Estava andando calmamente como sempre fazia ao voltar do trabalho a pé, mas hoje alguma coisa, algo que não sei explicar, estava diferente. Era como se algo me observasse, algo... Algo que não era deste mundo. Apressei o passo, e deixei de olhar para trás a cada 5 minutos. Não pude deixar de perceber que havia o barulho de passos, passos que não eram os meus, olhei para trás novamente, nada, voltei meu olhar para o caminho que percorria, eram vielas escuras e infestadas de ratos. Ratos! Deviam ser apenas ratos. '' Se acalme imbecil '' era o que exclamava minha mente. Ouvi os passos novamente, não podem ser de ratos, ratos não fazem tanto barulho, olhei novamente para trás, desta vez uma coisa pulou sobre mim, com presas afiadas e uma baba que não parava de escorrer sobre meu rosto, eu não via nada, desta vez a escuridão tomara conta daquela viela, sentia aquelas presas em forma de cerras cortar minha pele. Gritei, gritei mais que pude, mais agora, o grito se entalara em minha garganta. '' Viu no que deu imbecil, está morto agora '' Disse minha mente com a maior grosseira possível. '' Mortos não sentem dor '' Respondi por pensamento.

Eu não estava mais naquela viela, não, não estava mais onde estou agora? Sei lá. Abri os olhos usando bastante da força que me faltara, eu estava num quarto iluminado, sobre uma cama macia. Observei o quarto, era bem espaçoso, totalmente branco, das janelas ao piso. Notei então uma garota me olhando, ela parecia uma boneca, sua pele tão branca quanto à decoração, e os cabelos que faziam inveja até a o sol.

- Vejo que acordou. - Disse a garota com o mais belo sorriso que eu já vira na vida.

- O que houve, onde estou e quem é você? - Respondi a ela sem conseguir esconder um tom de brincadeira.

- Sou Samantha - Disse ela ao fechar o sorriso, sem responder as outras perguntas. - Agora, volte a dormir, deve estar cansado.

Mal escutei as ultimas palavras da garota, por algum motivo, minha cabeça pesou, caiu no travesseiro e eu não consegui mais acordar.

Os dias foram passando, eu acordava apenas para comer e ir ao banheiro depois dormia, e a cada dia que passava, a beleza de Samantha se desgastava, o que aconteceu com a garota que parecia uma boneca? Devia ser apenas uma alucinação. No 13° dia, abri os olhos, e havia apenas uma velha, tão seca como um esqueleto me observando, ao perceber que eu havia acordado ela exclamou:

- Hoje é o dia, Sant.

- Como sabe meu nome? - Respondi asperamente, tentando esconder o medo que apenas aumentava em meu peito, que descia pelas entranhas, e acabou tomando conta do meu corpo.

- Não lhe devo explicações. - Disse a velha puxando uma seringa que possuía um liquido verde dentro.

Eu não conseguia me mover, e a velha só se aproximava, até que colocou uma de suas mãos gélidas sobre minha pele, cravando as unhas em meu braço e em seguida rasgando-o de cima a baixo. Eu gritei, gritei como a noite em que a criatura havia me atacado, mas desta vez o grito não se prendera em minha garganta, gritei tanto que meu próprio corpo me impediu de gritar, mais um pouco teria ficado sem voz, no mínimo.

A velha arrancou a pele do meu braço com as unhas, e agora, por algum motivo, estava cravando seus dentes em meus músculos, olhando direito, em meio a dor percebi, aquela porra não eram dentes! Eram presas!

O que era aquela velha? Pergunta que nunca pude responder aquelas presas agora estavam me devorando, pedaço por pedaço, ela já devorara inteiramente a carne do meu braço, e agora, estava devorando meu tórax, a dor já se tornará insuportável, então desmaiei, sabendo que nunca mais iria acordar.