uma chance pra conversa.

Ele me encarava como se eu fosse um bicho.

– Tem quantos anos?

– 17 e você?

– 17 também. Sempre estudou aqui?

– A vida inteira! Não existe colégio mais chato que esse.

– Eu dizia isso do meu outro colégio! – rimos por um breve momento.

Alice percebeu, e o que ela não percebe?, um pequeno momento de riso entre nós dois e foi cochichar com a cunhada, Carla.

– Carlaaa! Olha os dois se entendendo! Será que rola? – perguntou eufórica.

– Alice, eu não sei! Mas parece que ela está gostando do Diego... – respondeu.

Continuamos conversando, descobrindo sobre a vida um do outro, que nem percebemos a hora passar e os quatro saindo de fininho.

– Namora? – perguntou objetivamente.

Olhei séria pra ele e respondi:

– Não! Odeio me apaixonar, estar gostando de alguém. Acho isso perca de tempo.

Ele devia estar pensando que eu era algum tipo de E.T. ou coisa do tipo...

– Por que pensa assim? – perguntou sem entender o porquê da minha resposta.

– E você, namora? – respondi com outra pergunta.

– Não... Quero encontrar a garota certa pra mim! – que fofo... Pra um personagem de desenho.

Por que todos que conheço querem conhecer a garota certa? Qual a importância disso? Só que se eu fosse parar pra perceber, homem pega qualquer uma. Sempre a mesmice e deixa a certa escapar!

– Espero que encontre rápido! – disse já cansada daquele assunto.

– Às vezes acho que encontrei... Mas parece que ela nunca me nota. – ele disse meio triste.

Apenas sorri e fiquei calada, olhando pra cada detalhe dele.

Por que eu estou fazendo isso? Parece até que eu tô... Não, não, não, não! Isso não!

– Está tudo bem Roberta? – será que ele perguntou isso pelo cara que eu fiz?

– Sim! Por que não estaria?

Ele não respondeu. E pairou aquele silêncio novamente.

Olhei para o relógio e a ronda do diretor ia começar em breve. Deveríamos correr para não sermos pegos pelo diretor...

– Diego, rápido! Vai pro seu quarto! – disse me levantando e indo em direção à escada.

Ele fez o que eu disse. Mas me puxou enquanto eu subia e caímos um em cima do outro.

Ele me olhava de um jeito diferente... Afastou uma mecha de cabelo que havia caído sobre o meu rosto e ficou acariciando meu rosto enquanto nos aproximávamos cada vez mais.