Pronto, talvez não se note.
“Estás louca ou o quê?”
“O quê.”
“Há, há, há. Que graça.”
Isto de falar comigo própria é lix@do. Tenho de parar.
Mas pronto: esquecendo o facto de eu falar sozinha, eu estou feita ao bife! Pois, como se a minha mãe não visse um buraco enorme na parede do meu quarto! Quando ela vir eu vou estar…
-Maria Raquel!
Feita ao… bife!
Olho para baixo através do buraco. Aceno e espero o ataque de raiva.
A minha mãe é polícia, por isso os seus ataques de raiva são conhecidos na vizinhança.
Ela sobe as escadas a correr com o traste do meu padrasto atrás, agarra-me na manga do vestido e leva-me para o seu gabinete. É um sítio agradável. Estantes de livros, uma secretária, uma cadeira que gira e um mini frigorífico que ela evita que eu ache. E uma porta que vai dar a uma sala de interrogatório. Ela senta-me na cadeira e aponta a luz para mim.
- O que estava tentando fazer?
-Uma janela?
-E o que você fez em vez disso?
-Um buraco.
Ela acena com a cabeça. O meu padrasto mostra-me uma tarte:
-Queres uma fatia?
A minha mãe olha para ele. Se o olhar matasse, éramos os dois cadáveres.
-Pronto, já chega! – Ela rebenta – Vais para uma escola de magia!
Eu vou para aonde?