POV Austin

Abri os olhos ouvindo uma porta bater com força. Tentei me mover, mas percebi que ainda estava preso. Não me esforcei muito mais pois todo o meu corpo doía. Parecia que tinha sido atropelado por um comboio. Cada músculo do meu corpo gritava de dor por cada mínimo movimento assim como a minha cabeça.

—Já não era sem tempo! - Ouvi, mas a minha cabeça doía tanto que pareceu que estava prestes a explodir. Preferi ignorar a pessoa, já sabendo que era o Jason. - Olha para mim! - Ignorei mais uma vez e fechei os olhos querendo muito que quando os abrir irei estar deitado na minha cama, no meu quarto e perceber que tudo isto não passou de um pesadelo, porque não sei se posso aguentar muito mais. Sei bem que o meu corpo não vai aguentar muito mais. Fechei os olhos com força ao sentir uma dor extrema no meu estômago. - Eu disse para olhar para mim! - Olhei para ele não querendo ficar com mais dores.

—O que você quer?

—Falar! - Ele se sentou na cadeira em minha frente e olhou para mim. - Hoje vamos falar da tua namoradinha!

—A Ally não é minha namorada!

—Não te enganes!

—Não te preocupes! - Diz sorrindo sarcástico. - Eu quero sair daqui! - Digo movendo as minhas mãos.

—Isso não posso fazer... Agora, o que sabes sobre a Ally?

—Muita coisa!

—E o que é isso?

—Porque queres saber!

—Porque sim, agora responde!

—E se eu não quiser?

—Mas vais querer ou em vez de apagares por uma noite, vai ser para sempre! - Olhei diretamente nos seus olhos e vi ódio, e também consegui ver que ele estava a falar a sério. - E então?

—O que queres saber?

—Tudo que sabes sobre ela. Tudo!

—Sei o seu nome, os seus pais, onde já esteve depois da morte da mãe, das coisas que fez nessa época, que... - Parei pensando se lhe dizia sobre saber que o Sam é irmão dela. O Jason pode não saber, mas também pode e deve ser isso que ele quer saber de mim.

—O quê? Fala!

—Sei que ela conhece a Mia!

—Porque você hesitou?

—Porque não sabia se sabias que a Ally conheceu a Mia, mas percebi que sabes mais que eu em relação aos meus pais, por isso deves saber mais sobre ela também!

—E sobre os pais dela?

—O que tem os pais dela? - Ele suspirou se ajeitando na cadeira.

—O que você sabe sobre eles?

—Pouco! Não conheci a mãe da Ally com é óbvio e pouco sei do pai da Ally, quando a conheci só vi Lester duas ou três vezes!

—Quando a conheceu?

—Sim! Uns dias antes de você a atacar no beco!

—Wow! Os vossos pais não contaram nada! Olha que bom!

—Vossos pais? O que não contaram? Fala!

—Sim vossos, teus e da Ally. E sobre a outra pergunta não te vou responder. Até dizia para perguntares aos teus pais, mas isso já não é possível! - Olhei para ele pronto para lhe saltar para cima. Ele sabe que não gosto de falar dos meus pais. Sabe que esse é um assunto sensível. - Que pena! Mas olha, sempre podes falar com o teu tio! Vais a ver e os teus pais até lhe contaram algumas coisas. - Continuei calado e ele riu. - Um ótimo assunto para se falar não é? Sobre os teus pais? ... Eu lembro quando vi na televisão sobre o acidente e vi que você foi o único que sobreviveu. Logo depois de eles te terem ido buscar na festa. Tenho a certeza que iam a discutir no caminho! Eles nunca te apoiaram no sonho da música e naquele dia quando ia fazer a atuação eles apareceram e te levaram.

—Pare! - Pedi não querendo ouvir mais. Tudo aquilo estava a trazer lembranças do acidente e eu odeio quando o que aconteceu volta à minha mente. O Jason se aproximou de mim e ficou na minha frente.

—Mas sabes um coisa?! Não te deves sentir culpado por tudo. Você não foi o único culpado pelo acidente!

—O-o quê?

—Isso que ouviu! As pessoas que me pediram para te prender aqui e que têm Lester ajudaram. Tens de lhes agradecer. Assim não tens a culpa toda para ti.

—Quem são essas pessoas!

—Não interessa! O melhor é que eu sei que você não deixa de se sentir culpado, mesmo tendo sido outra pessoa a provocar o acidente.

—Você sabe muito bem o porquê Jason!

—Eu sei... Eu queria ter lá estado quando tudo aconteceu. Queria te ver desesperado a tentares ajudar os teus pais a sair daquele carro e não conseguires. Queria ver a tua reação ao veres o carro explodir e os teus pais morrerem lá dentro. Queria ver a culpa assumir o controlo. Queria ter estado lá quando você acordou no hospital e percebeu que os perdeu. Ver o teu olhar de tristeza, decepção e culpa por não os ter conseguido salvar! - Parou de falar e se levantou olhando diretamente nos meus olhos. - Queria ter visto você desejar ter ido com eles! - Segurei as lágrimas e tentei me soltar das correntes com toda a força que tinha, tentando ir para cima dele, mas como previsto nada aconteceu e ela riu da minha tentativa falhada.

—Eu vou acabar com você!

—E eu com medo! - Diz rindo mais e eu cerrei os punhos ainda me tentando soltar. - Você é fraco demais para mim! - Parei rindo.

—Por isso é que precisas de homens para me apanhar. Sozinho não consegues e eu é que sou fraco demais.

—Em muitas situações as palavras são mais fortes que qualquer outra coisa, e é aí que você é fraco.

—Não mais que você!

—Sabes que tenho razão. Vê só a tua reação quando falei dos teus pais!

—Sabes muito bem que eu não gosto desse assunto!

—E sobre a tua namoradinha! Se eu falar dela não te vais exaltar?

—Não!

—Tens a certeza? Eu não penso o mesmo, principalmente quando eu a pegar.

—É bom que você não encoste num único fio de cabelo da Ally!

—E se eu tocar? E se eu já toquei? Sabes que antes ela dormia com bastantes meninos!

—E então?

—Eu posso ter sido um deles! - Olhei para ele e sabia que era mentira. Certo? Mas pensando bem... como ele sabe sobre isso?

—Você é um idiota!

—E você um fraco! - Tentei socá-lo, mas mais uma vez as correntes me pararam. - Nunca irás sair daqui!

—Ainda bem que a Molly foi embora e ainda bem que ela não gostava de você! - Digo e ele me socou no estômago com força.

—Não fales sobre a Molly!

—Porque não? Você vai se exaltar? - Perguntei sorrindo.

—Sim e não vai ser bom para você!

—Eu não tenho medo. E sabes, a Molly disse que nunca gostou de você. Não fazias o género dela! Até me arrependo de a ter tentado convencer de tentar algo com você! - Ele me socou mais uma vez e outra.

Pensei que ele iria dizer alguma coisa, mas apenas me socou por todo o corpo, não sei como foi possível, mas conseguiu fazer cortes no meu peito e estômago, provavelmente com o anel que usava e ao socar por cima ainda doeu mais. Neste momento todo o meu corpo doía, parecia que um carro havia passado por cima de mim duas ou três vezes e era impossível mostrar que não estava mal.

O Jason parou e olhou para mim. Se afastou e eu olhei para ele assistindo a todos os seus passos. Ele foi até a mesa e pegou qualquer coisa, voltando para perto de mim. De repente senti os meus pulsos serem soltos, mas como não tinha forças o meu corpo foi ao encontro do chão com bastante força.

Ele riu e chutou o meu estômago algumas vezes antes de sair. Tentei me levantar, mas parecia que as forças tinham abandonado o meu corpo. Depois de muito tentar, consegui reunir as pouquíssimas forças que tinha e consegui me encostar na parede que, felizmente, estava perto de mim. Olhei para os meus pulsos e vi que estavam vermelhos, provavelmente da força que fiz para me tentar soltar.

Nem tentei olhar para o resto do meu corpo, preferi não ver como estava. As dores já eram insuportáveis e ver como estava seria pior. O mais importante agora é pensar em como vou sair daqui. Agora já não estou mais preso naquelas correntes o pior de tudo é sair desta porta e encontrar a porta para sair deste lugar. Eu nem sei onde estou.

Pelo menos sei que ainda estou em Miami, pois se ele falou em tentar pegar a Ally quer dizer que ele está perto o suficiente para o fazer. Por mais que queira sair deste lugar o mais depressa possível, não tenho forças suficientes para o fazer agora. Preciso reunir todas as minhas forças e fazer o caminho daqui para fora de uma vez, e se estiverem alguns homens lá fora terei de estar pronto para me defender.

Olhei em volta e não havia outro lugar para sair. Nem ao menos algo que pudesse usar... Encostei a cabeça na parede suspirando e fechei os olhos pensando no que o Jason me disse.

Por mais que alguém tenha provocado o acidente, eu vou sempre me sentir culpado. Eu podia ter salvo os meus pais e não fui capaz. Não consegui e a culpa é minha! Nunca os devia ter desautorizado e ido naquela festa. A grande questão é: Quem provocou o acidente?

Por mais que pense em alguém, não consigo. Os meus pais falavam bem com todas as pessoas. Muitas vezes eu não saía com eles porque socializavam muito com as pessoas! Eles eram ótimas pessoas. Apesar de tudo eu os amava muito.

Só não entendo porque provocaram o acidente! Porque iriam querer matar os meus pais? Não consigo entender! Suspirei passando a mão pelo cabelo com cuidado pois a cada leve movimento o meu corpo parecia que se ia desfazer com tantas dores.

Isto é tudo tão complicado, principalmente quando sair daqui! Não posso ir para casa! De certeza que me vão procurar lá e a qualquer momento me podem prender outra vez, muito mais se andar por aí sem ter um lugar para ficar.. Mas... se não for para casa para onde irei? Só tenho o Sam e ele já tem problemas que cheguem!

Só posso ir para casa. Não mais para onde ir. Só por favor, quando lá chegar que nem o Ashton nem o meu tio abram a porta!

Tomei longas respirações me preparando para levantar e sair daqui. Não posso ficar muito mais, em breve o Jason vai voltar e aí já não vou conseguir sair daqui. Esta é a minha única oportunidade!

Me levantei com cuidado, me apoiando na parede para não cair, reparei na minha blusa perto da mesa e peguei a vestindo. Depois de algum tempo a vestir a blusa fui até a porta com passos calmos. O pior agora era se a porta estivesse trancada. Toquei a maçaneta e rodei. Suspirei de alívio ao ver que a porta abriu. Abri um pouco a porta com cuidado e espreitei não vendo ninguém no corredor. Pelo aspeto, isto parece uma casa e eu estou numa espécie de cave!

Saí fechando a porta com cuidado e fui até o fundo do corredor encontrando escadas. Subi tentando não fazer barulho e espreitei para ver se também não estava aqui ninguém. Era uma sala. Algumas mesas e cadeiras, que pareciam velhas e que não eram usadas faz algum tempo, um sofá e uma televisão.

De repente ouvi o barulho de passos se aproximando daqui e olhei rapidamente em volta procurando um lugar para me esconder. Me escondi rapidamente de baixo da mesa e um homem apareceu. Ele era um dos homens que me atacou no parque com o Jason. Logo depois apareceu outro e eles começaram a conversar. Por mais que quisesse não conseguia perceber o que diziam.

Permaneci quieto no meu lugar pois se eles me vissem eu já era. Os meus braços começaram e comecei a perder a força. Estava quase a cair quando os homens saíram para as escadas, aproveitei o momento e saí de debaixo da mesa. Coloquei o braço em volta das minhas costelas sentindo uma dor enorme, mas não vou desistir. Estou tão perto!

Olhei em volta procurando por mais portas e haviam duas e mais escadas, mas estas eram para subir, provavelmente para o lugar dos quartos. Optei pela porta do meu lado e caminhei até lá. A porta estava aberta onde devia ser a cozinha. Espreitei e mais três homens se encontravam aqui.

Me afastei rapidamente da porta e fui até a outra. Consegui ver pela janela que já não era cedo. Mas também não era de noite. Abri a porta e não perdi tempo em sair. Não podia correr nem sabia para onde ir. Optei pelo lado direito e comecei a caminhar para longe da casa.

Andei ás voltas pelas ruas. Já era de noite quando consegui, finalmente, encontrar o caminho certo para casa. As minhas pernas já doíam e parecia que a qualquer momento iriam perder a força que resta. Finalmente, consegui ver a casa e caminhei mais rápido ate lá. Pareceu-me ter ouvido barulho na casa então decidi bater à porta. Alguns segundos se passaram e o silêncio tornou-se presente e decidi bater mais uma vez à porta.

Nada. O silêncio permaneceu e ninguém apareceu e abriu a porta. Me sentei já não aguentando mais estar de pé e mantive o braço em volta de mim. De repente ouvi a porta abrir e vi a Ally olhar para mim.

—E desde então sabes o que aconteceu!

—Wow!

—Eu sei! Agora quero que me contes sobre quem pensas ser a pessoa que está por trás de tudo isto!

—Ok, mas posso tomar banho primeiro? Assim, logo depois faço o almoço e falamos melhor sobre esse assunto pois ainda estou a assimilar tudo na minha cabeça, principalmente a parte do meu pai.

—Podes tomar banho aqui enquanto eu preparo o almoço.

—É que nem pensar!

—Porque não?

—Porque precisas descansar e o teu tio pode chegar a qualquer momento. - Ouvi a porta lá em baixo fechar antes que tivesse oportunidade de dizer alguma coisa.

—Deve ser o meu tio!

—Fica aqui! - Diz saindo rapidamente do quarto.

—Como se pudesse ir a algum lugar! - Resmunguei me jogando sobre a cama.

Alguns minutos depois ouvi uma porta fechar e pensei ser o meu tio que tivesse ido para o quarto. Esperei um tempo pela Ally, mas ela não apareceu. Achei estranho, mas decidi esperar mais um pouco.

Já estava a ficar aborrecido, então saí do quarto. Não ouvi barulho no corredor por tanto entrei no quarto da Ally fechando a porta atrás de mim e ia caminhar até a cama quando vou contra alguma coisa me fazendo cair.

Comecei a sentir dores perto das costelas e quando estava prestes a me levantar os meus olhos se prenderam nos que tanto adoro. Os da Ally! Foi ela com quem esbarrei e caí por cima. Não me importo nada, mas o grande problema é que ela estava apenas de toalha, que segurava com as mão para não sair do corpo. Deve ter saído agora do banho. Ao perceber a situação, comecei a sentir as minhas bochechas escaldarem e desviei o olhar me levantando.

—Peço esculpa. Não sabia que estavas aqui!

—Tudo bem! Eu só me vou vestir! - Diz pegando a roupa. As suas bochechas estavam num tom rosa o que me fez pensar em como as minhas estariam. Provavelmente da cor de um pimentão. Balancei a cabeça e me sentei na cama. Alguns segundo depois a Ally sai do banheiro e veio se sentar do meu lado.

—Eu só vim aqui porque estava aborrecido. Queria falar ou fazer alguma coisa.

—Tudo bem. Mas tens de ter cuidado, o eu tio está lá em baixo a fazer o almoço. Assenti e olhei para ela. Mais uma vez, me perdi naqueles olhos grandes cor de chocolate, os que mais adoro. Os meus olhos se desviaram para os seus lábios e comecei a me aproximar e notei que ela fazia o mesmo. Os nossos narizes se tocaram e estava prestes a tocar nos seus lábios...