POV Austin

Estava prestes a tocar nos seus lábios com os meus, algo que ansiava faz algum tempo e, infelizmente, continuarei por ansiar, pois assim que os nossos lábios roçaram um estrondo enorme foi ouvido lá em baixo e nos separámos rapidamente.

Estava tão perto de ter aqueles lábios junto aos meus. Mas como sempre é claro que tem de acontecer algo para interromper. Já devia estar à espera.

—Volta já! - Diz saindo do quarto. Suspirei e me levantei caminhando em volta do quarto.

Olhei para as fotografias na parede. Eram da Ally e dos pais. Algumas dela com a Mia, provavelmente em Sidney. E ela continua a mesma. Espantosa.

Não sei o que há comigo, mas não consigo estar longe da Ally. Parece que uma força vinda de não sei onde me atrai a ela. Impede com que me afaste. Impede com que a tente afastar de mim. O pior é que não sei se isto é bom ou mau!

Nunca me senti assim com ninguém. Nem mesmo com a Molly, nós namorámos por bastante tempo, mas nunca fomos assim tão ligados e eu e a Ally nem temos nada. Ela me faz feliz mesmo nos momentos mais improváveis. Me faz sorrir mesmo, muitas das vezes, não querendo. Está lá quando mais preciso, apesar de como já a tratei e de todas as vezes que a afastei.

Não sei porquê, mas acho que isso é o me mais me atraia a ela. Não desiste e está sempre do meu lado. Conseguiu com que na maior parte das vezes que estamos juntos, seja eu mesmo e não a pessoa fria e arrogante que criei para afastar as pessoas de mim.

Eu sei que ela se sente mal por ver como estão preocupados comigo e não lhes pode contar nada. Sei que se sente mal por tudo o que está a acontecer e tenho a certeza que ela ainda irá perguntar pela seu pai, sabendo que o Jason me falou dele.

—Voltei! - Ouvi e olhei para a porta vendo a Ally entrar.

—E então? O que aconteceu?

—Foi o segurança que o teu tio trouxe proteger a casa, no caso de alguém decidir aparecer, que entrou de repente e que o assustou, o fazendo deixar cair os pratos!

—Ainda bem que está um segurança a proteger a casa, mas não acho suficiente.

—Então mas porquê?

—Porque você também precisa!

—Eu?

—Sim Ally. Não é a primeira vez que o Jason vem atrás de você! Foi ele que te atacou no beco. Depois no outro dia que o Sam nos ajudou e esta última vez. Não podemos correr o risco de ele te levar!

—Ele não o vai fazer!

—Como podes ter tanta certeza? Ele pode já não ser o mesmo, mas sei do que é capaz e sei que não desiste facilmente!

—Não te preocupes! Eu não vou para a escola nos próximos dias por isso não irão atrás de mim!

—Porque não vais para a escola no próximos dias? Se for para ficares comigo não precisas.

—Que convencido! - Diz me empurrando de leve. - O teu tio disse que hoje foi lá à escola explicar o que está a acontecer. Sobre você estar desaparecido e que também me atacaram e para prevenir que isso possa voltar a acontecer, nos próximos dias irei ficar em casa. Alguém virá trazer alguns apontamentos. Provavelmente a Trish!

—Primeiro eu não sou convencido! Segundo, acho que foi uma ótima decisão da parte do meu tio!

—Ele está muito preocupado. Parece que não dormiu nada e é evidente que está de rastos!

—Se eu pudesse contar que estou aqui! Eu sei que se contar ele irá parar de me procurar e aí vão perceber que voltei para casa! Eu me sinto muito mal por tudo o que ele e o Ash possam estar a passar, mas não posso fazer nada! - Digo olhando para as minhas mãos.

—Hey! ...Eu sei que é difícil. Se para mim é, para você deve ser mais, mas... se isso te mantiver vivo então é assim que vai ser!

—É só que... eu não sei o que faria se estivesse no lugar deles!

—Eu já estive e não é nada bom, mas será pior saberem que ainda te perseguem e vão ter de andar mais preocupados pois podem te atacar a qualquer momento.

—Tantos pontos positivos e negativos e o pior é que ninguém fica bem no meio de tudo isto!

—Eu sei! Mas vamos pensar que tudo se irá resolver. O teu tio vai conseguir apanhar o Jason e tudo irá acabar!

—Apanhar o Jason não vai resolver muito! Ele foi pago para me prender! E por falar nisso, lembrei que me dizias sobre para o Jason está a trabalhar e porque me atacaram a mim se te contasse sobre o que aconteceu. Já contei, agora é a tua vez de partilhar o que sabes!

—Ok, então... o teu tio contou que há alguns anos, um casal de ladrões internacionais esteve em Miami e fez se passar por outras pessoas, se infiltrando nas empresas e roubando o dinheiro das pessoas. Um dos donos de uma das empresas descobriu sobre tudo e quando o casal percebeu que tinha sido descoberto, fugiu! Nós achamos que esse casal está de volta e a trabalhar na empresa dos teus pais!

—Por isso é que o Jason me perguntou o que eu sabia sobre a empresa. Foi para saber se eu desconfiava ou sabia de alguma coisa!

—Provavelmente! E de certeza que os teus pais sabiam pois o empresário que descobriu o que faziam há alguns anos morreram num acidente de carro! - Suspirei.

Isto está a ficar cada vez mais perigoso. Tenho de ter muito cuidado e felizmente, o meu tio colocou um segurança a vigiar a casa. Só não quero que ele saia magoado no fim, não posso perder mais ninguém! Não seria capaz de suportar essa dor! Seria demasiado!

—AUSTIN! - Ouvi a Ally gritar e me assustei olhando para ela.

—O que foi? Está tudo bem?

—Sim! E com você? Já te chamei imensas vezes, mas não me respondeste!

—Desculpa, estava só a pensar!

—Ok. O que vamos fazer? O teu tio deve estar a terminar de fazer o almoço e vais ter de ficar sozinho enquanto nós almoçarmos.

—Não sei. Eu até diria para irmos até o parque, mas não posso sair de casa!

—E que tal cantarmos?

—Cantarmos?

—Sim!

—Não me parece boa ideia!

—Porque não?

—O meu tio está em casa. E vai nos ouvir cantar!

—Se cantares na sala de música consegues ouvir na cozinha?

—Não, felizmente!

—Ótimo. Vem! - Diz pegando na minha mão e me puxou para fora do quarto. Fechou a porta e correu para a sala de música.

Olhei em volta e sorri. Nos sentámos no banco do piano e olhei para as nossas mãos. A sua mão é bem mais pequena que a minha, mas parece que se encaixam perfeitamente uma na outra!

—Desculpa! - Diz a Ally largando a minha mão e eu olhei para ela sorrindo. As suas bochechas estavam num tom rosa, o que me fez sorrir mais.

—Não tem problema!

—E então? O que cantamos?

—Não sei, mas você começa!

—Eu? Mas porquê eu?

—Porque nunca te ouvi cantar. Gostaria de ouvir a sua voz!

—Não sei! Acho melhor não!

—Porque não?

—Eu... não sei!

—Vá lá Ally! Você já me ouviu cantar, mas eu ainda não te ouvi. Quero saber como é a minha voz!

—Infelizmente, você ouve a minha voz todos os dias!

—Infelizmente? E estou a falar quando você canta!

—Sim infelizmente! Há um mês não querias saber de mim. Querias que me afastasse e que te deixasse! E quem disse que eu canto?

—Mas isso foi há um mês, agora não seria capaz de ficar longe de você! Não sou capaz de me afastar mesmo sabendo que é o melhor e que assim ficarás segura... já não consigo! - Segurei as suas mãos e olhei de seguida para o seu rosto. - Não consigo ficar longe você, não consigo não me preocupar, não consigo não pensar em você, não te consigo tirar da minha cabeça nem por um segundo. Não consigo, eu... - Parei percebendo o que estava a dizer. Porque não sei ficar calado quando devo? Olhei para as minhas mãos segurarem as suas não tendo coragem para olhar o seu rosto. Não quero saber a sua reação ao que eu disse. - E-eu... - Soltei as suas mãos e mantive o meu olhar longe da Ally. - Desculpa!

—Não tens de te desculpar! Foi bom ouvir isso. Ainda mais vindo de você!

—A sério?

—Sim Austin! Você passou o mês todo ou a não falar comigo a ser frio para que me afastasse e agora ouvir que não consegues é bom. Quer dizer que consegui finalmente chegar ao seu coração frio e que posso contar com você para o que precisar!

—O meu coração não é frio!

—Ok, no meio de tudo o que disse você só pegou essa parte!

—Bom... não, mas o meu coração não é frio! E... desde o primeiro dia que você conseguiu chegar a ele, senão, não te teria ajudado com o teu pai e teria ido embora e virado costas naquele dia no beco! Eu só me faço passar por uma pessoa fria para não deixar as pessoas se aproximarem de mim.

—Porque não queres que te aproximem?

—Porque sei que vão querer saber sobre mim. Sei que vão perguntar o que aconteceu, porque sou assim, porque sou esta pessoa fria e arrogante por fora e eu não quero isso!

—Então porque me deixou ficar?

—Eu não sei. Algo me dizia que te tinha de proteger, mesmo ficar longe seria a melhor maneira de o fazer. Algo me atraía... eu não sei!

—O que achas de mim?

—O quê?

—O que sou para você? - Suspirei olhando diretamente nos seus olhos.

—Você é... uma pessoa chata, teimosa e persistente! Uma grande amiga que sei que posso contar sempre. - Desviei o meu olhar do seu e me foquei nas teclas do piano. - Uma pessoa doce, amável, compreensiva... você é muito importante para mim. - Olhei o seu rosto e ela tinha um esboçava um belo sorriso. - E eu? O que eu sou para você?

—Você é... um grande teimoso, muito chato, convencido e demasiado preocupado. Algo bom e mau, é que você se preocupada com as pessoas antes de se preocupar consigo mesmo! - Sorri e ela olhou nos meus olhos também sorrindo. - Por trás dessa pessoa fria e arrogante está um Austin gentil, amigo, talentoso e muito forte, capaz de superar qualquer coisa!

—Primeiro não sou convencido e depois não querendo estragar este momento, mas e que tal cantarmos, o almoço deve estar quase pronto e não tarda o meu tio irá te chamar! E sim eu sei que cantas, pois se não o fizesses não tinhas pedido para nós dois virmos para aqui cantar!

—Ok, eu canto, mas não sozinha!

—Porque não?

—Não sou capaz!

—O quê? Não acredito. A Ally que conheço é capaz de tudo!

—Acredita. Eu não sou capaz! Nunca cantei na frente de muitas pessoas, a única a quem eu sempre contei foi para a minha mãe!

—Oh... quem me dera poder dizer o mesmo sobre os meus pais!

—Não sabes se os teus pais não gostavam quando cantavas! Eles podiam não querer que você seguisse o sonho da música no seu futuro como trabalho, mas eles podiam apreciar e gostar quando cantavas.

—Se gostavam nunca o demonstraram, pelo menos não para mim, mas eu não quero falar deles agora! Por favor!

—Tudo bem. Não precisamos falar deles agora. - Diz e suspira. Ouvi o som do piano e reparei que ela havia começado a tocar. Sorri e a ouvi cantar.

https://www.youtube.com/watch?v=Jtp9O3dIhvw

—Wow!

—Sou assim tão má?

—Não, você é incrível Ally. E-eu adorei... A tua voz é incrível, nunca tinha ouvido alguém cantar tão bem... Wow!

—Obrigada Austin!

—Não tens de agradecer... Que música é essa? Nunca tinha ouvido antes!

—Fui eu que escrevi!

—Você escreveu essa música?! Uau, está muito boa. Você tem talento. Não existe mais nada incrível que não faças? - Ela riu e eu sorri.

—Infelizmente não!

—Infelizmente? Nada modesta!

—O que se pode fazer! - Diz fazendo uma pose

Balancei a cabeça rindo e ela riu junto comigo. Olhei para ela e sorri ao ver que sorria para mim.

Não dá para aguentar mais. A olhei diretamente nos olhos e fiz o que queria já faz algum tempo...