Elaine olha para mim com cara de má.
-Vais-me levar até á enfermaria para o teste de saúde, ou não?
-Eu não sei onde fica…
-Então pergunta à tua fada madrinha!
Bufo de impaciência.
-Eu não sei como…
Elaine tira-me o colar da mão e começa a esfregar. O colar começa vibrar e do nada aparece uma rapariga com asas, cabelo roxo e um vestido azul muito bonito.
-Olá! Eu sou a fada madrinha guia de Sweet Amoris! Deves ser a Raquel… - Diz apertando-me a mão -… e tu a Elaine. Em que posso ajudá-las?
-Teste de saúde. Leva-nos. Agora.
A fada madrinha… etc., fica muito vermelha, pronta a nos dizer umas verdades, mas depois cala-se e faz sinal para que a siga-mos.
Entramos na escola outra vez, vamos até a um corredor secundário e a fada abre a porta. Eu e Elaine olhamos lá para dentro e deparamo-nos com uma carrada de rapazes seminus.
-Ops – Diz a fada corada – porta errada. – Fecha a porta e abre a do outro lado do corredor, onde várias raparigas estão-se a despir – Bem, se o meu trabalho aqui está feito, eu volto mais logo.
A fada volta para dentro do colar, que Elaine me põe ao pescoço antes de entrar na sala. Eu entro também e vou para ao pé das minhas amigas.
A enfermaria é um lugar enorme, com azulejos azuis, muitas macas encostadas á parede e cadeiras. As raparigas estão todas amontoadas de volta de uma mulher de cabelos brancos e bata a escrever num caderno, e de uma rapariga loira em roupa interior.
-O que é que se passa aqui? – Pergunto para Havena
-No teste de saúde vemos em que estado está a nossa magia. – Responde
-Podes despir-te – Diz Thata.
Tiro o vestido e os sapatos e fico apenas em soutien e cuecas cor-de-rosa.
A mulher de cabelos brancos chama em voz alta:
-Tamy Hale Syrus.
Uma rapariga de cabelos brancos muito curtos e olhos vermelhos vai até ela. Primeiro conversam baixinho, depois a enfermeira diz num jeito enigmático:
-Mostre-nos a diretora.
Tamy acena e mantem-se muito quieta. De repente, o corpo começa a contorcer-se, bolhas enormes aparecem na sua cara e então, apesar de já ser muito baixa, fica ainda mais baixa, o corpo aumenta de volume e aparece a diretora.
-Muito bem! – Diz a enfermeira – Agora, diz qualquer coisa.
Tamy (lê-se a “diretora”), pensa um bocado e depois diz:
-“ Estava só a cometar com a escola INTEIRA, como é bom que a menina tenha voltado ao planeta terra”. – As raparigas à minha volta começam a rir e a olhar para mim, não só porque ela está a gozar comigo, mas também porque a sua voz é igual à da verdadeira diretora.
-Muito bom. Podes sair.
Tamy volta à forma original, e antes de vir para ao pé de nós pega numa folha que a enfermeira lhe dá. Passa ao meu lado e vejo que os seus olhos estão azuis. Não eram vermelhos? Ah, não interessa.
-Havena Prince. – Chama de novo a enfermeira.
Havena aperta-me a mão e vai para ao pé da enfermeira.
-Oh, o que será que ela vai fazer este ano? – Sussurra Thata para Caroll. Esta encolhe os ombros e olha para mim.
-A Havena é um elfo, já te tínhamos contado?
Penso um pouco e não me lembro de nada.
-Hum, não. O que fazem os elfos?
-Oh, já vais ver. – Diz Caroll de um jeito que me deixa curiosa.
Foco a minha atenção na Havena que coloca quatro frasquinhos no chão.
Primeiro, ela coloca-se no meio dos frascos, depois começa a mexer as mãos, como se ela fosse uma planta bebé no meio de uma ventania enorme. Então, uma corrente de ar remexe e mexe com os nossos cabelos, mesmo não estando uma janela aberta. O ar sossega. Havena abre os braços no ar e começa a suar. Até eu começo o suar. O ar fica mais quente, e vejo uma leve cor laranja na pele de todos nós. Depois, um dos frasquinhos pega fogo. Fico alarmada e cheia de medo, mas depois Havena baixa os braços e o fogo desaparece.
-O que… - Pergunto para as minhas novas amigas.
-A Havena, - Explica Caroll – é um elfo, como já dissemos. Sabes onde há elfos?
Nego com a cabeça e vejo Havena dançar num círculo, com uma corrente feita de água a segui-la.
-E fadas? – Digo que sim.
-Sim, no bosque.
Thata observa Havena fazer desaparecer a corrente de água com um suspiro antes de dizer:
-Fadas e Elfos estão encarregados de proteger a Mãe Natureza, logo… - Ela deixa a frase a meio para eu a completar. Depois de pensar, digo:
-… logo, é normal que eles comandem os cinco elementos.
Caroll abana a cabeça no preciso momento que Havena faz o mesmo. Olho para ela pelo canto da vista a fazer uma árvore nascer de dentro de um frasquinho.
-Cinco não, apenas quatro. A própria Mãe Natureza é o quinto elemento.
-E os elfos e fadas fazem parte da mãe natureza. – Completa Thata.
-Logo elfos e fadas SÃO o quinto elemento. – Concluo.
Caroll e Thata sorriem contentes. Havena chega com uma folha na mão.
- Thata Pierce. – Chama a enfermeira.
-Desejem-me boa sorte – sussurra antes de ir.
Quando chega ao pé da enfermeira, faz uma careta de dor ao ouvir o que a primeira lhe diz.
-Não te preocupes – Consola-a – Não vai acontecer nada de mal.
-Se a senhora o diz…
Insegura, Thata avança e fecha os olhos. Depois, começa a diminuir, e a diminuir, até que fica apenas com cinco centímetros de altura.
-E agora? – Pergunta numa vozinha muito esganiçada
A enfermeira levanta-se e aponta para si.
Thata suspira e vai até ao seu encontro, até que lhe pega ao colo, elevando-a no ar.
De volta ao chão, a enfermeira dá um papel à mini Thata, que volta ao normal.
Quando chega ao pé de nós, suspira.
-Todos os anos faço o mesmo.
-Não é verdade… - Diz Havena – O ano passado ficaste enorme e explodiste com a enfermaria!
Então essa é a razão de haverem duas enfermarias. Interessante.
-Mas eu pensava que eras uma bruxa! – Digo confusa
-E sou! – Assegura – Tu sabes que as bruxas são seres humanos que conseguem “brincar” com a matéria, sabes, as coisas que existem. Bem, o certo é que certas bruxas têm mais habilidade para certos feitiços. Apesar de conseguir fazer todo o tipo de magias, tenho mais habilidade a crescer e a encolher.
-E quanto à questão da força?
-Oh… - Diz corada – Isso foi um acidente que aconteceu quando eu era bebé.
-Maria Amoris. – Chama a enfermeira.
Dirigi-mo até ela, mas no caminho uma rapariga com cabelo preto e madeixas pretas faz-me uma rasteira e eu caio.
A enfermeira ajuda-me a levantar e olha para a rapariga zangada.
-Que graça, Liliane.
-O prazer é todo meu. – Diz, e por um momento, lembro-me do Castiel. (Porque é que corei ao pensar nele?)?
Vou até ao meio da sala com a enfermeira.
-Mostre-me os seus poderes, Raquel.
-O que quer que eu faça?
Ela pensa um pouco, e depois de consultar uma ficha, diz sorridente:
-Ouvi dizer que tem jeito para as explosões. Que tal explodir qualquer coisa?
Tento dizer-lhe que eu não explodo com as coisas por que quero, mas sim porque sou má na magia, mas ela já está a escrevinhar e a atenção da sala está toda virada para mim.
Olho á minha volta até que avisto uma lâmpada fundida no tecto. Serve.
Aponto a mão para ela, e concentro-me em fazer um simples feitiço de explosão, mas em vez de rachar, o vidro ficou duas vezes mais forte.
-O que se passa?
-Olha, que bruxa da treta.
-Viste o que ela fez?
As raparigas começaram a sussurrar, e eu a me irritar. Furiosa, elevo as duas mãos no ar, sem me focar em nenhum objecto preciso e faço o feitiço de explosão.
É o caos.
Todas as lâmpadas na sala rebentam, os óculos e as janelas, e as luzes vão-se abaixo.
A enfermeira começa a escrever algo no caderno e dá-me uma folha a dizer:
-Concentração: MUITO BOA
-Poderes: MUITO BOM
-Controlo: MAU
Antes de sequer ligar ao facto de ter levado um mau no controlo, a diretora abre a porta furibunda, com os óculos rachados, o fato sujo de café, e com um olhar mortífero.
-QUEM É QUE FEZ ISTO?
Imediatamente, todos os dedos da sala estão apontados para mim.