Oi, o meu nome é Maria Raquel Mc. Raven Amoris, (eu sei, é esquisito) mas se me tratar por Maria, está feito ao bife.
Há umas semanas atrás, eu rebentei literalmente com a parede do meu quarto, por isso a minha mãe resolveu me meter num colégio de magia. Por isso, eu estou algures entre o Brasil e o Atlântico. Ou a Irlanda e a China, uma vez que de avião tudo parece o mesmo.
-Então, Bela Adormecida? Dormindo acordada?
-Que piada. – Digo para o traste do meu padrasto.
A minha mãe sempre escolheu bem os homens, teve o meu pai (actual gay, de quem eu gosto muito), o seu treinador pessoal Gary (actual marido do meu pai, meu padrasto então – ou será madrasta?) e o seu mais recente marido: Boris.
Pronto, ele não é bem um traste, até é bem fixe. Lembro-me quando lhe contámos que eu era uma bruxa.
Há dois anos, numa noite de inverno. Era para ser o meu primeiro beijo com um rapaz, mas ele acabou me dando uma tampa. Eu, toda danada e fula da vida, fui para casa a chorar. Como não havia ninguém em casa, meti-me a mandar feitiços para o ar. A certa altura, ouvi um grito: era a minha mãe. Desci as escadas e achei o Boris azul. Depois de meia hora a conversar (e da minha mãe me ter posto de castigo três vezes), fui para o meu quarto. O Boris apareceu mais tarde, a dizer palavras bonitas e que era um traste. Adoptei logo a alcunha. Ficámos muito amigos desde então (mais aproximadamente depois de eu ter revertido o feitiço).
Tiro umas caixas do porta-bagagens e sigo-o por entre o mato.
A minha mãe disse que a cidade onde ficava a escola era muito popular entre humanos. Pois, se os humanos gostam de ir a uma cidade no meio do NADA!
-Boris, quer dizer, segundo pai? – Emendo. Ele ri-se de um jeito que faz sobressair a careca que aí vem.
-Sim? Já acordou, bela adormecida?
-Sem comentários. Estamos a chegar? É que com saltos é difícil. E além disso, isto aqui é húmido. – Acaricio o meu cabelo recém-esticado. Ele é encaracolado, mas eu gosto de estica-lo. Ele é horrível! Para além de encaracolar desde as raízes até às pontas, neste estado dá-me pelos ombros! O pior, é que tenho franja. A minha sorte é que já é grande, logo dá para por para o lado. E sou ruiva! Além disso, eu sou alta. Não é para me gabar: 1,70m de altura.
-Quase. – O caminho dobrou numa curva – Aqui estamos! A tua nova casa!
Sustenho a respiração. Isto não é uma cidade! É uma aldeia!
A minha suposta casa, ergue-se à minha frente com umas cinco lojas e um banco, e de resto, apenas uma série de prédios em roda do que parece ser uma fonte branca. Olho agora mais atenta e descubro um prédio mais baixo que os outros, mas mais largo e com muitas janelas.
-O que é aquele prédio enorme azul?
-A escola.
-O quê? – Expludo – Azul? Não combina nada com o meu astral!
-Querida, não seja tão pessimista! – O meu pai diz passando por mim de mão dada com o Gary.
-Não sou pessimista. – Bufo – Eu adoro-te, papai. – Digo pela quinta vez hoje.
Ele sorri e Gary dá-me uma echarpe rosa.
Sigo Boris até um prédio com a minha mãe na frente.
-Então, é esse o prédio?
-É sim. – Responde a minha mãe.
Subimos as escadas da minha nova casa. A certa altura, paramos em frente a uma porta dourada com o número 74C escrito. A minha mãe mostra-me as chaves e abre a porta. Do outro lado, uma rapariga com cabelos castanhos pelos ombros de pijama espera-nos.