Não Sou Nenhum Herói.

Tantas perguntas & Preso (Parte 1)




POV Austin

Abri os olhos e senti uma enorme dor de cabeça. Tentei mover os meus braços e eles estavam presos sobre a minha cabeça (http://4.bp.blogspot.com/-R_AqJN2xAow/TfJwed4AVeI/AAAAAAAAAEg/GFJ8l5FtZfs/s1600/A+IMAGEM+DO+ACORRENTADO.jpg ) Olhei em volta e estava o local onde estou é escuro. Não escuro onde não se vê nada, mas escuro.

Tentei soltar as minhas mãos, mas sem sucesso. E não só me doía a cabeça como o resto do meu corpo, principalmente perto das costelas. Olhei para baixo e consegui ver alguns hematomas sobre o meu peito e suspirei.

Olhei em volta vendo o lugar onde estava. Havia um janela em frente de mim e por não entrar luz calculo que seja de noite. Do meu lado esquerdo haviam duas cadeiras e uma mesa com alguns papéis, e do lado direito conseguia notar alguns quadros na parede, mas como estava escuro não os conseguia perceber.

De repente a porta, que estava do meu lado direito, abriu e de lá entraram duas pessoas. Não consegui distinguir quem eram, mas pela forma do corpo pareciam homens. A luz foi acesa e eu fechei os olhos não estando pronto para a claridade.

—Olha só quem acordou! - Olhei para cima reconhecendo a voz.

—O que você quer?

—Muita coisa, mas iremos com calma. Temos muito tempo!

—Porquê a mim?

—Porque sim!

—Eu sei que isto não tem nada a ver com a Molly! O que é?

—Quem faz as perguntas sou eu! - Diz não me respondendo. Ele puxou uma das cadeiras e se sentou na minha frente. O homem que veio com ele ficou do seu lado, mas não se sentou. - O que sabes do acidente dos teus pais? - Não lhe respondi. - Fiz uma pergunta! - Continuei sem responder e o homem que estava do seu lado me socou bem perto das costelas. - Será que agora já me vais responder!

—Sabes muito bem o que aconteceu e também sabes que não gosto de fala desse assunto!

—Eu sei, mas quero saber o que sabes do acidente!

—Só sei o que já contei e não vou responder mais nada!

—Muito bem! Se não sabes de mais nada sobre o acidente sabes como estão os assuntos da empresa? - Olhei para ele confuso. Porque ele quereria saber da empresa dos meus pais.

—Porque queres saber?

—Fiz uma pergunta. Responde!

—Não sei dos assuntos da empresa. A única pessoa que sabe é o meu tio!

—De certeza que não sabes de nada?

—Nada!

—Ok. Quem ficou com a parte dos teus pais na empresa?

—Eu não sei nada da empresa dos meus pais! Porque estás tão interessado nisso?

—Não sou eu que estou interessado e isso também não te interessa!

—Interessa sim! Eu tenho o direito de saber porque me prendeste aqui!

—Primeiro porque você é uma pessoa complicada, segundo fui pago para isso e terceiro porque é ótimo te ver fracassar e cair!

—O que te fiz de mal?

—Tudo! Você tirou a Molly de mim! Os nossos amigos ficara chateados pela maneira que reagi com você e nunca mais fomos tão chegados como antes, até o Jake que é meu primo. Depois foi o acidente e desde aí nunca mais me falaram. Só se preocupavam com você e mesmo lhes dando para trás eles não desistiram! Você estragou a nossa amizade e estragou tudo!

—Eu terminei com a Molly naquela noite porque sabia que gostavas dela. Sabia que a amavas. Eu tentei com que ela falasse contigo, mas a mesma disse que não eras a pessoa certa para ela. Que não eras o tipo de pessoa que ela queria e sabendo que ela partiria naquela noite, não me importei. Você estragou tudo. Você que arruinou a nossa amizade e que fez com que Jake e os nossos amigos se afastassem! - Ele riu e se levantou da cadeira se aproximando de mim.

—Mas isso já não importa porque agora posso me vingar o quanto quiser!

—Se estivéssemos só nós dois eu iria ganhar. Como sempre! - Ele me socou e eu senti o sangue na minha boca.

—Não irias ganhar, nem vais! E é você quem está preso não eu!

—Só estou porque eram quatro com um. Se fossemos só nós dois eu ganharia!

—Você gosta muito de sonhar não é Austin?! Sabes no que isso te levou? Nada, só a perda dos teus pais e a culpa que te vai consumir até o fim da tua vida! - Olhei para ele com raiva. Não podia mostrar fraqueza! Ele sabe como me afetar, mas não lhe posso mostrar que está a conseguir.

—Eu pelo menos tenho amigos e família que se preocupa comigo. Você poderia morrer que ninguém se iria importar! - Ele me socou mais uma vez e desta vez com mais força.

—Não abuses! Estou no limite e não me queiras ver passar dele!

—Eu não tenho medo de você! Nunca tive, nunca vou ter!

—Bom saber! - Ele começou a socar todo o meu corpo e eu não podia fazer nada. Tentei me soltar, mas as minhas mãos estavam bem presas e já estava a perder a força. Ele acertava no meu estômago onde já estavam hematomas da luta anterior e que agora doíam a dobrar.

Mal conseguia manter os meus olhos abertos, mas sabia que não podia fracassar agora. É isso que ele quer. O meu corpo todo doía, mal me conseguia mover e o pior de tudo é que isto era só o princípio. Nunca vou sair daqui!

Olhei para Jason percebendo que ele havia parado de me bater e o vi sorrir vitorioso para mim o que me deu vontade de o desfazer. Não quero nem pensar no que poderia acontecer se a Ally não tivesse fugido! Nunca me perdoaria se a magoassem. Ainda por mais a usando para me afetarem a mim.

—Agora terei de me ausentar. Mais tarde voltarei e iremos falar do pai da tua namoradinha! Ela pode ter conseguido escapar, mas não é por causa disso que vou desistir! - Dito isto ele sai com o homem atrás e eu fiquei a pensar no que ele falou.

Calculo que com namoradinha ele esteja a falar da Ally, mesmo ela só sendo minha amiga...Mas, porquê sobre o pai dela? Será que o Jason sabe onde ele está? Será que...não pode ser...só espero que não tenha sido ele a levá-lo!

Por mais que pense e pense, não consigo descobrir o porquê de estar aqui. Se não é o Jason que me quer por alguma razão, quem é e porquê? Porque querem saber dos meus pais? Porque querem o pai da Ally? Não entendo! Eles não têm qualquer tipo de relação! Pensando bem... até que têm pois afinal o Sam é irmão da Ally!

Será que os meus pais sabiam? Será que eles conheciam os pais do Sam e o pai da Ally? Eu nunca tinha visto a Ally antes. Não me lembro dela na minha infância e não me lembro de ver os meus com os pais da Ally.

Tantas dúvidas. Tantas perguntas. Tantos "Será que". Mas nada de respostas! Só mais e mais perguntas! Desde o acidente que a minha vida ficou completamente do avesso e nada é o que era ou pelo menos quase nada e parece que quanto mais o tempo passa, pior e mais complicadas as coisas ficam!

Eu posso até me culpar pelo que aconteceu. Posso não ser a mesma pessoa que era antes. Posso até afastar as pessoas, mas eu continuo a ser o mesmo que sempre fui, só não o mostro. Não consigo mostrar felicidade quando na minha vida não há nada para estar feliz. Não consigo mostrar quem sou quando as coisas à minha volta já não são as mesmas e são poucas as pessoas em que confio e porque assim consigo me proteger e impedir que as pessoas se aproximem de mim.

Algo que tenho vindo a fazer ao longo do ano e a única pessoa que continuou, que não desistiu e que ficou foi a Ally. Ela foi a única que depois de tão mal que falei, de tantas vezes fazer de tudo para ela não se aproximar e depois de um longo mês sem querer me preocupar, ela continuou do meu lado e eu não consegui ficar longe!

Ao fim de um ano, ela foi aquela luz no fundo do túnel que ao aparecer tornou a minha vida melhor. Ela consegue me fazer sorrir mesmo não querendo. Ela conseguiu com que me preocupasse realmente, com que fizesse de tudo para a proteger. Me fez rir nos momentos menos oportunos. Ela fez tudo melhor na minha vida.

—Voltei! - Diz o Jason entrando e fechando a porta com força. - Sentiu saudades?

—Não!

—Que pena!

—O que queres?

—Calma Austin! Não vamos a lado nenhum. Temos muito tempo!

—O que queres?

—O que sabes sobre o porquê de estares aqui?

—Estás a brincar certo? ...Eu já te perguntei porque estou aqui, o que quer dizer que não sei!

—O que sabes sobre o pai da Ally? Lester Dawson!

—O que fizeste com ele? Para onde o levaste?

—Porque achas que o levei?

—Porque o pai dela desapareceu faz praticamente um mês e isso não saiu nas notícias. É impossível saberes a não ser que lhe tenhas feito algo.

—Às vezes és inteligente demais! ...Sim fui eu que o levei. Ele sabe demais!

—O que lhe fizeste?

—Oh, nada demais! É uma sorte ele ainda estar vivo! - Diz rindo como se nada fosse!

—Idiota!

—Desculpa o quê?

—IDIOTA! - Grito e ele me socou.

—Você nunca aprende!

—O que o pai da Ally sabe?

—Não te interessa! Não tens nada a ver com isso!

—Você me prende aqui! Me bate! Me obriga a responder a coisas que não sei e achas que não tenho nada a ver com isso? Está muito enganado!

—Queres saber? Então vou te contar! O Lester sabe sobre o Sam, sabe sobre ele ser meio-irmão da Ally, sabe o que aconteceu com a Olivia e o Jack, sabe quando e o porquê de terem dado o Sam para os Brooke, ele sabe o que aconteceu no acidente de Olivia. Ele sabe de tudo!

—E o que isso tem de mal para o levares?

—Porque não é só isto! Ele sabe muito mais que aquilo que pensas!

—O que vais fazer com ele?

—Isso não é da tua conta!

—Diz Jason!

—E se eu não disser? Não te esqueças que não sou eu quem está preso! Para que vale te saberes defender se não o podes fazer quando mais precisas?

—Ainda bem que a Molly não quis ficar com você!

—Não fales dela!

—Ou o quê? Eu não tenho medo de você Jason!

—Mas devias!

—Mas não tenho!

—Estou a começar a perder a paciência!

—O que ganhas com tudo isto?

—Para além de vingança, dinheiro! E com esse dinheiro vou poder sair daqui e ter uma vida melhor, com pessoas melhores!

—Para quem trabalhas?

—Chaga de perguntas! Mais uma vez, sou eu quem faz as perguntas aqui! E como de momento estão todas feitas, vou me divertir um pouco!

—Edward!? - Chamou e um homem mais baixo que ele apareceu.

—Sim? - Eles começaram a sussurrar algo um para o outro.

Edward? Eu já ouvi este nome em algum lugar e já vi a cara dele também... não acredito!

Estava andando pela rua, no meio da noite. Usava um meletom, com as mãos nos bolsos, jeans e ténis. Não conseguia dormir, não sei porquê, mas não parava de pensar naquela morena. Ally Dawson. Ela não vai à escola há dois dias, o que me preocupa. Com tudo isto na cabeça e não conseguir dormir, decidir caminhar.

No meio da minha caminhada, ouvi um grito agudo vindo de um beco. Isso soou como uma menina. Caminhei em direção do beco e encontrei dois caras fortes com mascaras, segurarem uma menina contra a parede com uma faca na sua garganta. Quando estava prestes a me virar e ir embora, encontrei um par de olhos castanhos que nunca irei esquecer. Ally!

—Deixe-a em paz. - Digo entrando no beco.

Os dois rapazes viraram-se e olharam para mim, mas não parece que me reconhecessem ou conseguissem ver quem sou. Eu usava um capuz, que deixava difícil ver o meu rosto. O rapaz mais alto afastou-se da Ally e apontou a faca para mim.

—Isso não te diz respeito garoto. Porque não vais embora?

—Não me faça dizer de novo. - Digo dando um passo adiante. - Deixe-a em paz - Repito desta vez com raiva. Eles já me estavam me mesmo a irritar.

—E o que vais fazer sobre isso? - Perguntou o mais alto me desafiando. Oh, ele não sabe com quem se está a meter!

Quando ele tentou se aproximar, com um movimento rápido, consegui desarmá-lo e empurrei o seu rosto com o cotovelo, o fazendo tropeçar para trás.

—Edward. - Exclamou o mais curto. Essa voz é muito familiar.

Deixando Ally, ele puxou uma faca e veio em direção a mim. Consegui me esquivar do ataque pegando o seu braço e girando em torno dele, fazendo com que o seu braço ficasse para as suas costas.

—Vou acabar com você. - Exclamou Edward, ele caminhou até mim e me deu um soco no rosto. Antes que ele voltasse a fazer o mesmo, dei-lhe um soco e depois chutei as suas costelas o fazendo cair no chão. Com um movimento rápido, me virei e acertei o meu cotovelo no rosto do outro e o derrubei. Agora já sabem que não se devem meter comigo.

Edward estava no chão inconsciente. Então me virei e vi o mais baixo apoiado no muro com medo, dei-lhe um soco no rosto e ele caiu no chão. De longe ouvi a sirene da polícia e me virei vendo Ally em pé, na minha frente a tremer de medo.

Dei um passo em frente e peguei-a antes que a sua cabeça tocasse o chão. Usei todas as forças que me restavam e carreguei a Ally, estilo de noiva, mantendo-a perto de modo que a sua cabeça repousava no meu peito e saí do beco como a polícia chegou.

Foi ele. Foi o Jason que atacou a Ally! Não posso acreditar!

—Foi você! - Digo ao ver que o mesmo se virou para mim, depois de Edward sair.

—Fui eu o quê?

—Foi você que atacou a Ally naquele beco!

—Como sabes sobre... - Ele riu balançando a cabeça. - Foi você que nos atacou e a defendeu! Pois claro! Melhor vai ser a minha vingança! - Dito isto ele começou a me socar. Não só no rosto, como no meu estômago, nas minhas costelas. Basicamente por todo o meu corpo.

Não lembro de muito mais, pois em minutos todo o meu corpo doía, nem um único dedo conseguia mover. Os meus olhos pesavam e não me importei de os deixar abertos. Os fechei deixando a escuridão se apoderar...