Não Leia.

Delírio da noite, a bruxa.


Era apenas uma noite qualquer, eu estava observando o movimento da rua do telhado de casa, ou seja, estava observando aquela rua vazia, vestida com o manto negro da noite. Eu já havia comido metade da caixa de bombons, e ainda estava com fome, bom, se minha mãe visse isso, ia me chamar de porca gorda, mais por que ela procuraria no telhado?

A noite estava fria, com um tom fúnebre talvez, como eu gostava. Repentinamente, vi uma figura passar, uma garota com cabelos negros, que usava uma mini-saia e uma jaqueta azul-turquesa, a garota era pálida, de aparência cadavérica, mas bem bonita. Ela se sentou num banco do outro lado da rua, bem abaixo de um poste de luz, e permaneceu lá sentada, olhando para mim, com aqueles olhos, olhos demoníacos, tão cortantes que chegava a penetrar minha pele, chegando a minha alma. Por segundos pensei que ela era uma bruxa, e que talvez tenha me enfeitiçado, pois eu estava apaixonada.

Num delírio, pulei do telhado, que por sorte não era alto, devia ter no máximo 2 metros, caindo sobre os joelhos no gramado macio, levantei-me indo em direção a garota, mais no meio do caminho minha mente me alertou '' O que está fazendo garota idiota? '‘, '' Estou indo atrás do meu amor '' respondi por pensamento e continuei andando, até que cheguei perto da bela criatura de olhos tão profundos quanto os oceanos. Sentei-me ao seu lado e puxei assunto:
- Olá, o que faz sozinha de noite? - Falei com um sorriso, como se estivesse hipnotizada.

- Estou passeando. - Respondeu ela, mostrando ter uma voz tão bela quanto o seu rosto.

- Durante a noite? – Disse, fazendo uma pausa. - Este lugar é muito perigoso quando escurece.

- Bom, o sol não me faz bem. - Disse ela agora mostrando um sorriso. - Estou com frio, pode me levar até em casa?

- Claro, onde mora? - Disse ainda hipnotizada com a beleza dela. - Aliás, qual seu nome?

- Meu nome é Arbell, e moro a algumas quadras daqui.

- Arbell, podia jurar que era uma bruxa, pois só uma seria capaz de me hipnotizar assim.

Ela se levantou, nem deu papo para minha cantada e saiu andando. E então eu a segui, andando lado a lado com ela, até que algo me surpreendeu. Ela parou de andar, virou-se e me deu um beijo, um beijo tão doce quanto o açúcar, por momentos pude imaginar que as formigas sonhavam com tão doce sabor. Ela tirou os seus lábios da minha boca, e me olhou , olho a olho, ela me hipnotizou mais ainda com aqueles lindos olhos negros, como uma noite de verão.

Após alguns segundos, ela voltou a andar, e começamos a conversar. O tempo passou tão depressa que mal pude perceber que já estávamos na frente da casa daquela tão bela criatura. Ela se curvou me deu um último beijo, e preparou-se para entrar em casa, quando parou e disse com aquela linda voz aveludada:

- Não quer entrar, meu amor?

- Mais, é claro que quero. - Disse animada.

Ela abriu o portão e entrou, eu apaixonada, entrei em seguida, atravessamos a sala e subimos as escadas até o quarto de Arbell, ela entrou primeiro, e deitou-se sobre a cama, eu, timidamente sentei na beirada da mesma.

Passamos uma noite de amor e caricias, a melhor da minha vida, mais pouco durou, pois ao acordar, me vi amarrada a correntes, totalmente nua, correntes que machucavam meus pulsos e já cortavam meus pés. Gritei, gritei o tanto que pude, até que Arbell surgiu de dentro do armário, mais linda do que nunca, e deu-me um beijo, por segundos esqueci o sofrimento, até que ao dar-me um beijo nos seios, Arbell cravou os dentes em mim, e arrancou-me sangue.

- Mais o que você está fazendo?! - Gritei em meio à dor, sem mostrar ódio, mais sim frustração.

- O que meu belo amor, Não sabe o que sou? - Disse ela casualmente.

- O que está fazendo? - Gritei novamente.

- Sou uma bruxa meu amor, preciso de carne, por que acha que te trouxe aqui?

Permaneci em silêncio, não podia crer que criatura tão bela como Arbell, pudesse ser uma bruxa, e acima disso, que ela iria me comer.

Sem ressentimentos, Arbell andou sobre o carpete de seu quarto, voltando ao armário e cinco minutos depois saiu do mesmo, desta vez com uma faca cerrada em punho. Olhei-a uma ultima vez, fechando os olhos em seguida, enquanto ela cortava-me em pedaços, me transformando no seu jantar. Pude sentir a faca cortar minha pele, cerrar os músculos, e arrancar-me sangue. A faca estava cortando minha garganta, quando eu exclamei minhas ultimas palavras.

- Arbell, eu te amo.