Nunca é tarde demais.- Drarry

Fugindo de seus sentimentos.


No caminho, Draco começou a falar de coisas superficiais, e no momento em que chegaram a casa estava quase convencido que tinha imaginado toda a magia.Nos dias que se seguiram, Draco questionou-se se deveria ir à Inglaterra para o casamento ou não.Disse a si mesmo que era necessário no acampamento, embora soubesse que sua equipe eficiente poderia se virar sem ele por uma semana, como tinham feito muitas vezes antes.

Harry começou a passar cada vez mais tempo no local de escavação, vendo os detalhes emergindo, tão intensamente quanto se sua salvação dependesse disso. O que, de certa forma, era verdade, Draco se deu conta.

Magoava-o vê-lo tenso, e saber que as maiores esperanças dele eram improváveis de se realizarem. Para Draco, o lugar era rico em história, mas achava improvável que trouxesse a Harry o dinheiro que necessitava.

— Não é realmente como lemos nos livros, é? — comentou ele um dia. — Você cava um buraco na terra e descobre uma fortuna.

— Não é provável que encontremos coisas assim — respondeu Draco.

— Aqui há tijolos e telhas.

— Coisas inúteis. Para os que estão de fora, sim.

— Nenhum destroço antigo? Nenhuma moeda valiosa? — perguntou ele.

— Eu os encontraria para você se pudesse — replicou Draco. — Mas não funciona dessa maneira.

— Suponho que não. Desculpe-me, Draco. Não preste atenção em mim. Você tem de fazer seu trabalho e eu não estou facilitando nada.

Se Draco apenas pudesse prometer-lhe encontrar alguma coisa que lhe resolveria todos os problemas. O desejo de fazer isso o atingiu com força total, mostrando-lhe o grande perigo que estava correndo.Abruptamente, se levantou e começou a andar.Mas quase de imediato um raio brilhou no céu.

— Isso foi um raio? — perguntou Gregório, percebendo o quanto a temperatura tinha caído de repente.

— Acho que sim — replicou Draco, as palavras abafadas pelo som de um trovão.

— Às vezes, temos tempestades violentas de verão — disse Harry. — É melhor sairmos daqui rapidamente.

Mas já era tarde demais. No próximo momento, o céu se abriu e a chuva caiu forte, ensopando cada um deles, transformando o solo macio em lama. Depois do calor, havia um certo prazer em ficar parado ali, sentindo a chuva fria. Draco olhou para o céu, erguendo os braços num sinal de boas-vindas à chuva.

Pessoas estavam tentando se refugiar nos carros, mas escorregavam e caíam, segurando-se uns nos outros, rindo.Com os cabelos emplastrados na cabeça, ninguém mais se parecia consigo mesmo. Roupas encharcadas tornaram-se transparentes, revelando que algumas das mulheres estavam nuas sob suas blusas. Elas cruzaram os braços sobre o peito, enquanto os homens competiam para assisti-las.

— Você está bem? — Harry perguntou a Draco.

— A água está batendo nos meus olhos, não posso enxergar.

Oh, meu Deus!Ele alcançou-o e segurou-lhe o braço, gritando sobre o barulho.

— Segure-se em mim.

Draco sentiu os braços fortes envolvendo-o no exato momento em que seu pé afundou na lama.Patinando, agarrou-o, mas as mãos escorregaram na camisa molhada de Harry e ele teve de segurá-lo com mais força.

Então teve a sensação de um corpo rígido e musculoso sob suas palmas. Pertencia a um estranho. Não era o corpo do menino de doze anos atrás. Era uma descoberta assustadora, quase como se o estivesse tocando pela primeira vez na vida.Aquele era um homem que escondia poder sob roupas caras.

— Você está bem? — veio a voz dele no ouvido de Draco.

— Acho que sim.

Com uma das mãos, Draco segurava-lhe o braço, enquanto a outra estava no pescoço de Harry. E ele estava rindo. Draco podia sentir isso ao longo do braço dele, então nos próprios braços, e vindo do peito largo, o qual estava pressionado junto ao seu. A risada pareceu invadi-lo, e Draco respondeu com sua própria risada, de modo que se misturaram, sem saber onde uma começava e a outra terminava. E durante todo o tempo, não podia vê-lo.

— Um passo de cada vez — disse ele. — Cuidado.

Draco moveu-se para frente, um passo, depois dois.

— Não posso ver para onde estou indo — murmurou Draco.

— Não importa. Eu estou segurando você.

— Mas como você pode ver?

— Não posso — gritou ele, alegremente. — Porém, mais cedo ou mais tarde... Ai!

A última palavra foi um grito quando o pé dele escorregou e Harry caiu na lama, levando Draco consigo, ainda preso em seus braços. Draco caiu por cima dele e os dois ficaram ali deitados, rindo a valer.

Os outros, vendo o que estava acontecendo, correram para ajudá-los. Mãos os alcançaram e os colocaram de pé. Finalmente, Draco conseguiu clarear os olhos e olhar ao redor.

Harry estava sentado na extremidade de um banco raso, esfregando os olhos e tentando afastar os cabelos do rosto.Estava coberto de lama. As roupas ensopadas tinham aderido à pele, revelando cada linha do corpo musculoso.

Agora ele podia ver claramente o que havia sentido antes. O corpo de Harry era perfeitamente proporcional, sem um grama extra em lugar nenhum. A calça encharcada estava tão colada às coxas, que ele poderia estar nu.Olhando para si mesmo, Draco viu que o mesmo era verdade a seu respeito.

Um outro raio brilhante anunciou mais chuva. Em segundos, todos estavam em seus veículos, indo para casa. Draco viajou com Harry, mas a atenção dele estava na estrada, a qual encontrava-se escorregadia e fazia o carro patinar.

Uma vez dentro de casa, todos foram para seus quartos, tomar banho com suspiros de prazer e alívio. Draco deixou a água quente banhá-lo, sentindo-se bem com a lama abandonando seu corpo e deixando-o liso e macio. Mas ensaboava-se mecanicamente. Com os olhos fechados de novo, revivia o que tinha visto, repetidamente, saboreando cada momento.

Draco quase riu alto ao pensar que um acidente tinha revelado mais do corpo dele do que ele soubera enquanto seu noivo. Mas o conhecimento chegara tarde demais, quando não podia existir mais nada entre os dois. Então a risada desapareceu.

Ele desligou o chuveiro e saiu, embrulhando-se numa toalha. Lentamente, foi sentar-se na enorme cama com sua cabeceira de madeira ornada. Na mente, reviveu tudo de novo, a sensação de tê-lo contra si, firme e vibrante.

Não houvera engano na expressão do rosto de Harry. Ele tinha ficado aturdido, assim como Draco.O que ele estaria fazendo agora? Sentado no próprio quarto, pensando sobre o que tinha acontecido? Estaria também alarmado com os próprios sentimentos? Ou o ocorrido não havia significado nada, apenas uma onda rápida de desejo que surgira e desaparecera?Ou talvez a sensação permanecera, como estava acontecendo com ele?

Saberia de alguma coisa quando o visse na hora do jantar. Estaria nos olhos dele, na postura, no som da voz quando lhe dirigisse a palavra. Mas quando Draco desceu, Albus disse que Harry não jantaria com eles naquela noite. Tinha recebido um chamado urgente de um conhecido de negócios em Roma, e ficaria fora por várias horas.

Draco sorriu e falou que entendia quantas chamadas para o príncipe deveria haver. Mas para si mesmo sussurrou:

__Agora eu sei o que precisava saber.

Prometi a mim mesmo que não deixaria isso acontecer de novo. Acabou. Acabou!Mais tarde naquela noite, Draco entrou no quarto do filho.