- Hey jovens, já esta tarde e vocês só poderão ver a paciente amanha. Por favor, vão embora e descansem :/ - uma enfermeira disse-

- Eu não vou sair daqui. -falei-

- Pedro, a enfermeira tem razão. Hoje o dia foi puxado para todos nós. É melhor mesmo irmos embora e voltáramos só amanha. Não demos mais nada para fazer aqui hoje. - Carla-

- E se ela acordar? E se ela quiser falar com algum de nos? Não posso deixar ela aqui sozinha.

- Pedro, eu sei que é difícil essa situação. Mas a Duda não vai acordar hoje. Vamos embora e amanha você volta. - Roberta-

- Elas têm razão Pedro. Amanha é um novo dia. - Ingrid-

É, elas tinham razão. A Duda não iria acordar tão cedo. E se acordasse não se lembraria de mim. Ok, me rendi e assenti com a cabeça para irmos embora. O caminho foi silencioso, os meninos tentavam fazer a gente rir e se descontrai. Mas cara, tava muito difícil. Chegamos a casa e eu fui tomar meu banho, arrumei aquela cama enorme e fiquei imaginando o corpo dela colado com o meu de noite. Abraçando-me com medo de solta-la. Ain como eu fui idiota cara, a Duda gosta de mim, não me achando, mas eu sinto isso, eu sinto que ela me ama e que eu fui um idiota. Claro Pedro, você é sempre um idiota quando o assunto é a Duda. Arg, tava ficando agoniado de dormir naquela cama grande, naquele quarto grande com o cheiro dela mas sem ela aqui comigo. Quando eu finalmente consegui dormir era de manhã já.

[...]

Acordei com uma voz feminina no meu ouvido, abri os olhos desejando ser a Duda, mas era a Roberta.

- Hey, ta todo mundo de esperando pra ir pro hospital.

- Nossa, que horas são?

- Umas 09h00min. Por quê?

- Eu fui dormir as 05h00min - me sentei na cama-

- Tava passando mal?

- Tava sem ela comigo :/ - abaixei a cabeça-

- Eu sei que é difícil Pedro. Mas a Duda é forte e ela vai passar por isso. É só mais uma pedra no caminho de vocês.

- Pedra grande essa :/

- Por maior que seja, eu tenho certeza que você e a Duda são forte para tirá-la do caminho de vocês.

- É, tem razão. - eu quis sorrir mais não deu muito certo-

- Vai se arrumar pra irmos. - ela se levantou-

- Já vou indo. - me levantei também-

Acho que ela percebeu que eu não fiquei bem com aquela situação, me olhou e foi me abraçar. Olha por mais louquinha que a Roberta seja, quando ela quer, ela consegue ser uma boa amiga e ajudar. Acho que precisa daquele abraço mais do que tudo.

- Obrigado viu. - me soltei dela-

- Quando quiser uma amiga, pode me chamar viu? - ela sorriu-

Apenas retribui o sorriso dela e fui me arrumar pra ir pro hospital.

[...]

Finalmente chegamos ao hospital, ficamos esperando um tempo o medico liberar nossa entrada no quarto da Duda e quando finalmente ele apareceu disse: Acompanhantes da senhora Maria Eduarda.

- A gente. - nos levantamos de uma vez-

- Alguma novidade? - Lucas-

- Ela melhorou um pouco sim desde que o dia começou. Querendo reagir sabe?

- Ela acordou? - perguntei-

- Não, ela se mexe mais ainda está em dormindo.

- Quando ela vai acordar em doutor? - Thomas-

- Se ela continuar com essa vontade digamos que logo logo...

- Mas? - perguntei com medo da resposta-

- Mas ela pode voltar sem memória.

- Assim, totalmente? - Pedro Lanza-

- Provisório no momento por causa da pancada. Mas acredito que se ajudar ela, provavelmente em dois meses a memória dela voltará e tudo ficará bem.

- E os shows?- Carla-

- Enquanto a isso eu infelizmente não posso ajudar.

- Podemos ve-la? - perguntei-

- Claro claro, um de cada vez tudo bem?

- Sem problemas. - Pedro Lanza-

- Quem vai primeiro? - Ingrid-

- Deixa o Pedro ir, né? - Roberta-

Sorri pra ela meio sem graça e todos concordaram. Então ta, lá vou eu. Entrar dentro daquele quarto todo branco e com cheiro de morte não me fez ficar bem. Ainda mais vendo ela ai toda encubada e respirando por ajuda de aparelhos. Ok Pedro, você precisa ser forte e agüentar firme. Fiquei me aproximando da cama dela repetindo isso para me acalmar. O que não deu muito certo quando eu a vi mexendo o dedo.

- Ela só te ouve, então pode conversar à-vontade com ela ok? - a enfermeira disse-

- Tudo bem, obrigado. - sorri-

Ela retribuiu o sorriso e saiu do quarto.

Peguei a mão da Duda e fiquei olhando cada detalhe dela. Cada aparelho ligado ao seu corpo a cada fio cabelo bagunçado. É, um dia longe dela que pareceu mais dez anos.

- Hey meu amor. Eu sinto sua falta sabia? Eu sinto falta do seu sorriso de manhã, do seu corpo colado no meu enquanto dormimos. Fiquei mais de 10 anos querendo saber como era te chamar de minha... E quando eu consigo, tem que dar alguma coisa errada. Eu sei que a gente nem dormimos muito juntos. Afinal, desde que começamos a namorar, só dormi com você durante duas noites, mas foi suficiente pra mim me viciar no toque da sua pele. - me peguei sorrindo- e querer isso sempre. Volta logo pra mim, por favor? Eu sinto muito ter duvidado de você, de falar tudo o que eu falei. Eu sei que tava errado, mas é só medo de perder você pra alguém melhor do que eu.

É, eu fiquei um tempo ainda olhando pra ela e quando eu vi, a enfermeira estava parada na porta.

- Desculpe-me, mas o doutor pediu para você sair e deixar os outros entrarem.

- Claro, desculpe. - sequei as lagrimas-

Ela sorriu e saiu do quarto.

[...]

Mais dias se passaram, minha rotina era sempre ir naquele hospital ver a Duda. Entrei no quarto mais uma vez e lá estava ela. Do mesmo jeito que estava ontem, antes de ontem e etc.

- É, aqui estou eu de novo. Você não sabe o quanto está sendo dificil dormir sem você ao meu lado. Sei que isso não é uma rotina mas, desde que a gente começou a namorar você dormia comigo... Do meu lado, me abraçando com medo de mim sair do seu lado. Eu quero tanto você de volta, não queria ter brigado com você. Mas depois que eu li aquilo... Sei lá, eu fiquei com medo de perder você.

É, ta foda esses dias sem ela.